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Controle Social e Direito Penal

CRIMES CONTRA A PESSOA:


CRIMES CONTRA A VIDA: LESÕES CORPORAIS; DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE; DA RIXA;
DOS CRIMES CONTRA A HONRA; DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
1. DOS CRIMES CONTRA A VIDA

Os crimes contra a vida são aqueles nos quais


o bem jurídico tutelado é a vida humana.

A vida é o bem jurídico mais importante do


ser humano.

Não é à toa que os crimes contra a vida são os


primeiros crimes da parte especial do CP.
A vida humana, para efeitos penais, pode ser tanto a vida intrauterina quanto
a vida extrauterina, de forma que não só a vida de quem já nasceu é tutelada,
mas também será tutelada a vida daqueles que ainda estão no ventre materno
(nascituros).

Os arts. 121 a 123 cuidam da tutela da vida EXTRAUTERINA (De quem já nasceu), enquanto os
crimes dos arts. 124/127 tratam da tutela da vida INTRAUTERINA (Dos nascituros).

À exceção da modalidade culposa de homicídio, são julgados pelo Tribunal do Júri, na medida em que o
art. 5º, XXXVIII, d, da Constituição Federal, confere ao Tribunal Popular competência para julgar os
crimes dolosos contra a vida.
PRADO, Luis Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. Volume 2. 5º edição. Ed. Revista dos Tribunais. São Paulo, 2006, p. 58
O art. 121 do CP diz:

Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Ver - Lei n. 7. 960/89( prisão temporária) art. 1º, III, a.
Lei n. 8.072/90 ( crimes hediondos) art. 1º, I.
Decreto n. 879/93 ( transplante de órgãos art. 3º, V parágrafo único.

Caso de diminuição de pena


§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo
torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; Ver
artigo 76, II, CPP
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem
de outro crime:
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13104.htm

VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela
Lei nº 13.142, de 2015). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13142.htm#art1

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.


Ver - § 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela
Lei nº 13.104, de 2015)
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Ver – Lei n. 2.889/56 (crime de genocídio) art. 1º.
Ver- Lei n. 7.960/89 ( prisão temporária) art. 1º,III,a
Ver- Lei n. 8.072/90 ( crimes hediondos) art. 1º, I
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965/ Revogada pela Lei 9.099 de
1995 , art. 89 (Juizados Especiais).
Pena - detenção, de um a três anos.
Ver, art. 18 II e parágrafo único, do CP.

Aumento de pena
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para
evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
(sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003 – Dispõe sobre o Estatuto do
Idoso)
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a
pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão
grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416,
de 24.5.1977)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art121%C2%A75

§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for


praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de
segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12720.htm#a
rt2
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade
se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;


(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta)


anos ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. (Incluído
pela Lei nº 13.104, de 2015)
O Homicídio Doloso pode ocorrer nas seguintes modalidade:
a) Homicídio Simples; matar alguém ( artigo 121, caput)
b) Homicídio privilegiado (§1º);
c) Homicídio qualificado (§2º); matar alguém mediante promessa de recompensa; por motivo
torpe ou fútil; com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou
de que possa resultar perigo comum; à traição, de emboscada, mediante dissimulação ou outro meio que
dificulte a defesa do ofendido; para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime;
d) Feminicídio ( §2º); matar mulher por razão da sua condição de sexo feminino, inclusive em caso
de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou diante do menosprezo ou discriminação à
condição de mulher;

e) Homicídio culposo (§3º); sem intenção de matar


f) Homicídio culposo majorado (§ 4º, primeira parte);
g) Homicídio doloso majorado (§ 4º, segunda parte e §§ 6º e 7º);
a) Homicídio simples

É aquele previsto no caput do art. 121 ( “matar alguém”). O sujeito ativo pode ser
qualquer pessoa física, bem como qualquer pessoa física pode ser sujeito passivo do
delito. Entretanto, se o sujeito passivo for o Presidente da República, do Senado Federal,
da Câmara dos Deputado ou do STF e o ao possuir cunho político, estaremos diante de
um crime previsto na Lei de Segurança Nacional ( art. 29 da Lei 7.710/89)¹

¹ Caso a intensão seja destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racional ou religioso, teremos o delito de
homicídio genocida, previsto no artigo 1º, a, da Lei 2.889/56.
O tipo objetivo (conduta descrita como incriminada) e TIRAR A VIDA DE ALGUEM.

Neste sentido é importante entender quando se inicia a vida humana.

A vida humana se inicia com o início do parto. Para a maioria da Doutrina, o início do parto( que gera
início da vida) se dá com o início do processo de parto, no qual o feto passa a ter contato com a vida
extrauterina¹.

