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Lição 4

O custo do descanso
Verso para memorizar
“Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de
mim um espírito inabalável” (Sl 51:10).
Muitas pessoas parecem desesperadas para
encontrar paz e quietude. Estão dispostas a pagar por
isso. Em cidades grandes, há quartos sem internet,
que podem ser alugados por hora. As regras são
rígidas – não pode haver barulho nem visitantes. As
pessoas pagam para se sentar em silêncio e apenas
pensar ou tirar uma soneca. Cápsulas de dormir são
alugadas em aeroportos. Fones de ouvido com
redução de ruído são itens populares. Há até capuzes
de lona ou divisórias dobráveis para colocar sobre a
cabeça e o torso para uma pausa no local de
trabalho.
O verdadeiro descanso também tem um custo.
Embora os “promotores” da autoajuda queiram
nos fazer acreditar que podemos determinar
nosso próprio destino e que o descanso é
apenas uma questão de escolha e
planejamento, quando consideramos isso
honestamente, percebemos nossa incapacidade
de trazer o verdadeiro descanso ao nosso
coração. Agostinho, um pai da igreja no século
IV, fez uma colocação sucinta em seu famoso
Confissões (Livro 1), ao considerar a graça de
Deus: “Fizeste-nos para Ti e inquieto está nosso
coração enquanto não repousar em Ti”.
Nesta semana, examinaremos a vida do homem
segundo o coração de Deus e como esse servo
do Senhor descobriu o custo do descanso
espiritual.
Temas da Semana
1. Cansado e exausto
2. Despertando a consciência
3. Perdoado e esquecido?
4. Algo novo
5. Refletores da luz de Deus
Cansado e exausto
Em uma agradável noite de
primavera, o inquieto rei Davi
caminhava no terraço de seu palácio.
Ele deveria estar junto de seu
exército, do outro lado do Jordão,
liderando o povo de Deus para
derrotar os amonitas e, finalmente,
trazer paz ao reino.
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O fato de que Davi não estava onde deveria estar abriu a porta da tentação
para ele. Leia a história em 2 Samuel 11:1-5. O que aconteceu e que grande
pecado Davi cometeu?
Davi viu uma mulher “muito bonita” tomando banho na casa dela. Seus
impulsos pecaminosos venceram naquela noite, e ele dormiu com Bate-Seba,
esposa de um oficial de confiança do exército. Como todos os reis antigos, Davi
tinha poder absoluto. Ele não precisava seguir as regras que governavam as
outras pessoas. Contudo, a dolorosa história da família de Davi após esse
momento nos lembra que, mesmo sendo rei, ele não estava acima da lei de
Deus.
A lei existe como proteção, salvaguarda e,
quando até mesmo o rei a transgride, ele
enfrenta terríveis consequências. Logo
após transgredir os limites da lei, Davi
começou a sentir os efeitos em todos os
aspectos de sua vida. Ele pensou que sua
impetuosa aventura havia passado
despercebida; no entanto, Bate-Seba
estava grávida, e seu marido, bem longe.
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Leia 2 Samuel 11:6-27. Como Davi tentou encobrir seu pecado?


Falharam até mesmo os esquemas mais complicados de Davi para fazer com que
Urias voltasse para sua esposa Bate-Seba. Urias era um homem de reputação
excelente que respondeu às dicas sutis de Davi assim: “A arca, Israel e Judá ficam
em tendas. Joabe, meu senhor, e os servos de meu senhor estão acampados ao
ar livre. Como poderia eu ir para casa, comer e beber e me deitar com a minha
mulher?” (2Sm 11:11). Por fim, Davi, desesperado, recorreu a um assassinato
por “controle remoto” para encobrir seu pecado.
Despertando
a consciência
Num momento sombrio da vida de Davi, havia boas-novas: Deus enviou o
profeta Natã, que tinha aconselhado Davi em seus planos de construir um
templo (2Sm 7). Então, o profeta foi enviado ao rei com uma tarefa diferente.
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Por que Natã preferiu contar uma história, em vez de


envergonhar Davi imediatamente? 2Sm 12:1-14
Natã soube o que dizer, e o fez de uma forma que Davi entendesse. Ele contou
uma história com a qual Davi, o antigo pastor, se identificou. Ele conhecia o
senso de justiça e integridade de Davi. Em certo sentido, Natã “armou uma
armadilha”, e Davi caiu nela.

