O documento discute como a literatura e a história estão intimamente ligadas na construção da memória cultural e do imaginário nacional de uma nação. Através da análise de "El cantar del Mio Cid", mostra como a obra literária contribui tanto quanto os registros históricos para a formação da imagem do herói nacional El Cid e de elementos da identidade espanhola. Apesar de registros históricos mais precisos, o mito criado pela literatura permanece vivo na história e cultura espanholas.
O documento discute como a literatura e a história estão intimamente ligadas na construção da memória cultural e do imaginário nacional de uma nação. Através da análise de "El cantar del Mio Cid", mostra como a obra literária contribui tanto quanto os registros históricos para a formação da imagem do herói nacional El Cid e de elementos da identidade espanhola. Apesar de registros históricos mais precisos, o mito criado pela literatura permanece vivo na história e cultura espanholas.
O documento discute como a literatura e a história estão intimamente ligadas na construção da memória cultural e do imaginário nacional de uma nação. Através da análise de "El cantar del Mio Cid", mostra como a obra literária contribui tanto quanto os registros históricos para a formação da imagem do herói nacional El Cid e de elementos da identidade espanhola. Apesar de registros históricos mais precisos, o mito criado pela literatura permanece vivo na história e cultura espanholas.
Orientador: Prof. Dr. Ítalo Ogliari Foi-se o tempo em que o discurso historiográfico e o discurso literário eram separados pela ideia de verdade. Aristóteles pensava que a história tinha a verdade como fim e a arte poética apenas o compromisso de parecer verdade. Para Foucault a literatura é algo muito particular que surge entre o final do século XVIII e início do século XIX.
Antes do século XVIII a produção de linguagem
se dava por questões relativas à memória e a familiaridade.
“Obras de linguagem” faz com que ambos
discursos se confundam. O presente estudo tem como objetivo mostrar, a partir de El cantar del Mio Cid, como o discurso literário e histórico realmente se confundem na constituição da memória cultural de uma nação, ou seja, evidencia como a literatura é tão responsável quanto o discurso histórico para construção do imaginário nacional e de seus heróis. Os textos literários são fatos históricos, já que seu autor estava historicamente posicionado e sob influência do momento em que estava vivendo.
“é praticamente impossível pensar em textos
literários sem considerar o contexto histórico em que surgiram e a partir do qual ganham seu significado único” (FERREIRA, 2010, p. 02). Literatura e história eram consideradas como ramos da mesma árvore do saber que buscava “interpretar a experiência, com o objetivo de orientar e elevar o homem” (HUTCHEON, 1991, p. 141).
O contexto histórico influencia no pensamento do
autor. O que está ocorrendo em sua época se incorpora em sua obra. Assim, a ficção surge como território daquilo que, apesar de não ser real, carrega a possibilidade de se acreditar que tenha ou possa ter ocorrido. Desde a antiguidade até o século XX a literatura concebe-se como instrumento regulador e organizador das imagens ligadas a memória, formando o imaginário do homem acerca de seu passado. Ramos diz que podemos compreender o discurso literário como estrutura mediadora entre imagens significativas para a construção da identidade de uma nação.
O discurso literário pode também ser
compreendido como elemento que interfere na constituição da identidade de uma nação percebida por nós como (RAMOS, 2000, p. 88) No ato de narrar, os fatos passados matizam-se, o sujeito se dobra sobre a própria vida. Somos levados a pensar como, pela narração de nossas lembranças, vamos nos tornando sujeitos e nos inscrevendo na história. Lembrar é narrar. Narrar é lembrar (...) (BRAGA, 2000, p.88) El cantar de Mio Cid.
Façanhas de um nobre guerreiro espanhol, chamado
Rodrigo Diaz de Vivar.
Escrito por volta de 1140, quarenta anos após a morte de
El Cid.
Joia literária, já que não se tem nada anterior na
literatura espanhola. Ferreira afirma que “a atração que os temas da história exercem sobre os escritores e poetas gera a literatura de ficção, mitos, epopeia antiga, canções de gesta” (FERREIRA, 2010, p. 4)
A obra nasceu da oralidade do povo (canções de
gesta). Recitadas nas praças pelos trovadores.
