Você está na página 1de 22

LEI DE INTRODUÇÃO ÀS

NORMAS DO DIREITO
BRASILEIRO
DECRETO-LEI Nº 4.657/42

PROFA. DRA. CRISTIANE LAGE UNIFACS


INTRODUÇÃO
• Origem: CC Napoleônico em 1804;
•Decreto-lei nº 4.657/42 (LICC) recepcionado pela CF/1988 enquanto lei ordinária
através da lei 12.376/2010 – LICC para LINDB
•Acréscimo dos arts. 20 à 30 (Lei nº 13.655/2018) e regulamenta os dispositivos pelo
Decreto n.º 9.830/2019. – segurança jurídica nas interpretações do direito público
(adm)
•Conteúdo ultrapassa o Direito Civil  de aplicabilidade geral a todos os ramos – “lei
das leis” - “ normas sobre normas”
• Interpretação, integração e aplicação da lei.
• Normas preliminares de aplicação universal ao ordenamento jurídico.
Obs. Direito Penal – Decreto-Lei nº 3.914, de 9 de dezembro de 1941 (Lei de
Introdução ao Código Penal)
CONTEÚDO
 Vigência das leis
 sob o aspecto temporal (início e tempo de obrigatoriedade).
 Sob o aspecto espacial (territorialidade)

Garantia da eficácia da ordem jurídica (não se admite ignorância da lei vigente)


Critério de interpretação das normas (hermenêutica)
Fontes e integração das normas (quando houver lacunas da lei)
operatividade à garantia constitucional do respeito à coisa julgada, direito adquirido e
ato jurídico perfeito;
Direito Internacional (competência judiciária brasileira, provas de fatos ocorridos no
estrangeiro, eficácia de tratados e convenções assinadas pelo Brasil, execução de
sentenças proferidas no exterior, etc.)
VIGÊNCIA LEGAL
L
ESQUEMATIZADO NASC VIV MORR EXPRESSA
EI E E E TÁCITA
REVOGAÇÃ (INCOMP.)
AB-ROGAÇÃO
PROC. O (TOTAL)
DERROGAÇÃO
LEGISLATIVO
ART. 59 e ss. (PARC.)
CF PRINC. DA
INICIATI DELIB. DELIB. VIGÊNCI OBRIGATORIEDADE
VA DE PARLAMENT EXECUTIV A PRINC. DA CONTINUIDADE
ULTRATIVID
LEI AR A ADE
VET
O
≠ VIGOR= força
45 DIAS normativa –continua
SANÇÃ PROMULGAÇ PUBLICAÇ EFICÁCI produzindo efeitos
O ÃO ÃO VACATI A (ex: sucessão CC/16)
EXISTÊNC O LEGIS
IA
VIGÊNCIA LEGAL
Art. 1o  Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e
cinco dias depois de oficialmente publicada.
§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida,
se inicia três meses depois de oficialmente publicada.

VALIDADE (formal/material)
• Elaboração  Promulgação  Publicação (vigência)  Entrada em vigor

Lei EXISTE e é VINCULATIVIDADE


AUTÊNTICA (eficácia)
VIGÊNCIA LEGAL
Art. 1º [...]
§ 3o  Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto,
destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a
correr da nova publicação.
§ 4o  As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

• Se a lei estiver em vigor na data da retificação, esta deverá ser feita por meio de lei
nova.
VIGÊNCIA LEGAL
• Prazo de vacatio legis  para divulgação e adoção de providências para seu
cumprimento.
• Contagem  Lei-Complementar nº 95/1998 (Dispõe sobre a elaboração, a redação, a
alteração e a consolidação das leis).

Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo
razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em
vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão.
§ 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de
vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo,
entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral.
VIGÊNCIA LEGAL
EXEMPLO:
VIGÊNCIA LEGAL
• Prazos especiais:
Atos administrativos: vigor na data da publicação (art. 5º Dec. 572/1890);
Emenda constitucional: havendo silêncio, vigor na data da publicação;
Lei que cria ou altera processo eleitoral: entrada em vigor imediata (art. 106 CF);
Lei que cria ou aumenta contribuição social para a Seguridade Social: vacatio de 90
dias (art. 195, § 6.º, da CF);
Lei que cria ou aumenta tributo: vacatio de 90 dias (art. 150, III, “c”, da CF).
VIGÊNCIA LEGAL Ex. Lei Geral da Copa
(Lei nº 12.663/2012)
Vigência até 31.12.2014

Art. 2o  Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue.

