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Curso Técnico em

Manutenção Automotiva

Disciplina: Materiais e Processos


Mecânicos

Professor: Jeferson Daniel Mathias

1° Semestre de 2017
Materiais e Processos Mecânicos
APRESENTAÇÃO

Jeferson Daniel Mathias


Técnico em Mecânica de Manutenção – CTISM
Engenheiro Mecânico – UNISINOS
Mestrado Acadêmico em Engenharia Mecânica:
Engenharia de Energia – UNISINOS.

2003 – 2013 Técnico Mecânico de Manutenção - Brasilata


2013 Supervisor de Manutenção e Utilidades – Coop. Languiru
2013 Professor de Colégio Técnico em Mecânica

jefersonmathias@gmail.com
@univates.br
Materiais e Processos Mecânicos
Ementa

A disciplina de Materiais e Processos Mecânicos se propõe oferecer ao


aluno conhecimentos sobre solicitações, cargas e deformações, tensões,
ensaios mecânicos;
Estrutura cristalina dos metais; Alotropia; Recristalização; Obtenção das
ligas Fe-C; Diagrama de equilíbrio Fe-C; Tratamento térmico dos aços;
Fundição, Laminação, Forjamento, Extrusão, Trefilação, Estampagem,
Usinagem, Soldagem, Preparação de superfícies;
Elementos de máquinas : Rebites, eixos, parafusos, mancais, rolamentos,
acoplamentos, polias, correias, correntes e engrenagens;
Principais ferramentas que compõem uma oficina de reparação automotiva.
Manutenção de componentes Mecânicos, elétricos e eletrônicos, aplicadas à
área automotiva.
Apresentação Disciplina:

OBJETIVO DA DISCIPLINA

-Proporcionar ao aluno conhecer os conceitos básicos dos


elementos de resistência dos materiais;

- Reconhecer as propriedades físicas e a tecnologia dos materiais;

- Identificar procedimentos tecnológicos visando alterar


propriedades dos materiais;

- Identificar os principais processos de obtenção de peças e


componentes mecânicos;

- Identificar, selecionar e conceituar os principais elementos de


máquinas presentes na construção automotiva
Materiais e Processos Mecânicos
Cronograma

-16/02 – Estruturas dos materiais mecânicos;


-23/02 – Propriedades e tipos de materiais
-02/03 – Conformação mecânica/Ensaios
-09/03 – Resistência dos Materiais
-16/03 – Elementos de fixação: Rebite
-23/03 – Elementos de Máquinas
-30/03 – Elementos de fixação: Rolamentos
-06/04 – Prova I
-13/04 – Acoplamentos/Freio/Embreagem
-20/04 – Cabos de aço/Eixos e Árvores
-27/04 –Polias/Correias
-04/05 – Corrente/Engrenagens
-11/05 – TDE
-18/05 – Apresentação de trabalho
-25/05 –Aula laboratório
-01/06 –Processos de usinagem
-08/06 – Tratamentos térmicos
-22/06 – Prova II
Introdução
A indústria, em todos os seus setores produtivos, está exigindo
equipamentos e componentes mecânicos cada vez mais sofisticados.
Daí a necessidade de se conhecer os materiais empregados no seu
projeto e construção, sobretudo os metálicos, os quais constituem ainda
a principal fonte de suprimento da matéria-prima necessária.

O emprego das ligas metálicas na engenharia e na indústria é


baseado principalmente nas suas propriedades mecânicas, embora, em
muitas aplicações, além dessas, outras propriedades devam ser
consideradas como resistência à corrosão, resistência ao calor, etc.

