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Atividades e atos

administrativos
Aulas 20 e 21
Bens públicos
Caso gerador

De que se trata?
Questões
• O bem em questão é público? Como
saber?

• Se sim, a quem pertence?

• Pode ser explorado economicamente?


Código Civil
• Art. 98. São públicos os bens do domínio
nacional pertencentes às pessoas jurídicas de
direito público interno; todos os outros são
particulares, seja qual for a pessoa a que
pertencerem.

Critério subjetivo e critério objetivo (afetação)


Constituição Federal
Art. 20. São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das
fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação
e à preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu
domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com
outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países;
as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas,
as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas
ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art.
26, II; (Redação dada pela EC nº 46, de 2005)
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica
exclusiva;
Art. 20, CF
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do
subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios
arqueológicos e pré-históricos;
  XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos
índios.
Constituição Federal

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:


I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e
em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as
decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no
seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União,
Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.
Terras devolutas
Decreto-lei 9760/46
Art. 5º São devolutas, na faixa da fronteira, nos Territórios Federais e no Distrito
Federal, as terras que, não sendo próprios nem aplicadas a algum uso público federal,
estadual territorial ou municipal, não se incorporaram ao domínio privado:
a) por força da Lei nº 601, de 18 de setembro de 1850, Decreto nº 1.318, de 30 de
janeiro de 1854, e outras leis e decretos gerais, federais e estaduais;
b) em virtude de alienação, concessão ou reconhecimento por parte da União ou dos
Estados;
c) em virtude de lei ou concessão emanada de governo estrangeiro e ratificada ou
reconhecida, expressa ou implicitamente, pelo Brasil, em tratado ou convenção de
limites;
d) em virtude de sentença judicial com força de coisa julgada;
e) por se acharem em posse contínua e incontestada com justo título e boa fé, por
termo superior a 20 (vinte) anos;
f) por se acharem em posse pacífica e ininterrupta, por 30 (trinta) anos,
independentemente de justo título e boa fé;
g) por fôrça de sentença declaratória proferida nos termos do art. 148 da Constituição
Federal, de 10 de Novembro de 1937.
Terrenos de marinha
• 33m a partir da linha do preamar médio de
1831 dos mares e rios navegáveis

• Aviso imperial de 12/07/1831.

• Decreto-Lei 9760/46, art. 2º


Terrenos de marinha
Decreto-lei 9760/46

Art. 2º São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33


(trinta e três) metros, medidos horizontalmente, para a parte
da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831:
a) os situados no continente, na costa marítima e nas
margens dos rios e lagoas, até onde se faça sentir a
influência das marés;
b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça
sentir a influência das marés.
Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo a influência das
marés é caracterizada pela oscilação periódica de 5 (cinco)
centímetros pelo menos, do nível das águas, que ocorra em
qualquer época do ano.
Código Civil
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas,
ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados
a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual,
territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas
jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou
real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se
dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito
público a que se tenha dado estrutura de direito privado.
Se o bem é público, quais são
suas principais
características?
Características dos bens
públicos
• Alienabilidade condicionada => se vierem a
ser desafetados, poderão ser alienados

• Imprescritíveis

• Impenhoráveis

• Não-oneráveis
Alienabilidade condicionada
• Código Civil

– Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo


e os de uso especial são inalienáveis, enquanto
conservarem a sua qualificação, na forma que a lei
determinar.

– Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser


alienados, observadas as exigências da lei.
Imprescritibilidade
• Constituição Federal

– Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até
duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
(...)
§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por
usucapião.
Imprescritibilidade
•Constituição Federal

–Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural


ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem
oposição, área de terra, em zona rural, não superior a
cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou
de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a
propriedade.
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por
usucapião.

•Código Civil

–Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.


Não onerabilidade e
impenhorabilidade
• Constituição Federal

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas


Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em
virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente
na ordem cronológica de apresentação dos precatórios
e à conta dos créditos respectivos, proibida a
designação de casos ou de pessoas nas dotações
orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para
este fim.   
Código Civil

