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Universidade Estadual do Rio Grande do Sul

Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologias

Avaliação de Impactos Ambientais

Prof. Dr. Maurizio Silveira Quadro


O que é Impacto Ambiental ?

Para que serve o Impacto Ambiental ?

É afinal para que eu tenho que aprender está joça


? E ainda nas férias ......
Origens da Avaliação do Impacto Ambiental

A crescente consciência de que o sistema de aprovação


de projetos não podia considerar apenas aspectos
tecnológicos e de custo-benefício, excluindo aspectos
relevantes como questões culturais e sociais e a
participação de comunidades, inclusive daquelas
diretamente afetadas pelo projeto, levou os EUA a uma
legislação ambiental que culminou com a implantação do
sistema de Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Através do
PL-91-190: “National Environmental Policy Act” (NEPA) -
Ato Nacional de Política Ambiental de 1969, que começou
a vigorar em 01 de janeiro de 1970.
Origens da Avaliação do Impacto Ambiental

A NEPA apareceu como instrumento de uma Política


Ambiental.

Foi formulado graças a pressão de ambientalistas,


sociedade civil e órgãos ambientais.

Grande mérito foi alterar o conceito de


qualidade de vida
Histórico

 Esse sistema nasceu, portanto, para monitorar os


conflitos que surgiram entre manter um ambiente
saudável e o tipo de desenvolvimento.

 Nasceu da consciência de que era melhor prevenir


os impactos possíveis que seriam induzidos por um
projeto de desenvolvimento do que, depois,
procurar corrigir os danos ambientais gerados.
Evolução

Período Tendências e Inovações


Antes de Projetos baseados em estudos econômicos e de
1970 engenharia com limitada consideração de
conseqüências ambientais.

1970 – 1975 Começo da AIA, enfocando principalmente a


identificação, predição e mitigação de efeitos biofísicos.
Oportunidades para participação publica.

1975 – 1980 Avaliação ambiental multidimensional, incorporando


avaliação dos impactos sociais e analise de risco.
Participação publica forma parte integral. Maior ênfase
na justificativa e nas alternativas do projeto.

1980 – 1985 Esforços para ampliar o uso de AIA de projetos em


políticas de planejamento. Desenvolvimento
metodológicos de ações de monitoramento
Evolução

Período Tendências e Inovações

1985 – 1990 Marcos científicos e institucionais da AIA começam a


ser repensados sob o paradigma da sustentabilidade.
Ampliam-se preocupações com impactos regionais e
cumulativos.

1990 - Avaliação de impacto social na elaboração de políticas,


planos e programas .
AIA no Brasil

 AIA foi introduzido em 1980, pela Lei n. 6.803, que


dispõe sobre as diretrizes básicas para zoneamento
industrial nas áreas críticas de poluição.
 1981 foi instituído a Política Nacional de meio
ambiente.
 Resolução do CONAMA n. 001/1986 estabeleceu as
definições, responsabilidades, critérios básicos e
diretrizes gerais para o uso e implementação da AIA,
como um dos instrumentos de políticas ambientais.
Art. 1o da Resolução Conama n.001/86

Define impacto ambiental como: Qualquer alteração das


propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das atividades humanas que, direta ou
indiretamente, afetam:

I) a saúde, a segurança e o bem – estar da população.


II) as atividades sociais e econômicas.
III) a biota.
IV) as condições estéticas do meio ambiente.
V) a qualidade dos recursos ambientais.
Art. 2o da Resolução Conama n.001/86

Estabelece quem deve fazer este tipo de avaliação .....


Licenciamento X EIA

A Lei Federal 6938/81 e sua regulamentação,


estabeleceu ligação entre o licenciamento ambiental e o
estudo de impacto ambiental, de tal modo que o
licenciamento de atividade poluidora depende da
aprovação do RIMA pelo órgão ambiental estadual
competente (...)
Sistema de Licenciamento

Licença Prévia (LP) - na fase preliminar do


planejamento, contendo requisitos básicos a serem
atendidos nas fases de localização, instalação e
operação, observados os planos municipais, estaduais
ou federais de uso do solo.
Licença de Instalação (LI) - autoriza o início da
implantação, de acordo com as especificações
constantes no projeto executivo aprovado.
Licença de Operação (LO) - autoriza, após as
verificações necessárias, o início da atividade
licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de
controle de poluição, de acordo com o previsto nas
Licenças Prévia e de Instalação (LP e LI).
EIA X RIMA

EIA: pesquisa da literatura legal e técnica, trabalhos de


campo, análises. Indica vantagens e conseqüências
ambientais do projeto.

