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PROPRIEDADES DOS

MATERIAIS
& CONCEITOS DE TENSÃO E
DEFORMAÇÃO
Curso Básico de Estruturas Navais – Módulo 2
João Henrique Volpini Mattos
Engenheiro Naval

04/01/2020 1
Leis de Newton
• 1ª Lei (Lei da Inércia)
Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou de
movimento uniforme em linha reta a menos que seja obrigado
a mudar por forças impressas
 a ele.
 dv
Não é preguiça, é inércia !
 F  0 
dt
0

• 2ª Lei (Princípio Fundamental da Dinâmica)


A mudança do movimento é proporcional à força motriz
impressa e se faz segundo a linha reta pela qual se imprime
esta força.
 dp d (mv) 
dv 
F  m  ma
dt dt dt

• 3ª Lei (Princípio da Ação e Reação)


A uma ação sempre se opõe uma reação igual em sentido
contrário.  
 Fa,b    Fb,a
Sistemas de Unidades
A utilização e conversão errada de unidades é a causa mais comum
de erros em engenharia !
No Sistema Internacional de Unidades :
• Comprimentos em metros (m)
• Ângulos em radianos (rad)
• Massas em quilogramas (kg)
• Forças em Newtons (N)
• Pressões e tensões em N/m2 = Pascal (Pa)
• Tempos em segundos (s)
• Energia e trabalho em N.m = Joule (J)
• Potência em Watt (W)

Expressar forças em kg ou t é um erro grave !


Se for necessário, expresse-as em kgf ou tf (e as massas em UTM).
1 kgfN = 9,80665 N 1 UTM = 9,80665 kg
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Exercícios
•• Qual
  o peso de uma massa de 100 kg na Lua (g = 1,62 m/s 2) ? Se este
peso for colocado sobre uma área de 10 x 10 cm, qual a pressão nela
exercida ?

• Uma pressão (ou tensão) de 1 MPa equivale a quantas tf/cm2 ?

4
Conversor de Unidades
Online
www.freeconversiontools.com

5
Materiais
A maioria dos materiais, quando em serviço, são submetidos à forças ou cargas.
Exemplos :
• Liga de alumínio da asa de um avião

• Aço inoxidável de um eixo propulsor

• Bronze das pás de um propulsor

Em tais situações é necessário conhecer as características do material e projetar o


elemento estrutural em que ele será utilizado, de maneira que qualquer deformação
não seja excessiva e não ocorra fratura.
Além disto, torna-se necessário o conhecimento do método de fabricação do
equipamento, pois este pode afetar decisivamente as propriedades originais do
material.
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Ensaio de Tração Estática
Se uma carga é estática ou se ela se altera de uma maneira relativamente
lenta ao longo do tempo e é aplicada uniformemente sobre uma seção
reta ou superfície de um membro, o comportamento mecânico pode ser
verificado mediante um simples ensaio de tensão-deformação, resultando
numa curva de onde teremos vários parâmetros importantes do material.

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Introdução à Curva Tensão-Deformação
Aspectos mais detalhados da curva tensão-deformação serão vistos ao
longo deste módulo. Entretanto, para entendimento dos materiais, alguns
termos devem ser conhecidos.
lim it e d e ela sticida de
e n cr ua m e nto e stri c çã o
Ten s ão

