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CONVERSÃO DA ENERGIA E

MÁQUINAS ELÉTRICAS

PROFESSOR: Armando Souza Guedes


- Doutor em Engenharia Elétrica;
- Mestre em Engenharia Elétrica;
- Especialista em Equipamentos Elétricos e Instrumentação;

- Engenheiro Industrial Eletricista.


AULAS: 100 minutos
Terça-feira: 19:00 às 20:40
Sexta-feira: 19:00 às 20:40
ERE: Campus IFMG – Betim MG

SEJAM BEM VINDOS!


CONVERSÃO DA ENERGIA E
MÁQUINAS ELÉTRICAS

OBJETIVO:
Fornecer aos alunos os conhecimentos básicos necessários à disciplina
de Máquinas Elétricas, conhecendo e aplicando os princípios de
funcionamento como motores e geradores elétricos.

JUSTIFICATIVA:
Trata-se de disciplina de grande aplicação nos mais diversos setores
da indústria, estando ligada diretamente ao acionamento dos mais
diversos tipos de equipamentos e processos.
CONVERSÃO DA ENERGIA E
MÁQUINAS ELÉTRICAS
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
1 – Circuitos Magnéticos
1.1 - Circuitos Magnéticos Lineares
1.2 - Análise de Circuitos Magnéticos
1.3 - Circuitos Magnéticos Não-Lineares
1.4 - Circuitos Magnéticos com Entreferro
2 – Transformadores
2.1 - Tipos e Construção
2.2 - Transformador Ideal
2.3 - Operação de Transformadores Monofásicos Reais
2.4 - Circuito Equivalente: Ensaios
2.5 - Transformadores Trifásicos
3 – Máquinas de Corrente Contínua
3.1 - Fundamentos de Máquinas CC
3.2 - Armadura e Comutação em Máquinas CC
3.3 - Equações de Máquinas CC
3.4 - Construção de Máquinas CC
3.5 - Operação como Motor
3.6 - Operação como Gerador
CONVERSÃO DA ENERGIA E
MÁQUINAS ELÉTRICAS
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
4 – Fundamentos de Máquinas de CA
4.1 - Campo Magnético Girante em Máquinas CA
4.2 - Tensão Induzida em Máquinas CA
4.3 - Conjugado em Máquinas CA
4.4 - Fluxo e Perdas de Potência em Máquinas CA
4.5 - Regulação de Tensão e de Velocidade
5 – Motores de Indução Trifásicos (MIT)
5.1 - Construção de um MIT
5.2 - Circuito Equivalente do MIT
5.3 - Potência e Conjugado: Curva de Conjugado x Velocidade
5.4 - Variações nas Características de Conjugado
5.5 - Partida de MIT
5.6 - Determinação do Circuito Equivalente: Ensaios
5.7 - Especificações Nominais de um MI
CONVERSÃO DA ENERGIA E
MÁQUINAS ELÉTRICAS
- 2 AVALIAÇÕES TEÓRICAS: 2 x 30=60 PONTOS
- 6 Listas de Exercícios: 40 PONTOS

AVALIAÇÕES:
- Avaliação 01: Unidades 01, 02 e 03 (30 pontos)
- Listas 01, 02 e 03 (20 pontos) - Exercícios do final de
cada Unidade
Data: 07/05/2021
Valor: 30 pontos

- Avaliação 02: Unidades 04, 05 e 06 (30 pontos)


- Listas 04, 05 e 06 (20 pontos) – Exercícios do final de
cada Unidade
Data: 02/07/2021
Valor: 30 pontos
CONVERSÃO DA ENERGIA E MÁQUINAS ELÉTRICAS

