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AULA 3.

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OBJETIVO(S): Identificar a situação de um navio encalhado
quanto a sua estabilidade e os procedimentos para o
desencalhe.

CONTEÚDO: A estabilidade do navio encalhado. O cálculo da


tonelagem de encalhe quanto à estabilidade.
As situações envolvendo casos de encalhe e docagem são de natureza semelhante.
Em ambas condições, o navio estará flutuando parcialmente, ou seja, parte de seu
peso será suportada pelo fundo ou pelos berços. No caso de um encalhe não existe
um procedimento padrão de ação, dependendo da situação, alguns procedimentos
poderão ser tomados. Em primeira instância há necessidade de se analisar:
Analise:
1) qual a natureza do encalhe:
a) navegação mal feita;
b) falha dos instrumentos de navegação;
c) falha do MCP; e
d) mau tempo.
2) em que condições de maré ocorreu o encalhe:
a) prea-mar;
b) baixa-mar;
c) vazante; ou
d) enchente.
3) qual a velocidade na hora do encalhe;
4) qual a posição na carta (latitude e longitude)
5) em que zona do fundo do casco e qual ponto do navio tocou no fundo do mar;
6) qual a extensão da avaria, se houve ou não água aberta; e
7) qual a condição de calados e flutuabilidade após o encalhe.
Uma medida que não pode deixar de ser tomada, após um encalhe, é fazer
uma sondagem em diversos pontos ao longo do comprimento, no costado do
navio por boreste, bombordo, proa e popa; manuais de procedimentos de
emergência aconselham que para navios menores que 200 metros de
comprimento o casco deve ser divido em vinte pontos de sondagem a partir
da proa como mostra a figura abaixo.
Pontos de sondagem em
navios menores de 200
metros de comprimento

Pontos de sondagem em
navios maiores de 200
metros de comprimento
O cálculo da força de reação, ou tonelagem de encalhe (R), exercida pelo
fundo sobre o navio, pode ser determinada pela diferença entre os
deslocamentos do navio flutuando e encalhado. Para obtenção deste
último, leva-se em consideração o calado médio após o encalhe, corrigido
para o trim.
Os efeitos de um encalhe na estabilidade do navio dependem da natureza desse
encalhe. Se o navio encalhar em uma superfície plana e paralela ao nível do fundo
do navio a estabilidade em princípio não é muito afetada, não pelo menos enquanto
o navio permanecer encalhado. Porém, se o navio encalhar em um fundo irregular,
com possibilidades de se manter livre para adernar ou variar o compasso, a
estabilidade pode ser seriamente afetada.
Considerando o encalhe na preamar ou
maré de vazante, é necessário prever as
consequências que podem ocorrer
quando a maré baixar de um valor “d”
centímetros. Entre elas podemos citar:
a) a pressão no ponto de apoio;
b) a diminuição da estabilidade; e
c) água aberta.
A diminuição nos calados (dTK) é equivalente a descarga de um peso igual à reação
em R no ponto A de encalhe, o que corresponde a se deslocar o centro de gravidade de
G para G1 (carga descarregada abaixo do centro de gravidade eleva o G) de uma
distância GG1 igual a :
GG1 = (w . d) / (W – w)
Outra maneira de se determinar a tonelagem de encalhe é multiplicando a variação
de calado (em polegadas) pelo valor de TPI, que pode ser obtido pela fórmula:
TPI = BL / 600
B = boca do navio (polegadas);
L = comprimento do navio (pés).
A fórmula acima é aplicável a navios de linhas finas, como cruzadores e
contratorpedeiros. Para navios de linhas moderadas como os cargueiros, o valor de
TPI obtido deve ser acrescido de 10%. Para navios com grande coeficiente de
bloco, acrescer 20%.
ESTABILIDADE DO NAVIO ENCALHADO
Ao estudarmos a estabilidade de um navio encalhado, devemos fazê-lo supondo
que um peso localizado sobre a quilha, no ponto de contato com o fundo e de valor
igual à tonelagem de encalhe, foi removido de bordo. Haverá uma redução de
estabilidade motivada pela elevação virtual do centro de gravidade, e ocorrerá
também mudança de posição do metacentro. Quando o navio for desencalhado,
comportar-se-á como se o centro de gravidade estivesse na sua posição original G
antes do encalhe.
O desenvolvimento virtual do centro de gravidade é expresso por:
GG1 = R x KG / W - R
GG1 = subida virtual do centro de gravidade (pés)
R = reação do solo (tonelagem de encalhe) (ton)
KG = altura do centro de gravidade em relação à quilha, antes do encalhe (pés)
W = deslocamento do navio antes da avaria (ton)
Se o ponto de contato for em uma das extremidades do navio, ter-se-á um trim
equivalente à remoção, nesse ponto, de um número de toneladas igual às
encalhadas, cujo valor poderá ser calculado pelo ábaco desde que se conheçam: o
comprimento do navio (L); a distância do centro de flutuação ao ponto de encalhe
(d); a variação de calado AV (D); e o valor de TPI.

