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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE BARREIRA

Formação continuada com Conselho Tutelar e dos Direitos

Facilitadores:
Drª Lia Leal – promotora de justiça
Sidney Andrade – técnico ministerial
Calendário
DIA ASSUNTO OBJETIVO
ECA: Política de Atendimento
Analisar aspectos gerais da política de atendimento as instituições que
30/01 e Sistema de Garantia dos
compõem o SGD, com foco no Conselho Tutelar
Direitos (SGD)
Apresentar os aspectos formais e textuais sobre a elaboração de
27/02 Elaboração de relatórios
relatórios
Conceituar direitos humanos; analisar sua evolução histórica e suas
Direitos Humanos de crianças características; apontar os principais documentos de DH, especialmente
e adolescentes os da área da infância; analisar os direitos fundamentais da CF
27/03
ECA: disposições preliminares Analisar a evolução sobre a legislação infantojuvenil no país; analisar a
e direitos fundamentais doutrina da situação irregular e da proteção integral; analisar os direitos
(capítulos I e II) fundamentais no ECA (vida e saúde; liberdade, respeito e dignidade)
ECA: direito à convivência Analisar família natural e colocação em família substituta (guarda, tutela
familiar e comunitária e adoção), diferenciando os institutos
24/04
ECA: ato infracional e Analisar as medidas socioeducativas previstas no ECA e o procedimento
medidas socioeducativas de responsabilização
Analisar os principais crimes em espécie e o fenômeno da violência
Crimes em espécie e violência
29/05 sexual contra crianças e adolescentes, diferenciando as modalidades
sexual
existentes
Violação de direitos de Conhecer as violações de direitos e, por meio de estudo de caso, analisar
26/06
crianças e adolescentes os encaminhamentos possíveis
ECA: Política de Atendimento e Sistema de Garantia
dos Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA)

Material disponibilizado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG),


complementado pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) e pelo Ministério
Público do Ceará (MPCE)
Sistema de Garantia de Direitos - SGD

• O Movimento da Infância defendeu que a Política de


Atendimento prevista no ECA constituiria um verdadeiro Sistema
Articulado em favor da efetivação dos direitos, isto é, um Sistema
de Garantia de Direitos de crianças e adolescentes,
comprometendo e interligando a atuação de todas as instituições da
sociedade civil e do Estado;
• Trata-se de um conjunto de elementos – órgãos, entidades,
programas e serviços – que, em cooperação, é capaz de tornar
efetiva a Doutrina da Proteção Integral, destinados à tutela de
direitos específicos ou a atender de forma especial, situações
peculiares.
Fundamento legal
• Art. 227, CF: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão;
• Art. 86, ECA: A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-
se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-
governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios;
• Art. 1º Resolução nº 113 do CONANDA: Dispõe sobre os parâmetros para a
institucionalização e fortalecimento do SGD da Criança e do Adolescente. “O
Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente constitui-se na
articulação e integração das instâncias públicas governamentais e da sociedade civil,
na aplicação de instrumentos normativos e no funcionamento dos mecanismos de
PROMOÇÃO, DEFESA e CONTROLE para a efetivação dos direitos humanos da
criança e do adolescente, nos níveis Federal, Estadual, Distrital e Municipal.”
Objetivos do SGD

• Potencializar estrategicamente a promoção e proteção


dos direitos da infância e adolescência, no campo de
todas as políticas públicas, especialmente no campo
das políticas sociais;
• Manter restritivamente um tipo especial de
atendimento direto, emergencial, em linha de cuidado
integral inicial, a crianças e adolescentes com seus
direitos ameaçados ou violados (credoras de direitos),
ou a adolescentes autores de ato infracional
(conflitantes com a lei).
Eixos de Ação do SGD

• DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS;

• PROMOÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS;

• CONTROLE DA EFETIVAÇÃO DOS


DIREITOS HUMANOS
Eixo de Defesa

• Garantia do acesso à justiça, ou seja, pelo recurso às instâncias


públicas e mecanismos jurídicos de proteção legal dos direitos
humanos, gerais e especiais, da infância e da adolescência, para assegurar
a impositividade deles e sua exigibilidade, em concreto ;

• Tem por objetivos:


 Cessar violações de direitos que já ocorreram ou estão na
iminência de ocorrer;
 Restaurar os direitos que já foram violados, ou resguardar
aqueles que estão ameaçados;
 Responsabilizar o autor da violação.
Exemplos de atores do Eixo de Defesa

• Poder Judiciário;
• Ministério Público;
• Defensoria Pública;
• Conselho Tutelar;
• Polícia (Civil e Militar);
• Centros de Defesa de Direitos (ex: CEDECA/CE)
Eixo de Promoção

• Operacionaliza-se através do desenvolvimento da "política de


atendimento dos direitos da criança e do adolescente”;
• Responsáveis por transformar em ação os direitos garantidos na
CF/88 e ECA;
• Está intrinsecamente ligado às políticas públicas sociais e
universais;
• Desenvolve-se de maneira transversal e intersetorial,
articulando todas as políticas públicas (infraestruturantes,
institucionais, econômicas e sociais) e integrando suas ações em
favor da garantia integral dos direitos.
Exemplos de atores do Eixo de Promoção

• Ministérios (Governo Federal), Secretarias estaduais e


municipais;
• ONGs;
• Hospitais;
• Escolas;
• Instituições de acolhimento institucional.
Eixo de Controle da Efetivação

• Responsável pelo acompanhamento, avaliação e monitoramento das


ações de promoção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes;
• Deve ter atenção com todo o funcionamento do Sistema e exigir a
adequação dos atores que não estejam cumprindo adequadamente
suas atribuições ou que as estejam extrapolando;
• O monitoramento efetiva-se pelo:

