INTRODUÇÃO DE CRITÉRIOS AMBIENTAIS NO FEDERALISMO FISCAL ARGENTINO
Discente: Antonela Soledad Baronetti
Orientadora: Profª Drª Lise Vieira da Costa Tupiassu Merlin PROBLEMA DE PESQUISA
De que forma critérios ambientais podem ser
incorporados na repartição de recursos fiscais entre os entes federados na Argentina, especificamente entre as Províncias e os Municípios? JUSTIFICATIVA E METODOLOGIA As análises sobre Federalismo Fiscal se referem quase com exclusividade a relação Nação e Províncias, de modo que a problemática municipal não é devidamente analisada em nosso país. Portanto, as investigações existentes que analisam a situação fiscal e financeira do setor público municipal são escassas ou trabalham apenas com algumas Províncias. Há uma lacuna no ordenamento jurídico Argentino a esse respeito. Olhar interdisciplinar, integrando aportes desde o Federalismo Fiscal, os Instrumentos Económicos e a Tributação Ambiental, deixando esta pesquisa como um aporte sem precedentes e gerando uma nova ótica para o estabelecimento de um redesenho na arrecadação do dinheiro público municipal, tendo como finalidade a proteção ambiental. Metodologia: Pesquisa bibliográfica e documental (confronto de três informes oficiais e a normativa das 23 Províncias. Preponderante Legislação Nacional e Provincial). Não se trata de uma análise comparativa. OBJETIVO GERAL
Identificar de que forma critérios ambientais podem ser
incorporados na repartição de recursos fiscais entre os entes federados na Argentina, especificamente entre as Províncias e os Municípios. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1. Apresentar a literatura referente ao Federalismo e suas principais características estruturais, levando em consideração suas origens e o proceso de transformação, aprofundando no Federalismo Argentino, sua configuração e desenho constitucional. 2. Analisar o Federalismo Fiscal, partindo da Constituição Argentina e determinando a competencia financeira de cada membro da federação, adentrando na evolução do mesmo no atual Regime de Coparticipação Federal. Tratamento breve do Federalismo Fiscal Brasileiro, para contextualizar a política pública do ICMS Ecológico, exemplo da nossa proposta, fazendo uma crítica a ambos regimes fiscais. 3. Expor a atual situação do Federalismo Fiscal Provincial e Municipal Argentino, seus problemas e a estrutura e configuração dos seus recursos através dos primeiros dois aspectos de abordagem: massa coparticipável e distribuição primária. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
4. Apresentar a distribuição secundária, mediante a obtenção dos atuais
critérios de distribuição das 23 normativas provinciais e os três informes oficiais. Agrupar e analizar os mesmos para constatar a existencia ou inexistencia de critérios ambientais e classificá-los segundo a literatura atual. 5. Fundamentar a importância da incorporação dos critérios ambientais no Federalismo Fiscal Argentino, demonstrando a relevância na utilização de políticas públicas ambientais que redesenhem os atuais critérios de distribuição secundária. Analisar a política pública brasileira do ICMS Ecológico, os fundamentos dos instrumentos econômicos, da tributação ambiental e a proteção e apresentar a proposta de implementação de critérios ambientais nas Provincias Argentinas. CAPÍTULO 1: O FEDERALISMO COPERATIVO NA ARGENTINA Confronto de conceitos do Federalismo. Comparação do Federalismo com as formas de Estado Confederal e Estado Unitário. Federalismo como Cláusula Pétrea: Argentina, conteúdo implícito / Brasil, artigo 60 CF. Origens do Federalismo no mundo: Constituição de Estados Unidos de 1787. Genesis do Federalismo Argentino: intensas confrontações entre os interesses da oligarquia de Buenos Aires, minorias cultas, unitárias, liberais, centralistas e monárquicas e os homens das Províncias, massa popular, republicana. Regime municipal implantado através dos Cabildos, Pactos Interprovinciais, grandes pensadores como Artigas e Alberdi. Argentina: Forças Centrípetas, reunião de Estados preexistentes. Brasil: Forças Centrifugas, descentralização de um Estado Unitário. Relações e competências. CONCLUSÕES DO CAPÍTULO 1: O FEDERALISMO COPERATIVO NA ARGENTINA Artículo 1: La Nación Argentina adopta para su gobierno la forma