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GABINETE DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL E CONTÍNUA

CURSO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DO ENSINO SECUNDÁRIO GERAL

UNIDADE C: RADIAÇÃO NUCLEAR:


RISCOS E BENEFÍCIOS NA SOCIEDADE

Decaimento radioactivo

Ana Cardoso
Tipos de decaimento (peluruhan)
Decaimento (peluruhan) a
Todos os isótopos com Z>83 são instáveis e radioactivos e sofrem
na sua maioria decaimento a.

Decaimento b

Quando um núcleo próximo da banda de estabilidade tem


excesso de neutrões sofre normalmente decaimento b- .
b-
Quando um núcleo próximo da banda de estabilidade tem
b+
excesso de protões sofre normalmente decaimento b+.
Decaimento g
O decaimento gama ocorre após decaimentos alfa
ou beta devido ao facto de o núcleo produzido ficar
num estado nuclear excitado. O regresso ao estado
fundamental ocorre com emissão de um raio gama.
Propriedades das partículas a, b e g
EMISSÕES ALFA BETA GAMA
CARACTERÍSTICAS Partículas pesadas Partículas leves, com Radiações
formadas por 2 carga negativa e eletromagnéticas
protões e 2 neutrões massa desprezível (como os raios X). Não
(como o núcleo do (como o eletrão). possuem carga nem
Hélio). massa.

VELOCIDADE Cerca de 10% da Menos de 90% da Igual à velocidade da


velocidade da luz. velocidade da luz. luz.

PODER DE Barrada por uma Barrada por chapa de Mais penetrantes que
PENETRAÇÃO espessura de 7 cm de chumbo de 2 mm ou os raios X. Barradas
ar, a nossa pele, uma de alumínio de 1 cm. por placas de chumbo
folha de papel ou uma de 5 cm ou paredes de
folha de alumínio de cimento.
0,06 mm.

DANOS AO SER Detida pelas células Pode penetrar até 2 Pode atravessar
HUMANO mortas da pele. Pode cm e causar danos completamente o
no máximo provocar sérios. corpo, causando
queimaduras. danos irreparáveis.
Poder de Penetração das partículas
Representação e características das
partículas a, b e g
Tipo Partícula Grau de Penetração Carga da Massa da Velocidade das Exemplo
partícula / e partícula / kg partículas
137
I  136 1
53 Fe  0 n
4; a; 4 253
2  2 He
a Pouco penetrante +2 6,65 x 10-27 10% de c 226
mas provoca danos 88 Ra  222 4
86 Rn  2 

b- 0 ; b- ; e - ; 0 239
 239 0
93 Np  1
1  1 e 92 U
Moderadamente -1 9,11 x 10-31 Menos de 90% de
penetrante c

b+ 0 ; b+; e+; 0
1  1 e
Moderadamente +1 9,11 x 10-31 Menos de 90% de 21
11 Na  1021Ne  10
penetrante c

g g Muito penetrante 0 0 c 60 *
27 Co  60
27 Co  

1  ou 1
1p
p Penetração +1 1,65 x 10-27 10% de c
1H
53
moderada a baixa 27 Co  52 1
26 Fe  1p

n 1 Muito penetrante 0 1,67 x 10-27 Menos de 10% de 137


0n
c 53 I  136 1
53 Fe  0 n
A estabilidade nuclear e o decaimento
radioativo
•A instabilidade dos núcleos está
relacionada com a proporção entre o
número de protões e de neutrões
existentes no núcleo.

•A figura mostra a faixa de


estabilidade, que corresponde à área
sombreada e a linha reta, N=Z, que
representa a razão Neutrão/protão
igual a 1, ou seja número de protões
igual ao número de neutrões.

•Os núclidos mais estáveis são


aqueles que se encontram mais
próximos da linha de estabilidade
A estabilidade nuclear e o decaimento
radioativo
•No caso dos núcleos leves, de
elementos de número atómico
baixo, a maior estabilidade existe
para núcleos com igual número de
protões e de neutrões (N=Z), pois
encontram-se sobre a linha Z=N.

•No caso dos núcleos mais pesados,


a estabilidade só é atingida para
valores muito acima da linha N=Z.

