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Cristo se Refere ao "Princípio"

CURSO VIRTUAL
TEOLOGIA DO CORPO

As citações são das catequeses


papais da Teologia do Corpo e da
Bíblia - tradução da CNBB

www.teologiadocorpo.com.br
“Não foi assim desde o princípio"

Durante a conversa com os fariseus, que o interrogavam sobre a


indissolubilidade do matrimônio, duas vezes se referiu Jesus Cristo ao
«princípio». O diálogo decorreu da seguinte maneira:

Alguns fariseus aproximaram-se de Jesus e, para experimentá-lo,


perguntaram: “É permitido ao homem despedir sua mulher por qualquer
motivo?” Ele respondeu: “Nunca lestes que o Criador, desde o princípio,
os fez homem e mulher e disse: ‘Por isso, o homem deixará pai e mãe e se
unirá à sua mulher, e os dois formarão uma só carne’? De modo que eles
já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem
não separe”. Perguntaram: “Como então Moisés mandou dar atestado
de divórcio e despedir a mulher?”. Jesus respondeu: “Moisés permitiu
despedir a mulher, por causa da dureza do vosso coração. Mas não foi
assim desde o princípiom» (Mt. 19, 3-8; cf. Mc. 10, 2, ss.).
“Períodos Teológicos”

 “Princípio”  “História”  “Ressurreição”


 “Homem  “Homem  “Homem
Original” Histórico” Escatológico”
 Gênesis –  Após o pecado  Visão beatífica
“Paraíso” original de Deus “face-a-
 Antes do pecado  Tríplice face”
original concupiscência  “Núpcias do
 Redenção de Cordeiro”
Cristo  Comunhão dos
Santos
Laço entre os estados

A teologia sistemática descobrirá nestas duas situações antitéticas dois estados


diversos da natureza humana: status naturae integrae (estado de natureza
íntegra) e status naturae lapsae (estado de natureza decaída). Quando Cristo,
referindo-se ao "princípio", manda os seus interlocutores para as palavras
escritas em Gn 2, 24, ordena-lhes, em certo sentido, que ultrapassem o confim
que se interpõe entre a primeira e a segunda situação do homem. Não aprova o
que "por dureza do coração" Moisés permitiu, e refere-se às palavras da
primeira ordem divina, ligada ao estado de inocência original do homem. Isso
significa isto que tal ordem não perdeu o seu vigor, ainda que o homem tenha
perdido a inocência primitiva. (TdC 3)

(...) As palavras de Cristo, que se referem ao "princípio", permitem-nos


encontrar no homem certa continuidade essencial e um laço entre estes dois
estados diversos ou duas dimensões do ser humano. (TdC 4)
Aspecto da Subjetividade Humana

Jesus, na sua resposta aos fariseus, evita se embrenhar em


controvérsias jurídicas ou casuísticas; em vez disso, faz
referência duas vezes ao "princípio". "Princípio" significa,
portanto, aquilo de que fala o Livro do Gênesis. (TdC 1)

Na presente análise procuramos, sobretudo, tomar em


consideração o aspecto da subjetividade humana. (TdC
18)
Dois Relatos da Criação

Primeiro relato (Gen 1) Segundo relato (Gen 2)

 “Elohim” – tradição sacerdotal  “Iaveh” – Javé


 Caráter teológico: definição do  Caráter de subjetividade/
homem (homem e mulher) baseada pscicológico
na sua relação com Deus
 Homem criado do pó, mulher
 Caráter Metafísico: “ens et bonun
convertuntut”
criada da costela do homem
 Sete dias da criação, ser humano  Mais antigo relato da
criado “à imagem e semelhança de “consciência humana”
Deus”  Linguagem “Mítica”
 O homem não é criado de acordo  Consciência do corpo
com uma sucessão natural
O que o “Princípio” nos ensina?

