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FUNÇÕES DO GOVERNO

Disciplina: Economia e Gestão do Setor Público


(4)

Finanças Pública- Fabio Giambiagi, Ana Cláudia Além, Campus- 2. Edição,2000.


Economia do Setor Público-Alfredo Filellini, Atlas,1989.

Fundamentos do Estado, das Formas e das Funções do Governo-Estado,Governo


e
Sociedade- Paradigmas de convivência Social

Professor Ms Regis Ximenes


“(...) poucas vezes o Estado brasileiro tomou conta de empresas
privadas saudáveis, preferindo ao invés disso investir nos ‘espaços
vazios’: siderurgia, petróleo, minério. Muitos casos de
nacionalização de empresas privadas nos setores básicos –
telecomunicações e eletricidade – ocorreram depois de que o setor
privado se mostrou incapaz de se expandir em linha com as
exigências do desenvolvimento”.

Thomas Trebat, em “Brazil State-owned enterprises: a case study of the


State as entrepeneur”

“Brasil empresas estatais: um estudo de caso do Estado como


empresário”
Sistema Econômico

•Sistema econômico é o conjunto de relações técnicas, básicas e


institucionais que caracterizam a organização econômica de uma
sociedade.

•Elementos do sistema econômico

1) Estoque de recursos produtivos.


2) Complexo de unidades de produção.
3) Conjunto de instituições (jurídicas, políticas, sociais e econômicas)
Sistemas Econômicos

Capitalismo e suas características

a) Propriedade privada dos fatores de produção, dos bens de consumo e


do dinheiro;
b) Controle do funcionamento da economia é realizado pelo sistema de
preços;
c) O lucro é o grande impulsionador para a ação dos agentes
econômicos;
d) Importância da competição entre as empresas e entre os proprietários
dos recursos;
e) O papel do governo é limitado. A participação do governo é dada pela
relação entre gasto público (G) e PIB (Y).
• Capitalismo é um sistema econômico em que os meios de produção
e distribuição são de propriedade privada e com fins lucrativos.

• Decisões sobre oferta, demanda, preço, distribuição e investimentos


não são feitos pelo governo e os lucros são distribuídos para os
proprietários que investem em empresas e os salários são pagos aos
trabalhadores pelas empresas.

• O capitalismo é dominante no mundo ocidental desde o final do


feudalismo.
• O capitalismo é o sistema sócio-econômico baseado no
reconhecimento dos direitos individuais, em que toda propriedade é
privada e o governo existe para banir a iniciação de violência humana.

• Em uma sociedade capitalista, o governo tem três órgãos: a polícia, o


exército e as cortes de lei.

• Na lógica do capitalismo está o aumento de rendimentos. Estes tanto


podem ser concentrados como distribuídos, sem que isso nada tenha a
ver com a essência do sistema.

• Concentração e distribuição dos rendimentos capitalistas dependem


muito mais das condições particulares de cada sociedade.
• O capitalismo só pode funcionar quando há meios tecnológicos e
sociais para garantir o consumo e acumular capitais. Quando assim
sucede, tem conservado e até aumenta a capacidade econômica de
produzir riqueza.

• Dentro do capitalismo existem diversos tipos, como o capitalismo


financeiro (também conhecido como capitalismo monopolista), que
corresponde a um tipo de economia capitalista em que o grande
comércio e a grande indústria são controlados pelo poderio
econômico dos bancos comerciais e outras instituições financeiras.

• O capitalismo é caracterizado por várias fases, sendo a sua primeira


fase designada como capitalismo comercial, marcado pela busca de
riquezas por parte da burguesia e nobreza durante a expansão
marítima, nos séculos XV e XVI.
Capitalismo industrial e informacional

•Juntamente com o capitalismo financeiro, surgiu o capitalismo


industrial, que é quando as empresas evoluíram de manufatureiras para
mecanizadas.

•Outro tipo foi o capitalismo informacional, que tem a tecnologia de


informação como o paradigma das mudanças sociais que reestruturaram
o modo de produção capitalista.
Capitalismo e globalização

•Um dos fenômenos do capitalismo é a globalização, que é um dos


processos de aprofundamento da integração econômica, social, cultural,
política, impulsionado pelo barateamento dos meios de transporte e
comunicação dos países do mundo no final do século XX.

•A globalização é gerada pela necessidade da dinâmica do capitalismo de


formar uma aldeia global que permita maiores mercados para os países
centrais.
Socialismo e suas características

a) Também conhecida como economia centralizada ou planificada;

b) As questões econômicas fundamentais são resolvidas por um órgão


central de planejamento;

c) Predomínio da propriedade pública dos fatores de produção.


• Socialismo é uma doutrina política e econômica que surgiu no final
do século XVIII e se caracteriza pela ideia de transformação da
sociedade através da distribuição equilibrada de riquezas e
propriedades, diminuindo a distância entre ricos e pobres.

• Noël Babeuf foi o primeiro pensador que apresentou propostas


socialistas sem fundamentação teológica e utópica como alternativa
política.

• Karl Marx, um dos principais filósofos do movimento, afirmava que o


socialismo seria alcançado a partir de uma reforma social, com luta de
classes e revolução do proletariado, pois no sistema socialista não
deveria haver classes sociais nem propriedade privada.
• Todos os bens e propriedades particulares seriam de todas as
pessoas e haveria repartição do trabalho comum e dos objetos de
consumo, eliminando as diferenças econômicas entre os indivíduos.