RIMA: um documento que resume as


conclusões do EIA.
Vantagem do Licenciamento Ambiental
incluindo EIA e RIMA

Instrumento democrático, pois possibilita a


manifestação e participação popular na tomada de
decisão de um projeto através das Audiências
Públicas e publicidade das licenças.

Afinal, Meio Ambiente, é uma questão de


cidadania.
Obrigatoriedade de EIA e RIMA - I

Lei 1.356/88 CONAMA 01/86

- Abertura e dragagem de canais de navegação, drenagem ou


irrigação, retificação de cursos d'água, abertura de barras e
embocaduras, transposição de bacias, construção de diques.

- Projetos de desenvolvimento urbanos e exploração econômica de


madeira ou lenha em áreas acima de 50 ha, ou menores, quando
confrontantes com unidades de conservação da natureza ou em
áreas de interesse especial ou ambiental.

- Projeto agropecuário em áreas superiores a 200 ha, ou menores,


quando situados total ou parcialmente em áreas de interesse especial
ou ambiental.
Obrigatoriedade de EIA e RIMA - II

Lei 1.356/88 CONAMA 01/86


- Estradas de rodagem com duas ou mais pistas de rolamento.

- Ferrovias.

- Portos e terminais de minérios, petróleo e produtos químicos.

- Aeroportos.

- Oleodutos, gasodutos, mineradouras e emissários submarinos.

- Linhas de transmissão de energia elétrica (acima de 230 Kv).

- Barragens e usinas de geração de energia elétrica (acima de 10 Mw).

- Extração mineral.
Objetivos do EIA

 Proteger o ambiente para as futuras gerações;


 Garantir a saúde, a segurança e a produtividade do meio-
ambiente, assim como seus aspectos estéticos e culturais;
 Garantir a maior amplitude possível de usos, benefícios
dos ambientes não degradados, sem riscos ou outras
conseqüências indesejáveis;
 Preservar importantes aspectos históricos, culturais e
naturais de nossa herança nacional; manter a diversidade
ambiental;
 Garantir a qualidade dos recursos renováveis; introduzir a
reciclagem dos recursos não renováveis;
 Permitir uma ponderação entre os benefícios de um
projeto e seus custos ambientais, normalmente não
computados nos seus custos econômicos.
Classificação dos Impactos Ambientais

Relação aos impactos

Relação ao tempo de duração


Classificados Relação a área de abrangência

Relação ao Potencial de Mitigação

Relação a acidentes

Fonte: Weitzenfeld Apub Philippi 2004


Em Relação aos Impactos

Positivos ou Negativos
Planejados ou Acidentais
Diretos ou Indiretos
Cumulativos ou Simples
Em Relação ao Tempo de Duração

Reversíveis ou Irreversíveis
Curto ou longo prazo
Temporários ou contínuos
Em Relação á Área de Abrangência

Local
Regional
Nacional
Internacional
Em Relação ao Potencial de Mitigação

Mitigáveis ou Não - Mitigáveis


Em Relação a Acidentes

Gravidade
Probabilidade
Impactos Ambientais

Ação Impacto Direto Impacto Indireto


 Redução da fauna
Perda da silvestre
Biodiversidade
 Aumento de pragas
Aumento da  Modificação do regime de
Temperatura ventos
Desmatamento
 Turbidez da água
 Diminuição da
Aumento da erosão fotossíntese
 Redução da Ictiofauna
 Perda de renda
Projetos sujeitos a realização de EIA-RIMA

 Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;


 ferrovias;
 portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
 aeroportos;
 oleodutos, gasodutos, mineração, troncos coletores e emissários de
esgotos sanitários;
 linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV;
 obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos;
 extração de combustível fóssil;
 extração de minério, inclusive os de classe II;
 aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou
perigosos;
 usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte da energia
primária, acima de 10MW;
Encadeamento de Ações no EIA

Processo seqüencial, começando com a descrição do


sistema natural e antrópico, prosseguindo na análise dos
efeitos de projetos de desenvolvimento sobre eles e,
finalmente, apresentação de alternativas e de medidas
visando minimizá-los ou mesmo eliminá-los.