Conversão da Energia e Máquinas Elétricas


N° Data Conteúdo
1 02/03 Apresentação da disciplina / Cronograma / Avaliações/ Circuitos Magnéticos
Lineares
2 05/03 Circuitos Magnéticos Lineares
3 09/03 Análise de Circuitos Magnéticos
4 12/03 Circuitos Magnéticos Não-Lineares
5 16/03 Circuitos Magnéticos com Entreferro
6 19/03 Transformadores: Tipos e Construção
7 23/03 Transformador Ideal
8 26/03 Operação de Transformadores Monofásicos Reais
9 30/03 Circuito Equivalente do Transformador: Ensaios
10 06/04 Transformadores Trifásicos
11 09/04 Fundamentos de Máquinas CC
12 13/04 Armadura e Comutação em Máquinas CC
13 16/04 Equações de Máquinas CC
14 20/04 Construção de Máquinas CC
15 23/04 Operação da Máquina CC como Motor
16 27/04 Operação da Máquina CC como Motor
17 30/04 Operação como Gerador
18 04/05 Aula Exercícios
19 07/05 Prova 01 – Listas 01, 02 e 03
CONVERSÃO DA ENERGIA E
MÁQUINAS ELÉTRICAS
20 11/05 Campo Magnético Girante em Máquinas de CA
21 14/05 Tensão Induzida e Conjugado em Máquinas CA
22 18/05 Fluxo e Perda de Potência, Regulação de Tensão e Velocidade em Máquinas CA
23 21/05 Fluxo e Perda de Potência, Regulação de Tensão e Velocidade em Máquinas CA
24 25/05 Construção de MIT
25 28/05 Circuito Equivalente de MIT
26 01/06 Circuito Equivalente de MIT
27 08/06 Potência e Conjugado: Curva de Conjugado x Velocidade de MITs
28 11/06 Variações nas Características de Conjugado: Partida de MITs
29 15/06 Variações nas Características de Conjugado: Partida de MITs
30 18/06 Determinação do Circuito Equivalente: Ensaios de MITs
31 22/06 Determinação do Circuito Equivalente: Ensaios de MITs
32 25/06 Especificações Nominais de um MIT
33 29/06 Aula de Exercícios
34 02/07 Prova 02 - Listas 04, 05 e 06
35 06/07 Correção Avaliações e Preparação para Exame Especial
36 13/07 Exame Especial
CONVERSÃO DA ENERGIA E
MÁQUINAS ELÉTRICAS

METODOLOGIA:
- Uso de aulas expositivas com recursos multimídia, discussões em
sala de aula com realização de trabalhos individuais e em equipe;

- Aulas de Simulações com MatLab – Simulink e resolução de


exercícios.
CONVERSÃO DA ENERGIA E
MÁQUINAS ELÉTRICAS

BIBLIOGRAFIA:
- Shapman, Stephen J.. Fundamentos de Máquinas Elétricas. 5ª
edição, AMGH Editora Ltda., 2013.

- Esse livro será adotado para resolução de exercícios em sala e das


listas.
CONVERSÃO DA ENERGIA E
MÁQUINAS ELÉTRICAS

UNIDADE 1:
CIRCUITOS MAGNÉTICOS
1. Circuitos Magnéticos Lineares
Definições:

 Um circuito magnético linear consiste em uma estrutura que, em sua


maior parte, é composta por um único tipo de material magnético de
permeabilidade constante, sem ocorrência de saturação.
 A presença de um material de alta permeabilidade tende a fazer com
que o fluxo magnético seja confinado aos caminhos delimitados pela
estrutura, do mesmo modo que, em um circuito elétrico , as correntes
são confinadas aos condutores.
 Permeabilidade Magnética é uma grandeza magnética,
representada por µ (letra minúscula grega), que permite quantificar o
a facilidade em que o campo magnético tem em se propagar no
material. A sua unidade é H/m (Henry por metro).
1. Circuitos Magnéticos Lineares
Definições:
 Permeabilidade magnética baixa é uma característica preferível
dos circuitos magnéticos lineares (permeabilidade não muda com a
intesidade do campo).
 A permeabilidade magnética no vácuo é dada por:
0  4 x107 H / m
 Para efeito de cálculo de permeabilidade magnética μr é utilizada:

r 
0
 A permeabilidade magnética μr dos materiais magnéticos, de
circuitos lineares, são representados por materiais diamagnéticos e
paramagnéticos, cuja a permeabilidade é praticamente constante
para qualquer valor de campo magnético H.
1. Circuitos Magnéticos Lineares

• Permeabilidades (μ0 permeabilidade do vácuo):


1. Circuitos Magnéticos Lineares

Figura 1- Circuito magnético simples.


1. Circuitos Magnéticos Lineares

 Consideremos o dispositivo da Figura 1, onde o núcleo é formado por


um material de permeabilidade magnética μ.

 Pela aplicação da lei de Ampère a este circuito tem-se:

(1)

 Considerando que H, intensidade do campo magnético, possui


módulo constante ao longo do caminho médio L, percorrido pelo
fluxo magnético ϕ, mostrado na figura tem-se:
(2)

(3)
1. Circuitos Magnéticos Lineares

• O produto NI é o responsável pela condução do fluxo no circuito


magnético, desempenhando o papel de uma fonte. Daí ele ser
conhecido por Força magneto motriz (Fmm).