• O sistema socialista é oposto ao capitalismo, cujo sistema se baseia


na propriedade privada dos meios de produção e no mercado liberal,
concentrando a riqueza em poucos.

• A origem do socialismo tem raízes intelectuais e surgiu como


resposta aos movimentos políticos da classe trabalhadora e às
críticas aos efeitos da Revolução Industrial (capitalismo industrial).

• Na teoria marxista, o socialismo representava a fase intermediária


entre o fim do capitalismo e a implantação do comunismo.
• O socialismo sugeria uma reforma gradual da sociedade capitalista,
demarcando-se do comunismo, que era mais radical e defendia o fim
do sistema capitalista e queda da burguesia através de uma revolução
armada.

Socialismo Utópico

• O Socialismo Utópico foi uma corrente de pensamento criada por


Robert Owen, Saint-Simon e Charles Fourier. De acordo com os
socialistas utópicos, o sistema socialista se instalaria de forma branda
e gradativa.

• O nome socialismo utópico surgiu graças à obra "Utopia" de Thomas


More, sendo que a utopia é referente a algo que não existe ou não
pode ser alcançado. Os primeiros socialistas, que foram os utópicos,
tinham em mente a construção de uma sociedade ideal, através de
meios pacíficos e da boa vontade da burguesia.
• Karl Marx se distanciou do conceito de socialismo utópico, visto que
de acordo com essa corrente a fórmula para alcançar a igualdade na
sociedade não era discutida.

• O oposto do socialismo utópico é o socialismo científico, que


criticava o utópico porque este não tinha em conta as raízes do
capitalismo.

• Karl Marx classificava os métodos dos utópicos de "burgueses",


porque eles se baseavam na transformação súbita na consciência dos
indivíduos das classes dominantes, acreditando que só assim se
alcançaria o objetivo do socialismo.
Socialismo Científico

•O socialismo científico, criado por Karl Marx e Friedrich Engels, era


um sistema ou teoria que tinha como base a análise crítica e científica do
capitalismo.

•O socialismo científico, também conhecido como marxismo, se opunha


ao socialismo utópico, porque não tinha a intenção de criar uma
sociedade ideal. Tinha sim o propósito de entender o capitalismo e suas
origens, o acumular prévio de capital, a consolidação da produção
capitalista e as contradições existentes no capitalismo.

•Os marxistas anunciaram que o capitalismo eventualmente seria


ultrapassado e chegaria ao fim.
• O socialismo marxista tinha como fundamento teórico a luta de
classes, a revolução proletária, o materialismo dialético e histórico, a
teoria da evolução socialista e a doutrina da mais-valia.

• Ao contrário do socialismo utópico e sua pacificidade, o socialismo


científico previa melhores condições de trabalho e de vida para os
trabalhadores através de uma revolução proletária e da luta armada.

• De acordo com o marxismo, uma sociedade baseada no capitalismo


era dividida em duas classes sociais: os exploradores (donos dos
meios de produção, das fábricas, das terras), pertencentes à
burguesia, ou seja, os burgueses; e os explorados (aqueles que não
tinham posses e tinha que se sujeitar aos outros). Esse duelo entre as
classes, é aquilo que transforma e propele a história.
Socialismo Real

•Socialismo real é uma expressão que designa os países socialistas que


preconizam a titularidade pública dos meios de produção.

•No século XX, as ideias socialistas foram adotadas por alguns países,
como: União Soviética (atual Rússia), China, Cuba e Alemanha Oriental.
Porém, em alguns casos, revelou-se um sistema comunista constituído
por regimes autoritários e extremamente violentos.

•Esse socialismo é também conhecido como socialismo real - um


socialismo colocado em prática, que causou uma deturpação semântica
do "socialismo", levando assim a esses regimes que demonstraram
desrespeito pela vida humana.
 
Comunismo e suas características
a)Comunismo como doutrina social

b)Comunismo como fundamentação teórica

c)Comunismo como filosofia tutelar do Estado

d)Comunismo como manisfesto do partido comunista de 1848

e)Comunismo e socialismo

f)Comunismo primitivo

g)Comunismo no Brasil
• Comunismo é uma doutrina social, segundo a qual se pode e deve
"restabelecer" o que se chama "estado natural", em que todos teriam o
mesmo direito a tudo, mediante a abolição da propriedade
privada.

• Nos séculos XIX e XX, o termo foi usado para qualificar um


movimento político.

• Esta palavra tem origem no latim comunis, que significa comum.

• O comunismo procurou uma fundamentação teórica nas teorias do


estado dos sofistas gregos e na obra "República" de Platão. No
entanto, o comunismo encontrou bem cedo críticos severos, como
Aristóteles.
• O comunismo continuou a se fazer sentir em muitos movimentos
sectários depois disso, como é o caso de Thomas Münzer e dos
anabatistas, em seitas puritanas da América do Norte nos séculos
XVII e XVIII e outras, mas com a suposição de que o "amor ao
próximo" resultaria de uma regulamentação pública, o que era
exatamente o contrário do pensamento cristão.

• A doutrina comunista começou a se inspirar sobretudo numa filosofia


tutelar do estado. Por esse motivo reapareceu nas utopias políticas dos
séculos XVI e XVII.
• A grande reanimação do comunismo ou do socialismo (termos
utilizados nos primeiros momentos de forma indistinta como
sinônimos), no princípio do século XIX, está relacionada com a
Revolução Industrial.

