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UFCD 9184

Saúde, Nutrição, Higiene, Segurança, Repouso e Conforto da Criança dos 0


aos 3 anos – Regras Básicas (50h)
Conteúdos:
Saúde da Criança

Plano Nacional de Vacinação

Cuidados de Higiene do espaço habitacional, equipamento e material lúdico-didático

Cuidados de higiene da criança

Cuidados de conforto e repouso da criança

Necessidades nutricionais

Higiene e Segurança Alimentar

Prevenção de Acidentes

Medidas de Prevenção dos Acidentes

Estratégias de Prevenção dos Acidentes ao longo do desenvolvimento da criança

Primeiros Socorros
SAÚDE DA CRIANÇA
Noção de Saúde

Tipos de Doenças

Formas e Prevenção de Contágio

Sinais e Sintomas da Criança Doente

Medicamentos: Regras de Utilização e Administração


Noção de Saúde
“um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas
ausência de doença” (OMS)

Direito social que deve ser assegurado sem distinção de raça, idade,
religião, ideologia política ou condição socioeconômica, a saúde é assim
apresentada como um valor coletivo, um bem de todos.
 Creches e jardins de infância, e os seus profissionais
devem zelar pela boa aplicação das regras de deontologia
profissional. Devem assegurar que as crianças tenham a
possibilidade de fazer valer os seus direitos e afirmar a sua
primazia como pessoa.

 Convicções culturais, filosóficas e religiosas deverão


ser tidas em consideração, quer nos aspetos
terapêuticos, quer nos hábitos, alimentares, bem
como algumas regras sociais referentes ao
relacionamento entre as pessoas e aos rituais de
nascimento e morte.
Tipos de Doenças
Gastroenterite: irritação e inflamação do tubo digestivo, incluindo o estômago e o intestino. As causas
mais comuns são agentes virais, bactérias, parasitas e as intoxicações alimentares. As queixas mais
comuns são a diarreia, dor abdominal, cólicas, náuseas e vómitos.

Epilepsia: doença neurológica que envolve o sistema nervoso. Fala-se em epilepsia quando ocorrem,
pelo menos, dois episódios de convulsões não relacionados com a abstinência alcoólica, hipoglicémia,
problemas cardíacos ou outros. Em alguns casos, basta um episódio de convulsão para se fazer o
diagnóstico da epilepsia, desde que exista um risco elevado de ocorrência de outro episódio. As crises
têm tendência a repetir-se ao longo do tempo sendo a frequência variável de doente para doente.

 
Meningite: é uma doença causada pela inflamação das meninges, que são as membranas que
protegem o cérebro e a medula espinal. Essa inflamação é habitualmente o resultado de uma
infeção do líquido que se encontra em torno do cérebro e da medula espinal. Quando as meninges
estão inflamadas pode ocorrer lesão do cérebro ou da medula. A taxa de mortalidade inerente a esta
infeção permanece elevada e as sequelas permanentes, como surdez e alterações do
desenvolvimento psicomotor, ocorrem em cerca de 25% dos sobreviventes.
Amigdalite: a dor de garganta é um sintoma frequente nos nossos dias. Poderá significar um
processo inflamatório das amígdalas ou da faringe. Se a inflamação afetar as amígdalas, estamos
perante uma amigdalite; caso afete a faringe, a inflamação será uma faringite aguda. A amigdalite é uma
inflamação geralmente aguda, mas que também pode ser crónica, das amígdalas palatinas por
bactérias ou vírus.

Conjuntivite: Inflamação da conjuntiva devido a uma reação alérgica ou à ação de um vírus ou bactéria.
Quando isto acontece, os vasos sanguíneos dos olhos tornam-se vermelhos, e surgem sintomas como
comichão, lacrimejo e secreção. Pode afetar os dois olhos em simultâneo e tornar-se incómodo
dificultando as atividades habituais das pessoas afetadas.
Otite: é provocada habitualmente pela entrada de água no ouvido ou em situações de infeção do
canal auditivo externo, associada a quadro clínico predominante e intenso de dor.

Bronquiolite: infeção aguda das vias aéreas inferiores, caracteriza-se por uma obstrução das vias
aéreas de pequeno calibre (bronquíolos), dificultando a entrada do ar nos pulmões.
Obesidade Infantil: é uma condição em que o excesso de gordura corporal afeta negativamente a saúde
ou bem-estar de uma criança. A obesidade infantil é caracterizada pelo excesso de peso entre bebés e
crianças de até 12 anos de idade. A criança é identificada como obesa quando o seu peso corporal
ultrapassa em 15% o peso médio correspondente à sua idade.

