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Sucessão Ecológica

Histórico

 Desde os filósofos. O estudo da dinâmica da vegetação aparece


formalmente no século XIX.

 F.E. Clements – Pai da Teoria Sucessional

 Mudanças: cíclicas X sucessionais


1. “seqüência de comunidades de plantas marcadas por mudanças de
formas de vida simples a complexas” (Clements, 1916) 

2. “processo contínuo de mudanças na vegetação que podem ser


caracterizadas por uma série de fases” (Tansley 1935)“

3. “mudança gradual e irreversível na estrutura de uma população em


direção a uma substituição de sistemas pouco estruturados e dinâmicos…
por sistemas mais estáveis…” (Margalef 1958) 

4. “mudanças na estrutura de espécies e processos da comunidade ao longo


do tempo” (Odum 1983) 

5. “padrões não-sazonais, direcionais e contínuos de colonização e extinção


de populações de espécies em um determinado local” (Begon et al.
1990) 

6. “processo de mudança direcional na vegetação durante o tempo


ecológico” (Krebs 1994)
 Escala temporais e espaciais

Minutos à milênios
Microscópica à continental

 Métodos de acompanhamento:

1. Observar as mudanças numa


área ao longo do tempo

2. Observar seqüências espaciais


representando seqüências
temporais
Algumas definições
Distúrbio - : pode ser entendido como um evento que interrompe
o fluxo de energia na comunidade e cria novas áreas para a
colonização por novos indivíduos.

Espécies iniciais - aquelas que rapidamente se estabelecem


após um distúrbio

Espécies tardias - aquelas que se estabelecem mais


tarde na seqüência sucessional

Sere - é a seqüência das comunidades que se substituem ao


longo da sucessão

Estágio Seral - é cada uma das comunidades na


seqüência da sucessão

Climax - associação espécies atingida no último estágio


da sucessão
Tipos de Sucessão

Podem ser classificadas de acordo com a origem do


ambiente onde ela ocorre

 Primária – desenvolvimento da comunidade de plantas


em substrato recém formado, onde não existia
anteriormente matéria orgânica

 Secundária – Processo de reestabalecimento de uma


área onde a vegetação foi parcialmente ou totalmente
destruída, mas no solo permaneceu ainda matéria orgânica
Sucessão Primária no Monte St. Helens

Foto: R. Emetaz (U.S. Department of Agriculture) Foto: J. Quiring (U.S. Department of


Agriculture)
Tipos de Sucessão

Podem ser relacionadas a fatores físicos externos ou


fatores biológicos, ligados à comunidade:

 Alogênica: é resultado de processo geofisicoquímicos


externos atuando na seqüência das espécies

 Autogênica: é resultado de processos biológicos modificando


as condições físicas e os recursos
S e d im e n t o s S e d im e n t o s
S e d im e n t o s S e d im e n t o s

Ilustração: Adriano Caliman


Sucessão após fogo em
fragmento florestal em Poço
das Antas-RJ
Fotos: Fernando Fernandez
O processo de sucessão autogênico podem ser dirigido por
comunidades autotróficas ou heterotróficas

 Sucessão autotrófica - Ocupação dos ambientes por


comunidades de organismos fotossintetizantes ou autotróficas

 Sucessão heterotrófica ou degradativa – ocorre a partir da


decomposição sucessiva de um determinado recurso por
comunidade heterotrófica
Sucessão degradativa em fungos (Begon, 1996)
Sucessão Ecológica

 Modificação na estrutura e composição das espécies

 Anuais – herbáceas perenes – arbustos – árvores pequenas –


árvores grandes.

 Espécies com diferentes características

 Modificação no ambiente
Perguntas essenciais

 Porque diferentes padrões na abundância de espécies


ocorrem durante a sucessão?

 O que permite que uma espécies ou grupos de espécies seja


substituído ou dominado por outra(s) espécie(s)?

 Qual efeito que as espécies iniciais tem sobre as espécies


finais?
Modelos de Sucessão

 Clements – Modelo de facilitação – As espécies que inicialmente


dominavam modificavam o ambiente tornando-o menos favorável a
eles e mais favoráveis a outros. Comparava as comunidades a
superorganismos que crescem, se desenvolvem e se reproduzem.
A sucessão é um precesso unicamente sequencial

 Gleason – mais individualista – As mudanças em


determinado local depende inteiramente da composição
inicial das espécies, que estão reunidas de forma
complexa e estocástica, resultando num processo
sucessional completamente individual
Modelos de sucessão

 Connell & Slatyer (1977): Descreveram 3 mecanismos de


sucessão baseados demonstrando o efeito das primeiras
colonizadoras sobre as espécies subsequentes. Esse efeito
poderia ser negativo, positivo ou neutro.

Facilitação
Inibição
Tolerância
Distúrbio
abre espaço para a colonização de novas sps.