• Os abusos do capitalismo e do liberalismo econômico, cometidos pela


tremenda transformação da economia e da indústria, provocaram um
movimento crítico que, em muitos casos, vem a se relacionar com as
ideias comunistas.

• O comunismo moderno se exprime primeiramente a nível de doutrina


através do marxismo, depois no marxismo-leninismo e, em parte,
também no maoísmo marxista e é fundamentalmente uma doutrina
destinada à igualdade compulsiva da maioria.
• De acordo com K. Marx e F. Engels (no Manifesto do Partido
Comunista de 1848), o comunismo do século XX considera a
história, desde a Antiguidade, como a sucessão de lutas entre as
classes trabalhadoras e sem posses, e as classes exploradoras, que
não trabalham ou trabalham pouco, mas que dispõem dos meios
materiais de produção.

• O comunismo afirma que as condições de vida (principalmente as


econômicas) do homem determinam a sua consciência e considera
que o desenvolvimento da capacidade de produção graças à técnica e
também à ciência desencadeiam uma evolução dialética onde a
sociedade esclavagista deveria dar lugar à sociedade feudal, depois à
sociedade burguesa e finalmente à sociedade socialista.
• Segundo esta doutrina, o último ponto culminante da luta de classes é
a luta da classe proletária contra a burguesia.

• Esta luta levará ao fim da sociedade burguesa, ao desaparecimento


das classes e à sua substituição por uma sociedade socialista ou
comunista.

• Esta luta seria a nível internacional, visto que a burguesia também se


organizou a nível internacional, os laços da classe são mais
importantes do que as realidades nacionais, e nesses termos a classe
operária de um país tem mais responsabilidade para com a classe
operária de outro país do que para com os seus próprios nacionais.
• O que caracteriza o comunismo são os raciocínios gerais e as
argumentações pela consequência, pelo que muitas vezes as suas
deduções são falsas.

• Assim, o fato real da crescente concentração do capital não eliminou a


relevante dinâmica das pequenas empresas e a importância do sistema
de produção não trouxe a importância dos seus agentes, mas sim o
papel crescente do setor ligado ao mercado.

• Por sua vez, a dinâmica social ligada às concepções comunistas não se


revelou exata, pelo contrário, se tornou claro que é um erro considerar
que as nações mais desenvolvidas industrialmente seriam as primeiras
a conduzir a uma revolução socialista.
• Também é errônea a hipótese de que em toda a parte seriam os
operários industriais a força motora do movimento revolucionário.

• Numa certa altura, o comunismo passou a ser reivindicado pelos


partidos comunistas, que revelaram grande combatividade em
revoluções na Alemanha, Áustria e Hungria, em 1918. Entre 1917 e
1921 foram fundados quase todos os partidos comunistas que
posteriormente vieram a ser importantes: o alemão (no final de 1918 e
princípio de 1919), o partido comunista de França e Indonésia (1920),
e em 1921 o italiano e chinês.

• Atualmente não existe no mundo comunista a mesma centralização


que havia nos anos 30 e 40. De igual forma, os partidos comunistas já
não são em toda a parte a força política mais revolucionária.
Comunismo e Socialismo

•Muitas vezes as expressões comunismo e socialismo são usadas como


sinônimos, o que não é correto.

•No entanto, os dois conceitos representam ideologias com algumas


semelhanças, pois representam uma forma de protesto ou uma alternativa
ao capitalismo.

•Muitos autores a favor do comunismo descrevem o socialismo como


uma etapa para se chegar ao comunismo, que organizaria a sociedade de
forma diferente, eliminando as classes sociais e extinguindo o Estado
opressor.
.
• A forma de atuação do comunismo e do socialismo também é
diferente.

• Enquanto o socialismo prevê uma mudança gradual da sociedade e


um afastamento do capitalismo, o comunismo pretendia uma
diferenciação mais brusca e muitas vezes usando o conflito armado
como método de atuação
Comunismo primitivo

•De acordo com alguns autores, o comunismo primitivo consiste na


forma de vida que se verificava desde a Pré-História. Quando foram
formadas as primeiras tribos, as propriedades eram partilhadas por todos
os elementos, assim como os meios de produção e de distribuição. As
atividades para obtenção de comida eram feitas em comum.

•Desta forma, o comunismo primitivo foi essencial para o


desenvolvimento da sociedade humana, criando laços na comunidade e
facilitando a sobrevivência, que era essencial graças às condições
adversas existentes.
• Além disso, o comunitarismo cristão da Igreja Primitiva (revelado na
Bíblia no livro de Atos dos Apóstolos), é por vezes visto como uma
forma de comunismo, por apresentar alguns dos mesmos princípios,
como o desinteresse pelos bens materiais e um amor generalizado
pelo próximo.
Comunismo no Brasil

•O Partido Comunista do Brasil, fundado no Rio de Janeiro em Março de


1922, foi de grande importância para o Brasil, pois dele surgiram vários
partidos que potenciaram a política brasileira. No seu princípio e mais ou
menos até 1935, o Partido Comunista teve que lutar contra o anarquismo
pela liderança sindical.

•Durante muito tempo o Partido Comunista foi proibido de funcionar e


por isso teve que funcionar de forma clandestina.

•Por esse motivo, o Bloco Operário Camponês foi criado, com o objetivo
de participar nas eleições.
 
