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Noções básicas

de lógica

Pinos voadores, Claes Oldenburg e Coosje Van Bruggen,


Eindhoven, 2010
Consequência lógica – o conceito central da lógica

“Será que de EU PENSO se segue EU EXISTO?”

 Objetivo do estudo da lógica: aprofundar a compreensão da relação de consequência lógica.


Proposições Conteúdo, verdadeiro ou falso, expresso por uma frase declarativa.

As três frases da
coluna A expressam a
mesma proposição;
idem para as colunas
B e C.

 Por vezes, para identificar a proposição expressa, temos de completar o significado linguístico com
informações contextuais.
Verdadeiro ou Falso

 Toda a proposição ou é verdadeira ou é falsa.

 Princípio da bivalência: existem dois valores de verdade – que são o verdadeiro e o falso – e toda
a proposição tem um deles.

 A bivalência face às limitações do conhecimento humano:


 podemos julgar que uma proposição é verdadeira, embora de facto ela seja falsa;
 podemos julgar que uma proposição é falsa, embora de facto ela seja verdadeira;
 podemos não saber qual é o valor de verdade de uma proposição, embora de facto
ela seja ou verdadeira ou falsa.
A verdade como correspondência A verdade ou falsidade de uma proposição.

 O real e o possível: muitas coisas são realmente de uma certa maneira, mas poderiam ser de outras
maneiras.
 Uma proposição verdadeira na realidade poderia ser falsa noutras circunstâncias possíveis (ou vice-
versa).

Imagine-se que o Raimundo é alto e a Florbela é magra. Nesta circunstância, as seguintes


proposições são verdadeiras ou falsas?
a. FLORBELA NÃO É MAGRA. Falsa.
b. FLORBELA É MAGRA OU É MUITO GORDA. Verdadeira.
c. FLORBELA É MAGRA E RAIMUNDO É BAIXO. Falsa.
Argumentar

 Usamos a linguagem para argumentar.


 Argumentar é dar razões.
 As razões servem para explicar alguma coisa ou para justificar que se pense de uma certa maneira.
 Premissas e conclusão: Todo o ato argumentativo parte de certas premissas para inferir uma
conclusão.
 Os três níveis:
- ato argumentativo (ação humana);
- texto argumentativo (linguagem);
- argumento (estrutura abstrata: conjunto de proposições).
 Argumento: Conjunto de proposições, dispostas numa sequência finita, começando pelas
premissas e acabando na conclusão.
 O símbolo  (que se lê “logo”) serve para anunciar a conclusão.
Argumento

 Um argumento é válido se a sua conclusão for uma consequência lógica das suas premissas; caso
contrário, é inválido.

 Um argumento válido com premissas verdadeiras (no mundo real) chama-se um argumento
sólido.
Consequência lógica

 Uma proposição P é uma consequência lógica de um conjunto de proposições C se e só se, não há


nenhuma possibilidade de as proposições do conjunto C serem todas verdadeiras e a proposição P
ser falsa.

(1) DESCARTES É ALENTEJANO.


(2) TODOS OS ALENTEJANOS SÃO MEXICANOS.
(3) DESCARTES É MEXICANO.

1º exemplo: A proposição (3) é uma consequência lógica das proposições (1) e (2).

2º exemplo: A proposição (2) não é uma consequência lógica da proposição (1).


Argumento

 Um argumento é válido se, em todas as circunstâncias possíveis em que as premissas são


verdadeiras, a conclusão também é verdadeira.
 Um argumento é inválido se existe pelo menos uma circunstância possível em que as premissas
são verdadeiras e a conclusão é falsa.

Classifique como válidos ou inválidos os seguintes argumentos:


a. (1) LISBOA É UMA CIDADE ANTIGA.
(2) LISBOA É A CIDADE DE ULISSES. Argumento válido.
 (3) A CIDADE DE ULISSES É UMA CIDADE ANTIGA.

b. (1) TODOS OS BRACARENSES SÃO MINHOTOS. Argumento inválido.


 (2) TODOS OS MINHOTOS SÃO BRACARENSES.
Forma lógica

 É fácil observar que estes argumentos são todos válidos pela mesma razão, a saber, por causa da
sua forma, que é a mesma nos três. Poderíamos representar essa forma argumentativa assim:
(1) TODO O A É B.
(2) TODO O B É C.
(3) TODO O A É C.

 A relação lógica de consequência é uma relação que as proposições têm entre si, ou não têm, em
virtude da sua forma. Do mesmo modo, a validade é uma propriedade lógica que os argumentos têm,
ou não têm, em virtude da sua forma.
Teorias lógicas

 Uma teoria lógica propõe um modelo explicativo da relação de consequência e, com


base nesse modelo, apresenta métodos que podemos aprender a aplicar e que permitem
determinar, de uma maneira sistemática e fiável, se os argumentos são válidos.

 Nos dois capítulos seguintes, estudaremos duas teorias lógicas diferentes, que são a
Lógica Silogística (capítulo 2) e a Lógica Proposicional (capítulo 3). Ambas são teorias
parciais. Cada uma delas apenas permite avaliar uma classe limitada de formas
argumentativas. Estas duas teorias não estão em conflito, na medida em que não há
sobreposição entre os respetivos âmbitos de aplicação. O seu estudo é valioso, não apenas
pelas futuras aplicações que delas podemos fazer, mas também porque, como já se disse,
nos permite aprofundar a compreensão da relação de consequência.

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