e sc o a me n to

lim ite de r esist ência

fr at ura
lim ite de es coam ent o

lim ite de pr opo rci onalida de

d uctib ilid ade


Def or m aç ão

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Tipos de Materiais
• Metais : Grande número de elétrons livres. Resistência mecânica moderada a
alta. Plasticidade moderada. Alta tenacidade. Opacos. Bons condutores
elétricos e térmicos. Podem ser classificados em ferrosos e não ferrosos. Ex. :
aço, níquel, cobre.
• Cerâmicos : Combinação de elementos metálicos e não-metálicos. Duros e
frágeis. Isolantes térmicos e elétricos. Ex. : vidros, cerâmicas, concreto.
• Polímeros : Compostos orgânicos de cadeias muito grandes. Baixa densidade.
Alta flexibilidade. Tenacidade. Pouco resistentes à altas temperaturas.
‒ Elastômeros Termoplásticos : Alta capacidade de retorno à forma original. Recicláveis. Ex.
Borracha, PET
‒ Plásticos : Baixa capacidade de retorno à forma original. Ex. : isopor (poliestireno), PVC,
poliester
• Madeiras : Polímero natural resultante da fotossíntese. Baixa densidade, alta
resistência.
• Compósitos : Mais de um tipo de material (matriz e reforçador). Ex. : fibra de
vidro, fibra de carbono.

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Principais Metais
Estruturais : Ferro
O ferro fundido é uma liga de ferro com elementos a base de carbono (entre
2,11 e 6,67%) e silício (entre 1 e 3%), podendo conter outros elementos
químicos.
• Ferro fundido cinzento : O mais comum devido ao baixo custo.
Apresenta alta fluidez na fundição, permitindo a moldagem de peças
complexas. Utilizado em larga escala pela indústria de máquinas e
equipamentos.
• Ferro fundido branco : Utilizado em peças que necessitem de alta
resistência à abrasão, como equipamentos para moagem de minérios,
pás de escavadeiras, etc. Não é usinavel.
• Ferro fundido nodular : O carbono é apresentado em forma esferoidal,
permitindo uma maior ductibilidade que o aproxima do aço. Utilizado
em peças que necessitem maior resistência ao impacto e à tração.
O ferro forjado, ou ferro batido, possui uma pequena quantidade de
carbono com escórias, sendo resistente, maleável e facilmente soldável.
Deve ser conformado a quente através de martelo ou prensa. Atualmente
é substituído pelo aço.

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Principais Metais
Estruturais : Aço
A técnica de fabricação do aço foi estabelecida em meados do século XIX. É
uma liga formada basicamente de ferro e carbono, este último em
porcentagens entre 0,008 e 2,11%. Alguns outros elementos (níquel,
molibdênio, cromo, etc.) podem estar presentes para melhorar as
características do aço.
• Aço carbono : O mais usado em estruturas, chapas, tubos,
peças mecânicas, etc. O teor de elementos diferentes do ferro e
carbono é menor que 2%. Sua classificação em geral é feita em
função do teor de carbono (quanto mais carbono, maior a
tensão de escoamento). Por exemplo, o aço 1045 contém
0,45% de teor de carbono (os 2 primeiros dígitos indicam os
outros elementos).
• Aço-liga : Contém elementos controlados na sua composição
(cobre, níquel, cromo, etc.), de acordo com rígidas
especificações. Apresentam alta resistência à corrosão e
geralmente são conhecidos pelos seus nomes comerciais
(Niocor, Corten, etc.). O aço inoxidável, descoberto em 1912, é
um aço-liga contendo cromo, níquel e molibdênio, sendo
característico pela alta resistência à oxidação.
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Principais Metais
Estruturais : Alumínio
O alumínio é o metal mais abundante na crosta terrestre, sendo extraído da
bauxita por meios mecânicos e químicos e depois submetido a um processo
de eletrólise para retirar o oxigênio da alumina (Al2O3). Este último processo
demanda enormes quantidades de energia elétrica, daí o fato de ainda ser
um metal caro.
É um metal muito leve e resistente, com alta condutivade térmica e elétrica,
não magnético, maleável, muito dúctil, além de ter uma excelente
resistência a corrosão.
Quando utilizado em ligas (cobre, magnésio, silício, zinco, níquel, titânio,
cobalto, chumbo, etc.) pode apresentar elevada plasticidade, permitindo
laminados de pouca espessura (embalagens).