Anarquismo

•Anarquismo é um sistema político que defende a anarquia, que busca


o fim do Estado e da sua autoridade.

•O termo anarquismo tem origem na palavra grega anarkhia, que


significa "ausência de governo". Representa o estado da sociedade ideal
em que o bem comum resultaria da coerente conjugação dos interesses
de cada um.

•A anarquia é contra a divisão em classes e por consequência é contra


toda a espécie de opressão de uns sobre os outros.
• Vulgarmente é entendida como a situação política em que a
constituição, o direito e as leis deixam de ter razão de existir.

• O anarquismo é uma teoria política que rejeita o poder estatal e


acredita que a convivência entre os seres humanos é simplesmente
determinada pela vontade e pela razão de cada um.

• É possível distinguir as correntes individualistas das correntes


coletivistas no que se refere ao problema da propriedade privada.
• O anarquismo recusa a reforma progressiva como meio de
desenvolvimento do estado, o qual deverá ser fruto da destruição
radical da ordem estatal, através da ação direta, que inclui os
atentados (propaganda pela ação).

• O anarquismo foi desenvolvido pelo clérigo dissidente inglês


William Goldwin e pelo jovem Proudhon, e recebeu uma base
filosófica da parte de Max Stirner.

• Encontrou os seus seguidores mais importantes entre os primeiros


russos social-revolucionários (niilismo). Os seus principais
representantes foram Bakunin e o príncipe Kropotkine, com Tolstoi
na sua vertente religiosa.
• Face ao problema da propriedade dos meios de produção, há duas
correntes a individualista e coletivista.

• Relativamente à sua organização, há uma corrente anarcocoletivista


(bakuninista) e outra anarcocomunista (kropotkiana), que se opunha
aos sindicatos de classes operárias.
Anarquismo, socialismo e comunismo

•O anarquismo se diferencia do socialismo e comunismo por ser o


único movimento inimigo absoluto do estado.

•Contudo, o anarquismo compartilha com o socialismo e comunismo


muitas das suas hipóteses e objetivos. Apesar disso, o anarquismo
amadureceu bastante menos que o socialismo e comunismo, e não atua
unitariamente em pontos importantes.

•Os três movimentos são opostos à mentalidade e economia capitalista,


mas têm formas bastantes diferentes de oposição.
• Enquanto o socialismo e comunismo pretendem alterar o Estado,
dando poder ao proletariado e tornando as propriedades coletivas, o
anarquismo defende que o estado tem que ser completamente abolido,
porque qualquer forma de estado mais cedo ou mais tarde se
transformaria em um regime autoritário, opressor e de exclusão.
Anarquismo no Brasil

•O anarquismo teve o seu início por volta de 1850 graças à influência de


imigrantes vindos da Europa. Atingiu o seu ponto mais alto no século
XX, pois era uma doutrina muito apreciada entre as classes operárias, o
que gerou as grandes greves em São Paulo e Rio de Janeiro, em 1917,
1918 e 1919.

•O partido Comunista Anarquista ficou menos influente com a criação


do Partido Comunista em 1922.

•Apesar de ainda existirem no Brasil alguns movimentos anarquistas,


este não possuem a mesma relevância de outros tempos.
Marxismo

Marxismo é um sistema ideológico que critica radicalmente o


capitalismo e proclama a emancipação da humanidade numa
sociedade sem classes e igualitária.

•As linhas básicas do marxismo foram traçadas entre 1840 e 1850 pelo
filósofo social alemão Karl Marx e o revolucionário alemão Friedrich
Engels, sendo o sistema mais tarde completado e modificado por eles e
por seus discípulos, entre eles, Trotsky, Lenine e Stalin.
• No ano de 1848, Karl Marx e Friedrich Engels publicam o Manifesto
Comunista, onde fazendo uma análise da própria realidade em que
viviam chegaram a algumas conclusões acerca do trabalho, da
propriedade, das relações produtivas e principalmente a violenta
exploração do proletariado.

• Neste contexto, Max e Engels propõem a luta pelo fim do capitalismo


com a adição imediata do socialismo, onde as massas trabalhadoras
possuindo os meios de produção assumiriam o poder político e
econômico.
• O Marxismo tornou-se um dos movimentos intelectuais e políticos
mais influentes da sociedade contemporânea. Ainda em vida, Marx
participou da criação da Associação Internacional dos Trabalhadores
(1864), conhecida por Primeira Internacional, reunindo trabalhadores
de vários países europeus e dos EUA.

• O Marxismo ou Socialismo Marxista embora promovesse congressos


e cooperação operária, teve curta duração, vindo a dissolver-se em
1876, devido à repressão sofrida e às divergências internas.

• Apesar disto, novas organizações operárias e partidos políticos se


destacaram, entre eles o Partido Social Democrata, fundado na
Alemanha por Wilhelm Liebknecht e August Bebel.
• Foi na Rússia, que o Socialismo Marxista teve maior repercussão,
serviu de inspiração para o Partido Operário Social Democrata Russo
e fundamentou a criação do primeiro Estado Socialista, em 1917,
dividindo o mundo em Capitalista de um lado e Socialista do outro.
Liberalismo
•O liberalismo se constituiu na ideologia predominante na sociedade
ocidental no século XIX, que preconizava a libertação do homem de
todas as formas de coerção e opressão consideradas injustas, a elevação e
utilização do valor da pessoa humana para os benefícios próprios e o da
sociedade.

