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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO MINISTRO PETRÔNIO PORTELLA


CENTRO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
DISCIPLINA: OPERAÇÕES UNITÁRIAS II
DOCENTE: CARLA VERONICA RODARTE DE MOURA
DISCENTES: DANIEL GOUVEIA, JUREMA FREITAS, TANNA VILARINDO E
YARA PIO

SEPARAÇÃO POR CENTRIFUGAÇÃO


C
E
N DEFINIÇÃO
T
R É uma técnica de separação de misturas que se baseia no uso da força
I centrífuga no lugar da força gravitacional. A força exercida sobre a mistura
é grandemente aumentada, acelerando o processo de decantação.
F
U Trata-se de uma das etapas de grandes unidades ou sistemas de
filtração, evitando assim a saturação prematura dos filtros, e também é um
G processo-chave nas etapas de clarificação em plantas de tratamento de água
A residuais e esgotos.
Ç
Ã
O
FORÇA CENTRÍFUGA
CENTRIFUGAÇÃO

A força centrífuga atua em um referencial em rotação uniforme em relação a


um referencial inercial

Tanto em S como em S’

𝑃=𝑚 × 𝑔
 

P: força peso vertical ; m: massa; g: gravidade

𝑁 =− 𝑃
 

3
FORÇA CENTRÍFUGA
CENTRIFUGAÇÃO

Em S, a única força horizontal que atua sobre o corpo é a tensão T do fio. Por
outro lado, a massa m em rotação tem uma aceleração centrípeta
a  = −  ω× r × ř 
 

a: aceleração; ω - velocidade angular; r: raio da trajetória;


ř: vetor unitário radial nessa direção
Pela 2ª lei de Newton:
T
   = − m ×ω 2 ×r × ř

Em S’, a massa m está em equilíbrio:


T   + Fin  = 0 
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FORÇA CENTRÍFUGA
CENTRIFUGAÇÃO

Comparando as duas equações:


F  in  = −  m ×a  =  m ×ω 2 ×r × ř 
só existe no referencial S’ em rotação

  𝑚× 𝑣
m ×ω 2 ×r =
𝑟

𝑣 =ω× r
 

v: velocidade de rotação da partícula

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FORÇA CENTRÍFUGA
CENTRIFUGAÇÃO

O conceito de força centrífuga é muito útil na análise do processo de


centrifugação.

O princípio é o mesmo que o da sedimentação sob a ação da gravidade,


mas substituindo a aceleração da gravidade, g, por um campo de forças
centrífugas.

ω2 × r ≫ 𝑔
 
acelera a separação
reduz o tempo gasto
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FORÇA CENTRÍFUGA
CENTRIFUGAÇÃO

A centrifugação especifica a magnitude da aceleração aplicada à amostra,


expressa em rotações por minuto, que é convertida em múltiplos de g.
 𝐹𝑜𝑟 ç 𝑎 𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟 í 𝑓𝑢𝑔𝑎 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎( 𝐹 .𝐶 . 𝑅 .)=0,0000111× 𝑛2 × 𝑟
n: velocidade de rotação em rpm; r: distância radial da massa até o centro de rotação em
cm
Não existe, entretanto, uma relação entre F.C.R. e o tempo de
centrifugação necessário para um determinado grau de separação
- viscosidade do fluido - grau de dispersão
- tensão superficial - forças de ligação
- tamanho das partículas - interações eletroquímicas entre o sólido e
suspensas ou dispersas fluído em que está disperso ou decantado
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A CENTRÍFUGA
A centrífuga é o equipamento que submete uma amostra a uma
1880
trajetória circular em torno de um eixo fixo.

Princípio de funcionamento: um rotor, no qual ficam conectados


os tubos contendo as amostras, é acoplado ao eixo central.