Solidão original
Unidade original
Nudez original
Significado esponsal do corpo
Inocência original
Ciclo “Conhecimento –
procriação”
Solidão Original

Essa solidão tem 2 significados: um que deriva da própria criatura do homem, isto é, da
sua humanidade (o que é evidente na narrativa de Gn 2), e o outro que deriva da relação
macho-fêmea, o que é evidente, de certo modo, com base no primeiro significado. (TdC
5)
Primeiro significado da solidão original:
“só” diante dos outros seres vivos e de Deus
O homem está só, porque é "diferente" do mundo visível, do mundo dos seres vivos.
(TdC 5)
“Então o Senhor Deus formou da terra todos os animais selvagens e todas as aves do céu,
e apresentou-os ao homem para ver como os chamaria; cada ser vivo teria o nome que o
homem lhe desse. E o homem deu nome a todos os animais domésticos, a todas as aves
do céu e a todos os animais selvagens, mas não encontrou uma auxiliar que lhe
correspondesse.” (Gen 2, 19-20)
O homem está "só": isto quer dizer que, através da própria humanidade, através daquilo
que ele é, o homem é constituído em uma relação com o próprio Deus que é única,
exclusiva e irrepetível. (TdC 6)
Solidão Original

Segundo significado da solidão original:


o homem ainda não tem “auxiliar que lhe corresponda”

 “E o Senhor Deus disse: ‘Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer-
lhe uma auxiliar que lhe corresponda’” (Gen 2, 18)
 É significativo que o primeiro homem (‘ādām), criado do "pó da terra",
só depois da criação da primeira mulher seja definido como “varão” ou
“macho” (‘îš). Assim, portanto, quando Deus-Javé pronuncia as palavras
a respeito da solidão, refere-as à solidão do "ser humano" (tanto o
homem quanto a mulher) enquanto tal, e não só à do “macho” ou
“varão”. (TdC 5)
Unidade Original

“Então o Senhor Deus fez vir sobre o homem um profundo


sono, e ele adormeceu. Tirou-lhe uma das costelas e fechou o
lugar com carne. Depois, da costela tirada do homem, o Senhor
Deus formou a mulher e apresentou-a ao homem.” (Gen 2, 21-
22)
(...) não há dúvida que o homem cai nesse "profundo sono"
com o desejo de encontrar um ser semelhante a si. (TdC 8)
“E o homem exclamou: ‘Desta vez sim, é osso dos meus ossos e
carne da minha carne! Ela será chamada ‘humana’ porque do
homem foi tirada’” (Gen 2, 23).
Deste modo o homem (macho) manifesta pela primeira vez
alegria e até mesmo exultação, de que anteriormente não tinha
motivo, por causa da falta de um ser semelhante a si. (TdC 8)
Unidade Original

Por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à sua


mulher, e eles serão uma só carne. (Gen 2, 24)
A unidade, de que fala Gênesis 2, 24 ("os dois serão uma
só carne"), é sem dúvida aquela que se expressa e se
realiza no ato conjugal. (TdC 10)
Criados à imagem de Deus também na medida em que
formam autêntica comunhão de pessoas, o primeiro
homem e a primeira mulher devem constituir o início e o
modelo dessa comunhão para todos os homens e
mulheres que, em qualquer época, se unem entre si tão
intimamente que formam "uma só carne". (TdC 10)
Unidade Original

(...) O homem se tornou


"imagem e semelhança" de
Deus não só mediante a
própria humanidade, mas
ainda mediante a
comunhão de pessoas, que
o homem e a mulher
formam desde o
“princípio”. O homem torna-
se imagem de Deus não tanto
no momento da solidão quanto
no momento da comunhão, (...)
como imagem de uma
imperscrutável comunhão
divina de Pessoas. (TdC 9)
A busca da identidade humana daquele que no princípio está "só", deve passar
sempre pela dualidade, através da "comunhão". (TdC 10)

Quando se unem entre si tão intimamente, que se tornam "uma só carne", o homem
e a mulher redescobrem, a cada vez e de modo especial, o mistério da criação. Isto
significa reviver, em certo sentido, o original valor virginal do homem, que deriva
do mistério da sua solidão diante de Deus e no meio do mundo. (TdC 10)
Nudez Original

 “Homem e mulher estavam nus, mas não se


envergonhavam.” (Gen 2, 25)
 Devemos estabelecer, primeiramente, que se trata de
verdadeira não-presença da vergonha, e não de uma falta
ou subdesenvolvimento dela. As palavras “não se
envergonhavam” servem para indicar a plenitude de
compreensão do significado do corpo, ligada ao fato de
“estarem nus”. (TdC 12)
 A “nudez” significa a bondade original da visão divina.
Significa toda a simplicidade e plenitude dessa visão, que
mostra o valor "puro" do homem como macho e fêmea, o
valor puro do corpo e do [seu] sexo. (TdC 13)
Nudez Original

A situação que é indicada ...em particular de


Gênesis 2, 25 (...) não conhece ruptura
interior nem contraposição entre o
que é espiritual e o que é sensível.
(TdC 13)