Art. 103. O uso comum dos bens públicos


pode ser gratuito ou retribuído, conforme for
estabelecido legalmente pela entidade a
cuja administração pertencerem.
E o caso gerador?
ADMINISTRATIVO. BENS PÚBLICOS. USO DE SOLO,
SUBSOLO E ESPAÇO AÉREO POR CONCESSIONÁRIA DE
SERVIÇO PÚBLICO. COBRANÇA. IMPOSSIBILIDADE.
1. Cinge-se a controvérsia no debate acerca da legalidade da
cobrança de valores pela utilização do bem público,
consubstanciado pela faixa de domínio da rodovia federal BR-
493, por concessionária de serviço público estadual.
2. O Superior Tribunal de Justiça possui jurisprudência firme e
consolidada no sentido de que a cobrança em face de
concessionária de serviço público pelo uso de solo,
subsolo ou espaço aéreo é ilegal (seja para a instalação de
postes, dutos ou linhas de transmissão, por exemplo), uma vez
que: a) a utilização, nesse caso, se reverte em favor da
sociedade - razão pela qual não cabe a fixação de preço
público; e b) a natureza do valor cobrado não é de taxa, pois
não há serviço público prestado ou poder de polícia exercido.
Nesse sentido: (...) 3. Agravo Interno não provido.
(AgInt no REsp 1482422/RJ, DJe 30/11/2016)
REsp 802.428/SP
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. ADMINISTRATIVO. OCUPAÇÃO DE
SOLO URBANO. TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. COBRANÇA
MUNICIPAL. ILEGALIDADE. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ART. 535
DO CPC. INEXISTÊNCIA. I – (...)
II - Quanto à matéria de fundo, cobrança estipulada pelo Município via Decreto
Municipal denominada "retribuição pecuniária" pelo uso de bens públicos (solo,
subsolo e espaço aéreo) por particular (empresa distribuidora de energia
elétrica), verifica-se que o acórdão recorrido dirimiu a contenda em
consonância com o posicionamento desta Corte Superior ao apreciar caso
idêntico - o RMS nº 12.081/SE, Rel. Min. ELIANA CALMON (DJ de
10/09/2001).
III - Não há como vislumbrar a cobrança em tela seja como taxa seja
como preço público, como pretendido pelo Município recorrente, já que
não se cuida de serviço público de natureza comercial ou industrial. Ao
revés, trata-se de utilização das vias públicas para a prestação de serviço
em benefício da coletividade, qual seja, o fornecimento e a distribuição
de energia elétrica, donde exsurge a ilegalidade da cobrança ora
discutida.
IV - Recurso especial DESPROVIDO.
Caso gerador
• Empresa de camping localizada em
terreno de marinha
• Realizou benfeitorias
• Tem licença da prefeitura para funcionar
Um particular pode usar
privativamente um bem
público?
A empresa de camping podia se
instalar na praia?
Uso privativo de bem público por
particular

• Autorização de uso
• Permissão de uso
• Concessão de uso
• Concessão real de uso
• Cessão
• Aforamento (ou enfiteuse)
Uso privativo de bem público por
particular
• Autorização e permissão: ato unilateral,
discricionário, precário e revogável

• Concessão: natureza contratual (bilateral),


discricionária, sem precariedade
Enfiteuse (“aforamento público”)
• “Instituto pelo qual o Estado permite ao particular o
uso privativo de bem público a título de domínio útil,
mediante a obrigação de pagar ao proprietário uma
pensão ou foro anual, certo e invariável” (JSCF)

• Foro anual e laudêmio na transferência do domínio


útil do bem. Senhorio direto tem preferência para
reaver o bem em caso de alienação

• Terrenos de marinha podem ser objeto de aforamento


ADCT
Art. 49. A lei disporá sobre o instituto da enfiteuse em imóveis
urbanos, sendo facultada aos foreiros, no caso de sua extinção,
a remição dos aforamentos mediante aquisição do domínio
direto, na conformidade do que dispuserem os respectivos
contratos.

(...)

§ 3º - A enfiteuse continuará sendo aplicada aos terrenos de


marinha e seus acrescidos, situados na faixa de segurança, a
partir da orla marítima.

(...)
ADMINISTRATIVO. EXECUÇÃOFISCAL. RECEITAS PATRIMONIAIS.
AFORAMENTO. TERRENOS DE MARINHA. (...) 3. O Superior
Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do REsp1133696/PE,
submetido ao rito previsto para os recursos repetitivos (art. 543-C do
CPC), fixou diretrizes para a apreciação da decadência e
da prescrição, no tocante à "taxa" de ocupação
de terrenos de marinha. Tais diretrizes devem também ser aplicadas
ao aforamento, pois este, a exemplo do laudêmio e da "taxa" de
ocupaçãode terrenos de marinha, constitui receita patrimonial origin
ária, não detendo natureza tributária, conforme pacificado por este
Regional e pelo STJ, motivo pelo qual não incidem as normas
previstas no Código Tributário Nacional (CTN). (0008697-
14.2012.4.05.0000, TRF5)
E M E N T A REMESSA OFICIAL E APELAÇÃO EM MANDADO DE
SEGURANÇA. LAUDÊMIO. PRAZO DECADENCIAL. AMPLIAÇÃO. LEI
Nº 10.852/2004. INCIDÊNCIA IMEDIATA. INÍCIO DA CONTAGEM DO
PRAZO. DATA DA CIÊNCIA. LEI Nº 9.636/98. INCOMPATIBILIDADE
COM O INSTITUTO DO LAUDÊMIO. VIOLAÇÃO DA BOA-FÉ OBJETIVA.
RECURSO PROVIDO. I. (...). V. Com efeito, de acordo com o
entendimento pacificado pela Corte Superior, o prazo prescricional para
a cobrança da taxa de ocupação de terrenos de marinha é de 5
(cinco) anos, independentemente do período considerado, posto que os
débitos posteriores a 1998 se submetem ao prazo qüinqüenal, à luz do
que dispõe a Lei 9.636/98, e os anteriores à referida lei, em face da
ausência de previsão normativa específica, se subsumem ao prazo
previsto no art. 1º do Decreto-Lei n. 20.910/1932. VI. Cabe salientar,
ainda, com relação à decadência, que esta inexistia antes da edição da
Lei n. 9.821/99, a qual, passando a vigorar a partir de 24 de agosto de
1999, modificou o art. 47 da Lei 9.636/98, e instituiu prazo decadencial de
5 (cinco) anos para constituição do crédito, mediante lançamento. Tal
prazo vigorou até o advento da Lei n. 10.852/2004, publicada no DOU
de 30 de março de 2004, ocasião em que foi estendido o prazo
decadencial para 10 (dez) anos. (TRF 3 50143530720194036100)
E o caso gerador?
• De quem era o bem?

• De que espécie?

• O particular tem direito a permanecer


explorando a área de camping?
RESP 635890

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