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Abdicação do trono e

Período Regencial

Prof. Aloan Sobral


O Período Regencial (1831 – 1840) caracteriza um período de grande conturbação no
Brasil e intermeia o Primeiro Reinado, governado por D. Pedro I e o Segundo
Reinado, governado por seu filho, D. Pedro II.

Na sequência de vários problemas enfrentados pelo império


de D. Pedro I e, no momento em que o imperador perde a
sua popularidade, decide adjudicar ao trono. Nessa altura,
porém, o seu herdeiro – D. Pedro II não podia governar pois
se tratava de uma criança com apenas 5 anos de idade. A
solução era formar uma Regência até que D. Pedro II
atingisse a maioridade.
O Período Regencial pode ser dividido em:

Regência Trina Provisória (Abril a Julho de


1831);

Regência Trina Permanente (1831 a 1834);

Regência Una do Padre Feijó (1835 – 1837);

Regência Una de Araújo Lima (1837 – 1840).


Padre Feijó
Araújo Lima
Grupos políticos do Período Regencial:

Liberais moderados (também conhecidos como


ximangos) – Esses defendiam o centralismo político,
a monarquia;

Liberais exaltados (também conhecidos como


farroupilhas) – Defendiam a revisão da política e
fim da monarquia;

Restauradores (também conhecidos como


caramurus) – Eram contrários à reforma política e
eram a favor do regresso de D. Pedro I.
Dom Pedro I havia abdicado em favor do seu filho que tinha apenas
cinco anos. Por isso, foi instituída a regência para governar o País.
Contudo, várias províncias não estavam satisfeitas com o poder
centralizado e desejavam ter mais autonomia. Algumas, inclusive,
queriam separar-se do Império do Brasil. Insurreições como a
Farroupilha, Balaiada e Sabinada, explodiram em todo território
brasileiro.
Revoltas do Período Regencial
Cabanagem, na Província do Grão-Pará (1835 – 1840);

Guerra dos Farrapos (ou Revolução Farroupilha), na Província de


São Pedro do Rio Grande do Sul (1835 – 1845);

Revolta dos Malês, Província da Bahia (1835);

Sabinada, na Província da Bahia (1837 – 1838);

Balaiada, na Província do Maranhão (1838 – 1841).


Cabanagem (1835-1840)

Grão Pará
Curiosamente, o nome deste movimento é um termo pejorativo
e se refere às habitações típicas da província, construídas como
"cabanas" ou "palafitas".
As disputas políticas e territoriais, motivadas pelas elites
do Grão-Pará;

as elites provinciais queriam tomar as decisões político-


administrativas da província;

descaso do governo regencial para com os habitantes do


Grão-Pará;

os cabanos, por sua parte, queriam melhores condições de


Causas

vida e trabalho.
A luta na praça da Sé foi uma das mais sangrentas da Cabanagem
Embora a perseguição tenha sido violenta, alguns revolucionários
conseguiram escapar e fugiram para a floresta, o que permitiu a
sobrevivência dos ideais da cabanagem mesmo após sua derrota.

A Cabanagem deixou uma carnificina de mais de trinta mil


mortos quase 30 a 40% de uma população da província. Dizimou
populações ribeirinhas, quilombolas, indígenas, bem como
Consequências

membros da elite local.

Também desorganizou o tráfico de escravos e os quilombos se


multiplicaram na região
Curiosidades
As mulheres foram fundamentais na
Cabanagem, pois eram elas que levavam
informações e comida para o bando revoltado.

A Cabanagem foi uma das poucas revoltas do


período regencial que congregou várias classes
sociais.

Em Belém existe o Memorial da Cabanagem


que abriga os restos mortais dos líderes da
revolta.

Em 2016, a Cabanagem inspirou um musical,


escrito por Valdecir Manuel Affonso Palhares e
com música de Luiz Pardal e Jacinto Kahwage.
Guerra dos Farrapos (1835-1845)
Teve início durante a regência de Feijó e só terminou no Segundo
Reinado. Foi favorecida pelo caráter militarizado da sociedade
rio-grandense, organizada em meio a lutas fronteiriças, desde a
época da Colônia de Sacramento.
foi promovida pela classe dominante gaúcha, constituída de
estanceiros, donos de grandes propriedades rurais usadas para criação
de gado, indignados com os elevados impostos territoriais, além de
altas taxas sobre as exportações de charque, couro e sebos.

Além disso, as ideias republicanas e federativas encontravam muita


receptividade entre os rio-grandenses, estimulados pelas vizinhas
Repúblicas Platinas.

