PORTUGUÊS/INGLÊS LITERATURA DE LÍNGUA INGLESA II PROF. GUILHERME NICÉSIO 1) Romantique (francês) > roman (latim) 2) Movimento estético de múltiplas manifestações:
A redescoberta das belezas da natureza;
A ênfase na emoção em detrimento da razão; O interesse na vida rural e campestre; O resgate do passado, seja pela atmosfera de mistério ou pelos temas históricos baseados na história do país; Escapismo – fuga da realidade pelo passado, pelo Oriente, pela natureza. Profissionalização do Escritor X Mecenato; Individualismo: em oposição ao universalismo, valorização das expressões e motes emotivos (visão microcósmica); mundo como manifestação do estado de espírito individual (egocentrismo); Egocentrismo: comedimento feminino na postura romântica, manifestado através de expediente próprios da vaidade das mulheres (dandismo > dândi); “Le Mal du Siécle” = tédio, e conseqüente melancolia / tristeza; (saída = escapismo). O grotesco tem um papel imenso. Aí está por toda a parte; de um lado, cria o disforme e o horrível; do outro, o cômico e o bufo. Põe a redor da religião mil superstições originais, ao redor da poesia, mil imaginações pitorescas. É nele que semeia, nas mancheias, no ar, na água na terra, no fogo, estas miríades de seres intermediários...; é ele que faz girar na sombra a ronda pavorosa do sabá, ele ainda que dá a Satã os cornos, os pés de bode, as asas de morcego. É ele, sempre ele, que ora lança no inferno cristão estas horrendas figuras que evocará o áspero gênio de Dante e de Milton, ora o povoa com estas formas ridículas no meio das quais se divertirá Callot, o Michelangelo burlesco. (HUGO. V. Prefácio a Cromwell. São Paulo: Perspectiva, 2002; p. 30-31) Sentimentalismo: culto da emotividade e da passionalidade; Nacionalismo: resgate das raízes históricas e lendárias de povos e nações (ufanismo); incentivo aos movimentos separatistas e revolucionários. Necrofilia > culto à fuga através do martírio, da morte, do suicídio; hedonismo (fuga pelo álcool e pelos prazeres), entrega à aventura das armas e do amor; tuberculose = “doença romântica”.
Natureza > fuga através da natureza, da Pátria, da
História, das terras exóticas; missão civilizadora e redentora do Mundo; aventura ultra-mar; resgate de leituras cristãs. > A Natureza e o Tempo são compreendidos como dimensões psicológicas e extensões psicológicas individuais. Inglaterra → Mary Shelley, Walter Scott, Lord Byron, William Blake, Samuel Coleridge; Alemanha → J. W. Goethe, Frederich Schiller; França → Victor Hugo, Alexander Dumas; Portugal → Alexandre Herculano, Almeida Garrett, Camilo Castelo Branco; Brasil → Gonçalves Dias, Castro Alves, José de Alencar, Manuel Antônio de Almeida. Fatos importantes marcaram a Inglaterra: Governo: reinado de Victoria de Hanover. Busca pela democracia: First Reform Bill, 1832 – direito de voto estendido à classe média. A exploração dos pobres: como consequência da Rev. Industrial, o proletariado não possuíam direitos trabalhistas. Fervor missionário: fundação da Igreja Metodista, por John Wesley. Puritanismo: movimentos religiosos críticos às questões de seu tempo (condições das prisões, comércio de escravos, exploração do trabalho infantil. Demanda por governos mais democráticos; Simplicidade e naturalidade; Modelos arquitetônicos da Idade Média: arte gótico. Literatura voltada à nova classe em ascensão: a burguesia. Filosofia iluminista marca os ideais românticos: Jean- Jacques Rousseau (1712-1778) exaltou as virtudes da vida natural e atacou a corrupção, a avareza e os vícios