Por início do parto entenda-se o início da operação, no caso de cesariana, ou o início das contrações
expulsivas, no caso de parto normal. Nascer com vida.

Se for tirada a vida de alguém que ainda não nasceu, ou seja, não há vida extrauterina, não há
homicídio, podendo haver aborto.

¹PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 58


Se o fato for praticado por quem já não tem mais vida (cadáver), estaremos diante de um crime
impossível. ( Por absoluta impropriedade do objeto).

O homicídio pode ser praticado de forma livre ( disparo de arma de fogo, facadas, pancadas, etc.),
podendo ser praticado de forma comissiva (ação – quando o agente faz alguma coisa que estava proibido,
fala-se em crime comissivo) ou omissiva – quando deixa de fazer alguma coisa a que estava obrigado
temos um crime (omissão).
Exemplo de alguém que responda por homicídio sem ter agido, mas tendo se omitido.

Mãe que, mesmo sabendo que o padrasto irá matar seu filho, nada faz para impedi-lo, ainda
que pudesse agir para evitar o crime sem prejuízo de sua integridade física.
Neste caso, se o padrasto vem a praticar o homicídio, e ficar provado que a mãe sabia e nada
fez para impedir, ela responde por HOMICIDIO DOLOSO( mesmo sem ter praticado
qualquer ato) na qualidade de crime omissivo IMPRÓPRIO (ler art. 13, §2ºdo CP).

* O homicídio pode ser praticado, ainda, por meios psicólogos, não sendo obrigatório o uso
de meios materiais. (EXEMPLO: No caso de um filho, com desejo de ver sua mãe morta, a fim de herdar seu
patrimônio sabendo que sua mãe possui problemas cardíacos, simula uma situação de sequestro de seu irmão
caçula. A mãe recebe a ligação, tem um infarto do miocárdio, fulminante, vindo a óbito. Neste caso, a conduta
dolosa e planejada da filho pode ser considerada homicídio, pois o meio foi hábil para alcançar o resultado
pretendido).
Como o delito pode ser fracionado em vários atos ( crime plurissubsistente, existe a possibilidade de tentativa, desde que, iniciada a execução, o crime não se consume por
circunstâncias alheias à vontade do agente.
O homicídio simples, ainda quando praticado por apenas uma pessoa, MAS EM ATIVIDADE TÍPICA DE GRUPO DE EXTERMÍNIO ( chacina, por exemplo), CRIME
HEDIONDO ( artigo 1º, I da lei 8.072/90).

Elementos subjetivos, consumar-se-á o crime de homicídio quando ocorre a parada circulatória, sanguínea e respiratória em caráter definitivo. Sendo comprovado por meio de
exame pericial denominado cadavérico ou necroscópico.

O elemento subjetivo é o dolo, não se exigindo qualquer finalidade específica de agir ( (dolo específico). Pode ser dolo direito ou dolo indireto ( eventual ou alternativo)

O crime se consuma quando a vítima vem a falecer, sendo, portanto, um crime material.
É plenamente possível a forma tentada do crime homicídio, que pressupõe a coexistência de três requisitos: a) que o agente tenha dado início à execução do crime; b) que não
tenha conseguido a consumação por circunstâncias alheias à sua vontade; e c) que exista prova inequívoca de que queria matar a vítima.
Classificação do homicídio

1.
Crime comum, tanto no que diz respeito ao sujeito ativo quanto ao passivo;
2.
Simples, pois possui tipo penal único, protegendo apenas um bem jurídico, qual seja, a vida;
3.
De forma livre como regra, tendo em vista que existem modalidades qualificadas que indicam os meios e
modos para a pratica do delito (ex.: incisos III e IV) podendo ser cometido dolosa ou culposamente, comissiva
ou omissivamente;
4.
De dano, ou seja, não se consuma apenas com o perigo, é necessário que ocorra uma efetiva destruição, a um
bem jurídico penalmente protegido;
5.
Material, pois a lei descreve uma ação e um resultado, e exige a ocorrência deste para que o delito se
consume;
6.
Instantâneo de efeitos permanentes;
7.
Não transeunte, pois deixa vestígios;
8.
Monossubjetivo, pois podem ser praticados por apenas um sujeito, entretanto, admite-se a coautoria e a
participação; e
9.
Plurisubsistente, pois é constituído de vários atos, que fazem parte de uma única conduta.
Sujeito ativo e sujeito passivo

O sujeito, tanto ativo quanto o passivo, pode ser qualquer pessoa, uma vez que o tipo penal não delimita
sua pratica por determinado grupo de pessoas que possuam alguma qualidade especial.
Objeto material e bem juridicamente protegido

O objeto material do delito é a pessoa contra a qual recai a conduta praticada pelo agente.

