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UNIVERSIDADE LÚRIO

FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
LICENCIATURA EM ENGENHARIA MECÂNICA

ESTRUTURAS METÁLICAS,
4º ano, 2020

Azarias Domingos Samuel


Docente: Lourenço Matandire, Lic
Cândido Carlos Uanicela

Hegino Dapona Alaue


Zezinho Noé Elias Afonso
Introdução
Na área de estruturas metálicas os elementos de ligação são
indispensáveis, pois estes permitem a união das estruturas metálicas de
forma segura e eficiente. Estes elementos de ligação podem ser
classificados em elementos móveis e não móveis, sendo que o presente
trabalho ira tratar de um elemento móvel concretamente o Parafuso.

As fórmulas, tabelas e recomendações que serão apresentados neste


trabalho pertencem a norma Brasileira NBR 8800:2008, norma está que
esta ser muito usada na construção de pontes e estruturas metálicas. A
ligação metálica por parafusos depende de dois outros elementos porcas
e anilhas que permitem a segurança e melhor distribuição de tensão nas
estruturais.
Objectivos
Geral
Dimensionar estruturas metálicas aparafusadas.

Específicos
Conceituar os parafusos;
Classificar os parafusos;
Calcular as forças actuantes em ligações aparafusadas de acordo norma NBR 8800;
Calcular as áreas envolvidas nas ligações aparafusadas de acordo norma NBR 8800;
Verificar a segurança nas ligações aparafusadas de acordo com a norma NBR 8800.
Parte I: Parafusos
(Conceitos e classificação)
1.Conceito de parafusos

São elementos de corpo cilíndrico e comprimento de corpo variável,


onde, sobre este corpo, há filetes de roscas. Estas roscas podem ser de
diferentes especificações e trabalham em conjunto com porcas ou outros
elementos roscados, com as mesmas características de roscas. (Pauli &
Uliana, 1996)
Aplicações dos Parafusos
Os parafusos podem ser utilizados para diversas aplicações, como unir
ou fixar aços, madeira, borracha, alvenaria e polímeros, transmitir
potência, e mais.

O graus ou classe do parafuso indicam o quanto este suporta de carga


antes de seu rompimento, por isso quanto maior o grau, maior a tensão
suportada. Na mecânica, ele é empregado para unir e manter juntas
peças de máquinas, geralmente formando conjuntos com porcas e
anilhas como mostrado na
Classificação dos parafusos
Quanto a sua função
Parafusos Passantes: Parafusos Pressão:

Parafusos não Parafusos Prisioneiros:


Passantes:
Parafusos estruturais
São os usados nas estruturas, madeira, concreto, metalicas.
Os parafusos estruturais se dividem em parafusos comuns e parafusos
de alta resistência. (Silva & Santiago, 2003)
Parafusos Comuns
Os parafusos comuns são, comummente, forjados com aços - carbono teor de
carbono, em geral segundo a especificação ASTM A307. Eles têm numa
extremidade uma cabeça quadrada ou sextavada e na outra uma rosca com
porca.
Os parafusos comuns são instalados com aperto, que mobiliza atrito entre as
chapas. Entretanto, o aperto nas chapas é muito variável, não se podendo
garantir um valor mínimo a considerar nos cálculos. Devido a isso os parafusos
comuns são calculados de modo análogo ao dos rebites, através das tensões de
apoio e de corte.
Parafusos de alta resistência

São parafusos de alta resistência para ligações com aço estrutural. São de
aço de médio carbono com tratamento térmico, tendo um limite de
escoamento de aproximadamente 560 a 630MPa, que descreve com o
aumento do diâmetro do parafuso.

Figura 11: Parafuso Estrutura (Fonte: Santiago & Silva, 2003)


Eles são indicados para uso geral em ligações estruturais e são
disponíveis em três tipos com diâmetros que variam entre 12,5 a 38mm:

•Tipo 1: Aço de médio carbono para propósitos gerais de uso em


elevadas temperaturas (é o único que será fornecido se nenhum tipo
diferente for especificado).

•Tipo 2: Aço martensita de baixo carbono para propósitos gerais de


uso, para aplicações a temperatura atmosférica.