•O liberalismo desenvolveu-se como expressão dos ideais da burguesia,


que justificava, através dele e da Democracia, sua situação
socioeconômica e suas aspirações políticas.

•Vivia-se o apogeu da sociedade liberal, que via todas as possibilidades


de aumentar seus lucros e o proletariado sentia-se fortalecido para lutar
por uma vida mais humana, mais justa.
O que é Direita:
“Direita” é uma palavra que pode representar um posicionamento
político, partidário e ideológico que tem, tradicionalmente como
característica, a defesa dos interesses da sociabilidade burguesa,
estereotipada pela figura do homem branco, heteronormativo,
cristão, monogâmico e proprietário. 

•De acordo com um conceito primário das Ciências Políticas, a direita é


marcada pelo conservadorismo social e do governo, defendendo os
direitos individuais e os poderes sociais, colocando valores religiosos e
tradicionais como essenciais para a construção de uma sociedade
moralmente decente, limitando qualquer tipo de reforma social nesse
aspecto.
• Ou seja, os políticos e grupos "de direita" representam todos os
interesses das elites e classes economicamente dominantes de um
país.

• Para compreender melhor a origem do conceito de "direita" para a


política, é necessário observar o cenário da Revolução Francesa
(processo revolucionário fundamentado em conceitos da filosofia
iluminista), no final do século XVIII.

• O termo "direita" referia-se ao grupo de parlamentares que se sentava


ao lado direito do presidente da Assembleia Nacional Constituinte,
enquanto elaboravam as leis que iriam reger a república, em
substituição ao regime monárquico. 
• Esses políticos defendiam ideais e leis mais conservadoras e
tradicionalistas, em confronto aos políticos que sentavam à esquerda,
que defendiam propostas políticas mais radicais, que trariam maior
impacto e mudança para a sociedade. 

• A partir desta configuração, as ideias passam a ser associadas aos


termos "direita" ou "esquerda", para definir a preferência política de
cada um:
 conservador ou
 revolucionário.  

 No século XIX, a classe dominante foi marcada pela burguesia,


enquanto que a classe operária tentava definir alternativas para criar
projetos que favorecessem toda a sociedade de forma igualitária.
• Conceitos como o Socialismo, Anarquismo e o Comunismo
surgiram e passaram a ser classificados como parte das ideias
"esquerdistas", enquanto que os ideais da burguesia, como o
Liberalismo, que tinha como objetivo preservar as relações e
privilégios mantidos pelos mais ricos, e outros regimes totalitários,
como o Fascismo e o Nazismo, passaram a ser associados
à "direita". 

• Em inglês, a palavra "direita" é traduzida para “right” e "esquerda"


é “left”. No entanto, quando a palavra é usada no âmbito da política,
um partido de direita é descrito como “right-wing” (ala direita) e os
de esquerda como “left-wing” (ala esquerda).
Direita e esquerda

•Um posicionamento político , partidário e ideológico de direita é


marcado por ideais que favorecem as classes dominantes e elites
burguesas, não dando espaço para mudanças muito profundas no sistema
de poder tradicional. 

•Já os grupos de esquerda, apoiam um processo de reforma social ou


revolução socialista, onde o Estado passa a ter mais influência sobre a
sociedade.

•As ideologias de esquerda defendem os benefícios das classes sociais


menos favorecidas e mais carentes. 
• O uso das expressões "direita" e "esquerda" também pode ser
analisado através da perspectiva de transformações de um contexto
político. 

• Por exemplo, os grupos partidários que se opõem ao regime de


governo vigente em uma nação, podem ser considerados "de
esquerda", enquanto que a ala que defende o governo em vigência
podem ser classificados como "de direita".

• Deste modo, o conceito de "direita" e "esquerda" passa a ser definido


pela ideologia de quem controla o poder central vigente.
Direita no Brasil

•Atualmente, no Brasil não existem partidos políticos que se intitulam


como sendo "de direita", em seu sentido clássico. Porém, podemos
encontrar alguns traços de grupos conservadores que apoiam ideais
típicos de partidos de direita. 

•Muitos cientistas políticos acreditam que o conceito maniqueísta de


"direita" e "esquerda" está defasado, pois existem muitas variantes entre
os posicionamentos políticos atuais, que mesclam ideologias tipicamente
"esquerdistas" com atitudes e interesses que beneficiariam os "de
direita". 
Aristocracia

•Aristocracia significa nobreza. É a classe social superior. O termo


aristocracia tem origem no grego “aristokrateia”, que significa
“governo dos melhores”.

•Aristocracia é uma forma de organização social e política em que o


governo é monopolizado por uma classe privilegiada.
• Para Aristóteles, a aristocracia era o governo de poucos, dos melhores
cidadãos no sentido de possuírem melhor formação moral e
intelectual para atender aos interesses do povo.

• A aristocracia seria uma constituição original do governo, que poderia


ser transformada em oligarquia, caso os governantes atendessem a
interesses privados.

• A aristocracia teve origem na necessidade de um novo governo que


combatesse a tirania, forma de governo em que o poder se
concentrava em uma pessoa.
• Tal como a oligarquia, a tirania era uma forma de governo perversa,
desviada da originária monarquia.

