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AS MEMÓRIAS DOS JOVENS SOBRE A

DITADURA CIVIL-MILITAR E A FUNÇÃO


SOCIAL DO HISTORIADOR/PROFESSOR
AS MEMÓRIAS DOS JOVENS SOBRE A DITADURA CIVIL-MILITAR
E A FUNÇÃO SOCIAL DO HISTORIADOR/PROFESSOR

Autora: Lícia Gomes Quinan

Mestrado Profissional em Ensino de História-PROFHISTÓRIA

Universidade Federal do Rio de Janeiro / Campus do Rio de janeiro

Disciplina : Seminário de Pesquisa

Equipe: Meiriane e Dagmá


APRESENTAÇÃO DA AUTORA

�Lícia Gomes Quinan (1988)


�Mestra em história: Programa de Mestrado Profissional em Ensino
de História (PROFHISTÓRIA) - Instituto de História/UFRJ.
�Dona de um podcast intitulado “Sobre História”:
https://soundcloud.com/sobrehistoriapodcast/sh-22-memorias-da-
ditadura-ii
�Orientada pela Alessandra Carvalho; 84 pág., 2016.
�O tema faz parte de sua trajetória acadêmica, desde a graduação, até
a especialização e o mestrado.
INTRODUÇÃO: APRESENTAÇÃO DA OBRA

�O tema da ditadura é parte de um passado que se faz presente


�O interesse: compreender as diferentes teses sobre o período
�Opiniões sobre o regime: os que nasceram no fim do regime; os que
nasceram pós-regime; aqueles cujos pais nasceram após o regime.
�E geração que viveu durante o regime e lutou contra ele?
� O fio condutor de nossa pesquisa: Qual o papel do professor de
história na formação dos jovens?
INTRODUÇÃO: APRESENTAÇÃO DA OBRA

�A forma como se constrói a memória é essencial para


compreendermos sob que perspectiva se enxerga determinados
períodos históricos.
�Os sujeitos constroem sua compreensão da história baseados nas
informações legadas e transmitidas pela escola e pela cultura
histórica.
INTRODUÇÃO: APRESENTAÇÃO DA OBRA

�Conhecer o passado e compreender como são construídas as


memórias é essencial para compreendermos a sociedade em
que vivemos e, a partir disso, construir identidades e se orientar
dentro dela.
�Comissão Nacional da Verdade e a construção de uma memória
crítica sobre a ditadura.
INTRODUÇÃO: APRESENTAÇÃO DA OBRA

�Capítulo I: aborda o ensino de história e o conceito de cultura


histórica como campo de pesquisa.
�Capítulo II: aborda a memória dos jovens sobre a ditadura civil-
militar.
�Capítulo III: aborda a história na sala de aula e propõe ações
que possam ser realizadas pelo professor
OBETIVO GERAL

�Pesquisar as memórias que os jovens em idade escolar


têm construído sobre a ditadura civil-militar no Brasil
�Compreender o papel do historiador/professor no ensino
da ditadura civil-militar.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS

�Fomentar a construção de um pensamento crítico entre os alunos.


�Compreender como são construídas as memórias a respeito do
período.
�Inserir nos currículos escolares conteúdos que promovam os
valores democráticos e os direitos humanos.
�Compreender como a imagem que se tem da ditadura foi
construída.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS

�Coletar e identificar as informações a respeito das


memórias que os jovens do ensino médio, em duas escolas
de Petrópolis/RJ, com idade entre 15 e 17 anos, têm
construído sobre a ditadura civil-militar no Brasil (1964-
1985).
LOCAL DA PESQUISA
�Duas escolas de ensino médio
�Uma pública estadual e outra privada
�Município de Petrópolis/RJ
�09 alunos da escola pública
�12 alunos da escola particular
METODOLOGIA

�Metodologia qualitativa:
� Grupo focal e análise dos resultados;

�Elaboração de um roteiro prévio de perguntas;


�Recurso à história oral como coleta de dados.
REFERENCIAL TEÓRICO

´BRASIL. Comissão Nacional da Verdade. Relatório Final. V. I. Brasília: CNV,


2014. p 970.
´DREIFUSS, René. 1964: a conquista do Estado – Ação política, poder e golpe
de classe. Petrópolis: Vozes, 1987.
´KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado: contribuição à semântica dos tempos
históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2003.
HARTOG, François. Regimes de historicidade: presentismo e experiências
do tempo. Belo Horizonte, Autêntica, 2013
REFERENCIAL TEÓRICO
POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. In: Estudos
Históricos, volume 2, número 3, 1989, p. 3-15.
´RICOEUR. A memória, a história e o esquecimento. Campinas:
Unicamp, 2007.
´ROLLEMBERG, Denise. Esquecimento das memórias. In: MARTINS
FILHO, João Roberto(org.). O golpe de 1964 e o regime militar:
ovas perspectivas. São Carlos: UFSCAR, 2066, pp 81-91.
´RÜSEN, Jörn. Que és la cultura histórica?: reflexiones sobre uma
nueva maneira de abordar la historia.
In:http://www.culturahistorica.es/ruesen.castellano.html, 2010.
Acesso em: 01/04/2015 às 9:20.
CAPÍTULO I

