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PREVIDENCIÁRIO
LUIZ GUSTAVO BOIAM PANCOTTI
ADVOGADO,
CONSULTOR JURÍDICO,
PROFESSOR UNIVERSITÁRIO,
ESPECIALISTA EM DIREITO PROCESSUAL – PUC/SP, E
MESTRE EM DIREITO DIFUSOS E COLETIVOS – UNIMES
DOUTORANDO EM DIREITO PREVIDENCIÁRIO NA PUC/SP
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BALERA, Wagner. Noções Preliminares de Direito Previdenciário. Atualizado com a Reforma
Previdenciária. Editora Quartier Latin do Brasil. São Paulo. 2004.
CUTAIT NETO, Michel (org.); BALERA, Wagner (colab.). Contribuições sociais em debate. Leme: JH
Mizuno, 2003.
HORVATH JUNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 6ª Edição. Editora Quartier Latin do Brasil. São
Paulo.2006.
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 21º Edição. São Paulo. Atlas. 2005.
MARTINEZ, Waldimir Novaes. Comentários à lei básica da previdência social. 7ª Edição. São Paulo:
LTr, 2006.
RUSSOMANO, Mozart Victor. Curso de Previdência Social. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Forense, 1988.
CARÊNCIA
Conceito e Natureza Jurídica
Diante da seguridade social, a carência é conceito afeto apenas à Previdência Social.
Não há que se falar em carência na Saúde e na Assistência Social, pois são sistemas que independem de
contribuição.
Mesmo com a filiação ao RGPS durante um lapso de tempo os beneficiários não tem direito a determinadas
prestações, em razão de ainda não terem pago o número mínimo de contribuições mensais.
Celso Barroso Leite: é o período durante o qual o segurado, apesar de estar contribuindo, ainda carece do
direito aos benefícios.
A Carência que é o período de tempo em que o segurado paga a sua contraprestação mas que a Previdência
Social não está obrigada a dar cobertura se ocorrer o evento danoso.
CARÊNCIA
Conceito e Natureza Jurídica
O Decreto nº 48.959/60 (antigo Regulamento da Previdência Social) definia
o período de carência como o lapso de tempo durante o qual os
beneficiários não tem direitos a determinadas prestações, em razão de ainda
não haverem pago o número mínimo de contribuições mensais exigidos
para este fim.
Segurado empregado e avulso a partir da filiação - início da prestação de serviço – nos termos dos
artigo 27, inciso I da LBPS.
As contribuições devem ser mensais. Exemplo: carência de 12 meses deve ser paga
em 12 meses; não é permitido pagar contribuições atrasadas ou antecipar o
recolhimento de contribuições futuras para suprir período de carência.
I – 12 (doze) contribuições mensais: para o auxílio doença, a aposentadoria por invalidez, a pensão
por morte, o auxílio reclusão e o auxílio natalidade;
II – 60 (sessenta) contribuições mensais: para as aposentadorias por velhice, por tempo de serviço e
especial.
b) o auxílio doença ou aposentadoria por invalidez para o segurado que , após a filiação à Previdência
Social urbana, é acometido de tuberculose ativa, lepra, alienação mental, neoplasia malígna, cegueira,
paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose
anquiliosante, nefropatia grave ou estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante), bem como
a pensão por morte aos seus dependentes.
Se a causa for doença relacionada com o trabalho (doença profissional ou doença do trabalho),
dispensa-se a carência.
Dispensa-se também a carência se o segurado for portador de moléstia grave. O artigo 151 da
Lei n. 8.213/91 traz o rol das moléstias graves; esse rol elaborado pelos Ministérios da Saúde, do
Trabalho e da Previdência e Assistência Social, a cada três anos, por meio de portaria conjunta,
de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência, ou outro fator que
lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado. Portaria
Interministerial 2.998 – MS/MPAS de 23.08.2001. Exemplo: AIDS, cegueira total, hepatopatia
grave, etc.
O segurado facultativo, para que seja considerado filiado ao sistema, deve ter contribuído pelo
menos uma vez. Ressalta-se que essa contribuição não diz respeito à carência, mas sim ao
aperfeiçoamento da sua filiação ao Regime Geral de Previdência.