da civilização. Elogiou também a liberdade dos nativos americanos indígenas, modelo de pureza e inocência, inaugurando o conceito do “bom selvagem”. Autoria: Wordsworth e Coleridge (anonimamente). Conceito da poesia e do poeta: “eu-lírico” reflete experiências e estados mentais da vida do poeta. Espontaneidade e a liberdade poéticas: fuga das regras e de manipulações artísticas neoclássicas. Valorização da natureza: metaforização dos sentimentos humanos (locus amoenus e locus horrendus). Glorificação do lugar comum: louvor a um modo de vida humilde e rústico, portanto rural, na poesia. O sobrenatural e o “estranhamento da beleza”: lado sombrio da natureza e da alma humana, como a solidão, são explorado por Coleridge. Contos do grotesco e do arabesco (1839-41) Personalidade insólita, romântica “O corvo” (1845) Temas principais: Morte Perversão e loucura Fantástico Policial Os crimes da rua Morgue O mistério de Marie Roget A carta roubada A queda da Casa de Usher O gato preto O coração denunciador O ímpeto da perversidade A máscara da morte rubra Passos para a composição do poema, visando o desenlace. “Meu propósito consiste em demonstrar que nenhum ponto da composição pode ser atribuído à intuição ou à sorte”. 1. dimensão (leitura de uma só assentada). 2. impressão ou efeito. 3. tom: melancolia. 4. estribilho (monotonia do som reitera a mesma ideia). 5. palavra sonora e melancólica: NEVERMORE. 6. pretexto para o uso da palavra: corvo. 7. tema universal: morte (e, claro, a morte de uma bela mulher). 8. História que combinasse um amante solitário e um corvo. Conto literário: construção minuciosa para causar um efeito único Exemplo: “Berenice” Elementos básicos da narrativa se consolidam na forma curta Resenhas e ensaios teorizam sua obra e seu princípio poético “A filosofia da composição” (1845) Resenha a Twice told tales, de Hawthorne 1) Degeneração psicológica; 2) Características góticas; Linguagem barroca (citações e palavras eruditas); 3) Narrador em 1ª pessoa e sem nome (identificação com o leitor) → colocar o leitor na posição do homem de exceção; 4) Concisão; 5) Uso de maiúsculas; 6) Carga simbólica de elementos de cena e nomes com significados; 7) Conflito do homem com o meio → homem de exceção contra o mundo que o cerca (“O homem na multidão”); 8) Epígrafes (fictícias) → recurso de verossimilhança ou criação de um universo maior em que o conflito se encontra, ou com o qual o drama dialoga, mesmo que fora do alcance do leitor Mark Twain (Samuel Langhorne Clemens), nasceu em Flórida, Missouri (EUA) em 1835, o sexto de dez filhos, no dia da passagem do cometa Halley. Em 1839, muda-se para Hannibal, às margens do rio Mississippi, que lhe serve de inspiração para suas obras mais conhecidas. Foi pintor ambulante, piloto de barco no rio Mississipi (1857-1862), explorador de ouro e prata, jornalista (a partir de 1862), escritor (desde 1867) conferencista, editor — e sobretudo humorista.
Em 1867, publica uma história que faria toda a
América rir, atraindo para o seu nome a atenção de todos. Trata-se de “A celebre rã saltadora do Condado de Calaveras”.
Em seu primeiro livro, “The Innocents Abroad”,
escrito após uma excursão à Europa, tecia críticas aos costumes europeus, o que o fez cair no agrado do público. Com o sucesso, casou-se e dedicou-se a escrever. Obras como “Life on the Mississipi”, The Adventures of Tom Sawyer”, “Huckleberry Finn”, “A Tramp Abroad”, “A Connecticut Yankee in King’s Arthur’s Court”, e outras, elevaram-no à categoria de grande humorista nacional.