• A conotação negativa do termo surgiu quando a aristocracia passou a


ser comparada com oligarquia. O poder político era exercido por uma
elite, um pequeno grupo de cidadãos escolhidos pela nobreza,
prestígio social ou privilégios herdados de determinadas áreas
científica, religiosa, artística etc..
Sistema Econômico e as Trocas
Troca significa que os indivíduos permutam bens entre si.

a) Escambo: trocas realizadas sem dinheiro.


Problemas enfrentados:
1) Tempo.
2) Indivisibilidade de alguns bens.
3) Coincidência de necessidades.

b) Dinheiro: é todo o meio de pagamento aceito que pode ser permutado


por bens e serviços, além de ser utilizado para saldar dívidas. Tanto nos
sistemas capitalistas como socialistas.
Livre Iniciativa
•Economia de livre mercado, Economia de mercado ou Sistema de
livre iniciativa existe quando os agentes econômicos agem de forma
livre, sem a intervenção dos governos.

•É, portanto, um mercado idealizado, onde todas as ações econômicas e


ações individuais respeitam a transferência de dinheiro.

•Bens e serviços são "voluntárias" - o cumprimento de contratos


voluntários é, contudo, obrigatório.

•A propriedade privada é protegida pela lei e ninguém pode ser forçado a


trabalhar para terceiros.
Economia planificada

•Economia planificada, também chamada de "economia centralizada" ou


"economia centralmente planejada", é um sistema econômico na qual a
produção é previa e racionalmente planejada por especialistas, na qual os
meios de produção são propriedade do estado e a atividade econômica é
controlada por uma autoridade central que estabelece metas de produção
e distribui as matérias primas e as unidades de produção.

•Como não há mercado em uma economia planificada, não é possível


conhecer o preço, e, portanto, não é possível conhecer a demanda,
tornando a economia planificada teoricamente impossível.
•Em uma economia planificada o Planejamento é feito de forma que não
haja escassez ou abundância de determinado produto, portanto os preços
raramente são modificados.

•Sua forma mais conhecida é o tipo de economia que foi adotada,


durante cerca de 70 anos, pelo regime comunista na União Soviética,
bem como pela China.

•Os socialistas defendem a planificação da economia, em maior ou


menor grau. Hoje em dia muito poucos economistas, mesmo socialistas,
ainda defendem uma economia totalmente centralizada e planificada,
como foi a soviética.
•Diferentemente do que ocorre na economia planificada ou economia do
estado, onde a produção econômica é dirigida pelo Estado, na Economia
de mercado a maior parte da produção econômica é gerada pela
iniciativa privada; indústria, comércio prestação de serviços são
controlados por cidadãos particulares.

•Ou seja, são empresas do setor privado que detêm a maior parcela dos
meios de produção.

•O Estado tem o papel de regulamentação e fiscalização da economia e


atender setores prioritários como: energia, segurança, educação, saúde
entre outros.
•Pode-se então afirmar que nos países, denominados de capitalistas,
domina uma economia de mercado, no seu oposto temos os países
socialistas onde predomina uma economia primariamente estatal.

•Entre estes dois domínios opostos, encontramos ainda os denominados


sistemas econômicos mistos, cuja finalidade centra-se na harmonização,
em diversos âmbitos, o domínio do sector privado (livre iniciativa) e o
setor público (empresas estatais).
Fluxos Fundamentais : Real e Monetário

Fluxo Real: envolve bens, serviços e fatores.


•O fluxo (real) de bens (finais) de consumo e serviços das empresas para
os consumidores;

Fluxo Monetário: pagamento pelos bens, serviços e fatores


envolvidos.
•O fluxo (monetário) de moeda dos consumidores para as empresas.
•As famílias, as empresas, o mercado de bens de consumo e serviços e o
mercado de recursos ou fatores de produção compõem uma economia de
livre empresa e formam o centro em torno do qual se desenvolve a
economia.

•Os preços dos bens e serviços interligam os dois fluxos, ou seja, o


mercado de produtos para bens e serviços estabelece preços que regulam
a quantidade e qualidade de bens produzidos e consumidos.
•No fluxo monetário as empresas pagam às famílias pelo uso dos
recursos por meio de salários (do trabalho), dividendos, juros e lucros
(do capital) e aluguel (da terra e de imóveis).

•Economia de mercado de livre concorrência entre produtores e


consumidores estabelecem os preços dos produtos.
Setores de Produção

A economia de um país pode ser dividida em setores (primário,


secundário e terciário) de acordo com os produtos produzidos,
modos de produção e recursos utilizados. Estes setores econômicos
podem mostrar o grau de desenvolvimento econômico de um país ou
região.
Setor Primário 

•O setor primário está relacionado a produção através da exploração de


recursos da natureza.

•Podemos citar como exemplos de atividades econômicas do setor


primário: agricultura, mineração, pesca, pecuária, extrativismo, vegetal e
caça.
•É o setor primário que fornece a matéria-prima para a indústria de
transformação. Este setor da economia é muito vulnerável, pois depende
muito dos fenômenos da natureza como, por exemplo, do clima. 

•A produção e exportação de matérias-primas não geram muita riqueza


para os países com economias baseadas neste setor econômico, pois estes
produtos não possuem valor agregado como ocorre, por exemplo, com os
produtos industrializados.
Setor Secundário

•É o setor da economia que transforma as matérias-primas (produzidas


pelo setor primário) em produtos industrializados (roupas, máquinas,
automóveis, alimentos industrializados, eletrônicos, casas, etc).