representativa republicana federal, según la establece la presente Constitución (ARGENTINA, 1994). Argentina: Nação, Províncias e Municípios / Brasil: União, Estados e Municípios. Características principais do Federalismo: União sob um governo central e a autonomia dos entes membros. Artigo 123 da Constituição Nacional determinando que cada Província deve estabelecer sua própria Constituição, conforme o disposto no artigo 5 assegurando a autonomia municipal e regrando seu conteúdo na ordem institucional, política, administrativa, econômica e financeira (ARGENTINA, 1994). Centralismo do Federalismo argentino. Artigo 124 da Constituição Nacional: determina que corresponde as Províncias o domínio originário dos recursos naturais (ARGENTINA, 1994). CAPÍTULO 2: OS CONTORNOS DO FEDERALISMO FISCAL ARGENTINO Confronto de conceitos do Federalismo Fiscal. Federalismo Fiscal compreende as competências e as transferências de tributos entre os entes federais, o estudo dos mecanismos de coordenação fiscal e sua compatibilização para assegurar os meios necessários para o atendimento dos fins. Evolução dos regímenes de Coparticipação. Federalismo Fiscal Brasileiro vs. Federalismo Fiscal Argentino. Competências Tributárias na Constituição Nacional artigo 75, inciso 2 (ARGENTINA, 1994). A Nação legisla, aplica, arrecada e distribui todos os tributos nacionais, autorizada pelo regime transitório da Lei 23.548 de Coparticipação Federal de Impostos e demais normativas inferiores, que nasce para evitar a múltipla imposição interna. Finalização 1996. CONCLUSÕES DO CAPÍTULO 2: OS CONTORNOS DO FEDERALISMO FISCAL ARGENTINO Estrutura de poder centralizada. Critérios de repartição anárquicos. Incessantes confrontos entre as Províncias e a Nação. Autonomias atrofiadas, Províncias e Municípios dependentes. Negligência para percepção de fontes de tributos próprios. Delegação de serviços e funções sem a correspondente reatribuição de funções. Superávit Nacional vs. Províncias Pobres. Federalismo Fiscal débil. Urgente reformulação de critérios primários e secundários e reorganização do esquema federal fiscal. Supressão das retenções à massa e afetações especificas. Federalismo Fiscal Brasileiro: maior arrecadação da União mas menos centralizado que o regime argentino. Competências e transferências na CRFB. Claridade e transparência para a implantação de políticas públicas. CAPÍTULO 3: FEDERALISMO FISCAL PROVINCIAL E MUNICIPAL Problemática na repartição provincial e municipal. Divisão da análise em Massa Coparticipável, distribuição primária e secundária. Distribuição secundária: confronto das Normativas provinciais das 23 Províncias argentinas com três informes oficiais: Informe da Mesa de Responsáveis de Assuntos Municipais da República Argentina (MRAM, 2013), Informe da Direção Nacional de Coordenação Fiscal com as Províncias pertencentes ao Ministério da Economia e Finanças Públicas (MECON, 2014) e o Informe da Direção Nacional de Coordenação Fiscal com as Províncias pertencentes ao Ministério da Economia e Finanças Públicas na Universidade Nacional de Córdoba. (MECON/UNC, 2014). Existência ou inexistência de Critérios Ambientais. Critério Ambiental: distribuição do dinheiro público atendendo a aspectos ambientais em sentido amplo, que busquem alcançar o objetivo constitucional do direito humano a um meio ambiente saudável. Apreciações Preliminares dos governos locais. Ingressos e gastos Municipais. CONCLUSÕES DO CAPÍTULO 3: FEDERALISMO FISCAL PROVINCIAL E MUNICIPAL
Heterogeneidade. Desigualdade na configuração do número de Municípios e habitantes por
Província, diversidade na organização institucional, desenvolvimento econômico díspar, concentração da população em grandes cidades, etc. Hipóteses: critérios Redistributivos na distribuição do dinheiro público, para o logro de equidade e solidariedade. Massa Coparticipável: Coparticipação Federal de Impostos + Impostos Provinciais: Imposto sobre os Ingressos Brutos, Imposto Automotor, Imposto Imobiliário Urbano e Rural, Imposto aos Selos e Regalias. Ingressos Brutos: 18 das 23 Províncias coparticipam aos Municípios Distribuição Primária: Ingressos Brutos: Imposto de maior arrecadação provincial. Maior coparticipação aos Municípios via transferências: 22% da arrecadação municipal. Forte centralização dos recursos nas Províncias em detrimento dos Municípios = Relação Nação- Províncias. Municípios dependentes. Províncias distribuem aos Municípios, via transferências só 23% dos Impostos arrecadados. 23% representa a metade dos ingressos municipais. Recursos Próprios: Taxas, Direitos e Contribuições só 40%. CAPÍTULO 4: CONFIGURAÇÃO DOS RECURSOS DOS GOVERNOS LOCAIS
