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Ariana Cosme

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação


Universidade do Porto

Dificuldades de aprendizagem nas escolas:

A intervenção no espaço da sala de aula


Dificuldades de aprendizagem:
Exigências e desafios curriculares e pedagógicos

Abordagem inclusiva das


dificuldades de aprendizagem
Dificuldades de aprendizagem:
Exigências e desafios curriculares e pedagógicos

Abordagem inclusiva das


dificuldades de aprendizagem

Definir objetivos e
tarefas que se
adequem às
necessidades
educativas dos
alunos
Dificuldades de aprendizagem:
Exigências e desafios curriculares e pedagógicos

Abordagem inclusiva das


dificuldades de aprendizagem

Definir objetivos e
tarefas que se
adequem às Gestão mais
necessidades plural e flexível
educativas dos da organização
alunos dos grupos de
trabalho

Rutura com o
modo de ensino
simultâneo
Dificuldades de aprendizagem:
Exigências e desafios curriculares e pedagógicos

Abordagem inclusiva das


dificuldades de aprendizagem

Definir objetivos e
tarefas que se
adequem às Gestão mais
necessidades plural e flexível
educativas dos da organização
alunos dos grupos de
trabalho

Rutura com o
modo de ensino
simultâneo
Redefinir e pluralizar as
modalidades e os responsáveis
pelas situações de apoio
Dificuldades de aprendizagem:
Exigências e desafios curriculares e pedagógicos

Abordagem inclusiva das


dificuldades de aprendizagem

Definir objetivos e
tarefas que se Afirmação
adequem às Gestão mais do processo
necessidades plural e flexível de avaliação
educativas dos da organização como um
alunos dos grupos de processo de
trabalho pilotagem

Rutura com o
modo de ensino
simultâneo
Redefinir e pluralizar as
modalidades e os responsáveis
pelas situações de apoio
Dificuldades de aprendizagem:
Exigências e desafios curriculares e pedagógicos

Abordagem inclusiva das


dificuldades de aprendizagem

Definir objetivos e
tarefas que se Afirmação
adequem às Gestão mais do processo
necessidades plural e flexível de avaliação
educativas dos da organização como um
alunos dos grupos de processo de
trabalho pilotagem
Redefinir a unidade
ano letivo pela Rutura com o
unidade ciclo modo de ensino
educativo simultâneo
Redefinir e pluralizar as
modalidades e os responsáveis
pelas situações de apoio
Sumário

 Dificuldades de aprendizagem na
sala de aula

 A s conceções e as práticas de avaliação

 As modalidades, estratégias e dispositivos


de intervenção pedagógica
Conceções e práticas de avaliação

 A avaliação constitui uma operação capaz


de apoiar o desenvolvimento de projetos
de intervenção pedagógica capazes de
responder às dificuldades dos alunos se
deixar de ser pensada, apenas, como
avaliação normativa.
Avaliação e dificuldades de aprendizagem
Avaliação normativa: Definição

 A avaliação normativa define-se como o tipo de


avaliação em que o desempenho individual de
um aluno é comparado com o desempenho dos
restantes alunos da turma na realização da
mesma tarefa, gerando-se uma classificação dos
alunos em função dos seus desempenhos
escolares que os hierarquiza em função do hiato
que se estabelece, no âmbito das provas de
avaliação, entre esses desempenhos e os
objetivos desejados.

 A sua função é a de promover a seleção


académica dos alunos e não a de responder às
suas dificuldades de aprendizagem
Avaliação e dificuldades de aprendizagem

 A avaliação constitui uma operação capaz de


apoiar o desenvolvimento de projetos de
intervenção pedagógica capazes de responder
às dificuldades dos alunos quando passa a ser
pensada em função de um tipo de avaliação de
natureza formativa

 A avaliação formativa visa aferir o desempenho


individual de cada aluno, em função dos
objetivos de aprendizagem definidos para este
mesmo aluno.
Avaliação normativa versus avaliação formativa

Avaliação normativa Avaliação formativa

- A referência é o grupo, com o qual - A referência é o próprio


os alunos são comparados desempenho do indivíduo face aos
objetivos do programa

- A finalidade é classificar - A finalidade é obter informações


e
hierarquizar os alunos para reorganizar os desafios
curriculares e as condições da
aprendizagem dos alunos

- Adequa-se ao ensino simultâneo - Adequa-se a um tipo de ensino


diferenciado
Avaliação formativa:
Qual a sua função?