• A relação entre a intensidade de campo magnético H e a densidade


de fluxo magnético B é uma propriedade do material, em que se
encontra o campo magnético, cuja relação é:

B  H (4)

Substituindo-se o valor de H, obtido na Equação (3), tem-se:

NI
B (5)
L
1. Circuitos Magnéticos Lineares

• O fluxo magnético ϕ que passa através da secção reta A, ao longo


do circuito magnético será:

  BA (6)

• Substituindo-se na Equação (6) o valor da densidade de fluxo B,


obtida na Equação (5), tem-se:

 NI  Fmm
 A A (7)
L L
1. Circuitos Magnéticos Lineares

• Ou ainda, o fluxo ϕ pode ser representada como:

Fmm
 (8)

• Onde o termo R do denominador é dada por:

 L (9)
A

• É chamado de Relutância do circuito magnético, que


representa a dificuldade imposta à circulação do fluxo
magnético.
2. Análise de Circuitos Magnéticos

• Considere agora o circuito elétrico da Figura 2 formado por um único


laço ou malha de corrente.

Figura 2 – Circuito elétrico simples.

• Para esse circuito elétrico tem-se a resistência R opondo-se à


corrente elétrica dada por:

R L (10)
A
2. Análise de Circuitos Magnéticos

Onde:

I V (11)
R
• Portanto, para a corrente elétrica, sendo V a Fem (Força eletromotriz)
responsável pela corrente I, tem-se:

Fem Fem
I  (12)
R L /( A)

• Pode-se então montar um circuito elétrico análogo ao circuito


magnético, conforme as correspondências entre as grandezas
magnéticas e elétricas apresentadas na Tabela 1.
2. Análise de Circuitos Magnéticos

Tabela 1 – Correspondência entre grandezas elétricas e


magnéticas


2. Análise de Circuitos Magnéticos
Resumo das Fórmulas:
a) Força Magneto Motriz (Fmm)

Fmm  NI  Hlm ( Ámpere espira  Ae)

Onde:
N  número de espiras;
I  corrente (A);
H  campo magnético (Ae / m);
lm  comprimento médio do núcleo magnético (m).

b) Fluxo Magnético no núcleo (ϕ)


  BA (Weber  Wb)
Onde:
B  densidade de fluxo magnético (Wb / m2 =Tesla "T" );
A  área do núcleo magnético (m2 ).
2. Análise de Circuitos Magnéticos
Resumo das Fórmulas:
c) Relutância (R)
lm
 ( Ae / Wb)
r 0 A
Onde:
lm  comprimento médio do núcleo magnético (m);
r 0  permeabilidade (H / m);
A  Área do núcleo (m 2 ).

d) Permeância (P)
1
P (Wb / Ae)

2. Análise de Circuitos Magnéticos
Resumo das Fórmulas:
e) Intensidade de Campo Magnético no Núcleo (H)
NI
H  H ( Ae / m)
lm

Onde:
N  número de espiras;
I  corrente (A);
lm  comprimento médio do núcleo magnético (m).

f) Densidade de Fluxo Magnético no Núcleo (B)


B  r 0 H (Wb / m 2 )

Onde:
r 0  permeabilidade (H / m);
H  campo magnético (Ae / m).
Exercício 1:

Para o dispositivo da Figura 1, tem-se uma corrente I = 5 A, através de N = 100


espiras, fazendo circular um fluxo magnético por um retângulo cujos
comprimentos médios da base e da altura são respectivamente 10 cm e 8 cm e
secção reta de 2 cm2, feito de um material de permeabilidade relativa
μr= 1000. Calcular:

a) a relutância do circuito magnético


b) a permeância do circuito magnético
c) a intensidade de campo magnético no núcleo
d) a densidade de fluxo magnético no núcleo
e) o fluxo magnético no núcleo
Solução 1:

a) Relutância do circuito magnético:

b) Permeância do circuito magnético:

c) Intensidade de campo magnético:

 
Solução 1:

d) Densidade do fluxo magnético no núcleo:

e) Fluxo magnético no núcleo:

 
Exercício 2:

Calcular o valor do fluxo magnético em cada ramo da estrutura magnética da


Figura 3. Dados: N = 500 espiras, I = 1,0 A, material 1 com μr1 = 200 e material 2
com μr2 = 100. Secão reta é igual a 4 cm2.