As propriedades mecânicas são diretamente relacionadas com


a estrutura, a qual depende da composição química e das condições de
fabricação das ligas.
 Materiais metálicos são geralmente
uma combinação de elementos
metálicos.
 São bons condutores de calor e
eletricidade
 Não são transparentes à luz visível
 Têm aparência lustrosa quando
polidos
 Geralmente são resistentes e
deformáveis
 São muito utilizados para
aplicações estruturais
 Ligação Metálica
 Materiais cerâmicos são
não-metálicos e
inorgânicos.
 Geralmente são óxidos,
nitretos e carbetos
 São geralmente isolantes
de calor e eletricidade
 São mais resistentes a altas
temperaturas e à
ambientes severos que
metais e polímeros
 Os materiais cerâmicos são
materiais de alta dureza,
porém frágeis
 Ligações iônicas e/ou
covalentes
 Materiais poliméricos são
geralmente compostos
orgânicos baseados em
carbono, hidrogênio e outros
elementos não-metálicos.
 São constituídos de moléculas
muito grandes (macro-
moléculas)
 Tipicamente, esses materiais
apresentam baixa densidade e
podem ser extremamente
flexíveis
 Materiais poliméricos incluem
plásticos e borrachas
 Ligações covalentes
 (primárias e secundárias)
 Materiais compósitos são
constituídos de mais de um
tipo de material insolúveis
entre si.
 Os compósitos são
projetados para a obtenção
de propriedades as quais
não estão presentes em um
material monofásico
 Um exemplo clássico é o
compósito de matriz
polimérica com fibra de
vidro. O material compósito
apresenta a resistência da
fibra de vidro associado a
flexibilidade e leveza do
polímero
 Usados na medicina
Estrutura do átomo
No átomo existe um núcleo formado pelos prótons e pelos
nêutrons. Por convenção, os prótons são partículas com cargas positivas,
e os nêutrons, partículas estáveis que têm pouca influência sobre as
propriedades físicas e químicas mais comuns dos elementos. Os elétrons,
carregados negativamente, giram em órbitas em volta desse núcleo

-
Estrutura do átomo
No passado, se achava que o átomo era tão pequeno que não
poderia ser dividido. Hoje sabemos que os átomos são formados de várias
partículas ainda menores. Porém, esse conceito de indivisibilidade ainda é
válido e se transformou na base da química moderna.

Em 1868, o russo Demitir Mendeleiev elaborou a primeira


classificação geral dos elementos. Esse trabalho deu origem à tabela
periódica que hoje conhecemos. Ele permitiu prever as propriedades e
descobrir elementos que não eram ainda conhecidos.

Conhecer as leis que comandam essas partículas permite explicar


porque alguns materiais são mais resistentes ou mais frágeis do que
outros.
Estrutura do átomo
De acordo com este modelo, as órbitas são arrumadas em até
sete camadas, das quais a última é chamada de camada de valência. Para
que um átomo seja estável, ele deve ter 8 elétrons nesta camada.
Estrutura do átomo
Acontece que somente poucos átomos, os dos chamados
gases nobres (hélio, neônio, argônio, criptônio, xenônio e radônio), são
estáveis. Isso significa que todos os outros átomos, para se tornarem
estáveis, combinam-se entre si, cedendo, recebendo ou compartilhando
elétrons, até que a última camada de cada um fique com oito elétrons. É
dessas combinações que surgem todos os materiais que conhecemos.

Estas combinações atômicas ocorrem através de 3 tipos de


ligações:

-Ligação Covalente
-Ligação Iônica
-Ligação Metálica
Ligações Atômicas
Ligação covalente
Quando os átomos compartilham elétrons, acontece o que
chamamos de ligação covalente. É o caso por exemplo, da formação da
molécula de água:
Se aproximarmos dois
átomos de forte eletronegatividade,
um não terá força para capturar o
elétron do outro permanentemente.
Ele captura o elétron mas o outro
consegue capturá-lo de volta e, além
de retomá-lo, captura um elétron do
outro. Esse jogo fica se repetindo
fazendo com que o par de elétrons
(um de cada átomo) fique orbitando
pelos dois átomos.
Ligações Atômicas
Ligação iônica
Quando um dos átomos cede, definitivamente, os elétrons da
última camada e o outro recebe definitivamente esses elétrons, ocorre a
chamada ligação iônica.