FACILITAÇÃO TOLERÂNCIA INIBIÇÃO

Apenas algumas sps. pioneiras


Das sps. que chegam no espaço aberto, qq uma é capaz de se estabelecer
Estabelecimento são capazes de se estabelecer
e existir como adulto sob as condições prevalentes
em espaços abertos

As sps. modificam o ambiente,


tornando-o menos favoráveis para As modificações no ambiente pelas
As sps pioneiras modificam o
Efeitos das elas próprias; e mais favorável sps. pioneiras têm pouco ou nenhum
ambiente,tornado-o menos favorável
efeito sobre o recrutamento das sps.
pioneiras no para o recrutamento de sps. dos
dos estágios subseqüentes
ao recrutamento de sps. de estágios
estágios sucessionais seguintes sucessionais tardios
recrutamento

A modificação do ambiente pelas Os indivíduos jovens das sps.


pioneiras facilita o crescimento tardias, invasores ou residentes,
das espécies tardias, que são crescem apesar da presença de
Substituição competidores superiores e com o
Enquanto as sps pioneiras existirem
pioneiras saudáveis. Com o tempo ilesas e/ou continuarem
tempo excluem as primeiras as pioneiras são eliminadas regenerando-se vegetativamente,
elas excluirão ou irão suprimir os
colonizadores subseqüentes. As
A seqüência sucessional continua até A seqüência continua até que
pioneiras só serão substituídas se
Continuidade que as sps. residentes não facilitem a nenhuma sps possa invadir ou
sofrem alguma perturbação.
invasão e o crescimento de outras crescer na presença das residentes
sps.

Neste estágio, a invasão e/ou crescimento só pode ocorrer quando os indivíduos residentes
Equilíbrio sofrerem algum dano ou morrerem, abrindo espaço.

Fonte: Modificado de Connell & Slatyer (1977)


Modelos de sucessão

 Tilman (1982) – Modelo de alocação de recursos


A sucessão é um processo muito influenciado pela
disponibilidade de recursos, com luz e nutrientes.
Evidenciou a importância do papel da competição por
recursos no processo sucessional

 As diferentes habilidades competitivas das espécies


resultarão num processo de substituição seqüencial à
medida que as condições ambientais mudam
gradativamente ao longo do tempo
Modelo de Tilman

Fonte: Begon (1990)


Modelos de sucessão

 Grime (1979) – Este modelo de sucessão baseado na história de


vida das plantas

De acordo com as níveis de estresse e de distúrbio as espécies


podem ser classificadas em 3 categorias

 Ruderais – Baixo
estresse e distúrbio muito
intenso
 Competidoras – pouco
estresse e distúrbio pouco
intenso

 Tolerantes ao Estresse –
muito estresse e distúrbio
pouco intenso
C

R T

Grime (2001)
Outros modelos

 Egler (1954) – Composição florística inicial

 Horn (1981) – Processo Markoviano na


substituição das espécies

Essas idéias foram importantes pois propuseram a existência


de outros mecanismos de sucessão diferentes da facilitação
Características das espécies ao longo da sucessão

Característica Pioneiras Tardias


Capacidade fotossintética Alta baixa
Sementes
Tamanho Pequeno Grande
Número Muito Pouco
Dispersão Longa/vento Curta/gravidade
Dormência Comum Incomum
Taxa de Crescimento Alta Baixa
Tamanho do Adulto Pequeno Alto
Período de Vida Curto Longo
Colinvaux (1993)
Características do Ecossistema através da Sere
Atributos do Ecossistema Iniciais Clímax Atributos do Ecossistema Iniciais Clímax
Energia Ciclagem de Nutrientes
1. Produção/respiração <1 ou >1 =1 16. Ciclos Minerais abertos fechados
2. Produção/biomassa alta baixa 17. Trocas ambiente/
ambiente/organis rápidas lentas
3. Biomassa/fluxo energético baixa alta 18. Papel dos detritos pequeno grande
4. Produção líquida alta baixa
5. Cadeias alimentares herbívoro detrito Pressão de Seleção
6. Produção quanti quali 19. Forma de Crescimento seleção r seleção K

Estrutura Homeostasia
7. Matéria Orgânica Total pqna grande 20. Simbioses Internas ausente desenvol.
8. Nutrientes Inorgânicos extra intrabiótico 21. Conserv. do Nutrientes pobre boa
9. Diversidade (riqueza) baixa alta 22. Estabilidade pobre boa
10. Diversidade (equitat)
(equitat) baixa alta 23. Entropia alta baixa
11. Diversidade Bioquímica baixa alta 24. Informação baixa alta
12. Zonação e Estratificação baixa alta

História de Vida
12. Especialização de Nicho ampla estreita
13. Tamanho dos organismos pqno grande
14. Ciclos de Vida curtos longos Tabela Modificada a partir de Odum, 1972)
Clímax

 É definido como o último estágio da sucessão. A comunidade


que ali se instalou seria , teoricamente auto perpetuante, não
havendo mudanças na estrutura e na composição das espécies,
porque a comunidade se encontra em equilíbrio com as condições
físicas e biológicas do ambiente
Clímax

1. Teoria do Monoclimax – Proposta por Clements (1916):


um único clímax dominaria cada região climácica, sendo
esse o fim de todos os processos sucessionais

2. Teoria do Policlimax – Proposta por Tansley (1939):


reconhece vários tipos de Climax possíveis. Climax
regional regido por um fator ou combinação de fatores

3. Climax-padrão – Whittaker (1953): Sugeriu haver


vários tipos de Climax, que variam ao longo de
gradientes ambientais, havendo um equilíbrio
dinâmico entre as espécies e o ambiente.
Haveria um fim para sucessão ?

 Questão teórica, pouco conhecida na prática

 Escalas temporais muito longas

 Escalas espaciais - Mosaico de vegetações

 Processo dinâmico de morte e microssuceção que


uma visão muito ampla pode ocultar
Scarano et al. (2003)

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