Figura 3 - Estrutura ferromagnética do exercício 2


Solução 2:

Circuito elétrico equivalente

2
Circuito magnético

Material 1: Material 2:

N .I  H1.l1 N .I  H 2 .l2
Solução 2:

No caso:

l1  l2  lm

lm  (5  5  5  5  2  2  2  2)cm  28 cm

N .I 500  1
H1    1785, 7 Ae / m
l1 0, 28
N .I 500 1
H2    1785, 7 Aesp / m
l2 0, 28
Solução 2:
Inducao magnética no braco esquerdo:

B1  r1 .0 .H1  200  4 107  1785, 7  0, 44022T

Inducao magnética no braco direito:

B2  r2 .0 .H1  100  4  107 1785, 7  0, 22436T

Fluxo magnético no ramo direito:

1  B1.A1  0, 44022  4.104  1, 76088 10 4 Wb


Fluxo magnético no braco esquerdo:

2  B2 .A 2  0, 22436  4.104  0,89744 10 4Wb


3. Circuitos Magnéticos Não-Lineares

• São considerados não lineares todos os circuitos magnéticos que


utilizem materiais ferromagnéticos, dotados de permeabilidade
magnética alta, tais como o ferro fundido, o aço silício, o aço fundido, a
ferrite etc.

• A maioria dos circuitos magnéticos de aplicação prática são não –


lineares, pois a permeabilidade dos materiais ferromagnéticos é
variável em função da indução ou densidade de fluxo magnético B no
núcleo.

• A Figura 4 ilustra a curva de magnetização em corrente contínua de


uma aço silício grão-orientado M-5 empregado na fabricação de
núcleos de transformadores e motores elétricos. Nota-se grande não-
linearidade entre a força de excitação (H) e a indução ou a densidade
de fluxo magnético (B) resultante.
3. Circuitos Magnéticos Não-Lineares

Figura 4 – Curva de magnetização ou BxH do aço silício M-5.


3. Circuitos Magnéticos Não-Lineares
• A Figura 5 mostra a curva de histerese magnética para o aço silício
grão orientado M-5.

• A curva, ou laço de histerese é obtida pela aplicação de uma tensão


alternada simétrica (mesmos valores de picos positivos e negativos).

• A área vista nas curvas mostram que existe um atraso (histerese) na


desmagnetização e magnetização do material, pois nem todos os
domínios magnéticos do material estão orientados na direção do
campo de excitação (campo H).

• Assim, nota-se que existe energia armazenda no material magnético.


Quanto maior a área do laço de histerese, maior a energia
armazenada, e maior é a energia necessária para magnetizá-lo em
sentido oposto.

• O processo cíclico de magnetização e desmagnetização leva ao


aquecimento do material, demosntrando que existe perda de energia.
3. Circuitos Magnéticos Não-Lineares

Figura 5 – Laços de histerese do aço silício M-5 (laço superior).


3. Circuitos Magnéticos Não-Lineares

Figura 5 – Laços de histerese do material magnético genérico.


Exercício 3:
As dimensões da estrutura magnética na Figura 6 estão indicadas na tabela
abaixo. O enrolamento de excitação possui 100 espiras. Determine a corrente
neste enrolamento para estabelecer um fluxo de 1.5x10-4 Wb. Despreze a
dispersão do fluxo magnético, considerando-o todo confinado ao núcleo. Utilize as
curvas de magnetização mostradas a seguir:

Figura 6 – Circuito magnético Figura 7 - Circuito elétrico análogo


Solucão 3:
A estrutura mostra um circuito com os dois materiais em série:

Fmm  N .I  H1.l1  H 2 .l2

1  2    1,5  104 Wb

  B1. A1  B2 . A2

Como A1 é igual a A2, tem-se:

 1,5 104
B1  B2    0,1Wb / m 2

A 15 104
Solucão 3:
Das curvas de magnetizacão temos:

a) Para o ferro fundido:

B1  0,1 Wb / m 2  H1  225 A.e / m


b) Para o aco - silício:

B2  0,1 Wb / m 2  H 2  35 A.e / m

Portanto, a corrente I será dada por:

H1.l1  H 2 .l2
I
N
H1.l1  H 2 .l2 225, 0, 2  35.0, 4
I   0,59 A
N 100
35A 225A
Exercício 4:
Considere a estrutura magnética em aço fundido mostrada na Figura 8. Para um
fluxo magnético de 1,5 x 10-4 Wb, qual é o valor de B nos pontos 1 e 2, dados que
S1 = 16 cm2, S2 = 20 cm2, L1 = 15 cm e L2 = 30 cm. Determine também a corrente
na bobina sabendo-se que ela possui 200 espiras.