 A função da avaliação formativa é a de fornecer


informações fidedignas sobre os resultados obtidos e
as estratégias utilizadas pelos alunos, de forma a que
os professores se possam certificar do sucesso
destes ou identificar as suas dificuldades de
aprendizagem
 A função da avaliação é permitir que a intervenção
pedagógica dos professores seja uma intervenção
mais esclarecida e produtiva
 Admite-se que a avaliação possa conduzir à reflexão
sobre a ação de outros atores educativos, desde que
uma tal reflexão seja uma reflexão consequente
Avaliação formativa:
Qual a sua função?
Avaliação e
dificuldades de aprendizagem: Situações a evitar

 Situações de avaliação que, só por si,


são responsáveis pelas dificuldades
de aprendizagem dos alunos

 Situações que remetem para


processos de avaliação formativa
pouco úteis
A avaliação como processo de promoção
das dificuldades de aprendizagem dos alunos

 Promover avaliações em função de critérios


pouco claros ou desajustados

 Promover avaliações extemporâneas sobre


problemáticas que não foram objeto de
abordagens explícitas por parte dos professores

 Promover avaliações extemporâneas que


exigem a utilização de competências por parte
dos alunos que não poderão ser consideradas
como competências universais
A avaliação como processo de promoção
das dificuldades de aprendizagem dos alunos

 Promover avaliações em função de critérios


pouco claros ou desajustados

Exemplo:

• Mostrar capacidade de raciocínio em


Matemática
• Ser capaz de interpretar um texto
A avaliação como processo de promoção
das dificuldades de aprendizagem dos alunos
A avaliação como processo de promoção
das dificuldades de aprendizagem dos alunos
A avaliação como processo de promoção
das dificuldades de aprendizagem dos alunos

 Promover avaliações extemporâneas


sobre problemáticas que não foram objeto de
abordagens explícitas por parte dos
professores

Exemplo:

 Distinguir entre facto e opinião, informação


implícita e explícita, entre o essencial e o
acessório
A avaliação como processo de promoção
das dificuldades de aprendizagem dos alunos
A avaliação como processo de promoção
das dificuldades de aprendizagem dos alunos

 Promover avaliações extemporâneas sobre


tarefas que exigem a utilização de
competências por parte dos alunos que não
poderão ser consideradas como competências
universais

Exemplo:

• Dizer textos poéticos com expressividade e


sentimento
• Ser capaz de esquematizar um texto
A avaliação como processo de promoção
das dificuldades de aprendizagem dos alunos
Processos de avaliação formativa
pouco úteis

 Promover avaliações a propósito do


desempenho escolar dos alunos que têm mais a
ver com outras áreas da vida dos alunos do que
propriamente com o seu desempenho escolar.

 Identificar as dificuldades de aprendizagem dos


alunos para determinar o que o aluno não sabe
ou não faz.

 Promover avaliações ambíguas e generalistas


sobre o desempenho dos alunos
Processos de avaliação formativa
pouco úteis
 Promover avaliações, a propósito do
desempenho escolar dos alunos, que têm
mais a ver com outras áreas da vida dos
alunos do que propriamente com o seu
desempenho escolar

Avaliação útil Avaliação inútil

Não reconhece números irracionais • O aluno é pouco atento nas aulas.


• A família do aluno não o incentiva a
estudar.
• Falta de pré-requisitos
Processos de avaliação formativa
pouco úteis

 Identificar as dificuldades de aprendizagem


dos alunos para determinar o que o aluno
não sabe ou não faz.
Avaliação inútil Avaliação útil

• O aluno tem dificuldades em utilizar a •O aluno é capaz de realizar


adição qualquer tipo de adições sem
transporte, mas tem dificuldades
em fazê-lo quando a adição implica
o transporte
Processos de avaliação formativa
pouco úteis

 Promover avaliações ambíguas e


generalistas sobre o desempenho dos
alunos

Avaliação inútil Avaliação útil

• O aluno tem dificuldades na interpretação de • O aluno identifica as ideias principais de um


textos texto, mas tem dificuldades de aí encontrar
a informação pretendida
Modalidades, estratégias e dispositivos
de intervenção pedagógica
Modalidades, estratégias e dispositivos de
intervenção pedagógica