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Processos de Conformação Mecânica

Conformação é o processo mecânico onde se otém peças através da


compressão de metais, utilizando a deformação plástica da matéria-prima.
O processo pode ser executado a quente, facilitando o procedimento mas
mudando a estrutura do material, ou a frio, encruando o material e
aumentando sua resistência mecânica.
• Forjamento : Conformação por esforços compressivos de
prensagem ou martelamento.
• Laminação : Conjunto de processos em que se faz o material
passar através da abertura entre cilindros que giram, reduzindo
a seção transversal. É o processo mais utilizado.
• Trefilação : Redução da seção transversal de uma barra, fio ou
tubo, puxando-se a peça através de uma ferramenta.
• Extrusão : Processo em que a peça é empurrada contra a matriz
conformadora, forçando-o a escoar pelo orifício e reduzindo sua
seção transversal.

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Tratamento Térmico
É o conjunto de operações de aquecimento e resfriamento a que são
submetidos os materiais metálicos, sob condições controladas de
temperatura, tempo, atmosfera e velocidade de resfriamento, com
objetivo de alterar a dureza, resistência mecânica, resistência ao desgaste e
corrosão, remover tensões internas e melhorar a ductibilidade e
propriedades de corte.
• Recozimento (700-800°C) : Para a remoção de tensões devido a tratamentos
mecânicos a frio ou a quente. A velocidade de resfriamento é lenta.
• Normalização (400-800°C) : Semelhante ao recozimento, mas com velocidade
de resfriamento mais elevada, sendo aplicados em peças laminadas ou forjadas,
e como tratamento preliminar à têmpera e ao revenido.
• Têmpera (700°C) : Eleva a dureza e o limite de resistência da peça, embora
diminua a maleabilidade. É feita com o resfriamento rápido da peça.
• Revenido (200-700°C) : Feito após a têmpera, a peça é mantida em temperatura
elevada por um certo tempo, aliviando as tensões internas, corrigndo a dureza
excessiva e fragilidade do material, e aumentando sua resistência ao choque.

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Isotropia
• Materiais isotrópicos : São aqueles que possuem propriedades mecâ-
nicas e térmicas idênticas em qualquer direção. Por exemplo, os metais.
• Materiais ortotrópicos : São aqueles que possuem propriedades
distintas nas três direções perpendiculares. Por exemplo, madeira,
materiais compósitos, e alguns metais após sofrerem laminação.

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Massa Específica
Massa específica de um material é a razão entre a massa de uma porção
deste material e o volume ocupado por ele.

O termo “densidade” (ρ) é


análogo à “massa específica”,
porém é mais empregado para
objetos ou líquidos.

Massa específica (t/m3)

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Massas Específicas de
Alguns Materiais
Material μ (t/m3) Material μ (t/m3) Material μ (t/m3)
Aço forjado 7,86 Ferro 7,87 Petróleo 0,79 a 0,88
Aço fundido 7,50 Ferro fundido 7,25 a 7,50 Polietileno 0,96 a 1,40
Aço inox 7,85 Porcelana 2,29 a 2,50
Frejo 0,590
Aço sem liga 7,85
Gasolina 0,72 a 0,775 Prata 10,50
Água doce 1,00
Gesso 2,32 Querosene 0,82
Água salgada 1,017 a 1,030
Ipê 1,103 Rocha 2,6 a 2,9
Alumínio 2,70
Vidro 2,40 a 2,80
Alumínio fundido 2,56 a 2,84 Latão 8,40 a 8,50
Zinco 7,14
Alumínio laminado 2,69 a 2,75 Mármore 2,52 a 2,85
Borracha 0,95 a 1,45 Massaranduba 1,14 a 1,16
Bronze 8,83 Mercúrio 13,55
Cedro 0,485 Nylon 0,88 a 1,10 Na Engenharia Naval
Cerejeira 0,60 a 0,90 Óleo mineral Material μ (t/m3)
0,87
Chumbo 11,25 a 11,40
Óleo diesel 0,82 a 0,88 Aço 7,850
Cobre 8,89 a 8,90
Óleo lubrificante 0,88 a 0,94 Alumínio 2,700
Concreto simples 2,4
Óleo pesado (bunker) 0,98 Água de lastro 1,025
Concreto armado 2,5
Ouro 19,28
Cortiça 0,25 Diesel 0,840
Eucalipto 0,69 a 1,00 Pedra 2,60 a 2,80 Lubrificante 0,924
Esgoto oleoso 1,025
Águas servidas 1,025
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Exercícios
•• Qual
  a densidade do Flutuante 9, sabendo que ele mede 7 x 7 x 1,9m e
tem massa de 15t. Qual o calado quando colocado na água salgada ?