CONTINUAÇÃO...
APOSENTADORIA POR IDADE,
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
APOSENTADORIA ESPECIAL
Todavia, para se definir a carência destas aposentadorias, deve-se primeiramente indagar se o segurado
era filiado à Previdência Social até 24.07.1991, hipótese em que será aplicada a regra transitória do
artigo 142 da LBPS.
Deve-se observar, nesses três casos, a tabela progressiva do artigo 142 da Lei n. 8.213/91, aplicável
àqueles que já eram segurados da previdência quando da publicação da Lei 8.213/91, que é de 27 de
julho de 1991. Para o ano de 2005, a carência para esses benefícios é de 144 contribuições mensais.
A cada ano a carência aumenta em 6 contribuições. No ano 2011, chegará ao número de 180
contribuições mensais, patamar no qual se estabilizará.
REGRA DE TRANSIÇÃO
A carência das aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial para os segurados inscritos na
previdência social urbana até 24 de julho de 1991, bem como para os trabalhadores e empregadores rurais
amparados pela previdência social rural, obedecerá à seguinte tabela, levando-se em conta o ano em que o
segurado implementou todos as condições necessárias à obtenção do benefício:
ANO Nº CONTRIBUIÇÕES
1991 60 MESES
1992 60 MESES
1993 66 MESES
1994 72 MESES
1995 78 MESES
.... ...
2011 180 MESES
A tabela de transição visa adequar os níveis de carência anteriormente previstos aos níveis previstos
atualmente pela legislação previdenciária. A legislação anterior à Lei 8.213/91 previa como maior período de
carência 60 meses, enquanto a atual prevê como maior carência 180 meses. Assim, através da tabela de
transição vai-se adequando, paulatinamente, as duas previsões até que em 2011 tenhamos apenas uma regra
acerca do período de carência. A tabela de transição parte da carência de 60 meses para quem implementou as
condições as condições no ano de 1991 até chegar à unificação das regras referentes ao período de carência
para quem implementar as condições para concessão da prestação previdenciária em 2011 (180
contribuições).
CONTINUAÇÃO...
SALÁRIO-MATERNIDADE
Bastam os segurados ou dependentes serem filiados para receberem o benefício. Isto quer dizer, basta a
condição de segurado do RGPS. Na última hipótese devem o segurado especial e/ou trabalhador rural
comum comprovar essa sua condição nos meses imediatamente anteriores ao requerimento dos benefícios
previstos naqueles artigos, por período igual ao exigido como carência para prestação.
Exemplo: o segurado especial não precisa provar que contribuiu doze meses para ter direito ao
auxílio-doença, no valor de um salário mínimo; basta provar que exerceu essa atividade nos doze
meses anteriores ao requerimento da prestação, ainda que de forma descontínua.
CURIOSIDADES SOBRE CARÊNCIA...
Para o segurado especial, considera-se período de carência o tempo mínimo de efetivo exercício de atividade
rural, ainda que de forma descontínua, igual ao número de meses necessário à concessão do benefício
requerido.
Será considerado, para efeito de carência, o tempo de contribuição para o Plano de Seguridade Social do
Servidor Público anterior à Lei nº 8.647, de 13 de abril de 1993, efetuado pelo servidor público ocupante de
cargo em comissão sem vínculo efetivo com a União, autarquias, ainda que em regime especial, e fundações
públicas federais.
O período em que esteve em gozo de auxílio-acidente não pode ser computado como carência ou tempo de
serviço (art. 55, II, LB).
Não é computado para efeito de carência o tempo de atividade do trabalhador rural anterior à competência
novembro de 1991.