Quando Davi inadvertidamente pronunciou sua própria sentença de morte, Natã


lhe disse: “Esse homem é você” (2Sm 12:7). Há modos diferentes de dizer “esse
homem é você”. Podemos gritar, acusar e colocar o dedo no rosto da pessoa, ou
podemos expressar preocupação. Natã misturou suas palavras com graça. Davi
sentiu a dor que Deus sente quando Seus filhos abandonam Sua vontade. Algo
fez Davi cair em si. Algo quebrantou seu coração.
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Por que Davi respondeu: “Pequei contra o Senhor”, em vez de dizer:


“pequei contra Bate-Seba” ou “sou homicida”? 2Sm 12:13; Sl 51:4
Davi reconheceu que o pecado, que inquieta o coração, afronta
principalmente a Deus. Ao nos ferirmos, afetamos outras pessoas.
Trazemos desgraça para a família e a igreja. Mas ferimos também a
Deus e colocamos outro prego na cruz que, no Gólgota, apontou
para o Céu.
“A repreensão de Natã tocou o coração de Davi, despertou sua consciência, e
a terrível gravidade de seu crime veio à tona. Seu ser se curvou arrependido
diante de Deus. Com lábios trêmulos, disse: “Pequei contra o Senhor!” (v.
13). Todo mal que é feito a alguém se reflete em Deus. Davi tinha cometido
um grave pecado contra Urias e Bate-Seba e sentiu isso profundamente. No
entanto, seu pecado contra Deus era infinitamente maior”
(Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 722).
Perdoado ou
esquecido?
Depois que Davi involuntariamente pronunciou juízo sobre si mesmo (2Sm
12:5, 6), Natã o confrontou com a enormidade de seu pecado. O coração de
Davi foi quebrantado, e ele confessou sua transgressão. Imediatamente Natã
lhe assegurou: “Também o Senhor perdoou o seu pecado” (2Sm 12:13). Ele
estava perdoado. Não há prazo de espera para o perdão de Deus. Davi não
precisou provar que estava sendo sincero antes que o perdão fosse
concedido. No entanto, Natã, que já tinha predito as consequências do
pecado de Davi em 2 Samuel 12:10-12, afirmou que aquele filho morreria.
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Deus tirou o pecado de Davi. Isso significa que Ele simplesmente esqueceu o
passado? As pessoas costumam esquecer o que passou? 2Sm 12:10-23
Davi também deve ter pensado nessas questões ao ver seu mundo
desmoronar – o bebê morto, sua família em desordem (as histórias de
Amnom e Absalão são dois exemplos de problemas familiares), seu futuro
incerto. Contudo, apesar das consequências desse pecado, que afetou
inocentes como Urias e a criança recém-nascida, Davi entendeu que a graça
de Deus cobriria seu pecado, e que um dia todas as consequências seriam
eliminadas. Enquanto isso, ele encontraria na graça de Deus o descanso para
sua consciência atribulada.
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Na opinião de Davi, do que ele precisava? Pelo que ele


ansiava? Sl 51:1-6
No Salmo 51, Davi abriu seu coração e confessou seus pecados. O clamor por
misericórdia foi um apelo ao amor de Deus e à Sua compaixão. Ele ansiava por
renovação.

Quando consideramos o custo do descanso em Jesus, devemos primeiramente


reconhecer que precisamos de ajuda; somos pecadores e necessitamos do
Salvador; confessamos nossos pecados e clamamos ao Único que pode nos
lavar e renovar. Quando fazemos isso, somos encorajados. Mesmo sendo um
adúltero, manipulador, assassino, que tinha transgredido pelo menos cinco dos
Dez Mandamentos, Davi suplicou o perdão de Deus.
Algo novo
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Davi confessou seu pecado sem tentar desculpá-lo nem encobri-


lo. Depois, o que ele pediu a Deus? Sl 51:7-12
Ao se referir à purificação com hissopo, Davi utilizou a terminologia conhecida
pelos israelitas que visitavam o santuário. Ao se referir aos rituais de
purificação descritos na Lei de Moisés (Lv 14:4), ele reconheceu o poder do
Sacrifício que viria para tirar os pecados do mundo. Davi também pediu
“júbilo” e “alegria”. Diante da enormidade de seu pecado, esse pedido não era
um pouco audacioso?