•Tipo 3: Parafusos com maior resistência a corrosão atmosférica e


característica ao engaste por intempéries compatíveis com os aços
A242 ou A588.
Porcas
A Porca é uma peça de forma prismática ou cilíndrica geralmente
metálica, com um furo roscado no qual se encaixa um parafuso, ou uma
barra roscada.
Em certas uniões, o aperto da porca não é suficiente, o que requer a
aplicação de uma contraporca para travar o movimento. As
contraporcas são também porcas, mas em uma união esta tem uma
altura menor que a altura da porca principal, para mais detalhes vide a
figura a seguir.
Anilhas
As anilhas, são elementos de fixação com forma de um disco com furo
na região central por onde o parafuso passa. As anilhas têm a função de
distribuir igualmente a força de aperto entre a porca, o parafuso e as
partes unidas. Em algumas situações, também funcionam como
elementos de trava.
Existem vários tipos de anilhas, dentre as quais se destacam:

Anilha lisa Anilha de pressão Anilha dentada Anilha de


travamento com
orelha
Materiais usados na construção de parafusos
Em geral, os parafusos são fabricados em aço de baixo e médio teor de carbono, por
meio de forjamento ou usinagem. Os parafusos forjados são opacos e os usinados
são brilhantes.
Em alguns casos, os parafusos são protegidos contra a corrosão por meio de
galvanização ou cromagem.
Especificação fyb (MPa) fub (MPa) Diâmetro d_b
mm pol
ASTM A307 - 415 - 1/2≤db≤4
ISSO 898-1 Classe 4.6 235 400 12≤d_b≤36 -
ASTM A325 635 825 16≤db≤24 1/2≤db≤1
560 725 24≤db≤36 1<d_b≤1/2
ISO 4016 Classe 8.8 640 800 12≤db≤36 -
ASTM A490 895 1035 16≤db≤36 1/2≤db≤1□(□(1/2)
)
ISO 4016 Classe 10.9 900 100 12≤db≤36 -
Disponíveis também com resistência a corrosão atmosférica comparável a dos aços AR 350 COR ou a dos aços ASTM
A588
Parte II: Ligações aparafusadas
(Conceitos e classificação)
Conceito de ligações estruturais
De acordo com Franceschi & Antonello, (2014) ligação é todo detalhe
construtivo que promova a união de partes da estrutura entre si, ou a
união da estrutura com elementos externos a ela. As ligações devem
representar os mais fielmente possíveis os vínculos idealizados na
análise estrutural.
Solicitação de ligações aparafusadas
Comportamento de um parafuso numa ligação
Para as várias distribuições de forças possíveis ao longo de uma ligação, os parafusos podem
ser solicitados como:
Parafuso ao corte – Neste caso o movimento das placas de ligação é restringido
essencialmente pelo núcleo do parafuso;
Parafusos de alta resistência em ligações pré-esforçadas resistentes ao escorregamento –
Neste caso as placas são comprimidos entre si devido às forças de aperto dos parafusos,
resistindo por atrito. As ligações podem também ser resistentes à tracção (vide a figura 15
terceira coluna)
Características mecânicas dos parafusos

Na tabela acima, apresentam-se as classes de parafusos mais utilizadas em ligações


metálicas (classes 4.6, 5.6, 6.8, 8.8 e 10.9). De um modo geral, nas ligações
sujeitas a forças e momentos estáticos, podem ser utilizadas todas as classes de
parafusos. Nas ligações sujeitas a forças cíclicas susceptíveis de induzir fenómenos
de fadiga, devem utilizar-se parafusos com elevada resistência à fadiga e
deformabilidade reduzida, nomeadamente os parafusos de classes 8.8 e 10.9 ou
superiores. (Silva & Santiago, 2003).
Contudo, pode se dizer na maioria das ligações estruturais utilizam-se todas as
classes de parafusos, já que os esforços que lá actuam são na maioria estáticas.
A zona mais fraca de um parafuso é a parte roscada.
Outros aspectos
•Defeitos nas ligações aparafusadas

•Critério de selecção de parafusos para uma ligação

•Combate a corrosão galvanizada em ligações aparafusadas

•Manutenção de estruturas aparafusadas


Parte III: Dimensionamento
•Áreas
•Espaçamentos
•Dimensão dos furos e
•Forças
1. Áreas de cálculo
a) Área efectiva para a pressão de contacto do parafuso
b) Á rea efectiva do parafuso para tracção
c) Mínima separação entre furos