 Controle social difuso: pela sociedade civil organizada,


especialmente em Fóruns e Comitês;
 Controle institucional: pelos Conselhos de Direitos, nas três
esferas da Federação (federal, estadual e municipal).
Exemplos de atores do Eixo de Controle

• Conselhos dos Direitos;


• Conselhos setoriais de formulação e controle de políticas
públicas;
• Órgãos e poderes de controle interno e externo (arts. 70 a 75, CF);
• Órgãos e entidades legitimados (art. 210, III, ECA);
• Sociedade civil e articulações representativas (Fóruns e Comitês).
Atores do SGD

• Defensoria Pública;
• Polícia Civil – Delegacias Especializadas (DCA e
DCECA);
• Ministério Público;
• Poder Judiciário;
• Conselho dos Direitos;
• Conselho Tutelar
Defensoria Pública Estadual
• Órgão incumbido, fundamentalmente, da orientação jurídica, da promoção dos
direitos humanos e da defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos
direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados;
• Atende pessoas que não podem pagar advogado e custas de processos
(hipossuficientes econômicos): atendimento totalmente gratuito (antes e depois
do processo);
• Trata dos mais diversos casos, ex: criminais e cíveis (divórcio, alimentos,
guarda, adoção, etc), grupos de vulnerabilidade (mulheres vítimas de violências,
réus em processos criminais, crianças e adolescentes);
• Realização de consultoria (orientação jurídica) e mediação (acordo extrajudicial
– antes de entrar com processo);
• 75% dos municípios do Ceará não possuem defensor público estadual;
• Informações: Alô Defensoria 129
Polícia Civil - Delegacias Especializadas

• Adolescente que comete ato infracional tem direito de ser


encaminhado a uma delegacia especializada em apurar atos
infracionais de adolescentes (DCA) – Fortaleza;
• Crianças e adolescentes vítimas de qualquer forma de violação
ou violência também deverão ser encaminhados à
especializada (DCECA) – Fortaleza;
• Em Barreira, é a delegacia do município que investiga esses
casos.
Ministério Público
• O Ministério Público é uma instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127, CF);

• DEFESA DA ORDEM JURÍDICA: fiscaliza o cumprimento das leis e ajuiza


medidas para a responsabilização civil e criminal do infrator;

• DEFESA DO REGIME DEMOCRÁTICO: fiscaliza e intervém no processo


eleitoral; estimula a organização da sociedade civil, como na implantação de
conselhos de saúde, de meio ambiente, de educação, de direitos da criança e do
adolescente;

• DEFESA DOS INTERESSES SOCIAIS E INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS:


defende o meio ambiente, saúde, transporte coletivo, consumidor, patrimônio
público, histórico e cultural, infância, juventude e incapazes.
Ministério Público
• Na prática, o MP não defende o Estado, Governos ou particulares,
mas sim os direitos dos cidadãos e os interesses da sociedade;
• Incumbe ainda zelar para que os demais órgãos públicos atuem com
observância dos direitos de crianças e adolescentes;
• Tem como missão fiscalizar o cumprimento da Constituição Federal
e das leis, procurando interagir com a sociedade, com o propósito de
contribuir para a sua transformação, na busca de equilíbrio social e
da promoção da justiça com responsabilidade.
Poder Judiciário
• É o único órgão que no Estado Democrático de Direito tem o
poder-dever de decidir de forma definitiva os conflitos de
interesses que lhe são apresentados;

• Só decide uma situação se for provocado para tanto, isto é, se a


pessoa interessada na situação entrar com um pedido para o juiz
analisar e decidir (Princ. da Inércia da Jurisdição);
• Analisa importantes questões na área, exemplo: pedidos de
guarda, tutela e adoção; destituição do poder familiar; alimentos;
eventuais discordâncias quanto ao exercício do poder familiar;
medida socioeducativa; acolhimento institucional.
Conselho dos Direitos - CMDCA
• Órgãos (instâncias) deliberativos de formulação das políticas e de controle
das ações relacionadas com a promoção e defesa de direitos e controle de sua
efetivação, assegurada a participação popular paritária por meio de
organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais (art.
88, II, ECA);
• Deverão acompanhar, avaliar e monitorar as ações públicas de promoção e
defesa de direitos de crianças e adolescentes, deliberando previamente a
respeito, através de normas, recomendações e orientações;
• Por natureza, são órgãos plurais e democráticos constituídos por órgãos e
instituições que atuam direta ou indiretamente com crianças e adolescentes
e que, juntos, devem pontuar e discutir os maiores problemas que afligem
essa população, planejando ações e definindo estratégias de atuação
interinstitucional para sua efetiva solução.
Funções institucionais – CMDCA

