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MEDIDA E AVALIAÇÃO MORFO FUNCIONAL

Prof. Fernando Octávio da Silva Martins M Sc


HISTÓRIA

400 a.C. Hipócrates faz as primeiras referências ao conceito de estrutura humana, foi um dos


primeiros a classificar os indivíduos
segundo sua morfologia em tísicos ou delgados e apopléticos ou musculosos.
Tísicos: Que ou aquele que está atacado de tísica. Sinônimo de tísico: tuberculoso

Delgados: Que tem pouca espessura, que tem o talhe fino e delicado; esbelto, magro. Sinônimo de delgado: fino, franzino
e magro.

Apopléticos: Relativo à apoplexia, vulgarmente é quando uma pessoa fica pasmo ou paralisado com determinada situação,
seria o mesmo que ficar de "queixo caído" justamente por ser sinônimo de "acidente vascular cerebral" o que deixa a
pessoa sem movimentos. Sinônimo de apopléticos: congestionado, confuso, congesto, embaraçado, rubro, paralisado
sem ação.

Musculosos: Aquele que há muitos músculos. Robusto, vigoroso, forte. Sinônimo de musculoso: musculado


CONCEITOS

Antropometria:

É um ramo da antropologia que estuda as medidas e dimensões das


diversas partes do corpo humano. A antropometria está relacionada
com os estudos da antropologia física ou biológica, que se ocupa em
analisar os aspectos genéticos e biológicos do ser humano e compará-
los entre si.

Cineantropometria:

Cine: O Sufixo significa movimento e reflete o estudo do movimento, das


trocas que ocorrem no homem. É o símbolo da vida, da evolução e do
desenvolvimento do ser humano.
Antropo: O tema central cujo significado é “homem” o qual vamos medir o
objeto principal do  nosso estudo.
Metria: O sufixo tem o significado de fácil compreensão “medida”.
 
Métodos de Valoração
Diretos:
Dissecação de cadáveres

Indiretos:
Pesagem hidrostática
Dexa (Dual Energy X-Ray Absorptiometry)

Duplamente indiretos:
Bio-Impedância
antropometria
MÉTODOS DIRETOS
Método direto. Dissecação de cadáveres
A dissecação de cadáveres é a única metodologia considerada direta; neste método ocorre a separação
dos diversos componentes estruturais do corpo humano afim de pesa-lós e estabelecer relações entre
eles e o peso corporal total. Desta forma, podemos perceber a dificuldade de estudos envolvendo este
procedimento, o que justifica a pequena quantidade de estudos com cadáveres e a utilização de
metodologias mais acessíveis.
Entretanto, cabe citar dois estudos de grande relevância nesta área que se utilizaram da metodologia
direta, o de MATIEGKA (1921) e o de DRINKWATER et alii (1984). 
No primeiro, (MATIEGKA, 1921) desenvolveu uma série de equações para estimar o peso da pele mais
o tecido adiposo subcutâneo, dos músculos esqueléticos, dos ossos e do tecido residual (órgãos e
vísceras). Em seu estudo, Matiegka reconheceu a necessidade de novos estudos com cadáveres para
validar os coeficientes que derivou.
No segundo, (DRINKWATER et alii, 1984) bem mais recente, foram estudados 25 cadáveres, com
idades variando entre 55 e 94 anos, que foram medidos e dissecados. Este estudo foi  o único onde os
dados de medidas de superfície  e composição anatômica foram coletados nos mesmos cadáveres; o
mesmo contribuiu para a obtenção de  novos dados sobre as quantidades dos tecidos e órgãos no
corpo humano adulto,  relatando as quantidades destes tecidos e órgãos por medidas corporais
externas, produzindo dados que podem
ser usados para a validação de vários  métodos de estimativa da composição corporal humana "in
vivo", e para  o desenvolvimento de novos métodos antropométricos (DRINKWATER et alii, 1984). É
importante ressaltar que a utilização das equações propostas por este estudo deve ser cuidadosa no
que se refere a populações jovens, crianças e atletas, pois a amostra era composta só por indivíduos
idosos e isso pode proporcionar um erro significativo nos resultados.
MÉTODOS INDIRETOS
Pesagem hidrostática
O método baseia-se no princípio de Arquimedes: “Um corpo
imerso em um líquido sofre a ação de uma força hidrostática
de flutuabilidade, que é evidenciada por uma perda de peso
equivalente ao peso do líquido deslocado.”
Através da pesagem hidrostática se determina a densidade
corporal, o percentual de gordura, a massa gorda e a massa
magra de um indivíduo.
A densitometria refere-se ao processo geral para estimar a
composição corporal através da densidade corporal. A
densitometria se torno um sinônimo de pesagem hidrostática.
Esse método indireto é considerado como padrão e
frequentemente tem sido usado como critério de validação de
novos métodos da determinação da DC, %G, MG e MM
Fórmula de cálculo da densitometria

