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As mulheres na carreira

diplomática brasileira:
Considerações sobre
admissão, hierarquia e
ascensão profissional
MAR IA C AR O LIN A R EG ATE IR O
Instituto Rio
Branco
O Instituto Rio Branco foi
criado em 1945, na esteira das
comemorações do centenário de
nascimento do Barão do Rio
Branco, patrono da diplomacia
brasileira.
Um ano após a criação do Instituto Rio Branco,
foi instituído o Curso de Preparação à Carreira As provas eram realizadas no Rio
de Janeiro e só a partir de 1959 o
de Diplomata (CPCD), através do Decreto- exame passou a ser aplicado
nas capitais mais populosas dos
Lei nº 9.032/1946, cujo acesso dava-se por estados brasileiros.
aprovação em exame vestibular. Aos
candidatos aprovados, era exigida a conclusão do
CPCD, que era oferecido pelo IRBr, sediado no
então no distrito federal do Rio de Janeiro.
1995
Curso de Preparação à Carreira de Diplomata
(CPCD) foi substituído pelo Programa de Formação
e Aperfeiçoamento –Primeira Fase (PROFA-I)

1996
O antigo exame de vestibular do CPCD foi também
substituído, dando lugar ao Concurso de Admissão à
Carreira de Diplomata ( CACD)

2003
Substituição do PROFA-I pelo atual Curso de
Formação do Instituto Rio Branco
Maria José de Castro
Rebello Mendes

Em 1918, Maria José de Castro Rebello Mendes


foi a primeira mulher a inscrever-se no Concurso
de Admissão à Carreira Diplomática. A
Constituição de 1891 previa que “todos os
brasileiros” poderiam postular cargos públicos.
Então, ao ter sua inscrição inicialmente negada, a
candidata recorreu – com representação de Rui
Barbosa - ao chanceler Nilo Peçanha, que acatou
sua solicitação.
Naquela época, a carreira diplomática era
diferente para homens e mulheres, já que
elas não possuíam uma carreira
diplomática, apenas consular. Com a
unificação das carreiras, em 1938, a
entrada de novas servidoras foi proibida.
19 mulheres haviam ingressado até aquele
ano, quando se definiu que o concurso
passaria a ser privativo para homens. Foi
somente em 1954 que isso mudou.
Segundo Farias e Carmo (2016), atualmente as mulheres
correspondem a, aproximadamente, 40% dos candidatos e a
menos de 25% dos aprovados do CACD; de acordo coma
projeção dos dados de 1954 a 2010, a tendência do ritmo
de entrada de mulheres indica que a igualdade entre gêneros
no quadro diplomático só será atingida em 2066.
Quais as possíveis
explicações?
- Formulação das provasde seleção do
CAFCD e à possibilidade de que o
processo de seleção não seja neutro;
- A divisão sexual do trabalho e na
socialização dos papeis de gênero
Hierarquia e ascensão profissional
Em relação à composição dos quadros, observamos que, em
2015, as mulheres corresponderam a apenas 22,9% dos diplomatas
e que essa diferença entre gêneros sobe ainda mais quando
observamos a metade superior da hierarquia funcional; por
exemplo, dos 199 embaixadores, apenas 18,6% são mulheres
(IRBr, 2016).
"a abertura do processo de promoções De acordo com o texto, existem 3
à escolha subjetiva dos diplomatas consequências potenciais para as
prejudicaria especificamente as mulheres devido a isso:
mulheres. Como não existem parâmetros 1- favorecimento do padrão estético e
pré-estabelecidos para as votações social de representação da diplomacia
nominais que acontecem ao longo de brasileira.
todas as etapas de composição do 2- divisão dos papeis de gênero
Quadro de Acesso, a seleção do voto fica 3- conexões políticas
a critério do julgamento individual de
mérito por parte de cada diplomata
participante."
Visibilidade das
questões de gênero
em 2003, o então Ministro de Estado, o embaixador
Celso Amorim, instituiu uma política informal de cotas
para pressionar internamente as indicações das
mulheres na composição dos Quadros de Acesso.

A medida, como era de se esperar, encontrou


resistência entre os diplomatas não só entre aqueles
autodeclarados conservadores, mas até mesmo dentro
de alguns setores da então dita “ala humanista” do
Ministério
Qual relato/exemplo da relação
desigual e violência de gênero
dentro do MRE mais te
surpreendeu?

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