As centrífugas variam em tamanho e velocidade, e o uso deRUDOLF


cada
1906
uma depende da quantidade e dos tipos de substâncias aCLAUSIUS
serem
separadas. Leis da
Laboratoriai termodinâmica
Industriais
s
8
A CENTRÍFUGA
As Centrífugas podem ser divididas
1880
em:

Filtrantes Sedimentadora
Industriais
s

1906 RUDOLF
CLAUSIUS
Leis da
Manuais termodinâmica
Ultracentrífuga
Laboratoriai Minicentrífuga s
s s
9
CENTRÍFUGA
A invenção da centrífuga

Em 1879, Karl
No século XVIII Em 1864, o alemão
Gustaf Patrik de
a Inglaterra, Antonin Prandtl
Laval (1845–1913)
recém- (1842-1909),
patenteou um
industrializada, desenvolveu o
sistema funcional
importava primeiro separador
para essa separação
grandes mecânico que usava
que operasse de
quantidades de a força centrífuga
forma contínua
queijo e leite

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https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422015000500749
CENTRÍFUGA
A evolução da centrífuga
1880
As primeiras centrífugas de laboratório eram reproduzidas em
pequena escala dos modelos industriais: tinham aparência muito
rústica
1905
Surgiram as primeiras centrífugas à manivela e à água. Esta
poderia chegar a 2.500 rpm

1906 RUDOLF
Surgiram centrífugas para análise de sangue CLAUSIUS
Leis da
termodinâmica
1910 As centrífugas movidas a manivela passam também a ter a
opção de 4 tubos
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CENTRÍFUGA
A evolução da centrífuga
Centrífuga a manivela com 4 tubos (1910); centrífuga a manivela com proteção na região derotação
(1912); Centrífuga movida a manivela, com tampa protetora – uma revolução no design (1913).

Fonte: Max Planck Institute for the History of Science

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CENTRÍFUGA
A evolução da centrífuga

Um dos primeiros modelos de centrífuga elétrica (1912)

Fonte: Max Planck Institute for the History of Science

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CENTRÍFUGA
A evolução da centrífuga
Década
de 20 Os materiais mais utilizados na fabricação das centrífugas eram
bronze, ferro fundido, aço e ferro esmaltado

Década
As centrífugas movidas à manivela começaram a sair de linha,
de 30
mas os modelos elétricos ainda eram um privilégio, pois seu
preço era bem mais elevado
Década RUDOLF de
Surgiram as centrífugas elétricas de bancada com velocidade
de 40 CLAUSIUS
Leisdeda
até 5000 rpm, também equipadas com sistema de freio mão
termodinâmica
Década Os modelos existentes mostram um arranjo geométrico mais
de 60 compacto, contendo ventosas flexíveis de borracha
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CENTRÍFUGA
A evolução da centrífuga

Centrífuga de origem americana, fabricada em 1952, feita em ferro fundido

Fonte: Acervo do Museu da Química Professor Athos da Silveira Ramos


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CENTRÍFUGA
A evolução da centrífuga

Centrífuga atual com 48 tubos

Fonte: Labomersa
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APLICAÇÕES DAS CENTRÍFUGAS
Centrífuga na indústria Centrífuga no
de óleo vegetal processamento de suco

Centrífuga na indústria
de cerveja

Fonte: Google imagens 17


APLICAÇÕES

CENTRÍFUGAS NA  Desnate e Padronização do Leite


INDÚSTRIA DE
LATICÍNIOS  Clarificação de Leite e Soro

 Degerminação

 Concentração do Creme

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FORÇAS ENVOLVIDAS NO PROCESSO DE SEPARAÇÃO
CENTRIFUGAÇÃO

Movimento circular a aceleração proporcionada pela força centrífuga


 𝑎 𝑒 =𝑟 2

ae: aceleração; r: raio da trajetória; : velocidade angular

Força centrífuga sobre uma partícula girando em uma trajetória


circular  𝐹 =𝑚 × 𝑎 =𝑚 × 𝑟 × 2
𝑐 𝑒

Fc: força centrífuga que atua sobre a partícula de massa m


  𝑣   𝑚 × 𝑣2
= 𝐹 𝑐=
𝑟
𝑟
v: velocidade tangencial da partícula 19
FORÇAS ENVOLVIDAS NO PROCESSO DE SEPARAÇÃO
CENTRIFUGAÇÃO

  2 𝑁 2   2𝑁
𝐹 𝑐 =𝑚𝑟 ( ) =0,011 mr 𝑁
2
=
60 60
N: velocidade de rotação em RPM

Se compararmos com a força da gravidade (Fg) sobre a partícula, que é Fg = mg ,


pode-se observar que a aceleração centrífuga (0.011 rN2), substituiu a aceleração da
gravidade, igual a g. A força centrífuga é muitas vezes expressa, por razões
comparativas com relação a proporção a "g".

