Você está na página 1de 99

DA SANÇÃO PENAL

DAS PENAS
Conceitos de penas
• (DJ) “É a sanção aflitiva imposta pelo Estado,
mediante ação penal, ao autor de uma infração
(penal), como retribuição de seu ato ilícito,
consistente na diminuição de um bem jurídico, e
cujo fim é evitar novos delitos”.

• (GN) “É a sanção imposta pelo Estado, por meio


de ação penal, ao criminoso como retribuição ao
delito perpetrado e prevenção a novos crimes”.
TEORIAS DA PENA

• 1ª Teoria Absoluta: Apresenta a


característica de retribuição, de ameaça
de um mal contra o autor de uma infração
penal.
• Restabelecer a ordem violada pelo crime.
Idéias iluministas.
• Beccaria: dos delitos e das penas –
proporcionalidade das penas;
• 2ª Teoria Relativa: conceito utilitário da
pena.
• Função instrumental de prevenção;
• Tem finalidade preventiva, no sentido de
evitar a prática de novas infrações.

• 3ª Teoria Eclética ou Unitária: conjugam-


se os critérios de retribuição e de
prevenção geral e especial.
Da prevenção

• A prevenção é:
• a) Geral - o fim intimidativo da pena dirige-
se a todos os destinatários da norma
penal, (impedir que os membros da
sociedade pratiquem crimes).
Da prevenção

• b) Especial - a pena visa o autor do delito,


retirando-o do meio social, impedindo-o de
delinqüir e procurando corrigi-lo.
• Defende essa 3ª teoria que a pena justa é
aquela pautada na culpabilidade do
agente como seu fundamento e limite
PRINCÍPIOS QUE REGEM AS PENAS

1.Legalidade: somente a lei de caráter penal;

2.Humanização: respeitar a dignidade da


pessoa humana.
A CF/88 veda as penas de morte, de caráter
perpétuo, de trabalhos forçados, de
banimento, cruéis, desumanas e
degradantes;
PRINCÍPIOS QUE REGEM AS PENAS

3. Pessoalidade: não pode extrapolar a pessoa


que cometeu o delito;

4. Individualização da pena: de acordo com as


peculiaridades do caso e características
pessoais do agente;
PRINCÍPIOS QUE REGEM AS PENAS
5. Proporcionalidade: valores primordiais a
outros.
Ex. crime de furto não pode ser maior que a
pena de homicídios;

6. Não pode haver dupla punição (non bis in


idem);

7. Jurisdicionalidade: o Estado detém o


monopólio da persecução penal;
A pena, na reforma de 1984, passou a
apresentar natureza mista: é retributiva e
preventiva, conforme dispõe o art. 59, caput,
do CP.

Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade,


aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às
circunstâncias e conseqüências do crime,
bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do
crime:
São características da pena:

• a) é personalíssima, só atingindo o autor do


crime (Const. Federal, art.5º, XLV);
• b) a sua aplicação é disciplinada pela lei;
• c) é inderrogável, no sentido da certeza de sua
aplicação;
• d) é proporcional ao crime.
CLASSIFICAÇÃO
Segundo a doutrina:
a) corporais; b) privativas de liberdade;
c) restritivas de liberdade; d) pecuniárias; e
e) privativas e restritivas de direitos.

A CF/88:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens; c) multa; d) prestação social
alternativa e e) suspensão ou interdição de
direitos (art. 5.o, XLVI).
• De acordo com o CP:
• a) privativas de liberdade;
• b) restritivas de direitos; e
• c) pecuniárias.

• As penas privativas de liberdade são:


• a) reclusão;
• b) detenção.
• São penas restritivas de direitos:
• a) prestação de serviços à comunidade;
• b) interdição temporária de direitos; e
• c) limitação de fim de semana.

• A CF/88 proíbe a pena de morte, salvo em


caso de guerra declarada, a de caráter
perpétuo, a de trabalhos forçados, a de
banimento e as cruéis (art. 50 XLVII).
SISTEMAS PENITENCIÁRIOS (3)

• 1) o de Filadélfia - a pena é cumprida na cela,


somente sai dela em casos esporádicos.