       DC= M
(M – MSub) – (VR + 0,1)
         D
DC – Densidade corporal em g/ml
M – massa do corpo no ar em Kg
MSub – massa do corpo submersa em Kg
D – densidade da água em g/ml
MÉTODOS INDIRETOS. DEXA
Dexa (dual energy x-ray absorptiometry, ou,
radioabsorciometria de feixes duplos): é um método
de avaliação que serve para analisar a composição
corporal. A quantidade de massa ou gorda do organismo
é medida pelo densitômetro, que traduz para
porcentagens as imagens obtidas por um tipo especial
de raio x dos diferentes compartimentos do corpo: tecido
ósseo, muscular, de gordura e fluidos.ósseo, muscular,
de gordura e fluidos.
Métodos duplamente indiretos

A palavra "Impedância" significa resistência à passagem da corrente elétrica, e está


inversamente relacionado à condutividade elétrica. Toda matéria oferece uma determinada
resistência ao fluxo de corrente elétrica que é inversamente proporcional ao nível de
hidratação e eletrólitos nela contidos.
A avaliação da composição corporal por Bio-Impedância, se fundamenta na passagem de
uma corrente de baixa voltagem e frequência pelo corpo do paciente, determinando-se a
resistência oferecidas pelos diversos tecidos do organismo. Lembrando o fato de que o
tecido gorduroso tem um conteúdo aquoso baixo, pode-se deduzir que a condução da
corrente elétrica será mais difícil se comparada com a condução do tecido muscular que é
predominantemente aquoso. com esses dados através de um programa especial pode-se
estimar o percentual de massa gorda, massa magra  e metabolismo basal do paciente.
Protocolo para realização do BIA
» Não comer ou beber a menos de quatro horas do
teste;
» Não fazer exercícios a menos de 24 horas do teste;
» Urinar a menos de 30 minutos do teste;
» Não consumir álcool a menos de 48 horas do teste;
» Não tomar medicamentos diuréticos a menos de sete
dias do teste;
» Mulheres em período pré-menstrual não devem fazer o
teste.
MÉTODOS DUPLAMENTE INDIRETOS ANTROPOMETRIA

O ser humano pode ser descrito com grande


precisão através de medidas de sua morfologia
externa, tais com o segmentos ou alturas,
diâmetros,perímetros e dobras cutâneas. O uso
da dobra cutânea é um dos mais práticos e
hábeis métodos na avaliação corporal em
populações adultas entre 20 e 50 anos deidade,
isto porque aproximadamente 70%da gordura
corporal total está localizada subcutâneamente .
Afinal, qual a melhor técnica?
Após esta pequena revisão sobre  avaliação da
composição corporal percebe-se que a escolha da
técnica não  é tão fácil quanto parece e, qualquer que
seja a técnica pela qual optemos, é necessário um bom
conhecimento da mesma no que diz respeito à
padronização das medidas e sua validade para o grupo
ou indivíduo a ser avaliado. Considerando que as
técnicas mais acessíveis são justamente as que podem
produzir mais erro, é importante que verifiquemos as
vantagens e limitações da técnica escolhida, para que
possamos errar um pouco menos.
Índice de Massa Corporal (IMC)
A forma mais amplamente recomendada para
avaliação do peso corporal em adultos é o IMC
(índice de massa corporal), recomendado
inclusive pela Organização Mundial da Saúde.
Esse índice é calculado dividindo-se o peso do
paciente em Kilogramas (Kg) pela sua altura em
metros elevado ao quadrado (quadrado de sua
altura). O valor assim obtido estabelece o
diagnostico da obesidade e caracteriza também
os riscos associados conforme apresentado a
seguir
ÍDICE DE RELAÇÃO CINTURA QUADRIL
 Relação cintura-quadril (rcq): o que é e como calcular. A relação
cintura-quadril (RCQ) é o cálculo que se faz a partir das medidas
da cintura e do quadril para verificar o risco que uma pessoa tem
de desenvolver uma doença cardiovascular.
MEDIDA E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
 Bateria de Teste - Vários testes organizados que avaliam cada item
utilizado na prática esportiva ou na programação do treinamento de
determinada área, ou programas de aulas, que explora mais de uma
valência. Para tal: (a) analisa-se os fatores que irão interferir na
performance e em que intensidade cada um contribui para o trabalho a ser
desenvolvido; (b) seleciona-se os itens de testes que se enquadram nas
qualidades desejadas. (RIZZO, 1977, p. 24).