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FORÇAS ENVOLVIDAS NO PROCESSO DE SEPARAÇÃO
CENTRIFUGAÇÃO

  2 𝑟 𝐷2𝑝 ( 𝑝 −)
𝑣𝑡 =
18 
vt: velocidade terminal de queda de
uma partícula esférica de diâmetro
Dp, no ponto de raio r num campo
centrífugo cuja velocidade angular de
rotação é .

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FORÇAS ENVOLVIDAS NO PROCESSO DE SEPARAÇÃO
CENTRIFUGAÇÃO

Uma vez que a velocidade terminal vt = dr/dt, temos:


  18 µ 𝑑𝑟
𝑑𝑡= 2
 ( 𝑝 − ) 𝐷 𝑝 𝑟
2

Integrando entre os limites r=r1 em t=0 e r=r2 em t= tT

  18 µ 𝑟2
𝑡𝑇 = 2 2
𝑙𝑛
 ( 𝑝 − ) 𝐷 𝑝 𝑟 1

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FORÇAS ENVOLVIDAS NO PROCESSO DE SEPARAÇÃO
CENTRIFUGAÇÃO

2 2
𝑉
  =𝑏 (𝑟 2 − 𝑟 1)

  2 ( 𝑝 − ) 𝐷 2𝑝 2 ( 𝑝 −) 𝐷 2𝑝 2 2
𝑞= 𝑉=  𝑏(𝑟 2 −𝑟 1 )
𝑟2 𝑟2
18 𝑙𝑛 18  𝑙𝑛
𝑟1 𝑟1

O diâmetro que aparece na equação é o de uma partícula que percorre a distância


entre r1 e r2 durante o tempo de residência que lhe é concedido. Partículas menores
não irão alcançar a parede do vaso e serão removidas com o líquido mais leve.

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DIÂMETRO DA PARTÍCULA DE CORTE, Dpc

CENTRIFUGAÇÃO

  18 µ 𝑑𝑟 A partir da integração da equação, entre r=(r1+r2)/2


𝑑𝑡= 2
 ( 𝑝 − ) 𝐷 𝑝 𝑟
2
em t=0 e r=r2 em t=tT, obtemos:

  2 ( 𝑝 −) 𝐷 2𝑝 𝑐 2 ( 𝑝 −) 𝐷 2𝑝 𝑐
𝑞 𝑐= 𝑉=  𝑏(𝑟 22 −𝑟 21 )
2𝑟 2 2 𝑟2
18  𝑙𝑛
(
𝑟 1 +𝑟 2 ) 18 𝑙𝑛
(
𝑟 1+𝑟 2 )
Este diâmetro Dpc é o "diâmetro crítico" ou "diâmetro de corte". As partículas com D>Dpc
sedimentarão preferencialmente da fase líquida, e as partículas D<Dpc permanecerão em suspensão
e serão arrastadas para fora da centrífuga pelo líquido.
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Separação líquido-líquido
DEFINIÇÃO

 A separação de um componente de uma mistura


líquido-líquido onde os líquidos são imiscíveis,
SADY CARNOT
mas estão dispersos como em uma emulsão, é
uma operação comum na indústria de alimentos Primeiras relações
entre calor e trabalho

 Na indústria de laticínios é bastante comum a


separação por centrifugação do leite integral
separando-o em leite desnatado e nata Fonte: Google imagens

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Separação líquido-líquido
DEFINIÇÃO

 A força centrífuga do fluido a uma


distância r é descrita pela equação:
SADY CARNOT
Fc= mr ω2 Primeiras relações
 Considerando um cilindro como indicado na entre calor e trabalho
Figura ao lado, a força diferencial dFc ao longo
da espessura dr é:

dFc = (dm)r ω2 Fonte: Google imagens

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Separação líquido-líquido
DEFINIÇÃO

A partir da equação: Substituindo eq. 2 na eq.