Escarlatina: doença infeciosa e contagiosa caracterizada por amigdalite, febre e manchas vermelhas no
corpo característica da escarlatina. É mais comum em crianças até aos 10 anos mas também pode
atingir adolescentes e adultos. A maioria das crianças desenvolve anticorpos protetores contra a
toxina, que previnem a recorrência da doença.

 
 

Asma: é uma doença inflamatória crónica dos brônquios que se inicia habitualmente na infância, mas
que pode surgir em qualquer idade.

Rinite Alérgica: doença inflamatória crónica da mucosa nasal. Na origem está a exposição a
determinados estímulos (alergénios), aos quais o sistema imunológico reage, ocorrendo inflamação.
Sabe-se que existe uma predisposição genética que influencia a presença desta condição médica.

Sinusite: inflamação dos seios perinasais habitualmente causada por uma infeção que pode ser
originada por vírus, bactérias ou fungos. É uma doença muito comum que interfere de modo
significativo na qualidade de vida e no desempenho profissional e social das pessoas afetadas.
Dermatite atópica: é uma doença inflamatória crónica da pele, com início habitual durante a infância. De
um modo geral, a dermatite atópica afeta pessoas com história pessoal ou familiar de asma, rinite alérgica
ou dermatite atópica.

Dermatite das Fraldas: inflamação da pele da zona coberta pela fralda. Apresenta-se como
vermelhidão ou eritema que afeta as superfícies que entram em contacto direto com a fralda e, por vezes,
afeta também as pregas.
Infeções Urinárias: corresponde à presença de bactérias em qualquer parte do sistema urinário (rins,
ureteres e bexiga). Os principais sintomas são: ardor ou dor ao urinar, ocorrência de micções frequentes
e em pequena quantidade, vontade urgente e frequente de urinar, urina com cheiro fétido, febre, dor
lombar e dificuldade em iniciar a micção.

Diabetes: é uma doença metabólica crónica, que se caracteriza pelo aumento dos níveis de açúcar no
sangue (glicémia). As crianças e adolescentes sofrem essencialmente de Diabetes tipo 1 (o pâncreas
deixa de produzir insulina).

Tosse convulsa: também denominada como tosse coqueluche, é uma doença infeciosa aguda, que
compromete o aparelho respiratório (traqueia e brônquios).
Varicela: é uma infeção viral sendo das doenças mais comuns na infância e é muito
contagiosa. Esta infeção contrai-se através do contacto direto com a pele infetada ou com
partículas de saliva libertadas na tosse ou nos espirros de um doente. A facilidade do contágio é
acentuada pelo facto de uma pessoa poder infetar outra ainda antes de os sintomas da varicela
nela se manifestarem.

Sarampo: é uma das infeções virais mais contagiosas, transmitindo-se de pessoa a pessoa, por
via aérea através de gotículas ou aerossóis. Surgem minúsculas manchas brancas na boca, nem
sempre detetáveis. Ao fim de 3 a 5 dias, o sarampo causa uma erupção na pele associada a
comichão ligeira com aspeto de superfícies irregulares, planas e vermelhas. No pico do sarampo, o
paciente sente-se muito prostrado, a erupção é extensa e a febre pode ultrapassar os 40º C.
Formas e
Prevenção de
Contágio
São impedidas de frequentar temporariamente o estabelecimento de infância, de
acordo com a legislação em vigor, as crianças atingidas por doenças transmissíveis
tais como:

• Rubéola
• Difteria
• Sarampo
• Escarlatina
• Febre Tifoide e Paratifoide • Tinha
• Hepatite A • Tosse Convulsa
• Hepatite B • Tuberculose
• Impetigo • Varicela
• Meningite • Diarreia
• Parotidite Epidémica • Febre
• Poliomielite • Conjuntivite
• Estomatite Aftosa • Vómitos
• Pediculose (Piolhos e Lêndeas)
 Quando se trata de doença infetocontagiosa, os
pais/encarregados de educação deverão comunicar
ao estabelecimento, a natureza da doença a fim de
poderem ser tomadas as medidas necessárias.

 Sempre que a criança adoecer por período superior


a cinco dias uteis, a mesma só poderá ingressar
mediante atestado médico comprovativo de
inexistência de qualquer perigo ou contágio.

 Na situação de pediculose, a criança só poderá


regressar quando a cabeça estiver completamente
limpa de piolhos e lêndeas.
 Sempre que a criança apresente sintomas de
qualquer doença ou adoeça inesperadamente, será
isolada das outras crianças como forma de
prevenção de contágio e os pais/encarregados de
educação avisados para que procedam à sua
recolha logo que possível.