•Um nuclido instável decai noutros


nuclidos estáveis, emitindo radiações
a. b e g.
A estabilidade nuclear e o decaimento
radioativo

• Existem números de protões e de neutrões que são muitas


vezes chamados de números mágicos, que conferem particular
estabilidade aos núcleos. Uma espécie contendo um número
mágico de protões e/ou neutrões é mais estável que outra que
não os tenha.

Números Mágicos

Nº Protões 2 8 20 28 50 82 114 164

Nº Neutrões 2 8 20 28 50 82 126 184 196


Decaimento radioativo

Decaimento Radioativo

O processo pelo qual um núcleo instável se desintegra e,


portanto, liberta espontaneamente energia.
Processos de decaimento radioativo
• Os núcleos radioativos desintegram-se espontaneamente pelos decaimentos
alfa, beta, e gama.

a) O decaimento alfa

No decaimento alfa o núcleo X, emite uma partícula alfa (núcleo de 4He, dois
protões e dois neutrões) transformando-se no núcleo Y :

A 4
A
Z X Z 2 Y  He 4
2
Processos de decaimento radioativo
Exemplo1:

238
92 U 234
90Th  He 4
2


Processos de decaimento radioativo

Exemplo2:

210
84
Po 206
82 Pb  He
4
2


Processos de decaimento radioativo
Exemplo3:

241
95 Am 237
93 Np  He
4
2


Processos de decaimento radioativo

Exemplo4:

226
88
Ra 222
86
Rn  He
4
2


Processos de decaimento radioativo
• O decaimento alfa pode ocorrer espontaneamente porque o núcleo pai, X,
apresenta uma energia de repouso (massa) maior que a soma das energias de
repouso (massas) do núcleo filho, Y, e da partícula . A energia de desintegração é
dada por:

Q   MX  MY  M  c 2

Esta energia corresponde à diminuição da


energia de ligação do sistema e aparece como
energia cinética do núcleo filho e da partícula
α.

A partícula α, por ser mais leve, carregará


quase toda a energia cinética.
Processos de decaimento radioativo
Exemplo 1: 238
92 U 234
90 Th  He
4
2

A carga e o número de nucleões conserva-se.

A energia liberada na desintegração é


c2  931,494 MeV/u
Q  M ic  M f c
2 2

Q = [238,050 – ( 234,043+ 4.002) ]c2 Q  4,25 MeV

238 237
Pa  H 1
Exemplo 2:
92 U 91 1
Q = [238,050 – ( 237,0512+ 1,007) ]c2 Q  -7,64 MeV (proibida)
Processos de decaimento radioativo
b) O decaimento beta
• O decaimento b ocorre em núcleos que
têm excesso, ou falta, de neutrões para
adquirir estabilidade.

• No decaimento beta menos, β- um dos


neutrões no interior do núcleo emite um
eletrão e um anti-neutrino, transformando-
se num protão:

1
0 n p e  
1
1
0
1

Processos de decaimento radioativo
No decaimento b+ um dos protões no interior do núcleo emite um positrão
(anti-electrão) e um neutrino, transformando-se num neutrão:

1
1
p n e  
1
0
0
1

• O neutrino (pequeno neutrão) foi postulado para dar conta da conservação


do momento angular e linear nas reacções acima.

• O neutrino, ν, apresenta carga nula e massa, possivelmente, também nula



(menor que 7 eV/c2).

• Além disso apresentam uma interacção muito fraca com a matéria (um livre
caminho médio que pode atingir milhares de anos luz). Foram detectados pela
primeira vez em 1953, por Reines e Cowan.
Processos de decaimento radioativo

Em termos dos nuclidos as fórmulas para os decaimentos b são:

Decaimento b-

A
Z
X A
Z 1
Y  e  

Decaimento b+

A
Z X A
Z 1 Y e  
Processos de decaimento radioativo
Como exemplos de decaimentos beta temos a decaimento do
carbono 14 e do nitrogénio 12:

b -: 14
6 C  N  e 
14
7

antineutrino eletrão

6 protões 7 protões
8 neutrões 7 neutrões

b+: 12
7 N  C  e 
12
6

Processos de decaimento radioativo
Mais alguns exemplos:

b:
- 32
15 P S  e  
32
16



b+: 23
11
Na1023Ne  e   
Processos de decaimento radioativo
• Enquanto no decaimento α praticamente toda a energia liberada, Q , vai para a
partícula , no decaimento  esta energia pode distribuir-se de diferentes
formas entre a energia do electrão (positrão) e do anti-neutrino (neutrino).