• Formular e monitorar a efetivação de políticas públicas para a


infância e adolescência no Município, a partir de seu caráter
deliberativo;
• Realizar amplo diagnóstico da situação das políticas da infância e
juventude do Município;
• Monitorar os procedimentos de atendimento municipais, organizar
conferências e aprovar os planos decenais;
• Elaborar seu plano de ação;
• Acompanhar a elaboração e execução das peças orçamentárias
(PPA, LDO e LOA) no que pertine às ações relativas à infância e
adolescência.
Outras funções relevantes– CMDCA
• Gerir o Fundo da Infância e da Adolescência (FIA), deliberando
sobre os programas e projetos que serão contemplados com
recursos do referido fundo;
• Elaborar o plano de aplicação dos recursos do FIA;
• Registrar entidades não governamentais e inscrever programas
(governamentais ou não governamentais) que executam políticas
de atendimento a crianças e adolescentes, além de realizar
recadastramento de ambos;
• Presidir o processo de escolha de Conselheiros Tutelares e
apoiá-los na sua base organizacional;
• Firmar estratégias de comunicação e mobilização social.
Dificuldades usuais para a construção da
democracia participativa– CMDCA
• Interferência indevida do gestor na escolha dos Conselheiros e a quebra da
regra da paridade;
• Baixa representatividade dos Conselheiros;
• Falta de articulação interna (entre os membros) e externa (com outros
conselhos e entidades);
• Ausência de deliberações e de atuação propositiva no âmbito do CMDCA
– atuação meramente burocrática, ao invés de uma participação efetiva
(democrática);
• Baixo grau de transparência dos governos locais e o medo de “dar asa a
cobra”;
• Personalismos nas relações e vaidades;
• Falta de estrutura administrativa mínima do CMDCA.
Outro grande óbice – CMDCA
• Ausência de reconhecimento, tanto pela gestão pública quanto pelo
sistema de justiça (Judiciário, MP, DP etc.), da força vinculante das
deliberações do CMDCA;
• STJ: “ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA –
ATO ADMINISTRATIVO DISCRICIONÁRIO: NOVA VISÃO. 1. Na atualidade,
o império da lei e o seu controle, a cargo do Judiciário, autoriza que se
examinem, inclusive, as razões de conveniência e oportunidade do
administrador. 2. Legitimidade do Ministério Público para exigir do Município
a execução de política específica, a qual se tornou obrigatória por meio de
resolução do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. 3.
Tutela específica para que seja incluída verba no próximo orçamento, a fim de
atender a propostas políticas certas e determinadas. 4. Recurso especial
provido.” (STJ, 2ª T., Resp nº 493811, Rel. Min. Eliana Calmon, J. 11/11/03, DJ
15/03/04).
Conselho Tutelar
Art. 131, ECA
Por definição legal, o Conselho Tutelar é órgão:
Permanente,
Autônomo,
Não jurisdicional

Encarregado pela sociedade de

zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.


(esta é, na verdade, a “atribuição primeira” do Conselho Tutelar)
Conselho Tutelar

Permanente
• O Conselho Tutelar é uma instituição democrática essencial ao
“Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente”.
Uma vez criado por lei e implantado pelo Poder Público
municipal, deve ser mantido; apenas se renovam os seus
membros;
• O Poder Executivo local não tem poderes para impedir ou criar
embaraços ao seu funcionamento (o que poderia caracterizar,
inclusive, o crime tipificado no art. 236, do ECA, além de “ato de
improbidade administrativa”, nos moldes do previsto na Lei nº
8.429/92), devendo garantir os meios necessários para tanto.
Conselho Tutelar

Autônomo

• O Conselho Tutelar, para o cumprimento de suas atribuições,


não necessita da autorização de outros agentes, autoridades ou
órgãos públicos para agir;
• No desempenho de suas atribuições, não se subordina aos
Poderes Executivo e Legislativo Municipais, ao Poder
Judiciário ou ao Ministério Público. Inexistência de hierarquia.
Conselho Tutelar
Autonomia do Conselho Tutelar
Autonomia funcional: em matérias de sua competência, quando
delibera, toma decisões, age ou aplica medidas, requisita serviços etc., nos
limites da lei, não está sujeito a qualquer interferência externa, a qualquer
tipo de controle político ou hierárquico.
Mas atenção!
Não se pode confundir a “autonomia” prevista em lei (que se constitui
numa prerrogativa funcional do Conselho Tutelar enquanto colegiado)
com ausência de controle sobre a atuação do órgão ou sobre a conduta
de seus integrantes. O controle pode e deve ser exercido pela
Administração Municipal e pelos demais órgãos do Sistema de Garantia
de Direitos, de forma a se evitar omissões, abuso ou desvio de poder por
parte do Conselho Tutelar.
Conselho Tutelar
Autonomia do Conselho Tutelar
• O Conselho Tutelar é administrativamente vinculado (embora não
subordinado) ao Poder Executivo Municipal;
• Deve prestar contas de seus atos, sempre que necessário, inclusive no tocante
à frequência, atividades desenvolvidas e conduta pessoal/profissional de
seus integrantes;
• É inconcebível que um membro do Conselho Tutelar não cumpra expediente
nem compareça aos plantões, apresente-se embriagado nos locais públicos,
mantenha casos amorosos com adolescentes, utilize o veículo do Conselho
Tutelar para seu uso particular, deixe de praticar atos de ofício quando a
lei assim o determina, seja por qual razão for (preguiça, medo de represálias
etc.), não registrando ou levando ao conhecimento do colegiado o casos
atendidos (o que pode caracterizar até mesmo infração penal ou improbidade
administrativa).
Conselho Tutelar
IMPORTANTE
Os membros do Conselho Tutelar são considerados “agentes públicos”
para fins de incidência da Lei nº 8.429/92 (LIA) e “funcionários
públicos” para fins penais, respondendo tanto por ação quanto por
omissão no cumprimento de suas atribuições;
A depender do que dispuser a legislação municipal local, estão também
sujeitos a responder processo administrativo disciplinar, podendo ser
alvo das sanções administrativas previstas em lei, inclusive a perda
do mandato;
Em qualquer caso, a responsabilização civil, administrativa e mesmo
criminal dos maus Conselheiros é importante para preservar a
credibilidade da instituição.
Conselho Tutelar
Autonomia do Conselho Tutelar
• A forma como o Conselho Tutelar funciona no município (local
e horário de funcionamento, regime de plantão/sobreaviso etc.)
deve estar prevista na lei municipal e a Administração
Pública tem o dever de fazer com que os Conselheiros
cumpram o que nela está disposto;
• Não se concebe a existência de qualquer órgão público cuja
atuação esteja livre do controle de outros poderes, órgãos,
instâncias e mesmo por parte do cidadão comum;
• Os membros do Conselho Tutelar precisam, acima de tudo,
honrar o mandato que exercem e a confiança que foi neles
depositada pela população.
Conselho Tutelar
Não jurisdicional
• O Conselho Tutelar não integra o Poder Judiciário e nem está de
qualquer modo vinculado ou subordinado à autoridade judiciária;
• As decisões tomadas pelo Conselho Tutelar não são de cunho
jurisdicional, mas sim administrativo (sendo tomadas de forma
colegiada), estando sujeitas, no entanto, ao controle judicial, a pedido
de seu destinatário ou do MP (art. 137, do ECA);
• Um dos principais objetivos da criação do Conselho Tutelar foi a
“desjudicialização” do atendimento, de modo que a solução das
situações de violação de direitos infantojuvenis, sempre que possível,
não mais dependesse da intervenção da autoridade judiciária (vide o
“princípio da intervenção mínima” – art. 100, § único, VII, do
ECA).
Conselho Tutelar
Art. 132, ECA
Em cada Município e em cada Região Administrativa do Distrito
Federal haverá, no mínimo, 01 (um) Conselho Tutelar como órgão
integrante da administração pública local:
• Composto de 05 (cinco) membros,
• Escolhido pela população local, para mandato de 04 (quatro)
anos,
• Permitida 01 (uma) recondução, mediante novo processo de
escolha.
Lei Federal nº 8.069/90, com as alterações promovidas pela Lei Federal
nº 12.696, de 25 de julho de 2012
Conselho Tutelar