E o bem juridicamente protegido é a vida e, num sentido mais amplo, a pessoa, haja vista
que o delito de homicídio encontra-se inserido no capitulo correspondente aos crimes contra
a vida, no Título I do Código Penal, que prevê crimes contra a pessoa.
Exame de corpo de delito

Por se tratar de crime material e deixar vestígios (crime não transeunte), o homicídio, para que
possa ser atribuído a alguém, exige a confecção do indispensável exame de corpo de delito,
direto ou indireto, conforme determina os arts. 158 e 167 do CPP.

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
(...)
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Elemento subjetivo

O elemento subjetivo constante do caput do art. 121 é o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de
matar alguém. O agente atua com o chamado animus necandi ou animus accidendi.

A conduta do agente é dirigida finalisticamente a causar a morte de um homem. Admite-se que o delito
seja cometido a título de dolo direto quando o agente quer, efetivamente, a produção do resultado morte,
ou quando assume o risco de produzi-lo, atuando, assim, com dolo eventual.
Modalidade omissiva e comissiva

Pode o delito ser praticado comissivamente quando o agente dirige sua conduta com o fim de causar a


morte da vítima, ou omissivamente, quando deixa de fazer aquilo que estava obrigado em virtude da
sua qualidade de garantidor (crime omissivo improprio), conforme preconizado pelo art. 13, §2º,
alíneas a, b e c do CP, agindo dolosamente em ambas as situações.

Portanto, a redação do 121 prevê um comportamento comissivo, que poderá, entretanto, ser praticado
via omissão, em virtude da posição de garante ocupada pelo agente.
Pesquisem dois doutrinadores e apresentem os
conceitos de homicídio e homicídio simples,
após expliquem segundo seu entendimento.
Jurisprudência

PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO SIMPLES. 1) OFENSA AOS
ARTIGOS 495, XV, E 564, III, L, AMBOS DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL – CPP. NULIDADE. PRECLUSÃO. PREJUÍZO NÃO
DEMONSTRADO. 2) VIOLAÇÃO AO ART. 59 DO CÓDIGO PENAL – CP. CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. EXASPERAÇÃO IDÔNEA. 3)
REGIME INICIAL MAIS GRAVOSO. JUSTIFICATIVA IDÔNEA. 4) AGRAVO DESPROVIDO. 1. As nulidades relativas estão sujeitas à convalidação
pela preclusão. Além disso, as nulidades relativas, assim como as absolutas, ficam superadas quando não demonstrado o efetivo prejuízo, nos termos do
art. 563 do CPP. Precedentes. 1.1. No caso em tela, a nulidade arguida pela defesa, qual seja, a acusação ter invocado em Plenário a condenação nos
termos da denúncia que foi decotada parcialmente na pronúncia, não foi arguida imediatamente, conforme art. 571, VIII, do CPP. Ainda que assim não
fosse, o Tribunal de origem concluiu pela inexistência de prejuízo, pois houve pronta intervenção da Juíza-Presidente, a qualificadora não foi objeto de
quesitação e nem se demonstrou o impacto do vício na condenação pelo homicídio simples. 2. A desvaloração de circunstância judicial que acarreta
exasperação da pena-base deve estar fundada em elementos concretos, não inerentes ao tipo penal. 2.1. In casu, o desvalor das consequências do delito
foi justificado pelo trauma da companheira da vítima que presenciou o homicídio e abandonou o estabelecimento comercial onde ocorreu o delito e de
onde tirava o sustento. 3. Cabível regime inicial mais gravoso diante da existência de circunstância judicial desfavorável, conforme art. 33, § 3º, do CP.
4. Agravo regimental desprovido.
(STJ – AgRg no AREsp: 782252 SP 2015/0243349-6, Relator: Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, Data de Julgamento: 05/04/2018, T5 – QUINTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 18/04/2018
Jurisprudência