dFc = (dm)r ω2 (eq. 1) 1 e dividindo ambos lados
por A= 2 π rb, obtemos:
SADY CARNOT
Primeiras relações
Assumindo que:  
dP = = ω2 ρ.rdr (eq. 3)
entre calor e trabalho
dm = 2 ⋅π ⋅ ρ ⋅r ⋅b ⋅ dr (eq. 2)
A eq. 3, mostra a variação radial da pressão ao longo da centrífuga.
Integrando a equação entre r1 e r2 temos:
P2 - P1 = ρ ω2 (r22 – r12)/2
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Separação líquido-líquido
DEFINIÇÃO

 Considerando a Figura ao lado, SADY CARNOT


que representa o vaso de uma Primeiras relações
centrífuga contínua, onde a entre calor e trabalho
alimentação é realizada próximo
ao eixo.

Fonte: Google imagens

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Separação líquido-líquido
DEFINIÇÃO

 Para um sistema estar em equilíbrio hidrostático as


pressões em ambos os lados da interface devem ser
SADY CARNOT
iguais. Desta forma aplicando a equação acima para
encontrar a pressão de cada componente no raio rn Primeiras relações
entre calor e trabalho
temos:
ρAω2 (Rn2- R12)/2 = ρBω2 (Rn2– R12)/2 (eq. 4)

rn2 = (ρA r12 - ρB r22) / (ρA – ρB) (eq. 5)


Fonte: Google imagens
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QUESTÃO 1

Quantas vezes a força "g" pode ser obtida em uma centrífuga que
gira a 2000 RPM em um raio de 10 cm?
 

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QUESTÃO 2
Uma solução viscosa tem partículas de densidade igual a 1461 kg/m3 é
clarificada por centrifugação. A densidade da solução é de 801 kg/m 3 e sua
viscosidade é de 100 cp. O vaso da centrifuga tem r2 = 0,02225 m e r1= 0,00716
m e uma altura (b) de 0,1970 cm. Determine o diâmetro critico das partículas
na corrente de saída se N= 23.000 rotações por minuto e a taxa de fluxo é de q=
0,002832 m3 /h.
Como w = 2 π N/60; temos que w= 2 π 23.000 / 60 = 2410 rad /s

 O volume da centrifuga é
m  3

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QUESTÃO 2
Uma solução viscosa tem partículas de densidade igual a 1461 kg/m3 é
clarificada por centrifugação. A densidade da solução é de 801 kg/m 3 e sua
viscosidade é de 100 cp. O vaso da centrifuga tem r 2 = 0,02225 m e r1= 0,00716
m e uma altura (b) de 0,1970 cm. Determine o diâmetro critico das partículas
na corrente de saída se N= 23.000 rotações por minuto e a taxa de fluxo é de q=
0,002832 m3 /h.
Considerando a viscosidade = 0,1 Pa.s = 0,100 kg/m . s
E que qc = ( 0,002832 m3/h ) / (1h/3600 s ) = 7,87 x 10-7 m3/s

  𝑐= 2 (  𝑝 −  ) 𝐷 2𝑝𝑐
𝑞 ×𝑉 Temos que
2 𝑟2
Substituindo na
equação
18 × 𝑙𝑛
[ ( 𝑟 1+𝑟 2 ) ] Dpc = 0,746 x 10-6 m

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QUESTÃO 3
Proposta de exercício

Na separação centrífuga da nata utiliza-se um separador com raio de descarga


de 5 cm e 7,5 cm. Se a densidade do leite desnatado é 1032 kg/m3 e de nata é
915 kg/m3 , calcule o raio da zona neutra de forma que o ponto de alimentação
possa ser projetado.
Dados: ρA = 1032 kg m-3, ρB= 915 kg m-3

Usar Equação 5

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REFERÊNCIAS

AFONSO, J. C.; BASTOS, R. A. SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO: centrífugas e papéis de filtro.


Quím. Nova. Rio de janeiro, v.38, 749-756, 2015. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422015000500749. Acesso
em 13 de abril de 2021.

EARLE, R. L.; EARLE, M. D. Unit operations in food processing. 1966.

GEANKOPLIS, C. J. Transport Process and Unit Operations. 3. ed. Prentice Hall, 1993.

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