Finalidade: determinar qual objetivo é levado em consideração para
funcionar como orientador dos critérios para a distribuição do dinheiro público de cada Província a seus Municípios. Existência ou inexistência de Critérios Ambientais. Critérios para a distribuição nas Normativas Provinciais. Critérios para a distribuição nos Informes Oficiais. Classificação dos Critérios segundo a literatura atual. CONCLUSÕES DO CAPÍTULO 4: CONFIGURAÇÃO DOS RECURSOS DOS GOVERNOS LOCAIS 29 Critérios utilizados pelas Províncias para transferir o produto da coparticipação aos seus Municípios. Misiones e Tucumán utilizam coeficientes fixos sem aclarar a metodologia utilizada para a definição dos mesmos. Jujuy e San Juan se encontram com regimes suspensos. Acordos transitórios anuais. O resto das Províncias segue uma combinação de critérios. Não se registra nenhum Critério Ambiental. Critérios mais utilizados: Partes iguais: 16 Províncias, População de cada Município: 18 Províncias. CONCLUSÕES DO CAPÍTULO 4: CONFIGURAÇÃO DOS RECURSOS DOS GOVERNOS LOCAIS Grafico 2 - Clasificación de los Criterios de Distribución Secundaria
40% de Critérios Redistributivos com
Enfoque Assimétrico significa que as Províncias buscam compensar as distintas capacidades existentes entre seus Municípios com objetivos de equidade e uniformidade restando importância ao dinheiro arrecadado nos Municípios, próprio dos rígidos critérios devolutivos. Maior Flexibilidade e cenário apto para nossa proposta.
Fuente: Elaboración propia en base a la normativa provincial vigente.
CAPÍTULO 5: FEDERALISMO FISCAL AMBIENTAL
Proteção Ambiental na Argentina.
A Internalização das Externalidades e seu fundamento no Princípio do Poluidor-Pagador. Instrumentos econômicos. ICMS Ecológico. CONCLUSÕES DO CAPÍTULO 5: FEDERALISMO FISCAL AMBIENTAL Entendimento do Meio Ambiente como um Direito Humano, capaz de lograr através de sua proteção, a observância de vários outros direitos humanos; combater a pobreza, vida digna, desenvolvimento económico harmônico. Nossa proposta alcança o Desenvolvimento Sustentável, nexo entre o crescimento econômico e a proteção ambiental através da busca da distribuição do dinheiro público com o objetivo paralelo de cumprir metas ambientais. Artigo 41: Consagração do Direito Ambiental em Argentina com a reforma de 1994 (ARGENTINA,1994). Nação, pressupostos mínimos. Províncias, normativas complementares. Províncias verdadeiras protagonistas da proteção ambiental desde antes da reforma. Artigo 124 (ARGENTINA, 1994). Por sua localidade, têm maiores possibilidades de conhecimento e tratamento das problemáticas ambientais, controle do cumprimento das normativas e fiscalização. Necessidade de internalizar as normativas ambientais através da elaboração de políticas públicas que usem instrumentos econômicos e fiscais de intervenção no domínio económico. Nossa proposta faz uso dos instrumentos normativos e econômicos. Compatibilização dos mesmos. Instrumentos econômicos, extrafiscalidade: face incentivadora e diretora de condutas. ICMS Ecológico como exemplo da realidade concreta da intervenção do Estado no uso de instrumentos econômicos e fiscais para atingir a proteção ambiental. CONCLUSÃO GERAL
De que forma os critérios ambientais podem ser incorporados na repartição de
recursos fiscais entre os entes federados na Argentina, especificamente entre as Províncias e os Municípios. Conclui-se que Critérios Ambientais podem ser incorporados no Federalismo Fiscal Argentino, na repartição de recursos fiscais entre Províncias e Municípios através do redesenho dos critérios mais utilizados nas Províncias argentinas: Critério Partes Iguais e Critério População de cada Município no Imposto Provincial Ingressos Brutos que se apresenta como o tributo de maior arrecadação municipal. Desta forma, os municípios argentinos serão dirigidos e incentivados ao cumprimento de normativas ambientais.