2. Espaçamentos
d) Máxima separação entre parafusos
•Para elementos pintados ou não sujeitos à corrosão:

•Para elementos não pintados ou sujeitos à corrosão:

e) Distância mínima de um furo às bordas


Segundo a norma brasileira 8800, esta distância vária para furos-padrão e furos
alargados ou alongados, sendo:

•Para furos-padrão esta distância não pode ser menor ao valor indicado na tabela 9;

•Para furos alargados ou alongados esta distância não pode ser menor ao valor
indicado na tabela 9 para furos-padrão adicionado de β.d sendo β definido como:

β=0 para furos alongados na direcção paralela à borda considerada;


β=0,12 para furos alargados;
β=0,2 para furos pouco alongados na direcção perpendicular à borda levada em
conta.
β=0,75 para furos muito alongados na direcção perpendicular à borda
considerada(caso o comprimento do furo alongado for menor ao dado na tabela 9,
o produto β.d pode ser reduzida duma quantia igual à metade da diferença entre o
comprimento dado na tabela e o comprimento real).
Diâmetro db Borda cortada com serra ou Borda laminada ou

pol mm tesoura cortada a maçaricob mm


mm

1/2 - 22 19
5/8 16 29 22
¾ - 32 26
- 20 35 27
7/8 22 38e 29
- 24 42c 31
1 - 44 32
1 1/8 27 50 38
- 30 53 39
1 1/4 - 57 42
- 36 64 46
>1 ¼ > 36 1,75 db 1,25 db
Dimensões dos furos
O furo padrão para parafusos comuns deverá ter uma folga de 1,5 mm em relação ao
diâmetro nominal do parafuso, essa tolerância é necessária para permitir a montagem das
peças. Para outros tipos de furos, as demissões estão na tabela que segue:
3. Forças de cálculo
i. Força solicitante de cálculo ii. Força de tracção resistente de cálculo

iii. Força de corte resistente de cálculo


•Para parafusos de alta resistência e barras •Para os parafusos de alta resistência e
roscadas, quando o plano de corte passa pela
rosca e para parafusos comuns em qualquer
barras redondas roscadas, quando o plano
situação (qualquer orientação do plano de de corte não passa pela rosca:
corte), a força de corte é dada pela formulação
matemática:

Quando o vão do parafuso exceder 5.d, a força de corte resistente de cálculo dos parafusos
ou barras redondas roscadas deve ser reduzida em 1% para cada 1,5 mm adicionais,
excluindo casos de parafusos de alta resistência, montados com pretensão inicial.
iv. Força resistente à pressão de contacto
a) Para furos-padrão, furos alargados, furos pouco alongados em qualquer direcção e
furos muito alongados na direcção da forca, esta força é calculada considerando a
deformação do furo para as forças de serviço, ou seja,

• Quando a deformação no furo para as •Quando a deformação no furo para as


forças de serviço for uma limitação do forças de serviço não for uma limitação do
projecto, esta força é calculada pela projecto, esta forca é calculada pela
formulação matemática: formulação matemática:

Esta força deve obedecer a condição: Esta força deve obedecer a condição:

Caso as condições não sejam verificadas, o segundo membro das inequações acima fica
como o valor da força.
b) No caso de furos muito alongados na direcção perpendicular à da força, esta força é
calculada pela fórmula algébrica:

Onde:
lf - Distância na direcção da força entre a borda do furo e a borda do furo adjacente ou a borda livre;
t - Espessura da parte ligada;
db - Diâmetro do parafuso;
fu - Resistência à ruptura do aço da parede do furo.

Nota Importante: A força resistente total é igual à soma das forças resistentes à
pressão do contacto calculadas para todos os furos ou parafusos.
v. Força resistente ao colapso por esmagamento
A força resistente ao colapso por esmagamento é calculada pela fórmula matemática:

Material γm Combinações de ações


Normais Especiais ou de Excepcionais
construção
Aço estrutural, pinos e parafusos – estados γa1 1,10 1,10 1,00
limites de escoamento e flambagem
Aço estrutural, pinos e parafusos – estados γa2 1,35 1,35 1,15
limites de ruptura
Concreto γc 1,40 1,20 1,20
Aço de armadura de concreto armado γs 1,15 1,15 1,00

Tabela 5: Coeficientes de ponderação (Fonte: Adaptado NBR 8800, 2008)


vi. Tracção e corte combinados

A combinação simultânea da tracção e corte numa ligação deve ser atendida pela equação do segundo
grau denominada equação de interacção a seguir:

•Ft,Sd – Força de tracção solicitante de cálculo por parafuso ou barra redonda roscada;

•Fv,Sd - Força de corte solicitante de calculo no plano considerado do parafuso ou barra redonda roscada;

•Ft,Rd e Fv,Rd - foram tratadas nas secções anteriores.