• Princípio da continuidade
• REVOGAÇÃO
a) AB-ROGAÇÃO (total)
b) DERROGAÇÃO (parcial)
• Supremacia da lei sobre os costumes: vedação ao desuetudo (costume
negativo/desuso).
VIGÊNCIA LEGAL
Art. 2º [...] § 1o  A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare,
quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que
tratava a lei anterior.

• Espécies de revogação: LC nº 95/1998


Art. 9º A cláusula de revogação deverá
a) EXPRESSA (direta)
enumerar, expressamente, as leis ou disposições
b) TÁCITA (indireta) legais revogadas.

Obs. A norma revogadora deve ter hierarquia superior ou idêntica à revogada.


VIGÊNCIA LEGAL – EFICÁCIA
DA LEI NO TEMPO
LEI
REGRA: IRRETROATIVIDADE DA
APLICABILIDA GERA
NOVA DE L NORMA
IMEDIATA (CASOS PENDENTES E EXCEÇÃO: EXPRESSA EM LEI
FUTUROS)
NÃO PODE ATINGIR 3 SEGURANÇA E ESTABILIDADE DO ORDENAMENTO
SITUAÇÕES CONSOLIDADAS: JURÍDICO

Aquele já realizado, acabado segundo a lei ao tempo em que se realizou.


 ATO JURÍDICO
Ex: redução ou aumento de prazo por nova lei.
PERFEITO

É o direito subjetivo incorporado definitivamente no patrimônio jurídico do seu


 DIREITO
titular.
ADQUIRIDO
Ex: regime de bens no casamento
Quando há ocorrência do trânsito em julgado nos processos judiciais
 COISA JULGADA
Exceção: relativização da coisa julgada. Ex: investigação de paternidade
VIGÊNCIA LEGAL – EFICÁCIA
DA LEI NO TEMPO
• Lei nova tem efeitos IMEDIATOS sobre fatos pendentes e futuros.
• Atenção para as relações jurídicas continuativas ou de trato sucessivo:

CC Art. 2.035 - A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da
entrada em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no
art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos
preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada
forma de execução.
VIGÊNCIA LEGAL - EFICÁCIA
DA LEI NO TEMPO
Art. 2º [...] § 2o  A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga
nem modifica a lei anterior.
§ 3o  Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.

• IRRETROATIVIDADE é a regra geral (art. 5º, XXXVI CF/1988) – direito adquirido, ato jurídico perfeito e a
coisa julgada
• RETROATIVIDADE BENIGNA (art. 5º, XL CF/1988)
• Situações de ULTRATIVIDADE ~ Ex. sucessões (CC/16)
• Vedada a REPRISTINAÇÃO*, salvo expressa previsão legal
Obs. Efeito repristinatório no controle concentrado de constitucionalidade, salvo modulação da eficácia da
decisão.
*instituto jurídico pelo qual a norma revogadora de uma lei, quando revogada, traz de volta a vigência daquela que
revogada originariamente
VIGÊNCIA LEGAL – EFICÁCIA
DA LEI NO TEMPO
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito,
o direito adquirido e a coisa julgada. 
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo
em que se efetuou.    
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele,
possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou
condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.  
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba
recurso.     
OBRIGATORIEDADE LEGAL
Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.