Tudo de forma que se possa tomar uma decisão, política,


sobre o projeto ........
EIA e Participação Popular

O EIA é exatamente valioso, por contribuir para uma


maior informação imparcial sobre um determinado
projeto, permitindo que o público possa orientar mais
corretamente sua posição em relação a ele, com menos
emotividade, sabendo eliminar a influência tanto de
grupos políticos como de grupos econômicos
Alternativas ao Projeto

 O EIA deve considerar, como um de seus principais


aspectos, as alternativas do projeto (CONAMA 001).
 Entre as alternativas deve ser avaliada a de não
execução do projeto.
 Devem ser discutidas alternativas locacionais (pouco
realizado no Brasil)
 E ainda, alternativas tecnológicas, de processo, de
disposição final de resíduos, de tratamento de
efluentes, de fontes de energia etc.

Boa altenativa a menos impactante


Diretrizes para a Elaboração do
EIA/RIMA
Diretrizes para a elaboração do EIA/RIMA

CARACTERIZAÇÃO
DO
EMPREENDIMENTO
ÁREA DE
INFORMAÇÕES INFLUÊNCIA
GERAIS
EIA DIAGNÓSTICO
AMBIENTAL

ANÁLISE DOS
PROGRAMA DE IMPACTOS
MONITORAMENTO AMBIENTAIS

MEDIDAS
MITIGADORAS
RIMA
Diretrizes para a elaboração do EIA/RIMA

 Informações gerais
• Nome, razão social, endereço, etc.
• Histórico do empreendimento
• Nacionalidade de origem e das tecnologias
• Porte e tipos de atividades desenvolvidas
• Objetivos e justificativas
– no contexto econômico-social do país, região,
estado e município
• Localização geográfica, vias de acesso
• Etapas de implantação
• Empreendimentos associados e/ou similares
Diretrizes para a elaboração do EIA/RIMA

 Caracterização do empreendimento
• Para cada uma das fases (planejamento,
implantação, operação e desativação):
– Objetivos e justificativas do projeto, sua relação e
compatibilidade com as políticas setoriais, planos
e programas governamentais;
– A descrição do projeto e suas alternativas
tecnológicas e locacionais, especificando: área de
influência, matérias primas, mão-de-obra, fontes
de energia, processos e técnica operacionais,
prováveis efluentes, emissões, resíduos de
energia, geração de empregos.
Diretrizes para a elaboração do EIA/RIMA

 Área de influência (AI)


 Limitação geográfica das áreas:
• diretamente afetada e
• indiretamente afetada
 Sempre considerar a bacia hidrográfica onde se localiza o
empreendimento como unidade básica para a AIDA
 Apresentar justificativas para a determinação das AI’s
 Ilustrar através de mapeamento
Diretrizes para a elaboração do EIA/RIMA

 Diagnóstico ambiental
• Caracterização atual do ambiente natural, ou seja,
antes da implantação do projeto, considerando:
– as variáveis suscetíveis de sofrer direta ou
indiretamente efeitos em todas as fases do projeto;
– os fatores ambientais físicos, biológicos e antrópicos
de acordo com o tipo e porte do empreendimento;
– informações cartográficas com as AI’s em escalas
compatíveis com o nível de detalhamento dos fatores
ambientais considerados.
Diretrizes para a elaboração do EIA/RIMA

 Diagnóstico ambiental
• Meio fisico: subsolo, as águas, o ar e o clima
– condições meteorológicas e o clima
– qualidade do ar;
– níveis de ruído;
– caracterização geológica e geomorfológica;
– usos e aptidões dos solos;
– recursos hídricos:
» hidrologia superficial;
» hidrogeologia;
» oceanografia física;
» qualidade das águas;
» usos das águas.
Diretrizes para a elaboração do EIA/RIMA