• Calcule a densidade de uma mistura de dois líquidos homogêneos de


massas iguais a 200 g e densidades diferentes de 4,2 g/cm3 e 1,4 g/cm3.
Se as massas são iguais, os volumes são diferentes :

A densidade resultante da mistura será calculada pela massa e volume totais :

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Exercício
Precisamos construir pesos para uma prova de inclinação, utilizando
tambores de óleo de 200 litros, feitos de aço, preenchidos com concreto
simples. Considerando as dimensões abaixo, e que o tambor é construído
com chapa de aço de 1,20 mm, calcule a massa do peso assim construído.
Despreze os reforços no tambor.
580 mm
 Volume do material das tampas

Volume do material da lateral do tambor

Massa do material do tambor


848 mm

Volume do tambor

Massa do concreto

Massa total do conjunto

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Tipos de Carregamento
Existem 4 principais meios pelos quais uma carga pode ser aplicada :

tração compressão cisalhamento torção

A flexão é um caso especial onde a


tração e compressão são aplicadas
simultaneamente.

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Tensão Normal (normal
stress)
• 
Tensão é a distribuição de forças por unidade de área em torno de um
ponto dentro de um corpo material ou meio contínuo.
Um caso particular é o da tensão uniaxial (ou normal), quando se aplica
uma força F uniformemente distribuída sobre uma área A. Neste caso, a
tensão é dada por

Entretanto, a tensão
normal em uma barra
prismática não é ne-
cessariamente unifor-
me. Mas na maioria
dos casos uma tensão
normal média pode
ser utilizada.
21
Exemplo
Em um tubo longo com raio r de paredes finas de espessura t, sujeito à
pressão interna P, determine como será o rompimento do tubo se a
pressão interna aumentar indefinidamente.
σ1 : tensão circunferencial
σ2 : tensão longitudinal

A tensão circunferencial é calculada pelo equilíbrio de forças na direção z.


 
Área em que a pressão atua : 2.r.
Área em que a tensão nas paredes atua :

22
Exemplo (continuação)
A tensão longitudinal é calculada pelo equilíbrio de forças na direção x.
 
Área em que a pressão atua : π.r2
Área em que a tensão nas paredes atua : 2.π.r.t

 
A tensão circunferencial () é o dobro da tensão
longitudinal (). Isto explica porque um tubo
submetido apenas à pressão interna sempre se rasga
no sentido longitudinal.

23
Tensão de Cisalhamento
(shear stress)
•A  tensão de cisalhamento τ é definida como o componente da tensão
coplanar à seção transversal, sendo derivada do componente de forças
paralelos à seção.

Uma força cortante aplicada ao topo do retângulo,


enquanto o fundo é mantido fixo no lugar, resulta em
uma tensão de cisalhamento que deforma o retângulo

Na torção também aparecem


tensões de cisalhamento no pla-
no paralelo ao carregamento

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Exercícios
•• Determine
  a tensão de compressão no picadeiro abaixo, entre :
a) O bloco de madeira de 100 x 120 x 400 mm e a base de concreto de 500 x 500 x
60 mm.
b) A base de concreto e o solo.

• Uma placa é fixada a uma base de madeira por meio de 3 parafusos de


diâmetro 22 mm. Calcule a tensão média de cisalhamento nos parafusos
para uma carga P de 120 kN.
Área transversal de um parafuso

Tensão de cisalhamento sobre 3 parafusos

25
Deformação (strain)
•  deformação de um corpo ou estrutura contínua é qualquer mudança na
A
configuração geométrica que leve a uma variação de sua forma ou
dimensões após a aplicação de uma força externa.