PERCURSOS EDUCATIVOS REGULARES

Dentro do Fora do
horário letivo horário letivo

•Atividades de diferenciação • Apoio Pedagógico


curricular e pedagógica Acrescido

• Grupos de nível
• Ensino Mútuo
• Tempo de Estudo Autónomo
Modalidades, estratégias e dispositivos de
intervenção pedagógica

PERCURSOS EDUCATIVOS
EXCECIONAIS

Percursos Curriculares Alternativos


Cursos de Educação Formação
Planos Integrados de Educação Formação
(…)
Atividades de diferenciação
curricular e pedagógica
Diferenciação curricular
e pedagógica

Processos e
estratégias: Produtos:
• Aulas
Objetivos e expositivas
• Testes
conteúdos • Trabalhos de
• Tutorias
grupo
• Trabalho de • Resolução de
grupo
problemas
• Pesquisa
•Projetos de
• Metodologia de
pesquisa
Projeto •(…)
• Situações-
problema
• (…)
Atividades de diferenciação
curricular e pedagógica
Mesmos objetivos e
conteúdos

• Diferentes
processos e
estratégias
• Diferentes
• Mesmos produtos processos e
estratégias
• Diferentes
produtos
Atividades de diferenciação
curricular e pedagógica
Diferentes objetivos e
conteúdos

• Mesmos • Diferentes
processos e processos e
estratégias estratégias
• Diferentes • Diferentes
produtos produtos
Grupos de nível
 O trabalho de uma turma organizada por
grupos de nível tanto pode ser
supervisionado, apenas, por uma professora
como, igualmente, por um par de
professores.
 Em Portugal, a segunda modalidade
desenvolveu-se sob a égide do programa
«Fénix» e, igualmente, nos agrupamentos
de escolas TEIP sob a designação de projetos
de assessoria pedagógica
Grupos de nível
 Os grupos de nível constituem uma
resposta para responder a dificuldades de
aprendizagem que não sejam nem
episódicas nem profundas

 Os grupos de nível constituem-se no seio


de uma mesma turma, distinguindo-se
entre si pelo facto de, no mesmo período
de tempo, trabalharem em programas
educativos diferentes.
Grupos de Nível
 Vantagens:

Permitem que se desenvolvam


programas de intervenção educativa
diferenciados sem sobrecarregar o
horário escolar dos alunos e sem os
excluir da turma
Grupos de Nível
 A decisão de constituir grupos de nível
obriga a que se avalie:

 a disponibilidade e experiência dos professores


envolvidos;

 quais os recursos humanos e materiais que a


escola pode disponibilizar;

 se os professores têm experiência e


disponibilidade suficiente para trabalharem em
conjunto ao nível da planificação, da
monitorização e da avaliação dos projetos.
Grupos de Nível
 Questões a ter em conta:

 Não se pode confundir o projeto dos grupos de


nível com o projeto das turmas de nível;

 Os grupos de nível não constituem um pretexto


para excluir os alunos das suas turmas de
origem;

 A criação de grupos de nível visa criar


oportunidades credíveis e autênticas de
aprendizagem diferenciada
Grupos de Nível
 Etapas da construção do projeto

 Avaliação diagnóstica

 Identificação dos objetivos do programa

 Definir as sequências de ensino

 Avaliação certificativa
Avaliação diagnóstica
 Objetivo:

 Identificar os pontos fortes e os pontos


fracos dos alunos relativamente a temáticas
fundamentais no âmbito das disciplinas que
são o objeto da intervenção

 Identificar os pontos fracos, não para


determinar o que o aluno não sabe ou não
faz, mas para, pelo contrário, identificar o
que ele sabe e o que ele faz.
Identificar os objetivos
 Os programas de trabalho deverão ter por
referência os programas e os documentos
oficiais
 Devem identificar-se e definir-se os
objetivos que se espera que os alunos
realizem num determinado período de
tempo tendo em conta aqueles programas
e as necessidades educativas dos alunos
 Os objetivos terão que ser definidos como
tarefas que se espera que os alunos
desempenhem
Identificar os objetivos
Identificar os objetivos