Figura 8 – Circuito magnético do exercício 4


Solucão 4:

O fluxo magnético é o mesmo em qualquer secão. Logo:

  1  2
A inducão magnética na secão 1:

 1,5 104
B1   4
 0, 094T
A1 16 10

A inducão magnética na secão 2:

 1,5 104
B2   4
 0, 075T
A2 20 10
Solucão 4:

Da curva de magnetizacão para o aço fundido tem-se:

B1  0, 094T  H1  85 A.e / m
B2  0, 075T  H 2  65 A.e / m

Sabendo-se que:

N .I  H1.l1  H 2 .l2

H1.l1  H 2 .l2 85  0,15  65  0,3


I   0,16 A
N 200
65A 85A
4. FATOR DE EMPACOTAMENTO
OU FATOR DE LAMINAÇÃO
• Quando um material ferromagnético é colocado na presença de um
campo magnético variável no tempo, correntes parasitas (ou correntes
de Foucault) serão induzidas em seu interior, provocando perdas de
energia com o aquecimento do material.

• A redução deste fenômeno é obtida com o núcleo de dispositivos


eletromagnéticos construído com chapas ou lâminas de material
ferromagnético, isoladas entre si (por exemplo, com verniz), conforme
pode ser ilustrado na Figura 9.

Fig. 9 – Núcleo laminado


4. FATOR DE EMPACOTAMENTO
OU FATOR DE LAMINAÇÃO

• Assim, devido ao processo de empilhamento das chapas para


montagem do núcleo, a área efetiva do material ferromagnético,
Área_magnética atravessada pelo fluxo torna-se menor que a área
geométrica, Área_geométrica ocupada pelo núcleo. Pode-se então
definir um fator de empacotamento ke como sendo a relação:

Área _ magnética
ke  (13)
Área _ geométrica

 Outra razão de natureza prática para a laminação do circuito


magnético é a de facilitar a colocação das bobinas no dispositivo
visando à construção e a manutenção.

 A redução das perdas das correntes parasitas também se dá pelo


aumento da resistência elétrica do núcleo, pois a área que a
correntes atravessará será menor.
4. FATOR DE EMPACOTAMENTO
OU FATOR DE LAMINAÇÃO

• A Tabela 2 fornece alguns valores para o fator de empacotamento


em função da espessura da chapa ou lâmina utilizada.

Tabela 2 – Fator de empacotamento em função da espessura


da chapa.
Exercício 5:
Uma estrutura magnética é feita de um pacote em aço-silício com chapas de
0,25 mm, como mostrada na Figura 10. Determine a corrente que deve circular
no enrolamento com 500 espiras para estabelecer um fluxo de 9x10-4 Wb no
ramo direito da estrutura. Dados: L1 = L3 = 50 cm e L2 = 15 cm. A espessura das
lâminas é de e = 0,25 mm, e a área Área_geométrica = 25 cm2.

Figura 10 - Estrutura magnética do exercício 5.


Solução 5:
Dado: 3  9 x104 Wb
Como: 3  B3 .S3
Da Tabela 2, 0 fator de empacotamento é:
Malha 1: ke  0,90
Fmm  H1.l1  H 2 .l2 (I) Como:
Área _ magnética
Malha 2: ke 
Área _ geométrica
H 2 .l2  H 3 .l3 (II) Tem-se:
3 3 9 x104
Nó 1: 3  B3 .S3  B3   
S3 ke xAgeom 0,90 x 25 x104
1  2  3 (III) B3  0, 40Wb / m 2
Solução 5:
Da curva de magnetização para aço silício:
B3  0, 40Wb / m 2  H 3  60 A.esp / m
A partir da equação II na malha 2:
Malha 1: H 3 .l3
H 2 .l2  H 3 .l3  H 2 
l2
Fmm  H1.l1  H 2 .l2 (I)
60 x50 x102
 2
 200 A.esp / m
Malha 2: 15 x10
Da curva de magnetização para aço silício:
H 2 .l2  H 3 .l3 (II)
H 2  200 A.esp / m  B2  1, 07Wb / m 2
Nó 1:
2  B2 .S2  B2 .ke . Ageom
1  2  3 (III)
 1, 07 x0,90 x 25 x104
2  24, 08 x104Wb
Solução 5: Da equação III:
1  2  3  33, 08 x104 Wb
1
1  B1.S1  B1 
ke xAgeom