• Segurança jurídica
• Exceções – ex. art. 139, III CC

Art. 139. O erro é substancial quando:


[...]
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou
principal do negócio jurídico.
MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO
DAS NORMAS
JURISDIÇÃO - PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DO CONTROLE
JURISDICIONAL
SUBSUNÇÃO - QUANDO A NORMA SE ENCAIXA PERFEITAMENTO AO CASO
CONCRETO
MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO

uso de lei ou conjunto de leis em que não haja lei específica mas trate de casos
 ANALOGI
semelhantes, dada a identidade de razões ou finalidades.
A
regras sociais resultantes de uma prática reiterada de forma generalizada e
 COSTUME prolongada, o que resulta numa certa convicção de obrigatoriedade, de acordo com
S cada sociedade e cultura específica (RODRIGUES. E., 2006, P. 18-19)
são regras abstratas, virtuais, que estão na consciência e que orientam o
 PRINCÍPIOS
entendimento de todo o sistema jurídico, em sua aplicação e para sua integração.
GERAIS DO
Remontam às bases do direito romano.
DIREITO
todo julgamento deve se realizado com equidade – sentido amplo de justiça, bom
EQUIDAD senso; diferente do julgamento por equidade – quando a lei autoriza
E expressamente.
MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO
DAS NORMAS
Art. 4   Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
o

costumes e os princípios gerais de direito.

Continuidade
ANALOGIA PRINCÍPIOS GERAIS DO
COSTUME Uniformidade
a) Legal: o operador do direito Obrigatoriedade DIREITO
busca norma jurídica para aplicar a
caso semelhante 1. Não lesar ninguém
a) secundum legem
2. Dar a cada um o que é
b) Jurídica: não existindo b) praeter legem – EX: seu
norma semelhante, o julgador CHEQUE PRE DATADO. Súmula 370
extrai do conjunto de normas do STJ 3. Viver honestamente
existente uma conclusão coerente,
sem escapar da “ratio legis”
c) contra legem

Interpretação extensiva – legislador diz menos do que deveria. Ex: extensão do direito do cônjuge ao
companheiro ou da Lei Maria da Penha as mulheres transexuais e homens homossexuais.
ANTINOMIA JURÍDICA
CONCEITO:

CONFLITO ENTRE REGRAS OU ENTRTE REGRAS E PRINCÍPIOS, AMBAS APLICÁVEIS AO


MESMO CASO CONCRETO

REQUISITOS:

• QUE AS NORMAS SEJAM CONTRADITÓRIAS

• QUE AS NORMAS SEJAM VÁLIDAS

• QUE AS NORMAS SEJAM VIGENTES

TEORIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO X TEORIA DO DIÁLOGO DAS FONTE (ALEMANHÃ –


ERIK JAYME)
NORBERTO BOBBIO X CLAUDIA LIMA MARQUES (UFRS)
CONFLITO X CONVERGÊNCIA, HARMONIA
ANTINOMIA JURÍDICA
• Antinomia de primeiro grau ou aparente: A Solução se encontra no próprio ordenamento jurídico
a) Critério hierárquico: norma superior prevalece sobre norma inferior
b) Critério da especialidade: norma especial prevalece sobre norma geral
c) Critério cronológico: prevalece a lei mais nova
 Antinomia de segundo grau ou real: conflito entre os critérios de solução que pode acarretar a ab-
rogação da norma ou a interpretação equitativa e aplicação ds costumes e dos principios gerais do
diretos como meito de integração
a) Especialidade > Cronológico (?) (2 correntes)
b) Hierárquico > Cronológico
c) Hierárquico > Especialidade Diálogo das
fontes
Flávio Tartuce, “a teoria do diálogo das fontes surge para substituir e superar os critérios
clássicos de solução das antinomias jurídicas (hierárquico, especialidade e cronológico).
Realmente, esse será o seu papel no futuro”.
ANTINOMIA JURÍDICA
• Exemplo: Código de Processo Civil x Estatuto da Pessoa com Deficiência

Altera artigos do CC posteriormente revogados


PUBLICAÇÃO CPC 17.03.2015 pelo CPC.

PUBLICAÇÃO EPD 07.07.2015 Ex. Possibilidade de autocuratela

“Atropelamento legislativo”
VIGOR EPD 03.01.2016
VIGOR CPC 18.03.2016
INTERPRETAÇÃO E FUNÇÃO
SOCIAL
Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum.

Você também pode gostar