O CONANDA recomenda, preferencialmente, a criação de um


Conselho Tutelar a cada 100 mil habitantes (art. 3º §1º da Res. nº
139/2010);
A criação de novos Conselhos Tutelares pode ser também determinada
pela demanda de atendimento, razão pela qual é fundamental que o
próprio Conselho Tutelar mantenha registro pormenorizado dos
atendimentos efetuados, com destaque para os locais/comunidades onde
há um maior número de ocorrências, podendo provocar o CMDCA e o
Poder Executivo locais tanto no sentido da criação de
programas/serviços específicos para atendê-las (como é da essência da
atribuição prevista no art. 136, IX, do ECA), como até mesmo de um
novo Conselho Tutelar na região.
Conselho Tutelar
Art. 134, ECA
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre: local, dia e horário de
funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à remuneração de
respectivos membros, aos quais é assegurado o direito a: cobertura
previdenciária, gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 do
valor da remuneração mensal, licença-maternidade e paternidade,
gratificação natalina (atentar para o fato de não ter sido feito referência
à “jornada de trabalho” ou ao pagamento de “horas extras” aos
membros do Conselho Tutelar).
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e do Distrito
Federal previsão dos recursos necessários ao funcionamento do
Conselho Tutelar, remuneração e formação continuada dos conselheiros
tutelares.
Conselho Tutelar
A sede do Conselho Tutelar deverá ser situada em local de fácil acesso ao público,
oferecendo espaço físico e instalações que permitam o adequado desempenho
das atribuições e competências a cargo do órgão e o acolhimento digno do
cidadão, contendo, no mínimo (art. 16, §1º da Res. nº 139/2010 – Dispõe sobre os
parâmetros para a criação e funcionamento dos Conselhos Tutelares no Brasil):
I – placa indicativa da sede do Conselho;
II – sala reservada para o atendimento e recepção ao público;
III – sala reservada para o atendimento de casos;
IV – sala reservada para os serviços administrativos; e
V – sala reservada para os Conselheiros Tutelares.
É também desejável que o Conselho Tutelar disponha de uma
“brinquedoteca”, assim como de livros que possam ser entregues às
crianças/adolescentes que aguardam atendimento.
Conselho Tutelar

• A função de membro do Conselho Tutelar exige


dedicação exclusiva, sendo a princípio vedado o
exercício concomitante de qualquer outra
atividade pública ou privada (art. 37 da Res. nº
139/2010);
• Importante, no entanto, que os membros do Conselho
Tutelar sejam remunerados de forma condigna e
proporcional ao que deles se exige e à extrema
relevância e complexidade de suas atribuições.
Conselho Tutelar
ATENÇÃO!!!
• O Conselho Tutelar deve permanecer aberto ao público nos moldes
estabelecidos pela Lei Municipal que o criou, sem prejuízo do
atendimento ininterrupto à população (art. 18 da Res. nº 139/2010);
• É necessário, no entanto, que outros órgãos municipais que prestam
serviço relevante à população também funcionem de forma
ininterrupta (ou, ao menos, em regime de “plantão” ou “sobreaviso”),
até porque as violações de direitos infantojuvenis não têm dia e hora
para acontecer e a rápida intervenção da “rede de proteção” (que
não se resume ao Conselho Tutelar) é fundamental em qualquer caso;
• Cabe ao Poder Executivo dotar o Conselho Tutelar de equipe
administrativa de apoio (art. 4º §4º da Res. nº 139/2010).
Conselho Tutelar
O Conselho Tutelar é um órgão colegiado
• As decisões do Conselho Tutelar serão tomadas pelo seu colegiado,
conforme dispuser o Regimento Interno do órgão;
• Para tanto, seus integrantes devem se reunir periodicamente para
tomada das decisões a seu cargo (o número de sessões deliberativas
realizadas por semana dependerá da demanda de cada município), sem
prejuízo do atendimento à população local (ou seja, devem ocorrer
fora do horário em que o Conselho Tutelar deve estar aberto ao
público);
• As medidas de caráter emergencial, tomadas durante os plantões,
serão comunicadas ao colegiado no primeiro dia útil subsequente,
para ratificação ou retificação (art. 20 caput e §1º da Res. nº
139/2010).
Conselho Tutelar