Relativamente ao uso da equação da interacção a força Ft,Sd deve atender as exigências da tabela a
seguir, porem há a necessidade de se fazer verificações para as forças de tracção e corte isoladas a
partir das fórmulas das secções anteriores.
vii. Força resistente de parafusos de alta resistência em ligação por atrito
Para casos em que o deslizamento é um estado de Para casos em que o deslizamento é um estado
limite, a força resistente de cálculo de um parafuso limite de serviço, a força resistente nominal de
ao deslizamento F(f,Rd) deve ser maior ou igual à um parafuso ao deslizamento F(f,Rk) deve ser
força cortante solicitante de cálculo no parafuso. O maior ou igual à força cortante solicitante
valor numérico da força resistente de cálculo é característica, tomada como 70% da força
dado por: cortante solicitante de cálculo. A força resistente
nominal F(f,Rk) é:

F_Tb – Força de pretensão mínima por parafuso; μ - Coeficiente médio de atrito, descrito a seguir:
F_(t,Sd) – Força de tracção solicitante de calculo no •0,35 - para superfícies de classe A, ou seja,
parafuso que reduz a força de pretensão; superfícies laminadas, limpas, isentas de óleos ou
n_s - Número de planos de deslizamento;
graxa sem pintura, e para superfícies de classe C, ou
γ_e - Coeficiente de ponderação de resistência igual
a 1,2 para combinações normais, especiais ou de melhor, superfícies galvanizadas a quente com
construção e 1,00 para combinações excepcionais; rugosidade aumentada manualmente por meio de
escova de aço (sem permissão do uso de maquinas).
C_h - Corresponde ao factor de furo, igual a:
•1,00 - para furos-padrão;
•0,5 - para as superfícies de classe B, ou melhor,
•0,85 - para furos alargados ou pouco alongados; superfícies jacteadas sem pintura
•0,70 - para furos muito alongados. •0,2 - para superfícies galvanizadas a quente;
.
Parte IV: Exercícios de aplicação
1. Duas chapas de 200 mm×12.7 mm (1/2 pol) pol em aço ASTM A36
são emendadas com chapas laterais de 9,5mm (3/8 pol) e parafusos
comuns (A307) ∅ 22 mm. As chapas estão sujeitas às forças Ng=200
kN que surge da carga permanente, e Nq=100 kN que surge da carga
variável de uso da estrutura. Verificar a segurança da união no estado
limite último em combinação normal de acções.
2. Verificar as tensão nos conectores do consolo das figuras 23a e 23b,
assumir parafusos ASTM A307 com diâmetro de 16 mm e que os casos
de força resistente de cálculo à pressão de contacto na parede dos
parafusos e ao colapso por rasgamento (Corte do bloco) não são
críticos. Adoptar ainda estado de limite do projecto, com coeficiente de
majoração das acções igual à 1,4.
3. A figura abaixo mostra uma ligação aparafusada com 4 parafusos hexagonais ISO
4016 de classe 8.8 que deve suportar uma força de tracção de 100 kN. Para um
coeficiente de segurança de 1,25 calcule o diâmetro nominal de cada parafuso e
comente o resultado.

4. O parafuso ISO 4016 de classe 8.8, M12x1.0 é apertado com um torque igual
a 30 N.m. calcule a força com a qual este parafuso foi apertado. Comente o
resultado na medida dos seus conhecimentos.
Conclusão

No dimensionamento dos parafusos é necessário verificar após os cálculos as


variáveis que foram encontradas através das condições encontradas na norma
usada, permitindo assim uma correcta verificação das tensões e distancias entre os
parafusos como mostram os cálculos no presente trabalho.

Após montadas, as estruturas aparafusadas precisam de uma manutenção


preventiva como por exemplo a verificação de desapertos das porcas, o
afrouxamento dos parafusos, a corrosão das partes unidas ou do próprio parafuso,
a verificação de fissuras na partes unidas e nos parafusos, e mais. Em caso de
avaria, recomenda-se que um especialista na área efectue a respectiva manutenção
correctiva.
Fim!
(Diga não ao CoronaVirus)

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