Aproximando um átomo altamente


eletronegativo de um de baixa
eletronegatividade, ele captura elétrons
tornando-se um íon negativo e tornando
o outro um íon positivo. Como cargas
elétricas opostas se atraem, eles
ficarão ligados por atração
eletromagnética e o tipo de ligação será
chamada de ligação iônica.
Ligações Atômicas
Ligação metálica
Nesta ligação, os elétrons são compartilhados por inúmeros
átomos. Isto é possível porque os átomos dos metais apresentam poucos
elétrons na camada de valência. Esses elétrons podem ser removidos
facilmente, enquanto que os demais ficam firmemente ligados ao núcleo.
Isso origina uma estrutura formada pelos elétrons que não pertencem à
camada de valência. Como os elétrons de valência podem se mover
livremente dentro da estrutura metálica, eles formam o que é chamado de
nuvem eletrônica”. Os íons positivos e a nuvem eletrônica negativa
originam forças de atração que ligam os átomos de um metal entre si.
“Força” do átomo
A tendência ou força que um átomo tem para capturar elétrons é
chamada de eletronegatividade. Assim, entenderemos como forte um
átomo que possui grande eletronegatividade e como fraco os de baixa
eletronegatividade.
Eletronegatividade
Se o átomo possui um núcleo positivo, é de se esperar que ele
consiga atrair corpos negativos (no caso, elétrons) mas, se ele possui uma
eletrosfera - que é negativa - podemos supor também que exista uma
força de repulsão de corpos negativos. Observe a figura abaixo:

Quando uma partícula


vai se aproximando do núcleo,
atraída por ele, aproxima-se
também da eletrosfera, só que
esta a repele. Dessa forma, existe
(em teoria) um ponto de equilíbrio
que se localiza aproximadamente
a uma distância igual ao raio
atômico do núcleo do átomo.
Eletronegatividade
Qual o mais forte? E o mais fraco?
Dois fatores são importantes para aumentar a eletronegatividade:
a carga nuclear, capaz de atrair os elétrons, e o raio atômico, que
determina a distância máxima de aproximação do elétron em relação ao
núcleo.
A força é diretamente proporcional à carga e inversamente
proporcional ao raio ao quadrado. Concluímos então que, se duplicarmos
a carga nuclear, a força dobra, mas, se duplicarmos o raio, a força diminui
quatro vezes, portanto o raio atômico influi muito mais na
eletronegatividade do que a carga nuclear. Um átomo "fortão" deve ser
pequeno e com um núcleo cheio de prótons.
Estrutura cristalina
Se você pudesse ampliar a maioria dos materiais sólidos a ponto
de ver as partículas que o compõem, observaria que essas partículas se
arrumam de uma forma muito organizada.
Essa organização parece uma rede em três dimensões que se
repete em todo o material. Ela é chamada de estrutura cristalina.
Dependendo da forma geométrica que essas estruturas
cristalinas apresentam, elas recebem um nome. Os principais são:
Estrutura cristalina
Alotropia

Alotropia é a propriedade que certos metais, como o ferro,


apresentam de possuírem reticulados cristalinos diferentes, conforme
temperatura. No caso do ferro, por exemplo, aquecendo-se esse metal a
cerca de 912°C, o reticulado cúbico centrado (CC) passa a reticulado
cúbico de face centrada (CFC). A primeira forma alotrópica que ocorre na
faixa de temperaturas ambiente até 912°C, é chamada de “alfa” e a
segunda forma, que ocorre acima de 912°C, é chamada “gama”.
Plasticidade dos metais
Os materiais, quando submetidos a um esforço mecânico,
tendem a se deformar. Conforme sua natureza, o comportamento durante
a deformação varia. Alguns apresentam uma deformação elástica até
ocorrer a sua ruptura, como por exemplo materiais plásticos do tipo
elastômeros.