Como os Conselhos Tutelares


trabalham no cotidiano?
Por telefone / Pessoalmente
Notícia do Fato Relato por escrito / Outro meio
(colher o máximo de
Informações)
Registro Administrativo da
Denúncia
IMPROCEDENTE
(apenas quando demonstrado
Averiguação do direito violado de plano)
Visita domiciliar
Visita institucional Arquiva (fundamentadamente,
(Reunir elementos de convicção) após análise do colegiado)

Discussão do caso em colegiado PROCEDENTE


(se necessário, com pedido de (ou com indícios de procedência)
avaliação pelos órgãos técnicos)
Abertura do expediente
Aplicação de medidas
protetivas às crianças/ Acompanhamento da execução
adolescentes e a seus pais da medida aplicada
ou responsáveis (zelar pela efetividade do
Encaminhamentos atendimento prestado)
Conselho Tutelar
• “Cabe ao Conselho Tutelar promover o atendimento de forma continuada,
com viés preventivo, e não apenas intervir diante de situações emergenciais”;
• As abordagens devem ser feitas com cautela, de modo a esclarecer as
famílias acerca dos motivos da intervenção, seus direitos e deveres, evitando
assim situações de confronto (princípio da obrigatoriedade da informação –
art. 100, § único, XI, do ECA);
• Se necessário, no entanto, o membro do Conselho Tutelar deverá usar de
firmeza para realizar uma visita e apurar uma denúncia (tomando o cuidado
para não praticar abuso de autoridade e não violar, dentre outras, a garantia
constitucional da inviolabilidade do domicílio – art. 5º, XI, da CF). Em casos
extremos, poderá e deverá requisitar força policial, para garantir sua
integridade física e a de outras pessoas, assim como as condições para
apuração de uma denúncia.
Conselho Tutelar
IMPORTANTE
• É fundamental que as crianças/adolescentes e pais/responsáveis atendidos
pelo Conselho Tutelar se sintam “amaparadas” e “protegidas” pelo órgão, e
não “invadidas” ou “perseguidas” por ele, razão pela qual sobretudo a
abordagem inicial deve ser feita com especial cautela/planejamento prévio;
• Em qualquer caso, é preciso debater com os órgãos técnicos que integram a
“rede de proteção” à criança e ao adolescente do município os métodos e
formas de abordagem, definindo “fluxos” que permitam o acionamento
daqueles sempre que necessário, sobretudo diante de casos de maior
complexidade;
• Se o Conselheiro não possuir qualificação específica para realizar a
abordagem, deve acionar os órgãos técnicos competentes para tanto, de
modo a garantir uma abordagem qualificada/responsável e a evitar a
ocorrência da “revitimização”.
Conselho Tutelar
IMPORTANTE
• O Conselho Tutelar não pode ser um órgão “estático” ou
“burocrático”, aguardando passivamente seu acionamento, quando da
ocorrência de casos – meramente individuais – de violação de direitos
infantojuvenis, mas sim deve agir de forma preventiva e “itinerante”,
visitando as comunidades e os locais onde tais direitos possam estar
sendo violados, inclusive (para não dizer especialmente) por omissão
do Poder Público local;
• A atuação preventiva e com “foco” nas questões “coletivas” é
fundamental, devendo o Conselho Tutelar agir como “protagonista” da
melhoria nas condições de atendimento à população infantojuvenil
local.
Conselho Tutelar IMPORTANTE
• É preciso lembar, em qualquer caso, que a intervenção do Conselho Tutelar
não visa a singela “aplicação de medidas” ou a mera realização de
“encaminhamentos” de casos de ameaça ou violação de direitos
infantojuvenis aos órgãos públicos competentes, mas sim zelar pela plena
efetivação dos direitos conferidos pela lei e pela Constituição Federal a
todas as crianças e adolescentes (arts. 4º, caput e 131, ECA), sobretudo por
parte do Poder Público, ao qual incumbe a elaboração e implementação das
políticas públicas e dos programas e serviços correlatos, com a mais absoluta
prioridade;
• Assim sendo, não basta “aplicar medidas” ou “encaminhar” casos aos
órgãos públicos, mas sim é preciso zelar para que estes prestem o
atendimento devido com o máximo de qualidade e eficácia, proporcionando
a “PROTEÇÃO INTEGRAL” a que a criança ou adolescente atendida tem
direito.
Conselho Tutelar
IMPORTANTE
• Em qualquer caso, é preciso lembrar que o Conselho Tutelar não é um
órgão “técnico” e nem um órgão de segurança pública, devendo com estes
interagir em caráter permanente e buscar sua intervenção/suporte, sempre
que necessário;
• Para tanto, a prévia definição de “fluxos” e “protocolos” de atendimento
interinstitucional é fundamental, podendo neste sentido o Conselho Tutelar
buscar o apoio do CMDCA (art. 86, do ECA);
• A “aplicação de medidas” deve ser sempre precedida de um “diagnóstico”
completo da situação em que se encontra a criança/adolescente e seus
pais/responsável que, sempre que possível, devem ser chamados a
participar de sua definição (assim como da elaboração do “Plano Individual
de Atendimento” correspondente), com observância dos princípios
relacionados no art. 100, caput e § único, do ECA.
Conselho Tutelar
IMPORTANTE
• O Conselho Tutelar deverá encaminhar relatórios periódicos ao CMDCA, ao
MP e ao Juiz, contendo a síntese dos dados referentes ao exercício de suas
atribuições, bem como as demandas e deficiências na implementação das
políticas públicas, de modo que sejam definidas estratégias e deliberadas
providências necessárias para solucionar os problemas existentes (art. 22 §1º
da Res. nº 139/2010);
• A interação com o MP deverá ocorrer, ademais, sempre que o Conselho
Tutelar entender necessário o ajuizamento de ações civis públicas, sobretudo
para defesa de interesses coletivos/difusos de crianças/adolescentes,
decorrentes do não oferecimento ou da oferta irregular de programas e
serviços públicos, que não tenham sido solucionadas a partir das gestões
realizadas pelo órgão junto ao CMDCA e Poder Público local, no exercício,
inclusive, da atribuição contida no art. 136, IX, do ECA (art. 220, do ECA).
Conselho Tutelar Atribuições do CT
Art. 136, ECA
I - Atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos
arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII
do ECA (medidas de proteção);
Art. 98, ECA
Por ação ou
omissão da Por falta, omissão
Em razão de
sociedade ou do ou abuso dos pais
sua conduta
Estado ou responsável