•Como há conhecimentos tecnológicos agregados aos produtos do setor


secundário, o lucro obtido na comercialização é significativo.
•Países com bom grau de desenvolvimento possuem uma significativa
base econômica concentrada no setor secundário.

•A exportação destes produtos também gera riquezas para as indústrias


destes países.
Setor Terciário

•É o setor econômico relacionado aos serviços. Os serviços são produtos


não meterias em que pessoas ou empresas prestam a terceiros para
satisfazer determinadas necessidades.

•Como atividades econômicas deste setor econômicos, podemos citar:


comércio, educação, saúde, telecomunicações, serviços de informática,
seguros, transporte, serviços de limpeza, serviços de alimentação,
turismo, serviços bancários e administrativos, transportes, etc. 

 
•Este setor é marcante nos países de alto grau de desenvolvimento
econômico. Quanto mais rica é uma região, maior é a presença de
atividades do setor terciário. 

•Com o processo de globalização, iniciado no século XX, o terciário foi


o setor da economia que mais se desenvolveu no mundo.
Para os autores, “em nenhum momento a maior intervenção do
Estado teve a intenção de instalar o socialismo no Brasil. Pelo
contrário, o objetivo foi consolidar o sistema capitalista no país.”

Contribuíram para uma maior intervenção do Estado na economia:

• A existência de um setor privado relativamente pequeno.

•Os desafios colocados pela necessidade de enfrentar crises econômicas


internacionais.

• O desejo de controlar a participação do capital estrangeiro,


principalmente nos setores de utilidade pública e recursos naturais.

• O objetivo de promover a industrialização rápida de um país atrasado.


Fundamentos do Estado, das Formas e das Funções do
Governo

Os anos pré-1930

•Dentre as principais ações estatais no início do século XIX, destacou-


se a fundação do primeiro Banco do Brasil, em 1808.

• Ainda que se reconheça que neste período a intervenção do Estado


tenha sido importante para o posterior desenvolvimento industrial, não
houve nenhum planejamento neste sentido.
Além disso, o Estado introduziu alguns instrumentos que regulavam o
mercado, como a fixação de Tarifas, isenção e incentivos fiscais.

A principal atividade econômica na época era a agricultura, sendo que os


principais objetivos do governo eram:

1. a expansão da atividade agrícola,


2. a preservação de boas relações com o capital estrangeiro,
3. e a estabilidade econômica
Quanto à indústria, esta era ainda muito incipiente, com 70% da
produção manufatureira sendo composta por têxteis, vestuário e
alimentos, por volta do ano de 1919.

Apesar do processo de industrialização ainda não ser uma prioridade


da política econômica, já havia a adoção de tarifas de importação com
o objetivo de proteger a produção manufatureira local.

O Estado tinha também uma atuação importante nos setores de infra-


estrutura, onde as externalidades justificavam os investimentos
estatais nas atividades portuária, de navegação e saneamento.
•Os primeiros investimentos em um sistema básico de transportes e
utilidades públicas ficaram sob a responsabilidade do capital
estrangeiro.

• Entretanto, a intervenção do Estado foi essencial, à medida que


garantia uma rentabilidade mínima para os investimentos estrangeiros.

• As ferrovias, por exemplo, foram construídas a partir de grandes


fluxos de capital inglês. Como incentivo para isto, os investidores
recebiam garantias do Estado em termos de taxa mínima de retorno
sobre o investimento.
•Um outro fator que explicou o aumento da intervenção estatal, tanto
nas ferrovias quanto em outros serviços de utilidade pública, foi o
controle governamental das tarifas.

• Ao fixar tarifas para os serviços de utilidade pública, o governo tinha


que conciliar considerações sobre as taxas de rendimento que seriam
adequadas para o investidor privado, com a preocupação de cobrar
tarifas consideradas socialmente justas para os usuários.

• A progressiva estatização das ferrovias no início do século XX


decorreu do fato de que a política do governo de garantias de
rentabilidade transformou-se em um peso insustentável sobre o seu
orçamento.
A década de 1930

Ao longo da década de 1930, a ação do Estado manifestou-se na


expansão dos instrumentos que regulavam o mercado, como:

•controle de preços básicos – água, eletricidade, gasolina etc.


•determinação de tetos para as taxas de juros.
•criação de autarquias (entidade autônoma, auxiliar e
descentralizada da administração pública, sujeita à fiscalização e
tutela do Estado).
•proteção à indústria local.

Em 1931 foi introduzido o controle do câmbio.


• Em 1934 foi promulgado o Código das Águas, que conferia ao
governo o poder de fixar tarifas de eletricidade que garantissem uma
rentabilidade máxima de 10% sobre o capital investido.

•Em 1937 foi criada a carteira de crédito agrícola e industrial do


Banco do Brasil, o que significou a oferta de empréstimos de prazo
mais longo para estabelecimentos industriais, de grande importância
para o desenvolvimento econômico do país.
Os anos ‘40 e ’50

• Este período foi caracterizado pelo início da formação do setor


produtivo estatal.

•Havia na época a preocupação em garantir o andamento do processo


de industrialização.

•Era importante que não houvesse falta de insumos industriais, o que


muitas vezes acontecia com o colapso das linhas de importação
decorrente das crises externas, como havia ocorrido à época da grande
depressão e das guerras.
Em 1942 foram criadas a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e
a CVRD(Companhia Vale do Rio Doce). Em 1943 começou a
funcionar a FNM (Fábrica Nacional de Motores), especializada em
peças para aviões, e a Companhia Nacional de Álcalis, produtora de
barrilha e vidro.