A deformação linear é conhecida como elongação. Embora ela seja


adimensional, muitas vezes é expressa como uma fração ou uma
porcentagem.
A deformação de cisalhamento é medida como uma mudança no ângulo
entre as linhas do corpo.

26
Ensaio de Tração
O corpo de prova é deformado até a fratura, com uma carga de tração que é
aplicada ao longo do seu eixo.

O corpo de prova tem suas extremidades


presas por garras do aparelho de teste.

A máquina de teste é projetada para


alongar a amostra numa taxa constante e
medir continuamente e simultaneamente
a carga aplicada e a deformação.

27
Resultado do Ensaio de
Tração
tensão máxima
A curva diminui porque há
uma redução significativa da
área da seção

fratura

limite de
tensão

elasticidade

deformação
28
Curva Tensão-Deformação

29
Deformação Elástica
O nível de deformação de uma estrutura depende da magnitude da tensão
aplicada.
A deformação elástica é reversível, ou seja, quando a carga é retirada, o
material volta às suas dimensões originais.
Na curva Tensão x Deformação, a região elástica é a parte linear inicial do
gráfico, e a relação entre a tensão e deformação é dada pela lei de Hooke.

𝜎 =𝐸 . 𝜀
 
tensão

coeficiente angular E

deformação
30
Módulo de Elasticidade
Até um certo limite (dependente do material e da temperatura), as tensões
aplicadas a um corpo são aproximadamente proporcionais às deformações.
A constante de proporcionalidade entre elas é chamada de módulo de
elasticidade ou módulo de Young, sendo conhecido pela letra E.
Quando maior este módulo, maior a tensão necessária para o mesmo grau
de deformação, e portanto mais rígido é o material.

31
Módulo de Elasticidade (GPa)
Módulo de Elasticidade de Alguns
Materiais
Material E (GPa) Material E (GPa)
Alumínio 69 a 75 Latão 96 a 110
Aço 1010 a 1030 205 Monel 170
Aço 1040 e 1050 210 Madeiras paralela à fibra 11 a 14
Aço inox 304 e 316 193 Magnésio 45
Borracha 0,0007 a 0,0040 Níquel 207
Bronze 96 a 120 Nylon 2,1 a 3,4
Chumbo 14 Prata 72
Cobre 110 a 128 Polietileno 0,7 a 1,4
Concreto (compressão) 17 a 31 Rocha (compressão) 40 a 100
Ferro fundido cinzento 90 Titânio 96 a 120
Ferro fundido nodular 170 Tungstênio 340 a 407
Vidro 48 a 83

No aço, a tensão de escoamento, a tensão de ruptura e a


dutibilidade são afetados pelo teor de carbono, pelo
tratamento térmico e pelo processo de fabricação, mas o
módulo de elasticidade (rigidez) praticamente não varia.

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Elasticidade Não Linear
Para alguns materiais (ex. borracha), a porção inicial da curva Tensão x
Deformação não é linear.

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Escoamento
É um fenômeno nitidamente observado em materiais de natureza
dútil, onde se caracteriza por um grande alongamento sem
acréscimo de carga.
O escoamento indica o fim da deformação elástica e início da
deformação plástica do material.
O conhecimento do limite de escoamento (yeld strength) é vital
no projeto de componentes, pois ele representa o limite superior
da carga que pode ser aplicada, sendo também importante para
várias técnicas de produção de materiais, como o forjamento,
laminação, etc.
Devido à dificuldade de obtermos precisamente o
limite de escoamento, este geralmente é deter-
minado pelo método da pré-deformação específica
de 0,002; ou seja, a tensão capaz de causar uma
deformação de 0,2% no material.