Processo: 0002017-18.2014.8.24.0020 (Acórdão do Tribunal de Justiça) Relator: Hildemar Meneguzzi de Carvalho Origem: Criciúma
Orgão Julgador: Primeira Câmara Criminal Julgado em: 20/08/2020 Juiz Prolator: Fabiano Antunes da Silva Classe: Recurso em Sentido Estrito
Ementa:
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO SIMPLES (ART. 121, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL). SENTENÇA DE PRONÚNCIA.
RECURSO DA DEFESA. PRELIMINAR DE NULIDADE. JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU QUE APRECIOU TESE DE ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA
NÃO NARRADA PELA DEFESA. IRREGULARIDADE NÃO VERIFICADA. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO À PARTE, NOS
MOLDES DO ART. 563, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. PRELIMINAR AFASTADA. MÉRITO. REQUERIMENTO DE IMPRONÚNCIA.
IMPOSSIBILIDADE. INDÍCIOS PROBATÓRIOS QUE APONTAM QUE O AGENTE TERIA SIDO O AUTOR DO DELITO PRATICADO CONTRA
A VÍTIMA. DEPOIMENTOS COLHIDOS EM JUÍZO, SOMATIZADOS COM O DEPOIMENTO DO RECORRENTE NA FASE ADMINISTRATIVA,
QUE APONTAM, EM TESE, QUE O RECORRENTE ESTARIA NO LOCAL DOS FATOS E TERIA REALIZADO OS DISPAROS DE ARMA DE
FOGO, TENDO UM DELES ACERTADO A VÍTIMA EM SUA TESTA. TESE APRESENTADA PELA DEFESA DE QUE OS INDÍCIOS DE
AUTORIA NÃO ESTARIAM DEMONSTRADOS, UMA VEZ QUE NENHUMA DAS TESTEMUNHAS TERIA PRESENCIADO OS FATOS,
TRATANDO-SE DE VERSÕES DE 'OUVIR DIZER' (HEARSAY TESTIMONY). TESES ANTAGÔNICAS QUE DEVEM SER LEVADAS À
JULGAMENTO PELO CONSELHO DE SENTENÇA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO SOCIETATE. PARECER DA
PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA FAVORÁVEL PELA MANUTENÇÃO DA SENTENÇA DE PRONÚNCIA. VEREDICTO INALTERADO.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
Na fase da pronúncia, porque vigora o princípio in dubio pro societate, as circunstâncias qualificadoras só podem ser afastadas quando manifestamente
improcedentes, devendo ser submetidas à apreciação do Tribunal do Júri se possuírem algum respaldo na prova dos autos, pois à referida instituição
compete o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, à luz do preceito inscrito no art. 5º, inciso XXXVIII, alínea "d", da Constituição Federal [...].
Assim, razoável a inclusão da qualificadora para análise mais detalhada pelo Tribunal do Júri" (TJSC, Recurso em Sentido Estrito n. 0009606-
96.2016.8.24.0018, de Chapecó, rel. Des. Luiz Ne [...]
Homicídio Privilegiado

O Homicídio privilegiado possui as mesmas características do homicídio


simples, com a peculiaridade de que a motivação do crime, neste caso, é nobre.
( amplamente utilizada pela doutrina e jurisprudência a denominação
privilegiado)
Ou seja, o crime é praticado em circunstâncias nas quais a Lei entende que a
conduta do agente não é tão grave. ( de diminuição da pena)

Pode ocorrer em três circunstâncias:


MOTIVOS

Motivo de relevante valor social – Por exemplo, matar o estuprador do bairro. ( A eliminação da vida alheia constitui crime, salvo
evidentemente, quando o agente está acobertado por alguma excludente de ilicitude.)

Motivo de relevante valor moral – Por exemplo, matar por compaixão ( eutanásia) ( está relacionado a sentimentos pessoais do
agente considerados relevantes, como piedade, compaixão etc.)

Sob o domínio de violenta emoção - Logo após injusta provocação da vítima – Agente pratica o crime dominado por sentimento
de violenta emoção, imediatamente após a criação desse sentimento pela própria vítima. O seu reconhecimento pressuponha a
coexistência de três requisitos: a) que tenha havido uma injustiça provocação da vítima; b) que o agente tenha matado sob o domínio
de violenta emoção; e c) que o ato homicida tenha ocorrido logo após a provocação. Exemplo: Imagine que Artur chega em casa e
veja sua esposa caída e machucada, pois acabara de ter sido vítima de um estupro, praticado por Lucio. Artur saí e encontra Lucio
num bar, bebendo como se nada tivesse acontecido. Dominado pela violenta emoção, Artur mata Lucio. Neste caso, Artur responde
pelo crime de homicídio, mas haverá a aplicação da causa de diminuição de pena prevista no §1º do artigo 121 do CP.
As consequências do crime privilegiado?

A pena, nesse caso, é diminuída de 1/6 a 1/3.

* Deve ser observado se o crime for praticado em concurso de pessoas, a circunstância


pessoal ( violenta emoção) não se comunica os agentes, respondendo por homicídio
simples aquele que não estava sob violenta emoção.
Homicídio Privilegiado

Caso de diminuição de pena


§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Leitura importantes

*Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990. Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inciso
XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8072.htm
* art. 5º, caput e XXXVIII, d, da CF.
* arts. 74, §1º e 406 a 497 do CPP.
* Súmula 605 do STF

Lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019.Aperfeiçoa a legislação penal e processual penal


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art5

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