O ENSINO DE HISTÓRIA E A
MEMÓRIA
CAPÍTULO I
O ENSINO DE HISTÓRIA E A MEMÓRIA

�Transição democrática e justiça de transição


�Conceito de cultura histórica: é uma área de estudo dentro da
Teoria da História que busca analisar o processo de formação da
consciência histórica da sociedade e a forma como a sociedade se
relaciona com seu passado.
�É a historiografia feita sem historiadores (ou por não-historiadores):
intelectuais, memórias de participantes, ativistas, editores,
cineastas, documentaristas, produtores culturais, memorialistas e
artistas (pintores, músicos, compositores et cetera).
CAPÍTULO I
O ENSINO DE HISTÓRIA E A MEMÓRIA

�Permanência de estruturas autoritárias na sociedade


�A cultura histórica vai além da historiografia formal, inclui as
diferentes narrativas sobre história: filmes, documentários, séries;
memórias; a arte; a música; os discursos políticos et cetera.
�É necessário desconstruir os valores antidemocráticos e que
violam os direitos humanos
�Relação direitos humanos versus criminalidade no Brasil
CAPÍTULO I - A TEORIA DOS REGIMES DE HISTORICIDADE
�Característica da sociedade contemporânea é pautar-se por um
regime de historicidade presentista.
�Analisar e interpretar o passado (e projetar o futuro) com os óculos
do presente.
�Regime de historicidade é a forma como uma sociedade se relaciona
com o tempo e como essa relação afeta essa sociedade. Em um
regime de historicidade, um tempo (passado, o presente ou o
futuro) tem predominância sobre os outros.
�Em um contexto em que o passado é considerado dominante,
corresponderá um "regime de historicidade passadista", e assim por
diante.
CAPÍTULO I - A TEORIA DOS REGIMES DE HISTORICIDADE

�Em um regime presentista, o passado é idealizado, mitificado, e


serve de legitimação para o presente.
�A memória histórica, além de construída, é seletiva, sempre
constituída a partir de demandas do tempo presente.
�As questões políticas, econômicas e sociais do tempo presente,
tanto podem suscitar o negacionismo como o revisionismo
históricos.
CAPÍTULO II
MEMÓRIA DOS JOVENS SOBRE
A DITADURA CIVIL-MILITAR
CAPÍTULO II
MEMÓRIA DOS JOVENS SOBRE A DITADURA CIVIL-MILITAR

A atividade de campo
a. Público alvo:
Turma 01 - Escola particular
- 12 alunos ( 04 meninas e 08 meninos)
2º ano
Turma 02 - Escola pública
- 09 alunos (07 meninos e 02 meninas)
1º ao 3º anos
b. A aplicação da atividade
1º momento:
- autorização da direção;
- escolha das turmas;
2º momento:
- Apresentação da proposta às turmas com adesão
voluntária;
3º momento: A aplicação da dinâmica
- Orientações;
- Exibição de vídeo (coletânea de imagens);
Questões motivadoras:
a)O que vem à memória quando falamos em
ditadura militar?
b)De onde vocês possuem essas informações/Onde
já ouviram falar sobre o tema?
A fala dos jovens

● O que vem a memória?


“Na memória não vem nada, só o que a gente
sabe vendo”.
“Foi bom para a economia brasileira, mas para
a sociedade foi ruim”.
- diferenciação entre o que viveram e o que
aprenderam;
- repressão e crescimento econômico;
- mal necessário;
- caráter positivo e negativo da ditadura;
- desigualdade social apesar do crescimento
econômico;
● De onde vêm as informações?

“Meu avo contou para mim que por um lado era


bom, mas por outro era ruim”.

“Cada um fala através do seu ponto de vista


né”?
– professores;
– mídia;
– pessoas que viveram o período(familiares,
conhecidos);
– conflitos entre as fontes;
– manipulação da mídia;
– importância dos depoimentos;
● Ditadura e democracia na visão dos alunos

“Ter corrupção até tinha, mas era bem menos do


que hoje”.

“O cidadão de bem não era torturado”.