1. Limite elástico real


2. Limite de proporcionalidade
3. Limite elástico
4. Limite de pré-deformação
34
Limite de Escoamento de Alguns
Materiais
O limite de escoamento é extremamente afetado pela composição do
material, tratamento térmico e tratamento mecânico.
Material σy (MPa) Material σy (MPa)
Acrílico 14 Ferro 130
Aço de alto carbono (1040 a 1050) 360 a 700 Ferro fundido 250
Aço de médio carbono (1030) 300 a 500 Kevlar 3620
Aço de baixo carbono (1010 e 180 a 480 Níquel 138
1020) Nylon 45
Aço inoxidável 520 Magnésio 140 a 200
Alumínio 35 a 400 Polietileno 26 a 33
Borracha 2 Polipropileno 12 a 43
Bronze 200 PVC 45
Cobre 28 Titânio (liga) 450 a 830
Concreto 20 Tungstênio 1000
Duralumínio 100 a 420

35
Deformação Plástica
Para a maioria dos metais, o regime elástico persiste até deformações em
torno de 0,005 (0,5%). Além deste ponto, a tensão não é mais proporcional
à deformação, a lei de Hooke não é mais válida, e ocorre uma deformação
não recuperável.
Quando a deformação não retorna a zero após a tensão ser removida, o
material comporta-se plasticamente, apresentando deformação perma-
nente. Isto é particularmente importante para processos de conformação a
frio.
Outro efeito importante da deforma-
ção plástica está relacionado ao novo
limite de escoamento maior que o
material apresenta após ter sido
deformado plasticamente.

Recuperação elástica 36
Limite de Resistência ou
Tensão Última
Após o escoamento, a tensão necessária para continuar a deformação plástica cresce
até um máximo, e a seguir decresce até a fatura eventual.
O limite de resistência à tração (ultimate strength) é o valor máximo atingido pelo
gráfico.

37
Exercícios
• O diagrama Tensão x Deformação indicado na figura abaixo, foi obtido a
partir de um corpo de prova de uma liga de aço especial com alto módulo
de elasticidade. Determine
a) O módulo de elasticidade.
b) A tensão de escoamento.
c) O limite de resistência.
d) A deformação permanente
quando for retirada a carga
correspondente à tensão de
360 MPa.

• Calcule a deformação da haste de aço


ao lado.

38
Resiliência
É a capacidade de um material estocar energia quando deformado
elasticamente e depois de aliviada a carga, ter esta energia recuperada.
O módulo de resiliência Ur representa a energia de deformação por
unidade de volume necessária para tencionar um material até sua tensão
𝜀𝑦
limite de escoamento.  
𝑈 𝑟 =∫ 𝜎 ⅆ 𝜀
0
 Na região elástica linear

Material Ur (MJ/m3)
Acrílico 0,029
Aço de alto carbono 2,26
Aço de médio carbono 0,23
Borracha 2,1
Cobre 0,0033
Duralumínio 0,11 39
Coeficiente de Poisson
•   uma barra esbelta sujeita a carregamento puramente axial, as tensões
Para
nas outras direções são nulas.

O alongamento na direção x é acompanhado por uma contração nas


direções y e z. Assumindo que o material é isotrópico (suas propriedades
independem da direção), temos que

O coeficiente de Poisson é definido como :

40
Coeficiente de Poisson para Alguns
Materiais

Para a maioria dos metais e outras ligas, o coeficiente de Poisson varia na


faixa de 0,25 a 0,35.
Material ν Material ν
Aço (inclusive inox) 0,30 Níquel 0,31
Alumínio 0,33 Nylon 0,39
Chumbo 0,44 Ouro 0,42
Cobre 0,33 a 0,35 Platina 0,39
Concreto 0,20 Titânio 0,34
Estanho 0,33 Tungstênio 0,28
Ferro fundido 0,26 a 0,31 Vidro doméstico 0,23
Fibra de carbono 0,25 PVC 0,38
Fibra de vidro 0,19 Pyrex 0,20
Magnésio 0,29 Zinco 0,25

41
Exercícios
• Determinar o módulo de Young e o coeficiente
de Poisson do material da barra ao lado, para
a condição de carregamento apresentada.
Obs : 1 μm (micrômetro) = 1 milionésimo do metro.