Em 1952 surgiu o BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento


Econômico), a partir do reconhecimento da fragilidade dos mercados
de capitais privados e da intenção do Estado de fornecer
financiamento de longo prazo a baixo custo, necessário para o
desenvolvimento industrial.
Em 1953 foi criada a Petrobrás, com o objetivo de reduzir a
vulnerabilidade do país aos choques externos, mas também visando à
segurança nacional e ao fortalecimento da soberania do país.

Neste sentido, um ponto marcante na evolução e consolidação do


sistema produtivo estatal foi uma forte aliança entre tecnocratas e
militares, em favor da execução de um projeto nacional de
desenvolvimento.
O Plano de Metas, implantado a partir de 1957, representou o primeiro
grande esforço de planejamento pró-industrialização do país.

O plano priorizava o aprofundamento da estrutura industrial e a


construção da infra-estrutura necessária para tal objetivo.

Ao Estado caberiam os investimentos no setor de energia/transporte e


em algumas atividades industriais básicas como siderurgia e refino de
petróleo.

Incentivos aos investimentos privados para a expansão e diversificação


da indústria de transformação, com ênfase nos setores produtores de
insumos básicos e bens de capital.
Fundamentos do Estado, das Formas e das Funções do
Governo
Temos uma visão clássica das funções do Estado descrita por
Felellini que irá completar os objetivos deste capítulo;
• A visão clássica sobre as funções do Estado foi formada a partir das
experiências vividas na transição da sociedade feudal para a sociedade
comercial-industrial. Na era medieval, a organização social era
essencialmente estática. As mudanças institucionais ocorriam de forma
imperceptívelmente lentas e os comportamentos pessoais ajustavam-se
adequadamente entre si.
• Cada indivíduo dispunha de um espaço demarcado pelos costumes e
códigos não escritos.As decisões individuais eram determinadas por um
conjunto de obrigações indeclináveis da família servil para com as
classes nobre e eclesiástica e, até certo ponto, destas para com aquela.A
sociedade era vista como uma grande família, organizada em bases
hierárquicas e paternalistas.
•No âmbito de tais condições estáticas, esse modo de organização
social parecia natural, mas o crescimento do comércio e o surgimento
das cidades, entre outros fatores, criaram as pressões que terminariam
por dissolver a sociedade medieval.

• O camponês que migrava para a cidade deixava para trás não somente
a proteção do proprietário da terra, mas também suas obrigações para
com ele. Relações contratuais passaram a substituir os compromissos
vinculados a castas e direitos hereditários. As escolhas individuais
ampliaram-se, dando origem ao conflito de classes.

•Como resultado, o conceito político de poder mudou. Os homens não


eram mais governados pelos costumes e uma ordem social estabelecida.
• O poder do Estado poderia agora ser utilizado para servir aos
interesses daqueles que pudessem submetê-lo. A abertura da sociedade
para as forças dinâmicas do indivíduo pavimentou o caminho para a
mobilidade social.

• Isto transmitiu àqueles que experimentavam a mudança o profundo


receio de que o Governo, que passou a ser o instrumento do interesse
geral, pudesse ser controlado por poucos, em prejuízo da maioria.

• Se a disruptura da ordem feudal trouxe o risco da convivência com


governos efêmeros, contribuiu para a formação da consciência de que
o rumo da sociedade não era predeterminado. Em um mundo
dinâmico, o Estado iria inevitavelmente desempenhar um papel
imposto pelo desejo dos indivíduos.
•O problema político decorrente passou a ser o de estruturar os
processos de decisão de forma que pudessem refletir os interesses gerais.

• A partir dessa perspectiva, o sistema de mercados, no qual a


competição limita o poder individual de extrair vantagens dos demais,
pareceu a forma ideal e oportuna de organização social.

• Cada indivíduo tornava-se livre para perseguir seus próprios


objetivos, mas a concretização deles exigia que suas ações beneficiassem
a outros, além de a si mesmo.
•Gradualmente desenvolveu-se a ideologia de que a competição
estabelecia a soberania do consumidor, constituindo condição necessária
e suficiente para a orientação do uso dos recursos sociais e definição
de um padrão superior de bem-estar social.

• Se o consumidor é soberano, então o bem-estar geral exige que os


recursos devam ser aplicados de acordo com suas preferências.

•Dentro dessa visão, que influência deveria ser exercida pelo poder
público no processo de alocação de recursos ?
• Para os economistas clássicos, a resposta era óbvia: nenhuma! Suas
funções deveriam limitar-se às de natureza administrativa.
Esta é a questão que passa a ser analisada e subsequentes nos
seguintes níveis de averiguação:
a) Quais os critérios e métodos utilizáveis nas comparações entre
diferentes perfis de alocação de recursos?
b) De que forma as economias de mercado operam nessa alocação e
em que condições o resultado final pode ser considerado superior?

O autor pretendeu demonstrar que as condições requeridas para o


desempenho “clássico” são excessivamente idealizadas e
improváveis de serem conseguidas nas sociedades modernas. O
papel do governo na economia pode, então, ser avaliado em
função daquilo que é exigido, em termos de políticas, para
compensar as falhas dos mecanismos de mercado.

Final desse módulo.

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