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UNIVERSIDADE DO ESTADO

DO RIO GRANDE DO
NORTE

ANÁLISE DO DISCURSO
Unidade II
- Aula 2: A noção de discurso.
- Aula 3: dispositivos teórico-analíticos da AD
RUPTURAS / FILIAÇÕES TEÓRICAS

- Linguística: “a língua não é transparente; ela tem


sua ordem marcada por uma materialidade que
lhe é própria”;

- Marxismo: “a história tem sua materialidade, o


homem faz história, mas ela não lhe é
transparente”;

- Psicanálise: “o sujeito que se coloca como tendo


sua opacidade: ele não é transparente ne para si
A LINGUAGEM EM QUESTÃO

Há diversas formas de se estudar a linguagem

A Análise do Discurso (AD), como o próprio nome


indica, não trata da língua, não trata da gramática, embora
estes dois campos lhe interessem.

Trata do DISCURSO. A palavra discurso,


etimologicamente, tem a ideia de:
 curso;

Percurso;
 Correr por;
 Movimento.
DISCURSO: palavra em movimento, prática
de linguagem. Com o estudo do discurso,
observa-se o homem falando.
A Análise do Discurso (AD) não trabalha com
a língua enquanto sistema abstrato, mas com a língua
no mundo, com maneiras de significar, com homens
falando, considerando a produção de sentidos.

1) Leva em conta o homem na sua história;


2) Considera os processos e condições de produção da
linguagem;
3) Estuda a relação entre os sujeitos e a língua que
falam;
4) Estuda as situações em que se produz o dizer.
Para encontrar as regularidades da
linguagem em sua produção, o analista de discurso
relaciona a língua com sua exterioridade.
Isso significa dizer que o discurso não é transparente!

Há sempre algo além da materialidade...


Para AD, não se trata apenas de transmissão de
informação, nem há essa linearidade na disposição
dos elementos, como se o processo fosse serializado.

Emissor e receptor se alternam. Eles realizam ao


mesmo tempo o processo de significação.
Desse modo, não se trata de transmissão de informação
apenas, pois, no funcionamento da linguagem, que põe
em relação sujeitos e sentidos afetados pela língua e pela
história, temos um complexo processo de constituição
desses sujeitos e produção de sentidos.
Desse modo, não se trata de transmissão de informação
apenas, pois, no funcionamento da linguagem, que põe
em relação sujeitos e sentidos afetados pela língua e pela
história, temos um complexo processo de constituição
desses sujeitos e produção de sentidos.
Esses sentidos são produzidos em decorrência da
ideologia dos sujeitos, da forma como compreendem a
realidade política e social na qual estão inseridos.

Os sentidos são produzidos face aos lugares


ocupados pelos sujeitos em interlocução.

1 + 1 =3
Os discursos não são fixos, estão sempre
se movendo e sofrem transformações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Roteiro
- Discurso: diferente de língua e fala?
- Interdiscurso, o que é e como funciona?
- Formações Discursivas: o lugar do sujeito.
- Formações Ideológicas: o lugar do sujeito discursivo.
- Sujeito: como se constitui?
- Exemplo de Análise do Discurso.
INTERDISCURSO: O QUE É E COMO FUNCIONA

O fato de que há um já-dito que sustenta a


possibilidade mesma de todo o dizer é fundamental
para se compreender o funcionamento do discurso,
a sua relação com os sujeitos e com a ideologia.
INTERDISCURSO
A observação do interdiscurso nos permite remeter o
dizer de um texto a toda uma filiação de dizeres, a
uma memória, e a identificá-lo em sua historicidade,
em sua significância, mostrando seus compromissos
políticos e ideológicos.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Roteiro
- Discurso: diferente de língua e fala?
- Interdiscurso, o que é e como funciona?
- Formações Discursivas: o lugar do sujeito.
- Formações Ideológicas: o lugar do sujeito discursivo.
- Sujeito: como se constitui?
- Exemplo de Análise do Discurso.
FORMAÇÕES DISCURSIVAS:
O LUGAR DO SUJEITO
QUESTIONAMENTOS?

O que permite ao surfista o uso de determinados


enunciados e não outros?

O que permite ao professor do ensino básico o uso de


determinados enunciados e não outros?

O que permite ao advogado o uso de determinados


enunciados e não outros?
QUESTIONAMENTOS?
Todos são inscritos em posições que lhes permitem
determinados discursos e não permitem outros
determinados discursos.

Como isso se dá?

A PARTIR DA INSCRIÇÃO NAS


FORMAÇÕES DISCURSIVAS (FD)
FOUCAULT (1969)

Uma Formação Discursiva não é atemporal.

Conta com regularidades próprias a processos temporais


(há dinamismo), estabelece articulações entre diferentes
séries de acontecimentos discursivos.

Foucault: “uma FD não é o texto ideal, contínuo, sem


asperezas. É um espaço de dissensões múltiplas, um
conjunto de oposições cujos níveis e papeis devem ser
descritos.”
Há dissensão?
Há oposição?
FORMAÇÃO DISCURSIVA

É um conjunto de enunciados que provêm do mesmo


sistema. (o que é permitido e o que não é permitido?)

O princípio de DISPERSÃO e de REPARTIÇÃO dos


enunciados é o que delimita uma FD, de tal forma que sua
DEMARCAÇÃO revela o nível do enunciado e a descrição
dos enunciados indica a maneira pela qual se organiza o
nível enunciativo, possibilitando a individuação de uma FD.
PÊCHEUX (1983)

Retoma as noções de processo discursivo de FD. Reforça


sua natureza DISCURSIVO-IDEOLÓGICA, relacionando-a
com a questão do SENTIDO e do SUJEITO DO
DISCURSO.

Uma palavra, uma expressão ou mesmo uma proposição


NÃO TEM SENTIDO PRÓPRIO LITERAL. Seu sentido
decorre das RELAÇÕES que tais elementos linguísticos
mantêm com outros elementos pertencentes à mesma
FD.
PÊCHEUX (1983)

Uma palavra, uma expressão ou mesmo


uma proposição NÃO TEM SENTIDO
PRÓPRIO LITERAL. Seu sentido decorre
das RELAÇÕES que tais elementos
linguísticos mantêm com outros
elementos pertencentes à mesma FD.
COMO SE CONSTITUI O SUJEITO?
Os processos discursivos têm origem no sujeito?

Ou são determinados pela FD em que o falante


se insere?
O sujeito falante tem a “ilusão discursiva” não apenas de
ser a fonte do sentido, mas também de ter domínio de
tudo aquilo que diz.

Tem a ilusão de ser o mestre absoluto de seu próprio


processo de enunciação, dominando as estratégias
discursivas necessárias para dizer o que pretende.
Esses esquecimentos apontam para a constituição
psíquica e ideológica do sujeito discursivo, que é
interpelado a tomar posição na FD que o determina e
que corresponde a seu lugar na formação social.

Essa formação é responsável pelo modo de


produção da sociedade em que vive.
O sujeito é essencialmente representação,
dependendo das formas de linguagem que ele
enuncia (pai, aluno, assistente social) e de fato que o
enunciam (pai, aluno, assistente social).

Constrói sua relação com o simbólico.

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