• Um cilindro de 5 cm de diâmetro e 90 cm de comprimento está


submetido à uma força de tração de 120 kN. Uma parte deste cilindro,
de comprimento L1=65 cm é de aço (E1=200 000 kPa) e a outra parte,
de comprimento L2=25 cm, é de alumínio (E2= 70 000 MPa). Determine
os comprimentos e diâmetros finais de cada uma das partes e o
alongamento total do cilindro.

42
Cisalhamento e Torção
•   metais também podem experimentar deformação elástica e plástica sob
Os
a influência de cargas cisalhantes e torcionais.
O comportamento Tensão-Deformação resultante é semelhante à curva
com componente de tração.
No cisalhamento a tensão e a deformação são proporcionais uma à outra
através da seguinte expressão : τ τ

τ τ
onde é a tensão de cisalhamento
o ângulo de cisalhamento
G é o módulo de cisalhamento.
Para materiais isotrópicos, o módulo de cisalhamento, o módulo de
elasticidade e o coeficiente de Poisson são relacionados pela seguinte
expressão :

43
Tensão de Ruptura ou de
Fratura
É a tensão observada no teste de tração,
imediatamente antes do rompimento do material.
Nem sempre é a tensão máxima que pode ser
aplicada.

Tensão de ruptura (MPa) 44


Ductilidade
É o grau de deformação suportado até a fratura do material, sendo
normalmente medido pelo seu alongamento percentual.
Materiais dúcteis, quando expostos à ação de uma força, podem estirar-se sem
se romper, transformando-se num fio.
Materiais frágeis não se deformam muito (convencionalmente menos de 5%).

Materiais dúcteis

Materiais frágeis

45
Tensão de Ruptura e Ductibilidade de
Alguns Materiais
Material Ruptura (MPa) Ductibilidade (%)
Alumínio 70 a 230 20
Aço 1020 a quente/frio 500/360 22/18
Aço 1030 a quente/frio 550/480 18
Aço 1050 a quente/frio 750/650 15
Aço inoxidável recozido 1300 12
Bronze recozido 340 50
Cobre 60 a 320 45
Duralumínio 200 a 500 11
Ferro fundido cinzento 210 (tração) 800 (compr.) 4
Ferro fundido nodular 370 20
Latão temperado 330 62
Níquel 480 40
Magnésio 210 a 500 5 a 10
Molibdênio 655 35
Titânio em liga 1070 13
Titânio puro 520 25

46
Exercícios
• O diagrama tensão-deformação do
polietileno, material utilizado para revestir
cabos coaxiais, é determinado a partir do
ensaio de tração uniaxial em um corpo de
prova com 25 cm de comprimento inicial.
Determinar, aproximadamente, o seu
comprimento final (no limiar da ruptura).

• O TEFLON é um material muito resistente, suportando até 2000 vezes seu


próprio peso. Sabe-se que uma barra de seção transversal quadrada de
10 cm de lado, com 1 m de comprimento, pesa 175 kN. Qual a massa
específica e tensão de ruptura deste material ?

47
Tenacidade
A tenacidade é uma indicação da resistência à fratura de um material.
Simplificando, é a habilidade de um material em absorver energia até a sua
fratura, sendo uma propriedade desejável para peças sujeitas a choques e
impactos.
Para pequenas velocidades de deformação, a tenacidade pode ser medida
pela área sob a curva Tensão x Deformação, até o ponto de fratura.
Sua unidade é energia por unidade de volume (J/m3).

1. Módulo de elasticidade.
2. Tensão de escoamento.
3. Limite de resistência à tração.
4. Ductilidade.
5. Tenacidade.

48
Resistência ao Impacto
O impacto é um esforço de natureza dinâmica, e o comportamento dos
materiais sob cargas dinâmicas é diferente de quando está sujeito à cargas
estáticas.
Embora a capacidade de um determinado material absorver energia de
impacto esteja ligado à sua tenacidade, este geralmente é medido com o
teste de Charpy.