Ato infracional praticado por criança – art. 105, ECA


Mais do que se limitar a “aplicar medidas”, cabe ao Conselho Tutelar tomar
ou zelar para que sejam tomadas as providências necessárias para melhor
apurar e fazer cessar a ameaça ou a violação de direitos.
Conselho Tutelar Atribuições do CT
Medidas de Proteção – art. 101, ECA
• encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de
responsabilidade;
• orientação, apoio e acompanhamento temporários;
• matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino
fundamental;
• inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção,
apoio e promoção da família, da criança e do adolescente ;
• requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime
hospitalar ou ambulatorial;
• inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e
tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
• acolhimento institucional*; 
Conselho Tutelar Atribuições do CT
Acolhimento Institucional
• Art. 101, § 3o  encaminhamento para acolhimento institucional por meio de uma Guia
de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária;  
• Art. 93. As entidades que mantenham programa de acolhimento institucional
poderão, em caráter excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem
prévia determinação da autoridade competente, fazendo comunicação do fato em até
24 horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade;
• Situações extremas e emergenciais (“flagrante de vitimização”);
• Constatada que a criança ou adolescente, no momento da intervenção, está
sendo vítima de abuso ou violência por parte de seus pais ou responsável
e é necessário “resgatá-la” de tal situação, sob pena de graves
consequências para sua vida ou saúde;
• Acolhimento é última medida – não banalizar; avaliar o caso concreto (ex:
fato ocorrido durante a noite/madrugada); bom senso.
Conselho Tutelar Atribuições do CT
Art. 136, ECA
II - Atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas
previstas no art. 129, I a VII do ECA;
• O atendimento concomitante dos pais/responsável da criança/adolescente
é fundamental, inclusive na perspectiva de preservação/fortalecimento
dos vínculos familiares;
• O Conselho Tutelar deve também agir no sentido da proteção à família,
em cumprimento, inclusive, ao disposto no art. 226, caput e §8º, da CF.
OBS: Para que as medidas de proteção à criança/adolescente e a seus
pais/responsável possam ser executadas, é preciso que sejam
disponibilizados os programas e serviços correspondentes, cuja
implementação deve ser assim proposta/cobrada junto ao CMDCA e ao
Poder Público local.
Conselho Tutelar IMPORTANTE
• O Conselho Tutelar não tem atribuição para promover o afastamento de crianças e
adolescentes do convívio familiar (medida de caráter extremo e excepcional de
competência exclusiva da autoridade judiciária), podendo apenas promover o acolhimento
institucional de crianças/adolescentes que já se encontram afastadas do convívio familiar
(que vivem nas ruas, cujo paradeiro dos pais/ responsável é desconhecido, quando estes se
encontram em local inacessível, que se tornaram órfãs etc.);
• Na forma da lei, sempre que o Conselho Tutelar (após reunião de seu colegiado, realizada
após submeter o caso à avaliação técnica por parte dos órgãos municipais competentes)
entender necessário o afastamento do convívio familiar, deverá comunicar incontinenti o
fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento
e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família (art.
136, §único, do ECA);
• E caberá ao Ministério Público, se for o caso, o ajuizamento da ação própria, destinada a
promover o afastamento da criança/adolescente do convívio familiar, devendo antes
verificar se não é o caso de afastamento do agressor ( art. 130, do ECA).
Conselho Tutelar Atribuições do CT Art. 136, ECA

IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração


administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;

A comunicação dos fatos que configurem crimes (a exemplo dos previstos nos arts.
228 a 244 do ECA), ou infrações administrativas (relacionadas nos arts. 245 a 258-B
do ECA) deve ser efetuada por meio de correspondência oficial, devidamente
protocolada no órgão.

Atentar, em especial, para o crime tipificado no art. 243, do ECA, que


demanda ações de prevenção e repressão planejadas e executadas em conjunto
com outros órgãos e agentes
Art. 243, ECA Vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de
qualquer forma, a criança ou adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa,
outros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica.