Agravando a situação, em 1835, o regente Feijó nomeou o moderado


Antônio Rodrigues Fernandes Braga como presidente da província, o
Causas

que não foi aceito pelos gaúchos. Na Assembleia Provincial tornou-se


cada vez mais viva a oposição ao presidente Fernandes Braga.
Depois de várias derrotas, em 1845, os rebeldes aceitaram a proposta
de paz, oferecida pelo governo, que incluía algumas vantagens:
anistia, incorporação dos oficiais farroupilhas ao exército imperial,
libertação dos escravos que haviam lutado ao lado dos farroupilhas,
devolução das terras que havia tomado dos rebeldes, diminuição dos
impostos naquela província e aceitar o fortalecimento da Assembleia
provincial.

Bento Gonçalves
Revolta dos Malês ( 1835)
A Revolta dos Malês, ocorrida em Salvador, Província da Bahia, na
noite de 24 de janeiro de 1835, durante o Brasil Império, mais
precisamente durante o Período Regencial (1831 a 1840), representou
uma rápida rebelião organizada pelos escravos de origem islâmica
(sobretudo das etnias hauçá e nagô), os quais buscavam
principalmente a liberdade religiosa, contudo foi reprimida pelas
tropas imperiais.
A data em que ocorreu o Levante dos Malês, foi escolhida
pelos líderes, de forma que representava o período mais
importante para os muçulmanos denominado “Ramadã”,
em que ocorrem muitas preces e jejuns. Assim, a revolta
aconteceu exatamente dia 25 de janeiro, no final do mês
de jejum.

Mala Abubaker, é o escravo que escreveu o plano de


ataque da Revolta dos Malês.
Curiosidades

Durante a Revolta dos Malês, somente na cidade de


Salvador, existiam aproximadamente 27.500 escravos, ou
seja, cerca de 42% da população.

No levante dos Malês, alguns escravos utilizaram técnicas


de luta da capoeira.
Sabinada ( 1837-1838)
A Sabinada foi um levante armado ocorrido na província da Bahia. O
nome do movimento se deve a seu líder, Francisco Sabino Álvares da
Rocha Vieira, republicano, médico, jornalista e revolucionário
federalista.

Francisco Sabino
Insatisfação diante da falta de autonomia política e administrativa
da província, pois aos olhos dos revoltosos, o governo regencial era
ilegítimo.
Causas

o recrutamento obrigatório imposto aos baianos em função da


Guerra dos Farrapos.
A intenção dos revoltosos era apenas constituir uma “República
Bahiense” até D. Pedro II alcançar a maioridade. Portanto, sua
insatisfação foi estritamente dirigida ao governo regencial.

Além disso, é preciso notar que a Sabinada não pretendia romper com
a escravidão, pois desejava o apoio das elites escravocratas, o que não
ocorreu.

Entretanto, isso afastou a população escrava, a qual não foi convencida


Características

pela promessa de concessão de liberdade aos que lutassem e


apoiassem o governo republicano.

Desta maneira, o levante contou com a adesão das camadas médias


urbanas, principalmente oficiais militares, funcionários públicos,
profissionais liberais, comerciantes, artesãos e uma parcela das
camadas mais pobres da população.
Consequências
Com a ajuda do exército e de milícias locais, as forças governamentais
reconquistaram a cidade. A revolta foi duramente reprimida e deixou um
saldo de aproximadamente duas mil mortes e três mil prisões.

Os principais líderes do movimento foram condenados à pena de morte ou


prisão perpétua e alguns foram de fato executados e degredados.
Ainda houve quem conseguisse fugir e se juntar à Revolução Farroupilha.
Balaiada (1838-1841)
A Balaiada foi uma luta popular que sucedeu na província do
Maranhão . A revolta surgiu como um levante social por melhores
condições de vida e contou com a participação de vaqueiros,
escravos e outros desfavorecidos. O nome dessa luta popular provém
dos "balaios", nome dos cestos fabricados na região.
As principais causas da Balaiada estão ligadas à pobreza da
população da província maranhense, bem como sua insatisfação
diante dos desmandos políticos dos grandes fazendeiros da região.

Estes lutavam pela hegemonia política e não se importavam com a


miséria da população, a qual ainda sofria com as injustiças e abuso
de poder pelas autoridades.
liberais, que apoiaram indiretamente
Bem-te-vis
os balaios no início da revolta;
Elites

conservadores, que estiveram


Cabanos
contra aos balaios.

Enquanto os dois partidos lutavam pelo poder na província, a


crise econômica se agravou ainda mais pela concorrência do
algodão norte-americano. Isso provocou uma situação
insustentável entre as elites e a população carente.
Curiosidades

Atualmente, no município de Caxias, existe o Memorial da


Balaiada, inteiramente dedicado à história da rebelião.
O Período Regencial termina
com o Golpe da Maioridade, esse
fato fica para a próxima aula...
Esse e outros slides utilizados nas
aulas podem ser baixados a
partir do QR-CODE ao lado.
Também inclui material extra
como textos e livros.
FIM!

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