ALTURA METACÊNTRICA DO NAVIO ENCALHADO


G1M1=GM+/-MM1-GG1
ALTURA METACÊNTRICA DO NAVIO ENCALHADO

G1M1=GM+/-MM1-GG1

MM1 = DESLOCAMENTO DO METRACÊNTRO.


CALCULADO NAS CURVAS HIDROSTÁTICAS CALCULANDO KM ANTES
DO ENCALHE E KM1 APÓS O ENCALHE.
Quando o ponto de contato estiver fora do plano longitudinal, o navio tomará uma
banda correspondente à remoção de peso lateral. Se o GM calculado for negativo,
deve-se leva em conta esse efeito sobre a banda. Um navio com boca pequena,
quando encalhado pela proa, poderá virar. Se, contudo, o encalhe se verificar sobre
uma superfície uniforme e em todo o comprimento do navio, ele não deverá
adernar, mesmo que esteja com peso alto e em condições LEVE.
REDUÇÃO DA FORÇA DE REAÇÃO POR MEIO DE DESLOCAMENTO OU ALTERAÇÃO DE
PESO
A variação da força de reação pode ser obtida pelo deslocamento, adição ou retirada
de peso a bordo. Existe um monograma que permite a determinação da variação da
força de reação, desde que se conheçam os valores indicados na figura a seguir:
L - comprimento do navio entre perpendiculares (pés)
d - distância do centro de flutuação ao ponto de encalhe (pés)
e - peso usado para alterar a força de reação (ton)
s - distância do centro de gravidade do peso ao centro de flutuação
Os valores obtidos serão:
R1 = variação da força de reação devida à adição de peso w (ton)
R2 = variação da força de reação devida ao deslocamento do peso w (ton)
R3 = variação da força de reação devida à remoção do peso w (ton)
PONTO NEUTRO DE CARREGAMENTO
O navio encalhado geralmente possui um ponto de carga no qual um peso pode ser
adicionado ou removido de modo a mudar o trim sem alterar a força de reação do
encalhe (R ). Esse ponto é denominado “ponto neutro de carregamento” (PN).

Distância do centro de flutuação ao ponto (dn)


dn = (MTI. L)/ (TPI . (dr))
TPI = toneladas por polegada de imersão (ton/pol)
MTI = momento para alterar o trim de uma polegada (ton. pé/pol)
L = comprimento do navio entre perpendiculares (pés)
dr = distância do centro de flutuação ao ponto de encalhe (pés)
Qualquer peso adicionado ao ponto neutro não acarretará alteração da força de
reação; se adicionado a ré do ponto neutro, irá reduzi-la; adicionado a vante do ponto
neutro, aumentará a força de reação. No caso de remoção de peso, os efeitos se farão
sentir de modo contrário.
ENCALHE E DESENCALHE

As situações envolvendo casos de encalhe e docagem são de


natureza semelhante. Em ambas condições, o navio estará flutuando
parcialmente, ou seja, parte de seu peso será suportada pelo fundo
ou pelos berços. O cálculo da força de reação, ou tonelagem de
encalhe (R), exercida pelo fundo sobre o navio, pode ser determinada
pela diferença entre os deslocamentos do navio flutuando e
encalhado
ENCALHE E DESENCALHE
Cálculo da força de reação, ou tonelagem de encalhe
Para obtenção dessa força leva-se em consideração o calado médio
após o encalhe, corrigido para o trim.
ENCALHE E DESENCALHE

Outra maneira de se determinar a tonelagem de encalhe é


multiplicando a variação de calado (em polegadas) pelo valor de TPI,
que pode ser obtido pela fórmula:

TPI = BL / 600
onde:
B = boca do navio (polegadas);
L = comprimento do navio (pés).
A fórmula acima é aplicável a navios de linhas finas, como cruzadores
e contratorpedeiros. Para navios de linhas moderadas como os
cargueiros, o valor de TPI obtido deve ser acrescido de 10%. Para
navios com grande coeficiente de bloco, acrescer 20%.
ENCALHE E DESENCALHE
VARIAÇÃO DA FORÇA DE REAÇÃO COM A MARÉ

Quando o navio encalha na maré alta, a força de reação sobre o seu casco aumenta
até um valor máximo, que ocorre por ocasião da baixa-mar. A variação dessa força
de reação pode ser obtida pela fórmula:
VR = DF
((1/TPI) + (d² / (MTI . L))
VR = variação da força de reação (ton)
DF = diferença de maré (polegadas)
d = distância do ponto de encalhe à seção mestra (pés)
MTI = momento para alterar o trim de uma polegada (ton. pé/pol).
L = comprimento do navio (pé)
MTI = toneladas por polegadas de imersão (ton/pol)
ENCALHE E DESENCALHE

VR = DF
((1/TPI) + (d² / (MTI . L))
ENCALHE E DESENCALHE
ESTABILIDADE DO NAVIO ENCALHADO
Ao estudarmos a estabilidade de um navio encalhado, devemos fazê-lo supondo que
um peso localizado sobre a quilha, no ponto de contato com o fundo e de valor igual
à tonelagem de encalhe, foi removido de bordo. Haverá uma redução de
estabilidade motivada pela elevação virtual do centro de gravidade, e ocorrerá
também mudança de posição do metacentro. Quando o navio for desencalhado,
comportar-se-á como se o centro de gravidade estivesse na sua posição original G
antes do encalhe. O desenvolvimento virtual do centro de gravidade é expresso por:

GG1 = R x KG
W–R
GG1 = subida virtual do centro de gravidade (pés)
R = reação do solo (tonelagem de encalhe) (ton)
KG = altura de G em relação à quilha, antes do encalhe (pés)
W = deslocamento do navio antes da avaria (ton)
ENCALHE E DESENCALHE
O deslocamento do metacentro (MM1) poderá ser calculado pelas curvas
hidrostáticas, determinando-se os valores KM e KM1 antes e após o encalhe, e
subtraindo-se os resultados. A altura metacêntrica do navio encalhado será:
G1 M1 = GM ± MM1 - GG1
Se o ponto de contato for em uma das extremidades do navio, ter-se-á um trim
equivalente à remoção, nesse ponto, de um número de toneladas igual às
encalhadas, cujo valor poderá ser calculado por um ábaco, desde que se
conheçam: o comprimento do navio (L); a distância do centro de flutuação ao
ponto de encalhe (d); a variação de calado AV (D); e o valor de TPI.
ENCALHE E DESENCALHE
ENCALHE E DESENCALHE
Quando o ponto de contato estiver fora do plano longitudinal, o navio tomará uma
banda correspondente à remoção de peso lateral. Se o GM calculado for negativo,
deve-se leva em conta esse efeito sobre a banda. Um navio com boca pequena,
quando encalhado pela proa, poderá virar. Se, contudo, o encalhe se verificar sobre
uma superfície uniforme e em todo o comprimento do navio, ele não deverá
adernar, mesmo que esteja com peso alto e em condições LEVE.
ENCALHE E DESENCALHE
REDUÇÃO DA FORÇA DE REAÇÃO POR MEIO DE DESLOCAMENTO OU ALTERAÇÃO
DE PESO
A variação da força de reação pode ser obtida pelo deslocamento, adição ou remoção de
peso de bordo.
permite que se determine a variação da força de reação, desde que se conheçam os
valores.
L - comprimento do navio entre perpendiculares (pés)
d - distância do centro de flutuação ao ponto de encalhe (pés)
e - peso usado para alterar a força de reação (ton)
s - distância do centro de gravidade do peso ao centro de flutuação
Os valores obtidos serão:
R1 = variação da força de reação devida à adição de peso w (ton)
R2 = variação da força de reação devida ao deslocamento do peso w (ton)
R3 = variação da força de reação devida à remoção do peso w (ton)
ENCALHE E DESENCALHE

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