Pena - detenção de de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui


crime mais grave.
Conselho Tutelar Atribuições do CT
Art. 136, ECA

III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:


a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação,
serviço social, previdência, trabalho e segurança;
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de
descumprimento injustificado de suas deliberações;
Mais do que uma “atribuição”, o dispositivo trata de
prerrogativas funcionais que demonstram a preocupação com
desjudicialização: o que é de atribuição do Conselho Tutelar
deve ser resolvido pelo Conselho Tutelar.
Conselho Tutelar Atribuições do CT
Art. 136, ECA
• O Conselho Tutelar poderá requisitar serviços e assessoria nas áreas de
educação, saúde, assistência social, dentre outras, com a devida urgência,
de forma a atender ao disposto nos arts. 4º, parágrafo único, e 136, inciso
III, alínea “a”, da lei nº 8.069/90 (art. 4º §5º da Res. nº 139/2010);
• A “requisição” de serviços pelo Conselho Tutelar, no entanto, deve ser
efetuada apenas em último caso, até mesmo para evitar sua
“banalização”. Cabe ao Conselho Tutelar, através do diálogo com os
demais agentes e autoridades integrantes da “rede de proteção” à criança
e ao adolescente local, conscientizá-los de seus deveres para com as
crianças/adolescentes do município, de modo que o atendimento, quando
necessário, seja efetuada de forma espontânea e prioritária, como
determinam a lei e a Constituição Federal.
Conselho Tutelar IMPORTANTE
• Embora o “encaminhamento” de casos de ameaça ou violação de direitos de
crianças e adolescentes possa ser efetuado diretamente aos equipamentos
(programas e serviços) encarregados de prestar atendimento à população, as
“requisições” devem ser sempre endereçadas aos gestores públicos das áreas
respectivas;
• Enquanto não suspensa ou revista pelo Poder Judiciário, a decisão
proferida pelo Conselho Tutelar deve ser imediata e integralmente
cumprida pelo seu destinatário, sob pena da prática da infração
administrativa prevista no art. 249, da Lei nº 8.069/90 (art. 26 §2º da
Res. nº 139/2010);
• As decisões do CT somente poderão ser revistas pela autoridade
judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse (art. 137 da Lei nº
8.069/90). Assim sendo, não é dado ao Juiz, de ofício, modificar ou
revogar decisões do Conselho Tutelar.
Conselho Tutelar Atribuições do CT
Art. 136, ECA

V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua


competência;
• Autorizações para viagens de crianças (arts. 83 e 84,
ECA);
• Requisição de registro civil de pessoas naturais;
• Concessão de tutela ou guarda, suspensão ou
destituição do poder familiar (art. 24, ECA);
• Aplicação de medidas socioeducativas (art. 112,ECA);
Etc.
Conselho Tutelar Atribuições do CT Art. 136, ECA

IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta


orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos
da criança e do adolescente;
• A experiência e a prática do Conselho Tutelar são fundamentais para
apontar as áreas mais carentes da infância e juventude que devem ser
subvencionadas com recursos públicos (indicar ao CMDCA as
deficiências dos serviços públicos de atendimento à população
infantojuvenil e suas famílias – diagnóstico conjunto);
• Acrescente-se a função fiscalizadora do Conselho para que o
Executivo destine corretamente as verbas por ocasião da execução
orçamentária (em cumprimento ao princípio da prioridade absoluta
à criança e ao adolescente preconizado pelo art. 4º, caput e § único do
ECA e art. 227, da CF).
Conselho Tutelar Atribuições do CT Art. 136, ECA

VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas


no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional: a rigor, a própria
autoridade judiciária pode (e deve) efetuar o encaminhamento do adolescente aos
órgãos competentes para execução das medidas. Nada impede, no entanto, que a
título de cooperação, o Conselho Tutelar também efetue os encaminhamentos
respectivos;

VII - expedir notificações: não se trata propriamente de uma “atribuição”, mas sim de


uma prerrogativa funcional, destinada a dar efetividade a outras de suas atribuições;

VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando


necessário: diz respeito unicamente à expedição, pelo cartório respectivo, da
“segunda-via” das mencionadas certidões, e não a lavratura do registro, cuja
determinação é de competência exclusiva da autoridade judiciária (que, caso o
registro original não tenha sido lavrado, deverá ser neste sentido acionada – art. 136,
inciso V, do ECA). Num e noutro caso, as certidões deverão ser fornecidas de forma
gratuita e prioritária.
Conselho Tutelar Atribuições do CT Art. 136, ECA

X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a


violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da CF;
Art. 220. (…)
§ 3º - Compete à Lei Federal:
II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família
a possibilidade de se defenderem de programas ou
programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no
art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e
serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
Conselho Tutelar Atribuições do CT
Art. 95, ECA – fiscalização de entidades e programas de atendimento
Art. 95. As entidades governamentais e não governamentais, referidas no art. 90
(assim como os programas de atendimento por elas executados), serão fiscalizadas
pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares.
• Sua atuação poderá levantar subsídios suficientes para representar ao Ministério
Público ou diretamente perante a autoridade judiciária (art. 191, do ECA) no
sentido da deflagração de procedimento para apuração de irregularidades praticadas
pelas entidades.

Programas de Proteção: orientação e apoio sociofamiliar, apoio socioeducativo em


meio aberto, colocação familiar e acolhimento institucional.

Programas Socioeducativos: liberdade assistida, prestação de serviços à


comunidade, semiliberdade e internação.