Mark Twain faleceu em 1910, na véspera da
passagem do cometa Halley. Como ele nascera no dia da última passagem do astro, disse: “O Todo-Poderoso disse, indubitavelmente: 'cá estão esses dois inexplicáveis fenômenos; eles chegaram juntos, e devem partir juntos‘”. Gênero Literário: romance de formação. Anti-heróis picarescos americanos, sob a perspectiva infantil. Sawyer é criado pela tia Polly: tema da bastardia na literatura americana. Dimensão moral dos romances: abordagem sobre a violência da escravidão; o ideal da democracia americana; crítica à exploração econômica. Herman Melville (1819- 1891) nasceu e morreu em Nova York. Os relatos das suas experiências como tripulante pelos mares do Sul, em títulos como Taipi, Omoo e White- Jacket, sobre o convívio com nativos das Ilhas Marquesas, renderam-lhe popularidade no início de carreira. Em 1851, publicou Moby Dick, seu sexto livro em apenas cinco anos, com dicas de Nathaniel Hawthorne. Ao lado, o ator Gregory Peck como o capitão Ahab, em adaptação de John Huston (1956). Sua última novela, Billy Budd (coleção Prosa do Mundo, Cosac Naify, 2003), só foi publicada postumamente. Já a história de Bartleby, o escrivão (Coleção Particular, Cosac Naify, 2005), publicada anonimamente em 1853, e como parte do volume Os Contos da Piazza, em 1856, não foi bem recebida pela crítica, ficando sem reedição até os anos 1920, quando os livros de Melville começaram a ser estudados, seus textos incluídos nas antologias escolares, e sua obra revisitada.
É de 1921 a primeira monografia americana sobre sua
obra: H. Melville, marinheiro e místico, de Raymond Weaver. Melville sofria em pensar como seria lembrado na posteridade. Em carta ao amigo e escritor Nathaniel Hawthorne, em 1851, confessa temer ser apenas lembrado como o homem que viveu entre os canibais - referindo-se às suas aventura nas Ilhas Marquesas.
Num prólogo à tradução de Bartleby, o escrivão, Jorge
Luis Borges lembra que nos vinte anos da morte de Melville, a Enciclopédia Britânica o considerava apenas um simples cronista da vida marítima. Walter Whitman Jr. (1819-1892), bardo da democracia e da liberdade, foi jornalista e poeta, mas exerceu inúmeras profissões, como carpinteiro, office- boy, impressor, tipógrafo. Seu único livro, Folhas de Relva (1855), é a marca maior da poesia americana. Seus poemas anteciparam: Os movimentos libertários dos séc. XIX e XX: abolição da escravidão, a Guerra da Secessão, os movimentos sociais (como a Marcha dos Famintos, em 1881), a luta pela igualdade de direitos dos afro-descendentes, a literatura beat, os hippies e a contracultura dos anos 1970. Sua abordagem sobre temas importantes - como intolerância, conflitos, liberdade individual, de expressão, de pensamento e de opção sexual – relaciona-se à atualidade – em temas como liberdades individuais, terrorismo global, crise ecológica, intolerância religiosa, consumismo, cultura midiática, egoísmo e superficialidade. Seu eu-lírico não se apresenta como gênio indecifrável, mas no nível do homem comum, em um convite a um rito de passagem com a finalidade de autotransformação. Seus versos livres e rima branca antecipam elementos modernistas, com o uso de uma poesia demótica (que utiliza e absorve quaisquer elementos poéticos distintos). Além disso, há uma aproximação com religiões e filosofias orientais e ancestrais. Emily Dickinson nasceu em 10 de dezembro de 1830, na pequena cidade de Amherst, perto de Boston, no estado de Massachusetts, uma das regiões de raízes mais puritanas e conservadoras dos Estados Unidos, e morreu no mesmo local em 15 de maio de 1886. Tendo vivido e produzido à margem dos círculos literários de seu tempo, solteira por convicção e auto- exilada dentro de casa por mais de vinte anos, Emily Dickinson não chegou a publicar os seus versos, por não se submeter aos rígidos padrões de discrição e singeleza que se esperava então de uma mulher.
Sua voz era uma voz estranha em meio às tímidas
dicções poéticas da época, e por essa razão ela teve de encarar em vida a rejeição de seu labor poético. Considerada ambígua, elíptica, irônica e hermética, a poesia de Dickinson é aberta a diversas interpretações, sem se sujeitar às convenções literárias da época. Temas dickinsonianos: Valorização do cotidiano, amor obsessivo pela natureza, a Bíblia, a ideia de perda (da fé, do amor, da fama). Sua poesia, por vezes, é considerada estrangeira, devido à forte influência dos vanguardistas franceses (Verlaine, Apollinaire, Rimbaud, Baudelaire e outros).