 Os objetivos definidos em função das tarefas


que se espera que os alunos realizem, não só
servirão de apoio à orientação e
monitorização do projeto por parte do
professor (avaliação formativa), como
permitirão que os alunos tomem consciência
e reflitam sobre o trabalho que realizaram,
assim como tomem consciência do trabalho
que, ainda, terão que realizar (avaliação
formadora).
Definir sequências de aprendizagem

 Esta operação pedagógica não é uma


operação universal
 É uma operação pedagógica que diz respeito a
temáticas que dentro das áreas curriculares
exigem este tipo de sequencialização, como
acontece, por exemplo e de forma mais
frequente, na área da Matemática
 É uma operação que tem a ver, igualmente,
com intervenções que se dirigem para alunos
que tenham de superar algumas dificuldades
de tipo instrumental.
Definir sequências de aprendizagem

 Como se faz?

 Divide-se a tarefa em sub-tarefas que, realizadas


de forma sequencializada, permitem que essa
tarefa seja concretizada com sucesso.
Avaliação certificativa

 A sua função é certificar o sucesso dos


alunos e apoiar tomadas de decisão
posteriores, sejam de caráter curricular
sejam de caráter pedagógico.
Ensino mútuo

 Finalidades:

 Organizar situações de trabalho em que


geram situações de apoio interpares
Ensino mútuo
 Procedimentos básicos
 Definir previamente em que situações é que se
aciona este dispositivo (apoio instrumental com
alunos mais novos e de apoio mais exigente com
alunos mais velhos)
 Construir, se for necessário, roteiros de apoio à ação
dos alunos envolvidos em situações de ensino mútuo
 Utilizar quadros onde alguém solicita o apoio (Quem
precisa de ajuda? De que ajuda é que preciso?) e
alguém formalmente se compromete a apoiar (Quem
ajuda?)
 Avaliar o trabalho desenvolvido com os alunos-
tutores, a partir de critérios previamente
estabelecidos
Ensino mútuo

PRECISO DE AJUDA
Quem De que ajuda preciso? Quem ajuda?
precisa?

Rui Sousa Aprender a fazer multiplicações Joana Silva


com dois algarismos
Tempo de estudo autónomo
 É o tempo de que os alunos dispõem para
realizar as atividades previstas no seu Plano
Individual de Trabalho (PIT)

 Atividades: Fichas de trabalho, escrita e


revisão de textos, resolução de problemas,
trabalho em grupo, projetos, etc.

 Numa sala do 1º CEB pode ocorrer todos os


dias ou dois a três dias por semana

 É um tempo em que os alunos podem trabalhar


individualmente, em pares, em grupos ou
beneficiando do apoio tutorial do professor
Plano Individual de Trabalho

 É o roteiro do
trabalho individual a
realizar,
 Explicita as tarefas de
cada aluno durante o
Tempo de Estudo
Autónomo.
 É um instrumento de
planeamento e
também de avaliação
 Promove a autonomia
e a diferenciação
Apoio Pedagógico Acrescido
 É uma medida supletiva de carácter
compensatório

 É uma atividade educativa que se


acrescenta às atividades letivas regulares já
existentes

 O objetivo é permitir que os alunos superem


as suas dificuldades académicas através do
prolongamento do seu horário de trabalho
dentro das escolas
Apoio Pedagógico Acrescido
 Riscos a ter em conta na aplicação da
medida

 Ilude-se a necessidade de discutir a


aplicação estandartizada do currículo, para
se afirmar, apenas, a necessidade de
promover a adaptação dos alunos a esse
modo de gerir o currículo
Apoio pedagógico acrescido
 Situações que podem explicar o
insucesso da medida
 Os diagnósticos acerca das dificuldades vividas
pelos alunos são vagos e ambíguos
 As intervenções educativas subordinam-se à
lógica «mais do mesmo», que está na origem
da repetição dos conteúdos, da manutenção
das mesmas estratégias educativas ou da
inexistência de qualquer tipo de articulação
entre os professores regulares e aqueles que
são responsáveis pelo apoio pedagógico
acrescido
Apoio pedagógico acrescido
 Como contrariar a estratégia «mais do
mesmo»?