Serviços públicos destinados ao atendimento de crianças, adolescentes e famílias


em geral: executados pelos CREAS, CRAS, CAPS etc.
Conselho Tutelar Outras atribuições
• Art. 18-B, par. único do ECA: atender e aplicar as medidas relacionadas
no art. 18-B, incisos I a V, do ECA, aos pais, os integrantes da família
ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas
socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de
adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo
físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção,
disciplina, educação ou qualquer outro pretexto (tem como pressuposto
elementar a existência de programas/serviços correspondentes às referidas
medidas, que assim devem ter sua implementação sugerida/cobrada junto
ao Poder Público);
• Art. 90, §3º, inciso II do ECA: atribuição decorrente do art. 95, do ECA,
consistente em atestar a “qualidade e eficiência” dos programas de
atendimento a crianças e adolescentes em execução, quando de sua
renovação periódica por parte do CMDCA.
Conselho Tutelar Outras atribuições
• Art. 191 do ECA: outra atribuição decorrente do disposto no art. 95, do
ECA. Consiste na instauração, mediante representação endereçada ao
Juiz da Infância e da Juventude, de procedimento especial destinado à
apuração de irregularidade em entidade de atendimento a
crianças/adolescentes (governamental ou não governamental);
• Art. 194 do ECA: representar, perante o Juiz da Infância e da
Juventude, no sentido da instauração de procedimento para apuração de
infração administrativa às normas de proteção à criança e ao adolescente
(inclusive quando do descumprimento injustificado de suas requisições,
conforme previsto no art. 136, inciso III, alínea “b”, do ECA);
• Art. 18, §2º, da Lei nº 12.594/2012 (SINASE): participar do processo
de avaliação periódica dos Planos Municipais de Atendimento
Socioeducativo.
Conselho Tutelar Não são atribuições do Conselho Tutelar:
• Requisição de registro civil de pessoas naturais;
• Autorizações para viagens de crianças;
• Formalização de acordos extrajudiciais de alimentos, pensões;
• Concessão de guarda, destituição do poder familiar;
• Aplicação de medidas socioeducativas;
• Autuar pessoas ou estabelecimentos acusados da prática de infrações
administrativas às normas de proteção à crianças e ao adolescente;
• Investigar casos em que há suspeita da prática de crime contra
crianças/adolescentes;
• Efetuar o transporte de crianças/adolescentes, em especial o recâmbio
para outros municípios;
• Executar medidas de qualquer natureza.
Conselho Tutelar IMPORTANTE
• Por mais que, quando acionado, o Conselho Tutelar (por decisão do
colegiado) entenda que o caso não se enquadre em sua esfera de atribuições,
o órgão tem o dever de zelar para que a criança, adolescente e/ou família
respectiva recebam a orientação e o atendimento devidos por parte do(s)
órgão(s) público(s) competente(s), devendo para tanto efetuar os contatos
e promover os encaminhamentos que se fizerem necessários, usando, se
preciso for (e como último recurso), da prerrogativa institucional contida no
art. 136, inciso III, do ECA;
• Vale lembrar que a negativa de atendimento, ou o atendimento
irregular/desqualificado pelo Poder Público, por si só, já importa na
violação de direitos de crianças/adolescente (cf. art. 98, inciso I, do
ECA), dando assim causa à intervenção do Conselho Tutelar.
Conselho Tutelar Outras funções
• Divulgação do Conselho na comunidade;
• Realização de trabalho preventivo e conscientização da população,
comunidade escolar, comerciantes e agentes públicos (palestras,
reuniões, campanhas etc.);
• Conhecimento das reais atribuições, a fim de potencializar a
articulação com os outros órgãos do SGD;
• Fornecer ao CMDCA local os dados quantitativos e qualitativos,
bem como outras informações necessárias à
elaboração/aperfeiçoamento da política de atendimento à criança e ao
adolescente, bem como ao exercício do “controle social” sobre sua
execução.
Conselho Tutelar IMPORTANTE
• A participação do Conselho Tutelar nas reuniões do CMDCA local é fundamental,
devendo o órgão, inclusive na condição de representante da sociedade (cf. arts. 131, 132
e 139, do ECA) ter assegurado “direito de voz”, sempre que entender necessário, sem
prejuízo do encaminhamento de relatórios/informações por escrito;
• É admissível, inclusive, que o Conselho Tutelar peça que sejam incluídos na “pauta”
do CMDCA temas de interesse coletivo, como o não oferecimento ou oferta irregular de
programas e serviços destinados ao atendimento de crianças/adolescentes e famílias,
dentre outras deficiências na estrutura de atendimento local;
• Cabe ao Conselho Tutelar, enfim, fiscalizar a própria atuação do CMDCA local no
exercício de suas relevantes atribuições, seja na formulação da política de atendimento
(deliberando no sentido da criação/ampliação/adequação de programas e serviços), seja
no controle de sua execução por parte do Poder Público, na articulação da “rede de
proteção” à criança e ao adolescente local, na revisão periódica do registro das
entidades e programas de atendimento etc.
Conclusões

• Atuação institucional autônoma e em prol da efetivação da proteção


integral;
• ARTICULAÇÃO e INTEGRAÇÃO são fundamentais para o bom
funcionamento do SGDCA;
• A atuação intersetorial da rede de proteção não deve ter “furos”;
• Parceria entre Poder Público e sociedade civil para elaborar, executar e
monitorar as políticas públicas;
• Aproximar a realidade do que está previsto em lei: mudar a realidade
para fazer cumprir a lei, e não o inverso;
• Na atuação em forma de Sistema, cada um deve saber o seu papel e
assumir a responsabilidade de executá-lo, sem relação hierárquica.
Para reflexão

• Como é composto o SGDCA no meu município?


• Como é composta a rede de atendimento à criança e ao adolescente no
meu município?
• Como se dá a comunicação e a articulação entre os três eixos do
SGDCA no meu município? Quais os principais entraves e
potencialidades?
• A rede de atendimento está adequadamente dimensionada (em termos
de equipamentos, técnicos e servidores) às principais demandas
existentes em matéria de infância e juventude? Em caso negativo, o que
está faltando?
• Como é feito o controle dos resultados (incluindo os índices de adesão
ao atendimento e de reincidência)?
Próximo encontro
• Iniciaremos falando de algumas habilidades do conselheiro tutelar;
• Em seguida, trataremos da elaboração de relatórios.

“Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens


se libertam em comunhão”.
Paulo Freire
Obrigado!

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