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Dureza
É uma medida da resistência de um material ser deformado plasticamente
em um pequeno local (sofrer risco).
No ensaio de dureza, um pequeno penetrador é forçado contra a superfície
do material a ser testado, sob condições controladas de carga e taxa de
aplicação. Faz-se então a medida da profundidade da penetração
resultante.
A escala de dureza depende de como é feito o teste :
‒ Dureza Rockwell : Mais comum. Utiliza bolas de aço esféricas
de 1/16” a ½”, ou um cone de diamante para os metais mais
duros. A medição da dureza é feito pela profundidade da
penetração.
‒ Dureza Brinell : Penetrador esférico. A medição da dureza é
função do diâmetro da impressão resultante.
‒ Microdureza Knoop & Vickers : Penetrador de diamante
muito pequeno com geometria piramidal. A medição é
observada sob microscópio.

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Fadiga
Um membro estrutural pode falhar devido à fadiga
em níveis de tensão muito abaixo da tensão de
ruptura, se estiver sujeito à muitos ciclos de
carregamento.

As propriedades da fadiga são apresentadas


em diagramas σ-N, também conhecidas como
curva S-N ou curva de Wohler.
Quando a tensão é reduzida abaixo do limite de
resistência, as falhas de fadiga não ocorrem para
nenhum número de ciclos.

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Tensão Admissível
(allowable stress)
A premissa básica do projeto estrutural é que a tensão do
carregamento não ultrapasse um valor limite chamado tensão
admissível.
A tensão admissível não é uma propriedade do material. Ela
considera fatores de segurança em relação ao conhecimento do
material, dos métodos construtivos, e do quanto a aplicação é
crítica ou não.
Em várias aplicações as normas de projeto estabelecem as tensões
admissíveis para cada tipo de material.
Através de elementos finitos é possível
conhecer as tensões em cada ponto da
estrutura, possibilitando-se a análise dos
pontos quentes (hot spots) que apresentam
alta tensão localizada.

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Coeficiente de Segurança 1
Membros estruturais ou de máquinas devem ser dimensionados de
modo a trabalharem com tensões que não ultrapassem a tensão
admissível do material para aquela determinada aplicação.

  𝜎𝑈   𝜎𝑒   𝜎𝑅
𝐶𝑆= ou 𝐶𝑆= ou 𝐶𝑆=
𝜎 𝐴𝐷𝑀 𝜎 𝐴𝐷𝑀 𝜎 𝐴𝐷𝑀

A escolha do coeficiente de segurança (ou fator de segurança) é


uma das tarefas de maior responsabilidade do calculista. Valores
muito altos podem implicar em custos desnecessários, e valores
baixos podem provocar graves consequências.
Como orientação, sugere-se que sejam utilizados os coeficientes de
segurança utilizados em projetos de sucesso semelhantes ou nas
normas técnicas específicas para a aplicação.
Cargas cíclicas devem ser dimensionadas pelo critério de fadiga.
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Coeficiente de Segurança 2
INFORMAÇÃO QUALIDADE DAS INFORMAÇÕES C.S.
CS_1 O material usado foi realmente testado 1,3
DADOS DAS Dados representativos de testes dos material disponíveis 2,0
PROPPRIEDADES DOS
MATERIAIS DISPONÍVEISDados razoavelmente representativos de testes do material 3,0
A PARTIR DE TESTES Dados insuficientemente representativos de testes do material 5,0+
CS_2 São idênticas às condições dos testes do material 1,3
CONDIÇÕES AMBIENTAIS Essencialmente igual ao ambiente de um laboratório comum 2,0
NOS QUAIS O MATERIAL
SERÁ UTILIZADO Ambiente moderadamente desafiador 3,0
Ambiente extremamente desafiador 5,0+
CS_3 Os modelos foram testados em experimentos 1,3
MODELOS ANALÍTICOS Os modelos representam precisamente o sistema 2,0
PARA FORÇAS E
TENSÕES Os modelos representam aproximadamente o sistema 3,0
Os modelos são aproximações grosseiras do sistema 5,0+

Materiais dúcteis : Usar o máximo entre CS_1, CS-2 e CS_3


Materiais frágeis : Usar 2 vezes o máximo entre CS_1, CS-2 e CS_3

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