Talvez seja proveitoso observar esta paráfrase: “Diga-me que estou perdoado
para que eu possa entrar novamente no santuário, onde possa ouvir o júbilo e
a alegria daqueles que Te adoram”.
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Quando Adão e Eva pecaram, eles se esconderam de Deus (Gn 3:8). Por que
o pedido de Davi, mesmo depois de seu pecado, foi tão diferente? Sl 51:11,
12
Davi não desejava perder a consciência de viver na presença de Deus. Ele percebia que sem
o Espírito Santo, ele era fraco. Sabia que, com a mesma facilidade com que tinha caído em
pecado com Bate-Seba, poderia pecar novamente. Sua autoconfiança foi destruída.

Davi entendia que as vitórias futuras não viriam dele, mas apenas de Deus, à medida que
ele dependesse totalmente do Senhor.

A essência da vida cristã vitoriosa não está em nós, mas em Jesus. Ansiamos por Sua
presença; desejamos Seu Espírito; queremos a alegria da salvação. Precisamos de
renovação, restauração e descanso – um ato divino de recriação. O descanso da criação não
está longe do perdão. “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um
espírito inabalável” (Sl 51:10). Esse verso usa a terminologia da criação. No Antigo
Testamento, somente Deus podia “criar” (bara’) – e, uma vez que somos recriados,
podemos descansar.
Refletores da
luz de Deus
Depois de superar um fracasso embaraçoso e experimentar o
perdão, a coisa mais natural a fazer é tentar esquecer que o evento
aconteceu. Lembranças de derrotas podem ser dolorosas.
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O que Davi desejava fazer com sua experiência dolorosa?


Sl 51:13-19
Quando uma tigela ou um vaso precioso cai e se quebra, normalmente suspiramos e
jogamos fora os cacos inúteis. No Japão, existe uma arte tradicional chamada kintsugi,
especializada em recriar cerâmica quebrada. Um metal precioso, como ouro ou prata
líquida, é usado para colar as peças quebradas e transformar o item destruído em algo de
beleza e valor.

Cada vez que Deus perdoa nossas transgressões e nos recria, algo muda. O precioso
perdão de Deus cola nossos pedaços, e as fissuras visíveis podem chamar a atenção para
Sua graça. Podemos nos tornar os alto-falantes de Deus. “A minha língua exaltará a Tua
justiça” (Sl 51:14). Não tentamos nos consertar nem melhorar por nós mesmos. Nosso
espírito quebrantado, nosso coração contrito, são louvores suficientes a Deus – e são raios
de luz que o mundo pode ver. Nossa experiência de ter sido perdoados atrai aqueles que
buscam o perdão.
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Que relação existe entre o Salmo 51 e 1 João 1:9?


O texto de 1 João 1:9 é um resumo do Salmo 51. Assim como Davi sabia que
Deus não desprezaria um coração quebrantado e contrito (Sl 51:17), João nos
assegurou que, “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos
perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1:9). Podemos crer na
palavra de Deus.

Davi não conseguiu consertar o tremendo dano que havia causado à sua família
por meio de seus atos e exemplo. Ele sofreu as consequências de suas decisões
e ações. Mesmo assim, Davi sabia que havia sido perdoado. Ele sabia que, pela
fé, precisava crer que um dia o verdadeiro Cordeiro de Deus viria e tomaria seu
lugar.
“Em todos os séculos, [...] milhares dos filhos de Deus, quando traídos pelo
pecado [...], têm se lembrado [... do] arrependimento e [... da] confissão sincera
de Davi [e] essas pessoas têm encontrado ânimo para se arrependerem e para
andar novamente no caminho dos mandamentos de Deus. “Todos aqueles que
[...] se humilharem em confissão e arrependimento, como fez Davi, podem ter
certeza de que existe esperança para eles. [...] O Senhor nunca rejeitará uma
pessoa verdadeiramente arrependida”
(Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 725, 726).
1. Como equilibrar a consciência do pecado com
a certeza do perdão?
2. Por que todo pecado, em última instância, é
contra Deus? O que significa isso?
3. O que dizer às pessoas que não aceitam que os
inocentes sofram? Como explicar o amor de Deus
nessas situações? O grande conflito oferece uma
perspectiva proveitosa?
4. A Bíblia narra a sórdida história de Davi e Bate-
Seba. Qual é o propósito desse relato?
5. O pecado nos separa de Deus (Sl 51:11, 12).
Como isso acontece? Por que essa separação é
tão desconfortável? Por que a promessa da graça
é o único remédio para a culpa?

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