Foi a partir das façanhas da memória do povo que
as história das façanhas de El Cid tomou fama. O autor do poema se inspirou no Cid real, mas por conta do contexto histórico precisou romantizá-lo.
Reconquista da Espanha para os cristãos.
Essa imagem, não tão real do Cid, favoreceu a
identificação do povo e sua unificação após a tomada dos reinos pelos espanhóis. Chamado de “el que em buena hora nació” ou “el que em buena hora ciño espada”.
“Y el Cid, que em buena hora ciño espada, así
habló: Martín Antonílez, caballero de valiente lanza: si Dios me concede vida, te he de doblar la paga. He gastado todo el oro y la plata: puedes ver que nada traigo conmigo, y buena falta me haría para todos los que me siguen.” (BLUMENFELD, 2009, p. 30) Descrição geográfica presente na obra, mencionando cidades que existem e estão bem situadas.
“Ya entra El Cid Ruy Díaz por Burgos; sesenta
estandartes lo acompañaban. Hobres y mujeres salen a verlo; los burgaleses y las burgalesas se asoman a las ventanas, todos afligidos y llorosos. De todas las bocas sale el mismo lamento: - ¡Oh Dios, qué buen vasallo si tuviese buen señor!” (BLUMENFELD, 2009, p.27) Mobilizava centenas de seguidores.
“Le prepararon al buen Campeador una abundante
comida. Las campanas de San Pedro tañeron a todo vuelo. En tanto, iban diciendo por Castilla cómo se alejaba de su tierra el Cid Campeador. Unos dejaban sus casas, otros heredades. Ese mismo día pasaban el puente del Arlazón ciento quince jinetes; todos preguntaron por el Cid Campeador. Martín Antonílez se reunió con ellos y juntos se encaminaron hacia San Pedro, donde estaba el bien nacido.” (BLUMENFELD, 2009, p 40) Trazia alegria ao seu povo.
“¡Qué alegría en todas partes cuando el Cid ganó
Valencia y entró en la ciudad! Los que antes andaban a pie, ya iban a caballo. ¿Quién podría contar el oro y la plata que ganaron? Ahora todos son ricos. Sacada la quinta parte por mandato del Cid Rodrigo, vio que le tocaban treinta mil marcos en moneda; y en especie, ni contarlo.” (BLUMENFELD, 2009, p.85) Força do guerreiro e sua devoção à pátria, ao seu rei e ao cristianismo.
“- ¡Gracias a Dios, señor de lo creado! Antes fui pobre y
ahora rico: poseo dinero, tierras, oro, heredades, yernos míos son los infantes de Carrión; venzo en las batallas cada vez que Dios lo quiere; moros y cristianos me respetan. En Marruecos, tierra de las mezquitas, temen que los asalte cualquier noche, aunque a mí no se me ha ocurrido. No, no iré a buscarlos, que mejor me estoy en Valencia, adonde, si Dios me lo consiente, me traerán ellos el tributo, sea que me lo paguen a mí o a quien yo ordene.” (BLUMENFELD, 2009, p.143) Por fim, podemos perceber, ao término de nosso estudo, que a relação entre história e literatura se fundem e se confundem com a história do próprio homem e de seu próprio imaginário.
Não existindo mais o ser empírico, tudo o que há
sobre ele é discurso, é coisa narrada. E assim, novamente a literatura e a história se mostram irmãs, consideradas como ramos da mesma árvore do saber. Ficou comprovado em nosso estudo, que mesmo havendo registros históricos atuais, muito mais comprometidos com uma verdade empírica do herói aqui tratado, ou seja, tentando mostrar o homem “real” e sua verdadeira história, o mito, criado pela literatura, permanece vivo na história e no imaginário espanhol, fazendo com que grande parte daquilo que o homem tem como sua nação, sua história e seus heróis sejam formados disso: de uma bela e empolgante criação literária. Estátua de El Cid em Burgos, Espanha Estátua de El Cid, Zaragoza, Aragón, Espanha. Estátua do El Cid no Balboa Park, em San Diego, Califórnia - Estados Unidos Monasterio de San Pedro de Cardeña (Burgos). Túmulo do El Cid e sua esposa Dona Jimena Reprodução do escudo usado por El Cid em suas campanhas militares. Tizona e Colada, as espadas de El Cid.