Na experiência da vergonha (ou pudor), o


ser humano experimenta medo em face do
"segundo eu" (assim, por exemplo, a
mulher diante do homem), e isso é
substancialmente medo quanto ao próprio
"eu". Com a vergonha, o ser humano
manifesta "instintivamente" a necessidade
da afirmação e da aceitação deste "eu" de
acordo com o seu justo valor. (TdC 12)
Significado Esponsal do Corpo

 "Sozinho" o homem não realiza totalmente a sua essência. Ele só a realiza existindo
"com alguém" – e, ainda mais profunda e completamente, existindo "para alguém".
(TdC 12)
 Atravessando a profundidade da solidão original, o homem surge agora na dimensão
do dom recíproco, cuja expressão é o corpo humano em toda a verdade original da
sua masculinidade e feminilidade. (TdC 12)
 O corpo humano, com o seu sexo – a sua masculinidade e feminilidade – visto
no próprio mistério da criação, é não só fonte de fecundidade e de procriação, como
em toda a ordem natural, mas encerra desde "o princípio" o atributo "esponsal",
isto é, a capacidade de expressar amor: exatamente aquele amor em que a
pessoa humana se torna um dom e – mediante este dom – realiza o próprio sentido
do seu ser e existir. (TdC 15)
O dom era livre do pecado, livre da vergonha, livre do egoísmo.
Homem e mulher livremente se davam um para o outro.
Isso requer domínio de si mesmo.
Significado Esponsal do Corpo

A perspectiva "histórica" (depois do pecado


original), se construirá de modo diverso do
que era no "princípio" beatífico. Mas nela o
homem não deixará de conferir um
significado esponsal ao próprio
corpo. Mesmo que esse significado sofra e
venha a sofrer muitas distorções, ele
sempre permanecerá o nível mais
profundo, que exige ser sempre revelado
em toda a sua simplicidade e pureza, e se
manifestar em toda a sua verdade, como
sinal da "imagem de Deus". Por aqui passa
também o caminho que leva do mistério da
criação à “redenção do corpo”.
(TdC 15)
Inocência Original

 A inocência original é, portanto, o que "radicalmente", isto


é, nas suas próprias raízes, exclui a vergonha do corpo na
relação entre homem e mulher, que elimina a necessidade
dessa vergonha em ambos, em seu coração, ou consciência.
(TdC 16)
 Depois do pecado original, o homem e a mulher perderam a
graça da inocência original. (...) Reduzir o ser humano (o
homem para a mulher e a mulher para o homem)
interiormente a puro "objeto para mim", deve assinalar o
princípio da vergonha. (TdC 18 e 19)
Conhecimento e Procriação

O homem se uniu
[conheceu] a Eva, sua
mulher, e ela concebeu e
deu à luz Caim, dizendo:
“Ganhei um homem com a
ajuda do Senhor” (Gen 4, 1)

“O marido conhece a mulher” ou


ambos “se conhecem”
reciprocamente. Então eles
revelam-se um ao outro com
aquela específica profundidade
do próprio "eu" humano, que por
sinal se revela também mediante
os sexos, masculinidade e
feminilidade. (TdC 20)
Conhecimento e Procriação

 “A mulher apresenta-se diante do


homem como mãe, sujeito da nova
vida humana, que nela é concebida e
se desenvolve, e dela nasce para o
mundo. Assim se revela também em
toda profundidade o mistério da
masculinidade do homem, isto é, o
significado gerador e "paterno" do seu
corpo. (...) A procriação faz com que
"o homem e a mulher (sua esposa)" se
conheçam reciprocamente no
"terceiro", originado de ambos. (TdC 21)
O estudo destes capítulos, talvez mais do que o de outros, torna-nos
conscientes do significado e da necessidade da "teologia do corpo".
(TdC 23)

Penso que entre as respostas que


Cristo daria aos homens do nosso
tempo e às suas interrogações,
muitas vezes tão impacientes, seria
ainda fundamental a que deu aos
fariseus. Respondendo àquelas
interrogações, Cristo iria se referir
antes de qualquer coisa ao
"princípio". E isto, ainda mais no
contexto de uma civilização que
permanece sob a pressão de um
modo de pensar e de julgar
materialista e utilitário. (TdC 23)
Nossa Senhora,
auxílio dos cristãos,
rogai por nós e ajudai-nos a conhecer o plano original de Deus e
dizer “fiat” a ele em nossas vidas!
Amém

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