 Em caso de surto epidémico, como medida


profilática, as creches e jardins de infância, devem
pedir a colaboração da Autoridade de Saúde Local,
e proceder de acordo com as suas orientações.
PARÂMETROS BÁSICOS PELOS QUAIS SE GUIAM AS
CRECHES E INFANTÁRIOS:

 A febre avisa que o corpo está a enfrentar um vírus ou uma


bactéria. A partir dos 37 ou 37,5 graus, avisam-se os pais para ir
buscar a criança.

 Se já estiver em casa com febre, é melhor não a levar à escola.


Os antipiréticos baixar-lhe-ão a febre, mas passadas poucas
horas os pais serão chamados para irem buscar a criança.

 Os vómitos e diarreias costumam ter a sua origem nos vírus


intestinais, muito contagiosos; assim, quando a criança
apresentar algum destes sintomas também não deve ir à escola.
 São motivo para ficar em casa todas as doenças infeciosas ou
contagiosas: conjuntivite, faringite, amigdalite, gastroenterite,
otite… E ainda outras clássicas: varicela, rubéola, gripe,
infeções respiratórias.

 As erupções cutâneas (com borbulhas ou manchas na pele)


costumam provir de uma doença contagiosa ou de uma reação
alérgica. Assim, a menos que tenhamos a certeza que se trata
de uma reação alérgica, são motivo para não ir à creche.

 Se a criança tiver piolhos deverá permanecer em casa até ter


terminado o tratamento e estarmos certos de que já não os tem.
 O motivo mais importante para deixar a criança em casa é
que esta necessita de dar descanso ao organismo para
enfrentar a doença. A criança que demonstra não estar bem
tem as defesas em baixo e está mais propensa a apanhar
qualquer infeção.

 As crianças curam-se mais depressa em casa, com os


cuidados de um ser querido ou de uma pessoa que lhe
dedique toda a atenção. Quando são pequenos, o mais
relevante é a afetividade na recuperação. O benefício
evidente de estar atento de imediato aos sintomas é que a
criança recuperará mais cedo graças aos cuidados dos pais.
 Pode regressar à creche quando não tiver febre nem outros
sintomas.

 As doenças contagiosas que requerem antibiótico normalmente


deixam de o ser após 48-72 horas de estar a tomar o
medicamento se a criança também deixou de apresentar
sintomas.

 Mas nem tudo é uma questão de sintomas. Pode não ter sintomas
mas estar ainda débil e cansado. Quem sabe ficou fraco ao tomar
o antibiótico ou necessita de mais dias para recuperar totalmente.

 É importante respeitar o processo de recuperação até ao final.

 Pode ser recusada a entrada da criança se esta apresentar


sintomas evidentes de estar doente ou de doença contagiosa. Não
será permitida a sua entrada até ter alta médica.
Fatores de risco Medidas de controlo
Respeitar a legislação/normas que
Número de crianças por sala referem o número máximo de crianças
por sala
Crianças cuidadas em conjunto Crianças separadas em grupos por
independente da faixa etária faixa etária.
Normas e monitorização da vacinação
Estado vacinal desatualizado de crianças e funcionários
Uso de fraldas de pano Utilização de fraldas descartáveis
Fraldas usadas sem roupas sobre as Utilização de roupas sobre as fraldas
mesmas (maior contaminação
ambiental)
Fatores de risco Medidas de controlo
Contaminação das mãos após Rotina da lavagem das mãos, com
determinadas atividades (uso da casa orientação para os momentos em que a
de banho, troca de fraldas, assoar o lavagem deve acontecer
nariz)

Contato com sangue e secreções Uso de precauções padrão


Troca de fraldas e manuseio de Funcionários não acumulam funções de
alimentos realizados pela mesma trocar fraldas e preparar e manipular
pessoa alimentos
Fatores de risco Medidas de controlo

Contaminação da superfície onde ocorre a Área de troca independente é desinfetada


troca de fraldas após cada uso, com encaminhamento
adequado das fraldas usadas

Contaminação ambiental Rotina de limpeza de superfícies

Contaminação de brinquedos Rotina de limpeza de brinquedos


Sinais e Sintomas
da Criança Doente
SINAL SINTOMA

É uma manifestação clínica que São os relatos, as


outra pessoa percebe, queixas, aquilo que o
principalmente profissionais de paciente diz ao médico.
saúde. Assim, as manifestações É uma queixa subjetiva,
são visíveis, sentidas ou ouvidas o que a pessoa está a
por outras pessoas e, por isso, sentir ou sentiu.
não são exclusivamente sentidas
e verificadas pelo paciente.
Sinais da Criança Doente
• Febre
• Temperatura baixa
• Diarreia
• Vómitos
• Falta de Ar
• Irritação Cutânea
• Alteração do estado normal da pele (manchas, feridas, pápulas, bolhas…)
• Dificuldade respiratória (ruídos respiratórios, pieira, farfalheira…)