Malha 1: 33x104
  1, 47Wb / m 2

0,90 x 25 x104
Fmm  H1.l1  H 2 .l2 (I)
Da curva de magnetização para aço silício:
B1  1, 47Wb / m 2  H1  2750 A.esp / m
Malha 2:

Da equação I:
H 2 .l2  H 3 .l3 (II)
Fmm  H1.l1  H 2 .l2
Nó 1: Fmm  2750 x50 x102  200 x15 x10 2  1405 A.esp / m

1  2  3 (III)
Corrente no enrolamento:
Fmm 1405 A.esp / m
I   2,81A
N 500esp
4.1 CIRCUITOS MAGNÉTICOS COM
ENTREFERROS
• Alguns dispositivos eletromagnéticos, tais como instrumentos de
medidas, motores, relés etc, por serem constituídos de uma parte
fixa e outra móvel, possuem um espaço de ar, com comprimento Lg,
na sua estrutura magnética.

• Este espaçamento ou interstício promove o acoplamento entre as


partes sob o ponto de vista magnético para que o fluxo se
estabeleça por um caminho fechado. A este espaço é dado o nome
de “entreferro" (ou "air gap" em inglês). A Figura 10 mostra um
exemplo de entreferro num circuito magnético.

Figura 11 - Estrutura magnética com entreferro.


4.1 CIRCUITOS MAGNÉTICOS COM
ENTREFERROS
• Ao cruzar o entreferro, o fluxo magnético sofre um fenômeno chamado
de dispersão (frangeamento, espalhamento, efeito de bordas),
conforme pode ser visto da Figura. 11. Isto faz com que a área efetiva
por onde passa o fluxo se torne maior que a área A geométrica do
entreferro. Campo magnético em um entreferro: L
g

Fig. 11 – Dispersão do fluxo magnético.

• Seja uma área de secção reta A = a x b retangular e o entreferro de


comprimento Lg. Então, de uma forma prática, pode-se calcular a
área aparente ou efetiva do entreferro Ag, através da relação:

Ag  (a  lg ) x(b  lg ) (14)
Exercício 6
Vamos investigar a influência de um entreferro sobre um circuito magnético.
Imagine uma estrutura retangular em aço silício, com seção reta de 5 cm x 2 cm,
comprimento médio de 50 cm, excitada por uma bobina de 100 espiras.
Determinar os valores de corrente necessários para que sejam estabelecidos
fluxos magnéticos de 3x10-4 Wb, 6x10-4 Wb e 9x10-4 Wb. Em seguida, admita um
entreferro de 1 mm na estrutura e refaça os cálculos para encontrar os mesmos
valores de fluxo. Analise os resultados.
Solução 6:
2) Para  
Sem entreferro:
 

1) Para  
 
  
 

Da curva de magnetização do aço-


silício:
3) Para  
 
 
O valor da corrente será:

 
 
 
Com entreferro:
 
Área efetiva do entreferro:
 

2) Para  
1) Para  

  
 

 
 

A nova corrente com entreferro será


dada por:  

 
Com entreferro:
A partir dos resultados pode-se
observar que:
3) Para  
a) Para se obter os mesmos
valores de fluxo, com a introdução
  do entreferro, é necessário um
aumento muito grande nos valores
da corrente.

b) Praticamente toda a Fmm é


 
utilizada para vencer o entreferro
(torna-se mais acentuado quanto
maior o entreferro)

  c) A introdução do entreferro
tornou o circuito magnético
(material magnético + entreferro)
praticamente linear.
Exercício 7
Considere uma estrutura magnética construída com chapas de aço silício, com
fator de empacotamento 0,90. As dimensões da seção transversal do núcleo são 5
cm e 6 cm. O comprimento médio do caminho do fluxo é 1 m. Determine a Fmm
para estabelecer um fluxo de 25x10-4 Wb no entreferro, cujo comprimento tem 5
mm.
Solução 7:

Indução magnética no entre ferro:

   

Intensidade do campo magnético no entre ferro:

Indução magnética no núcleo:


   
Solução 7:

Da curva de magnetização para aço silício:

Força Magneto Motriz (Fmm):

Note que a Fmm para o entreferro é de 2785 A.esp!!!


Lista de Exercícios Unidade 1- Circuitos Magnéticos
(Livro Máquinas Elétricas - Chapman)
OBRIGADO PELA ATENÇÃO!
Prof. Armando Souza Guedes

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