– Identificar como os alunos julgavam se enquadrar -
defensores ou não da ditadura;
– Democracia subordinada à garantia da ordem;
– desclassificação dos criminosos;
– A definição dos conceitos é fruto da compreensão
que a sociedade constrói atualmente;
– Ideia de disputa de memória;
– Apesar das perdas de liberdades, havia um controle
daquilo que eles enxergam como “problema
social”.
CAPÍTULO III
A HISTÓRIA NA SALA DE AULA:
ATIVIDADES PARA REFLEXÃO SOBRE
DEMOCRACIA E DIREITOS HUMANOS
Propostas de atividades
Atividade 1: O conceito de democracia

Baseada na ideia dos alunos de que no período ditatorial


houve crescimento econômico e não havia corrupção nem
criminalidade;
A proposta é que os alunos analisem as fontes escolhidas e
sejam levados a refletir sobre os seguintes aspectos:
● Até que ponto o crescimento econômico do
período representou um avanço para a
sociedade? (tema 1)
1. Análise;
Tabelas 2. Discussão;
3. Apresentação;
Gráficos 4. Debate;
5. Preparar
apresentação.
● É possível afirmar que na ditadura não havia
corrupção? (tema 2)

Charge 1. Análise;
2. Produção de
Textos
reportagem com
Gráficos roteiro.
● É possível afirmar que o regime implantado
pelos militares foi o responsável pelo controle
dos índices de criminalidade? (tema 3)

Gráficos 1. Análise e pesquisa;


Textos 2. Debate;
3. Construção de
caderno;
4. Elaboração de uma
seção;
Atividade 2: Direitos Humanos
Baseada na percepção de uma concessão à tortura para
garantir a ordem – eliminar alguém considerado
criminoso/perigoso
Objetivo:
- Chamar a atenção dos alunos para a importância do respeito
aos direitos fundamentais da pessoa humana.

Análise de documentos; Vídeos;


Cartazes; Encenação de julgamento.
Guia online de fontes e informações

❖ Memórias reveladas
❖ Memórias da ditadura
❖ Memorial da resistência de São Paulo
❖ Arquivo público do estado do Rio Grande do Sul
❖ Resistir é Preciso
CRÍTICAS
�A criação do guia online não foi apresentado.
�Só deu sugestões de sites a serem consultados.
�Atividade 1: produzir uma reportagem com roteiro (ou
pauta) previamente estabelecido; cada grupo de alunos se
responsabilizará por elaborar uma seção (ou caderno)do
jornal. Não apresentou texto da reportagem.
�Na atividade 2, encenação de um júri para julgar os casos
de tortura e assassinato, não foi produzido nenhum texto
escrito ou foto da atividade.
CRÍTICAS
�O referencial bibliográfico utilizado sobre o tema foi
reducionista. Deixou de fora os clássicos sobre o tema.
�A autora se deteve mais nos aspectos teórico, didáticos e
metodológicos da questão da memória do que
propriamente no tema da ditadura em si.
�Seu referencial é todo em cima do tema da memória.
CRÍTICAS
CLÁSSICOS NÃO UTILIZADOS PELA AUTORA

�Brasil: de Getúlio a Castelo - Thomas Skidmore.


�A Ditadura Envergonhada; A Ditadura Escancarada; A
Ditadura Encurralada; A Ditadura Derrotada – Elio Gaspari.
�1964: O Golpe que Derrubou um Presidente, Pôs Fim ao
Regime Democrático e Instituiu a Ditadura no Brasil - Jorge
Ferreira e Angela de Castro Gomes.
CRÍTICA
�Combate nas Trevas - Jacob Gorender.
�Estado e Oposição no Brasil (1964-1984) - Maria Helena Moreira
Alves.
�A Revolução que Faltou ao Encontro - Daniel Aarão Reis Filho.
�A Revolução Impossível - Luís Mir.
�A Revolução Burguesa no Brasil - Florestan Fernandes.
�1964: O Golpe – Flávio Tavares.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

 Compreender a memória que os jovens em idade escolar tem


construído da ditadura civil-militar no Brasil
 O principal fator que leva os jovens a justificarem a perda de
liberdades e o desrespeito aos direitos da pessoa humana, p.e., ´re a
ideia de garantia da ordem.
 O ensino de história como ferramenta de análise dessa memória
que os jovens carregam e de interferência em sua construção e
desconstrução.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

 A educação e direitos humanos é recomendação das Diretrizes para


o Ensino de História na Educação Básica.
 O historiador/professor tem uma função social ao trabalhar com
seus alunos a construção do conhecimento histórico.
IMAGENS DA DITADURA - PASSEATA DOS 100 MIL (1968)
IMAGENS DA DITADURA - PASSEATA DOS 100 MIL (1968)
IMAGENS DA DITADURA - A PASSEATA DOS 100 MIL (1968)
A PASSEATA DOS 100.000 CONTRA A DITADURA EM 1968

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