 Organizar um processo de avaliação que


permita superar os estereótipos habituais,
clarificando-se o que os alunos já
sabem e o que já são capazes de
realizar, em função do qual se define um
programa adequado de trabalho tendo em
conta as exigências curriculares referentes
ao nível de escolaridade em que os mesmos
se encontram.
Apoio pedagógico acrescido
 Como contrariar a estratégia «mais do
mesmo»?
 Definir objetivos exequíveis e clarificar critérios
de exigência adequados
 Definir sequências de trabalho que permitam
que o trabalho dos alunos seja monitorizado de
forma a que o processo de regulação permita a
adoção de decisões pedagógicas em tempo útil
 Diferenciar, caso seja necessário, não só os
desafios curriculares, como, igualmente, as
estratégias e até os procedimentos da avaliação
Percursos educativos excecionais

 É uma medida pedagógica de caráter


remediativo
 Visa responder a situações de insucesso
escolar crónico e/ou a alunos que estejam
em risco de abandono escolar
 É uma medida de caráter excecional
Percursos educativos excecionais
 Riscos a ter em conta na aplicação da
medida
 Desvalorização de qualquer tipo de intenção formativa
através de uma estratégia abusiva de simplificação
curricular e da proposta, subsequente, de tarefas mais
direcionadas para o mundo do trabalho que, na prática,
se encontram bastante distanciadas das necessidades,
competências e exigências deste universo

 Afirmação da ideia de que os benefícios dos alunos-


-alvo dos percursos educativos excecionais não têm que
ser de natureza cultural ou intelectual mas de caráter
pessoal, quando se enfatiza o desenvolvimento da
autoestima, ou de caráter social quando se valorizam os
ganhos em termos do desenvolvimento da capacidade
de relacionamento interpessoal.
Percursos educativos excecionais
 Riscos a ter em conta na aplicação da
medida
 Afirmação da ideia de que as vias profissionalizantes
ou tecnológicas são vias que dispensam os saberes
teóricos, a capacidade de análise, o sentido crítico, a
exigência intelectual ou a disciplina pessoal.
 O maior problema tem a ver com o facto destes
programas se subordinarem ao «princípio da
simplificação-regulação», onde a estratégia do
«quando-o-menos-é-mais» tende a ser a estratégia
dominante
 Gera-se um ciclo vicioso onde o facto de dar tão pouco
a um aluno que já dá tão pouco de si, acaba por
contribuir para que este mesmo aluno não seja
estimulado a dar um pouco mais do pouco que ele já
dá.
Percursos educativos excecionais
 Como minimizar os riscos ?
 Mais do que as soluções técnicas atrás
enunciadas, as quais podem ser aplicadas
também neste domínio, importa reconhecer a
necessidade destes projetos serem também
projetos o mais desafiantes possível tanto em
termos pessoais como em termos culturais.

 Há uma discussão a fazer sobre o perfil dos


professores que poderão intervir em
programas deste tipo, o que é tanto uma
questão de política educativa como um desafio
institucional
Percursos educativos excecionais

 Estes projetos, em determinadas


situações, são inevitáveis, ainda que
tenhamos de refletir quem são os
alunos que integram estes projetos.
 São alunos que se consideram como
intelectualmente incapazes porque,
desde muito cedo, é a própria Escola que
os considera como incapazes, fechando-
se assim um ciclo vicioso de descrenças
que os conduz ao insucesso crónico.
Percursos educativos excecionais

 São alunos sujeitos a um maior número de


comentários depreciativos.
 Os professores interagem menos vezes com
eles e quando o fazem é pelas piores razões.
 Os seus sucessos, ao contrário dos seus
insucessos, não são valorizados porque ficam
sempre aquém do esperado.
 As expectativas que suscitam são baixas
 As relações que os professores mantêm com
eles são relações marcadas pela desconfiança
Percursos educativos excecionais

 Consolida-se uma relação de exclusão face à


Escola, a qual se agrava porque as situações
de sucesso pessoal destes alunos se afirmam
por via do prestígio que adquirem junto dos
seus pares através de situações de desafio da
autoridade e das manifestações de
indisciplina em que se envolvem.
 Nalgumas situações, as oportunidades que as
escolas criaram para se ultrapassar o ciclo
vicioso descrito foram escassas ou, então,
foram mal programadas e mal executadas.
 Ariana Cosme
 ariana@fpce.up.pt

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