Outros, como os metais e os polímeros termoplásticos, podem


sofrer uma considerável deformação permanente antes de ruptura.

Esse característico de “deformabilidade permanente” é muito


importante na prática, pois permite a realização de conformação
mecânica, ou seja, das operações mecânico-metalúrgicas muito
empregadas na fabricação de peças metálicas.

A capacidade dos metais poderem ser deformados de modo


permanente é definida como plasticidade.
Plasticidade dos metais
Deformação elástica
No caso da deformação elástica, representada por uma célula
unitária na figura abaixo, esta muda de dimensões, alongando-se, se o
esforço for de tração, ou comprimindo-se se o esforço for de compressão.
Plasticidade dos metais
Deformação plástica

Ultrapassada a fase elástica ou o “limite elástico” do material,


ocorre a deformação permanente, dentro da chamada “fase plástica”.

O significado prático da deformação plástica é a possibilidade do


material ser submetido, no estado sólido, a operações de conformação
mecânica (laminação, forjamento, estampagem, estiramento, etc.)
Plasticidade dos metais
Deformação plástica
Deformação a frio e deformação a quente:

O esforço mecânico utilizado para realizar a deformação de um


determinado material pode ser realizado em diferentes condições de
temperatura, desde a temperatura ambiente até altas temperaturas, mas
sempre inferiores a temperatura de fusão do material.

O que distingue deformação a frio de deformação a quente é


uma temperatura indicada como “temperatura de recristalização”, que é
a menor temperatura na qual uma estrutura deformada de um metal
trabalhado a frio é restaurada, livre de tensões após permanência nesta
temperatura por um tempo determinado.
Propriedades
Cada material possui características próprias que definem sua
aplicação, dureza, fragilidade, resistência, elasticidade, condução de calor,
etc. Estas características são o que chamamos de propriedades, e cada
uma delas esta relacionada à natureza das ligações que existem entre os
átomos de cada material.

Para facilitar o estudo vamos dividir as propriedades em 2


grupos:

-Propriedades Físicas
-Propriedades Químicas
Propriedades Físicas
Este grupo de propriedades determina o comportamento do
material em todas as circunstâncias do processo de fabricação e de
utilização. Nele temos as propriedades mecânicas, as propriedades
térmicas e as propriedades elétricas.

-Propriedades mecânicas:
-Resistência Mecânica
-Elasticidade
-Plasticidade
-Dureza
-Fragilidade
-Densidade
Propriedades Físicas
-Propriedades térmicas:
- Ponto de Fusão
- Ponto de ebulição
- Dilatação térmica
- Condutividade térmica
- Condutividade elétrica
- Resistividade
Propriedades Químicas
-Propriedades químicas:
- Resistência à corrosão
- Resistência aos ácidos
- Resistência às soluções salinas

Os átomos metálicos possuem baixa eletronegatividade, e grande


tendência a perderem elétrons da última camada, transformando-se
em cátions
Materiais
Podemos dividir os materiais em dois grandes grupos:
metálicos e não-metálicos. Dentro do grupo dos metálicos existem
os materiais metálicos ferrosos e os não-ferrosos.

Metálicos Não-metálicos

Exemplo:
Ferrosos Não-ferrosos -Polímeros
-Elastômeros
Exemplo: Exemplo: -Cerâmicos
-Aço -Alumínio
-FoFo -Cobre
 Uma substancia pura, sólida, que é também um
isolante elétrico, pode apresentar todos os tipos
de ligações, exceto:
a) covalente
b) iônica
c) metálica
 A composição química define as potencialidades
"inatas" do material: por exemplo, um aço de baixo
carbono é presumivelmente dúctil; porém ele pode ser
fragilizado por um tratamento térmico que lhe
imponha uma modificação em sua micro estrutura.

 Desafio:
Pesquisar sobre o aço SAE 1045 com suas respectiva
classificação e indicar possíveis utilizações na
construção de elementos de máquinas ou dispositivos
complexos.

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