 Diagnóstico ambiental
• Meio biológico e os ecossistemas naturais: fauna e flora
– Ecossistemas terrestres
» descrição da cobertura vegetal
» descrição geral das inter-relações fauna-fauna e
fauna-flora
– Ecossistemas aquáticos
» mapeamento da populações aquáticas
» identificação de espécies indicadoras biológicas
– Ecossistemas de transição
» banhados, manguezais, brejos, pântanos, etc.
Diretrizes para a elaboração do EIA/RIMA

 Diagnóstico ambiental
• Meio Antrópico ou sócioeconômico
– Dinâmica populacional
– Uso e ocupação do solo
– Nível de vida
– Estrutura produtiva e de serviços
– Organização social
Diretrizes para a elaboração do EIA/RIMA

 Análise dos impactos ambientais


• Identificação, valoração e interpretação dos
prováveis impactos em todas as fases do
projeto e para cada um dos fatores ambientais
pertinentes.
• De acordo com a AI e com os fatores
ambientais considerados, o impacto ambiental
pode ser:
» direto e indireto;
» benéfico e adverso;
» temporários, permanentes e cíclicos;
» imediatos, a médio e a longo prazo;
» reversíveis e irreversíveis
» locais e regionais
Diretrizes para a elaboração do EIA/RIMA

 Análise dos impactos


 Avaliação da inter-relação e da magnitude
• Metodologias utilizadas:
– Análise custo-benefício;
– Método “ad hoc” (grupo multidisciplinar)
– Listas de checagem/controle (“Check Lists” - identifica
consequências) ;
– Matrizes de interação (Matriz de Leopold);
– Análise de Rede (“NetWorks”);
– Mapeamento por superposição (“over-lays”)
– Modelagem
Diretrizes para a elaboração do EIA/RIMA

 Análise dos impactos ambientais


 Apresentação final:
• Síntese conclusiva
– relevância de cada fase: planejamento, implantação,
operação e desativação
– identificação, previsão da magnitude e interpretação, no
caso da possibilidade de acidentes
• Descrição detalhada - p/ cada fator ambiental
– impactos sobre o meio físico
– impactos sobre o meio biológico
– impactos sobre o meio antrópico
Para cada análise: mencionar métodos e técnicas de previsão aplicados
Diretrizes para a elaboração do EIA/RIMA

 Medidas mitigadoras
 Apresentadas e classificadas quanto a:
• sua natureza: preventivas ou corretivas;

• fase do empreendimento em que deverão ser


implementadas;

• o fator ambiental a que se destina;

• o prazo de permanência de sua aplicação;

• e a responsabilidade por sua implementação.


Diretrizes para a elaboração do EIA/RIMA

 Programa de acompanhamento e monitoramento dos


impactos
Neste item deverão ser apresentados os programas de acompanhamento da
evolução dos impactos ambientais positivos e negativos causados pelo
empreendimento, considerando-se as fases de planejamento, de
implementação, operação e desativação e quando for o caso, de acidentes.
 Indicar e justificar:
• os parâmetros selecionados para avaliação;
• a rede de amostragem proposta;
• os métodos de coleta e análise das amostragens;
• periodicidade das amostragens para cada parâmetro, de
acordo com os fatores ambientais;
• os métodos a serem empregados para o armazenamento
e tratamento dos dados.
Diretrizes para a elaboração do EIA/RIMA

 Relatório de impacto ambiental

O Relatório de Impacto Ambiental – RIMA refletirá as conclusões do Estudo


de Impacto Ambiental – EIA. Suas informações técnicas devem ser
expressas em linguagem acessível ao público, ilustradas por mapas com
escalas adequadas, quadros, gráficos e outras técnicas de comunicação
visual, de modo que possam entender claramente as possíveis
conseqüências ambientais do projeto e suas alternativas, comparando as
vantagens e desvantagens de cada uma delas.
Diretrizes para a elaboração do EIA/RIMA

 Relatório de impacto ambiental

• Objetivos e justificativas do projeto;


• Descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e
locacionais;
• Síntese dos resultados dos estudos de diagnóstico;
• Descrição dos impactos ambientais;
• Caracterização da qualidade ambiental futura da AI;
• Descrição dos efeitos esperados das medidas mitigadoras;
• Programa de acompanhamento e monitoramento;
• Recomendação quanto à alternativa mais favorável.

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