 Medida – A medida é o escore (resultado) obtido com base em um teste,


expressando a numericamente o que se deseja enfocar. É a grandeza,
classicamente medir é comparar grandezas conhecidas e pré
estabelecidas. Ex: comparar com um metro qual a distância pulamos
quando medimos um salto em extensão ou em quilogramas quando
medimos o peso. Qual o consumo máximo de oxigênio? (CLARKE,2005)
Avaliação:

Os testes e as medidas não são independentes entre si sendo


assim, envolvem tomada de decisão ou considerações extras. A
avaliação é totalmente um processo de tomada de decisão “decision
marking process”. As decisões pode, envolver o uso das medidas
(dados) quantitativos e qualitativos. Na avaliação de um estudante,
os julgamentos devem ser feitos de uma maneira sistemática,
usando-se o teste que melhor atenda os critérios de autenticidade
científica. Nota-se que as avaliações devem ser justas à luz de
instruções objetivas do professor. Por outro lado os objetivos dos
testes devem ter sido previamente identificados e enunciados de
acordo com os objetivos instrucionais da instituição (PHILLIPIS,
2007).
Fatores que vão influenciar a eficiência da medida
 VALIDADE FIDEDIGNIDADE OBJETIVIDADE

 Validade: Validade Capacidade (do instrumento/teste) de medir a variável em


questão com o mínimo de erro, isto é, se uma variável ou medida representa o
que deveria representar (Exatidão da Medida)
 Normalmente , para um teste ou instrumento ser considerado válido, ele é
comparado com uma forma direta de verificar um resultado – “Padrão-Ouro”

 Fidedignidade, Confiabilidade ou Reprodutibilidade: Capacidade (do


teste) de proporcionar medidas estáveis e consistentes em várias tentativas e
ao longo do tempo (Precisão da medida). A medida repetida duas ou mais
vezes em um curto intervalo de tempo, deve apresentar os mesmos
resultados ou uma alta correlação entre eles. Não pode haver entre os testes,
atividades ou fatores que possam alterar as respostas.