• Alterações da cor de pele (palidez, cianose, vermelhidão…)

• Retenção Urinária
• Alteração do aspeto dos olhos (vermelhos, secreções abundantes, lacrimejo…)
• Dor à mobilização
• Convulsão
• Tosse
• Secreções nasais abundantes
• Entre Outros…
Sintomas da Criança Doente
• Queixas das crianças

• Alteração do Estado Geral

• Falta de Apetite

• Choro persistente e inconsolável

• Moleza

• Entre outros…
Medicamentos:
Regras de
Utilização e
Administração
 A administração de medicação à criança no estabelecimento só será dada quando
acompanhada de fotocópia de receita ou guia de tratamento que comprove a
absoluta e imprescindível necessidade da mesma durante a permanecia da
criança no estabelecimento.

 Em casos pontuais poderá dar-se medicação sem receita, mediante assinatura


pelos pais/encarregados de educação de um termo de responsabilidade.

 A medicação só será administrada quando devidamente identificada com o nome


completo da criança, sala, dosagem, horário e duração do tratamento.

 A instituição não se responsabiliza pela realização de aerossóis, aspirações


nasais ou nebulizações, podendo recusar, previamente a administração de
qualquer medicamento que interfira no normal decorrer das rotinas ou que de
algum modo possa por em risco a saúde das restantes crianças.
FEBRE DORES

ANTIPIRÉTICOS ANALGÉSICOS

 Antipiréticos: são todos os medicamentos capazes de reduzir a febre.

 Analgésicos: são todos os medicamentos capazes de reduzir ou aliviar a dor.


PARACETAMOL
 O Paracetamol é o medicamento mais utilizado em todo o mundo em pediatria. São bastante
seguros e eficazes, mas têm indicações específicas e podem acarretar alguns perigos.

 O Paracetamol oral ou retal é utilizado em situações de febre ou dores ligeiras a moderadas tais
como síndromes gripais, reações dolorosas a vacinas, dores de cabeça, dores de dentes, de
ouvidos, traumáticas, musculares ou articulares. No entanto, não deve ser dado a bebés antes
dos três meses de vida sem antes consultar o médico, pois nos bebés é muito importante
investigar de imediato a causa de qualquer febre.

 A dose recomendada em cada toma deverá ser de 15 mg por cada Kg de peso da criança.

 Assim, por exemplo, uma criança com 15 quilos deverá tomar (15 mg x 10 Kg = 500 mg) de
cada vez.

 As doses podem ser tomadas 6/6h ou de 8/8h (três a quatro vezes por dia) consoante a
gravidade da situação.
Paracetamol - 15 mg por cada kg de peso (8/8h ou 6/6h)
 Este medicamento não deve ser dado se a criança
manifestou anteriormente qualquer alergia ao
paracetamol.

 Pode ser tomado com bebidas ou alimentos.

 Após a abertura do frasco de xarope, o medicamento


pode ser utilizado por um período de 12 meses,
desde que conservado num local seco e fresco.

 O maior perigo associado ao paracetamol é a


utilização de doses excessivas, que podem provocar
uma intoxicação.

 Esta situação é muito grave pois pode provocar


lesões no fígado que podem ser fatais.
 O ibuprofeno pode ser utilizado nas situações em que possam
existir febre ou dores ligeiras a moderadas.
IBUPROFENO
 Em relação ao paracetamol é geralmente mais potente e os dois
podem ser utilizados em conjunto, ou de forma alternada, nas
situações mais graves.

 É muito frequente o médico aconselhar a utilização alternada


destes dois medicamentos, de forma a que a criança possa
tomar um deles cada quatro horas.

 Não deve ser dado a crianças com menos de seis meses sem
antes consultar o médico.

 A dose recomendada em cada dia deverá ser de 20 mg por


cada quilo de peso da criança.

 Assim, uma criança de 12 Kg poderá tomar (20 mg x 12 Kg =)


240 mg num dia.
Ibuprofeno - 5 a 7mg por cada kg de peso (8/8h)
 As doses podem ser tomadas cada 6h/6h ou 8/8h (três a quatro vezes por
dia).

 Este medicamento não deve ser dado se a criança manifestou anteriormente


alergia ao Ibuprofeno.

 Deve ser evitado em crianças com varicela pois aumenta o risco de surgirem
algumas complicações.

 Deve também ser evitado, se possível, em crianças com asma, rinite, urticária
ou tendência alérgica pois aumenta o risco de desencadear ou agravar uma
crise.

 O Ibuprofeno deve ser tomado de preferência  depois das refeições.

 Após a abertura do frasco de xarope, o medicamento pode ser utilizado por


um período de 12 meses, desde que conservado num local seco e fresco.
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Obrigada pela atenção!!!

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