• Porém, os positrões apresentam uma energia cinética máxima igual a Q, no


caso em que os neutrinos saem com energia nula:

K el
max Q
Processos de decaimento radioativo
c) Decaimento gama
•O decaimento g acontece quando o núcleo radioativo esta no estado
excitado e decai para um estado de menor energia emitindo neste
processo um fotão.

•Este tipo de decaimento acontece geralmente depois de um


decaimento a ou b, quando o nuclido formado fica no estado excitado
e decai para o estado fundamental

• O decaimento g pode ser representado genericamente pela equação:


A
Z
X* X   A
Z
•Não há alteração do número atómico nem do número de massa.

•Os raio g libertados são eletricamente neutros.


Processos de decaimento radioativo
Exemplos:
226 222 4
88
Ra Rn He
86 2

222
86
Rn* Rn  
222
86

Co 2859Ni 10 e  


60
27

59
28 Ni* 2859Ni  

Decaimentos múltiplos e em cadeia
Alguns elementos instáveis transformam-se em estáveis através de um único
tipo de decaimento.

Por exemplo:

•37 Rb decai para Sr emitindo uma única partícula .


87 87
38


40
19
K decai para 40
18
Ar com uma única captura de electrão.


Outros isótopos radioativos sofrem decaimentos consecutivos até se tornarem
estáveis.

Por exemplo:
235
• 92
U decai para 207
82
Pb após a emissão de 7 partículas  e 6 partículas .


238
92
U decai para 206
82
Pb após a emissão de 8 partículas  e 6 partículas .
Decaimentos múltiplos e em cadeia

Série Radioactiva

Os isótopos com Z>83 são


normalmente instáveis e decaem
até Z=82.

Muitas vezes o decaimento


decorre através de sequências
específicas para cada isótopo
alternando decaimentos a e b.

Essas sequências recebem o nome


de séries radioativas.

Série Radioactiva do Urânio-238


Decaimento radioativo

A maioria dos núcleos conhecidos são instáveis e, portanto,


radioativos. Este núcleos emitem espontaneamente uma ou
mais partículas, transformando-se noutro nuclido.

A taxa à qual ocorre um processo de decaimento, numa


amostra radioativa, é proporcional ao número de nuclidos
radioativos presentes na amostra:

dN
  N
dt
Decaimento radioativo

Integrando de t = 0 (quando temos N0 núcleos radioativos


não desintegrados) a t (quando nos restam N núcleos):

dN  N 
  dt
N t
  ln   t
N0 N 0 N 0 

Logo,
 t
N N

0 e
Decaimento radioativo

Tempo de Meia Vida


Tempo necessário para que o número de núcleos radioativos, N, se reduza a
metade do valor inicial.

1  T
N (T1 / 2 )  N 0  N 0 e 12

2
Tomando o ln temos:

 T1 2  ln 2  
Decaimento radioativo
Tempo médio de vida
Tempo necessário para que N caia para 1/e do
valor inicial:
1
N ( )  N 0  N 0 e      1 
e
Observe ainda que temos a relação:
N0 / e
T1 2  ln(2)  0,693
• Não existe maneira de determinarmos qual nuclido
decairá num dado instante.

• Podemos apenas determinar a probabilidade deste 


decaimento ocorrer e, portanto, as taxas de
decaimento acima.
Decaimento radioativo

Atividade de uma amostra radioativa


Frequentemente chama-se de atividade, R, ao número de decaimentos por
unidade de tempo, ou seja, à taxa de decaimentos total de uma amostra.

A unidade para a atividade (no SI) é o becquerel :

1 becquerel = 1 Bq = 1 decaimento por segundo

Eventualmente utiliza-se também o curie, definido por:

1 curie = 1 Ci = 3,7 x 1010 Bq


Decaimento radioativo

Podemos também determinar diretamente a evolução da taxa de


decaimento
R = - dN/dt.

Derivando a equação anterior em relação ao tempo:

dN
R   N 0e   N
 t

dt
Logo, podemos definir:
t
R  R0 e


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