 Objetividade: Capacidade (do teste) de medir objetivamente uma


determinada variável, proporcionando resultados semelhantes/consistentes,
quando realizado por diferentes avaliadores. Heyward V, 2006 – Ed. Human
Kinetics Também conhecida como reprodutibilidade entre avaliadores. Está
relacionada à diminuição do erro inter-avaliador.
Critérios de Autenticidade Científica
 Condições normativas - qualquer bateria de testes deve: (1) atender
às exigências técnicas; (2) ajustar-se ao testado; (3) ser de simples e de
rápida execução; exigir mínimo material e instalações; (5) permitir uma
classificação fácil e variada dos executantes (FLEGNER, p. 9).
 Critério - Expressa o nível de rendimento de um indivíduo em relação a
um domínio determinado de conteúdo; rendimento de um aluno
independente do rendimento do grupo (BASTOS, 1995).
 Confiança - Aplicando-se o teste 2 vezes em um mesmo indivíduo sem
que, entre os testes, tenha havido atividade que possa alterar a resposta, os
índices obtidos devem ser altamente correlacionados. (RIZZO, 1977).
 Resultados similares aparecem quando o teste é repetido pelo mesmo
grupo nas mesmas condições. A confiabilidade está ligada à performance
do teste. O teste é feito e refeito. Os melhores continuam sendo os
primeiros, os piores os últimos e entre eles a ordem é aproximadamente a
mesma. A média dos resultados é mais confiável que o maior deles.
(BARROW, 1973).
 Critérios Para Seleção De Testes - Validade, Confiança e Objetividade são
critérios que garantem a consistência na medição do teste. Um teste não
deve causar fadiga; deve ser motivante. técnicas: procedimentos técnicos e
estatísticos. (regras) A prática de um teste padronizado deve comprovar a
confiança.
 O teste é feito para posicionar os estudantes em graus. Se suas posições
indicam, verdadeiramente, suas habilidades, então, o teste é considerado
válido; se suas posições são seguras e estáveis o teste é considerado
confiável (BARROW, 1973).
 Validade - A validade testa a honestidade do teste. Para ser válido, um
teste deve medir com o máximo de precisão possível, o que está descrito
como medida. A validade é inerente ao objetivo do teste. (BARROW, 1971,
p.42).
 Nível de Significância – Para decidir se a diferença amostral obtida é
estatisticamente significante – resultado de uma real diferença entre
populações e não apenas produto de erro amostral – é habitual estabelecer um
nível de confiança (também chamado nível de significância), nível esse que
representa a probabilidade com que a hipótese nula pode ser rejeitada com
confiança (segurança) ou, dizendo de outro modo, a probabilidade com que a
hipótese experimental pode ser aceita; com confiança (LEVIN, 1987).
 Coeficiente de Equivalência – o coeficiente de equivalência é um
coeficiente de correlação, expresso numericamente, sendo que a magnitude
desse número representa a porção em que uma das variáveis é equivalente
à outra, isto é, pode ser substituída pela outra variável (FLEGNER, 1994,
COMUNICAÇÃO PESSOAL).
 Coeficiente de Estabilidade/Coeficiente de Autenticidade Científica – É
um coeficiente de autenticidade científica que se refere ao que grau
representa a não variação de escores de um indivíduo, de um dia para o
outro (FLEGNER, 1994, COMUNICAÇÃO PESSOAL).
 Validade Simultânea – Considera-se como sendo a validade obtida pela
relação dos escores de um teste com outro teste e que vale como critério
por ter, cientificamente comprovada a sua validade em medir o parâmetro ou
característica em questão FLEGNER, (1994), é definido por SAFRID &
WOOD (1995), como o grau com o qual um teste que já foi estabelecido
como um teste válido de atributo ou interesse.
É o grau com o qual escores em um teste correlacionam-se com escores de
um padrão aceito (reconhecido) (BAECHLE, 1994).
MORROW; JACKSON; DISCH & MOOD, (1995, P.92) citam que a medida
critério é obtida ao mesmo tempo em que a medida alternativa. Como
ilustração, citam os testes de corrida de longa distância para estimativa de
consumo de oxigênio, como exemplo de validade simultânea.
STANDARD PARA INTERPRETAR COEFICIENTE DE
CORRELAÇÃO
COEFICIENTE VALIDADE CONFIANÇA E
OBJETIVIDADE
LEVIN SAFRI & WOOD
1.00 (perfeita) .80 – 1.00 (alta) 1.00 - -
.95 (forte) .60 - .79 (moderadamente alta) .95 - 99 - Excelente
.50 (moderado .40 - .59 (moderada) .90 - - Muito Bom
94
.10 (fraco) .20 - .39 (baixa) .85 - 89 Excelente Aceitável
.00 (ausente) .00 - .19 (ausência correlação .80 - Muito bom Aceitável
84
- - .75 - 79 Aceitável Pobre
- - .70 - 74 Aceitável Pobre
- - .65 - 69 Questionável Questionável (exceto
(exceto testes grupos)
complexos)
- - .60 - Questionável Questionável (exceto
64 grupos)
FATORES QUE COMPROMETEM A VALIDADE
1- História das ocorrências durante a intervenção.
2- Maturação dos indivíduos.
3- Aplicando um teste experimental com pouco intervalo (em caso de
intervenção curta), tem efeito de prática para o pós teste.
4- Instrumentação: equipamento, calibragem, questionário, que não
tem índice de segurança.
5- Retorno estatístico, seleção de grupos homogênicos baixos que
ambos tendem a concentrar em valores médios.
6- Seleção tendenciosa, voluntários que queiram perder peso, testes
de certas habilidades usar voluntários apenas.
7- Mortalidade experimental: usar cobaias em um estudo longo que
queiram desistir de comer alimentos “pesados” ou fumo.
8- Efeito de interação: simpatia especial por um teste ou testador.
9- Efeito de expectativa.
OBRIGADO

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