Por exemplo:
Contudo, existem decisões em sentido contrário, entendendo que o segurado que perde essa
condição deve cumprir 180 contribuições, sendo permitida a contagem das anteriores desde que
sejam vertidas 60 contribuições após a “nova filiação”:
Portanto, as informações trazidas pelo C.N.I.S. pouco importa se não trouxer todos os registros em
CTPS. Assim, o vínculo empregatício provado através do registro em CTPS é prova suficiente da
contribuição, ainda que não constem do CNIS, conforme aduz o Decreto 3048/99 a seguir
colacionado:
Art. 19. A anotação na Carteira Profissional ou na Carteira de Trabalho e Previdência Social e, a partir de 1o de
julho de 1994, os dados constantes do Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS valem para todos os
efeitos como prova de filiação à Previdência Social, relação de emprego, tempo de serviço ou de contribuição e
salários-de-contribuição e, quando for o caso, relação de emprego, podendo, em caso de dúvida, ser exigida pelo
Instituto Nacional do Seguro Social a apresentação dos documentos que serviram de base à anotação. (Redação
dada pelo Decreto nº 4.079, de 2002).
Período de Graça, portanto, é aquele período em que, mesmo sem contribuir e/ou sem
exercer atividade que o vincule obrigatoriamente à previdência, o segurado mantém seu
vínculo com o Sistema, com todos os direitos inerentes a essa condição.
Exemplos: Quem está recebendo auxílio-doença não está contribuindo, mas este período, apesar
de não haver contribuição, é contado como se tivesse ocorrido. Quem trabalha, mas vai prestar o
serviço militar. Durante três meses, após o término do serviço militar, o segurado encontra-se no
Período de Graça; o preso tem um Período de Graça de 12 meses após o livramento.
ARTIGO 15, DA LEI 8.213/91
Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:
II – Até doze meses após a cessação do benefício por incapacidade ou após a cessação das
contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela
Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração;
III – até doze meses após cessar a segregação, segurado acometido de doença ou segregação
compulsória;
VI – até três meses, após o licenciamento, o segurado incorporado as forças armadas para prestar
serviço militar.
QUEM ESTÁ EM GOZO DE BENEFÍCIO
O inciso I determina que aquele que está em gozo de qualquer benefício previdenciário não perde a
qualidade de segurado. Se ele estava recebendo aposentadoria e vem a falecer, o dependente terá
direito à pensão porque o falecido ainda era segurado.
No caso de auxílio-acidente?
Como ele é encerrado com o óbito do segurado (86, § 1º, da LB) e o seu percebimento pressupõe que
o trabalhador ainda possuía capacidade laborativa, embora reduzida, não há como transformá-lo em
pensão.
Para que o segurado venha a requerer outro benefício com base neste artigo em virtude de fato
posterior, tem que ser benefício que pressuponha a exclusão do trabalhador, mesmo que
temporariamente, do mercado de trabalho (auxílio-doença ou aposentadoria), já que o período em
que esteve em gozo de auxílio-acidente não pode ser computado como carência ou tempo de serviço
(art. 55, II, LB).
CONTINUAÇÃO...
Se não requereu o auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez ou a administração
cancelou-o indevidamente, mas faz prova de que fazia jus, também não perde esta
qualidade.
É o exemplo de alguém que esteve doente, incapacitado para o trabalho, mas não
requereu auxílio-doença, ou perícia administrativa conclui pela capacidade e em juízo ele
prova que não estava apto para o trabalho desde antes da perda da qualidade de segurado.
O RPS estendeu este dispositivo àqueles que se desvinculam de regime próprio de previdência social
(art. 13, § 4º).
Este prazo de 12 meses poderá ser prorrogado quando (art. 15, §§ 1º e 2º):
+ 12 meses quando o segurado obrigatório já tiver pago mais de 120 contribuições mensais sem interrupção
que acarrete a perda da qualidade de segurado;
+ 12 meses quando segurado desempregado, desde que comprove esta situação por registro no órgão próprio
do MTE ou SINE. Como muitas vezes ele nem sabe que tem este direito, o registro não é feito. Por isto, temos
entendido que para fazer jus a esta prerrogativa, basta a comprovação da rescisão do contrato de trabalho na
CTPS, com o comprovante de recebimento do seg-desempreg.
SEGREGAÇÃO COMPULSÓRIA
A doença de segregação compulsória é aquela que exige um afastamento obrigatório da pessoa
normal do convívio social comum. O artigo 151 da LBPS exemplifica as doenças, tais como:
tuberculose ativa; hanseníase; alienação mental; neoplasia maligna; cegueira; paralisia
irreversível e incapacitante; cardiopatia grave; doença de Parkinson; espondiloartrose
anquilosante; nefropatia grave; estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante);
síndrome da deficiência imunológica adquirida-Aids; e contaminação por radiação, com base
em conclusão da medicina especializada.
O inciso III deixa claro que o segurado acometido de doença de segregação compulsória
mantém a qualidade de segurado por até 12 meses após cessar a segregação.
Com efeito, se o segurado não exerce atividade remunerada a sua permanência no RGPS é
meramente deliberativa, sendo que a interrupções de sua permanência ocorrera por sua livre e
espontânea vontade.
Se o Poder Executivo não legisla diretamente por meio de Medidas Provisórias, pode influir
decisivamente na elaboração de leis em proveito próprio ou editar orientações administrativas
incorretas.
Tanto assim, que o próprio órgão estatal em afronta direta à norma Constitucional que proíbe a
expedição de decreto ou instrução normativa autônoma (art. 84, VI, CF), estabelece no artigo 4º, 5º, §
2º, da IN 95/03 a natureza suspensiva dos prazos:
Art. 4º. A contagem do prazo para a perda da qualidade de segurado, para o recolhido à prisão, será suspensa no
“período de graça”, devendo, porém, ser reiniciada a partir da fuga, se houver.
Art. 5º, § 2º. A ocorrência da percepção de benefício por incapacidade, após a interrupção das contribuições,
suspende a contagem do prazo para perda da qualidade de segurado, reiniciando-se após a cessação do
benefício.)
CONTAGEM DO PRAZO DO PERÍODO DE
GRAÇA
Dispõe o § 4º do artigo 15 que: “A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao
do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da
contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste
artigo e seus parágrafos”.
Por exemplo, o preso que é libertado em fevereiro. Tem doze meses para voltar a contribuir.
Este prazo esgota-se em março. Mas a contribuição de março só é recolhida em abril.Então até
abril do ano seguinte deve ter voltado a contribuir, seja na qualidade de segurado obrigatório ou
facultativo. O RPS (art.14 – que fixa expressamente o dia 16) unificou o prazo para todos os
segurados, levando em conta o prazo dos contribuintes individuais, facultativos e empregados
domésticos (dia 15 de cada mês).
Segurado em 31 de dezembro de 2010 perde o emprego após 12 anos de trabalhar para uma
única empresa ininterruptamente. A partir de que dia ele perderá a qualidade de segurado do
INSS?
ARTIGO 102 DA LBPS
REDAÇÃO ANTIGA:
REDAÇÃO ATUAL:
§ 2º Não será concedida pensão por morte aos dependentes do segurado que falecer
após a perda desta qualidade, nos termos do art. 15 desta Lei, salvo se preenchidos os
requisitos para obtenção da aposentadoria na forma do parágrafo anterior.(Incluído
pela Lei 9.528, de 1997)
ART. 102 - LBPS C.C. ART. 3º - LEI 10.666/03
A perda da qualidade de segurado após preenchidos todos os requisitos para
usufruir de aposentadoria ou pensão não extingue o direito a esses
benefícios (art. 102, Lei n° 8213/91). Desta maneira, se o segurado
completar carência e idade para usufruir de aposentadoria por idade, mas
não requerê-la e ocorrer a perda da qualidade de segurado, posteriormente
poderá requerer o benefício, ainda que sem efeitos financeiros retroativos.
Art. 3º. A perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão das
aposentadorias por tempo de contribuição e especial.
§ 1o Na hipótese de aposentadoria por idade, a perda da qualidade de segurado não será
considerada para a concessão desse benefício, desde que o segurado conte com, no mínimo, o
tempo de contribuição correspondente ao exigido para efeito de carência na data do
requerimento do benefício.
Nesta última hipótese, o segurado, quando completar a idade, deverá contar com, no mínimo, o
tempo de contribuição exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício.
O valor desta aposentadoria seguirá o disposto no artigo 3º, caput e § 2º, da Lei 9.876/99, ou,
não havendo salários de contribuição recolhidos no período a partir de julho de 1994, será de
um salário mínimo.
DEBATES
PERGUNTAS
Qual a resposta correta que o Poder Judiciário deverá dar neste caso?