• 2) o de Auburn - durante o dia trabalha em


silêncio junto com os outros, durante a noite fica
isolado.

• 3) o inglês ou progressivo – inicia-se em


isolamento. Depois, passa a trabalhar junto
com os outros reclusos.Na última fase, é posto
em liberdade condicional.
A REFORMA PENAL DE 1984

• Art. 33, § 2.o, "as penas privativas de


liberdade deverão ser executadas em
forma progressiva, segundo o mérito do
condenado" (v. Lei de Execução Penal,
art. 112).
• No caso de iniciar o condenado o
cumprimento da pena em regime fechado.
ESTÁGIOS DA PROGRESSÃO DA PENA:
• 1º) trabalho em comum no período diurno e
isolamento noturno (art. 34, §§ 1.o a 3.o);

• 2º) transferência para os regimes semi-


aberto e aberto, sucessivamente (arts. 33,
§ 2.o, e 40);

• 3º) livramento condicional (art. 83).


• Aplicam-se as mesmas regras ao regime
semi-aberto, excetuado o isolamento
noturno (art. 35).
DAS PENAS PRIVATIVAS DE
LIBERDADE
REGIMES PENITENCIÁRIOS – 3
ESPÉCIES (ART. 33)

• 1) fechado; a execução da pena privativa de


liberdade em estabelecimento de segurança
máxima ou média;

• 2) semi-aberto; a execução da pena se faz


em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar;

• 3) aberto; a execução da pena ocorre em


casa de albergado ou estabelecimento
adequado.
As penas privativas de liberdade são duas

• 1) reclusão - deve ser cumprida em


regime fechado, semi-aberto ou aberto
(art. 33, caput, 1ª parte).

• 2) detenção - deve ser cumprida em


regime semi-aberto ou aberto, salvo a
necessidade de transferência para regime
fechado (art. 33, caput e 2ª parte).
NA SENTENÇA CONDENATÓRIA

• O juiz, na sentença condenatória, deve


determinar a espécie de regime para início
de cumprimento da pena( Art. 59 do CP e
Art. 33, § 3º).
• Inovação: § 4° do Art. 33...
• Em atenção a uma forma progressiva de
execução, o início do cumprimento da pena
se dará da seguinte forma: (art. 33, § 2º):
FORMA PROGRESSIVA DE EXECUÇÃO
• A) pena superior a oito anos – início em
regime fechado;
• B) pena seja superior a quatro anos e não
exceda a oito anos, se não-reincidente,
início em regime semi-aberto; (se reincidente
inicia o cumprimento da pena em regime fechado).
• C) pena igual ou inferior a quatro anos, o
não-reincidente, início em regime aberto.(se
reincidente...) .
REGRAS DO REGIME FECHADO
• 1. exame criminológico de classificação para
a individualização da execução (art. 34,
caput).
• 2. trabalho diurno e isolamento no período
noturno (§ 1°).
• 3. o trabalho será de acordo com as aptidões
e ocupações anteriores do condenado e
compatíveis com a execução da pena (§ 2°).
• É admissível o trabalho externo em serviços
ou obras públicas (§ 3.o).
REGRAS DO REGIME SEMI-ABERTO

• 1. exame criminológico de classificação para


a individualização da execução. (o art. 35,
caput, do CP, obrigatoriedade);

• O art. 8°, parágrafo único, da LEP, fala em


faculdade, quanto ao exame.

Conflito de normas...o que fazer?


• As duas entraram em vigor na mesma
data, logo, prevalece a que mais beneficia
o condenado: (faculdade do Juiz).
• Trabalho em comum de dia em colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento
similar (§ 1º).
• É admissível o trabalho externo,
freqüência a cursos supletivos
profissionalizantes, de instrução de
segundo grau ou superior (§ 2º).
REGRAS DO REGIME ABERTO

• Autodisciplina e senso de responsabilidade


do condenado (art. 36, caput).

• Trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra


atividade autorizada, sem vigilância,
recolhendo-se durante a noite e nos dias de
folga (§ 1º).
• Será transferido do regime aberto:

• 1. se cometer crime doloso;


• 2. se frustrar os fins da execução;
• 3. se, podendo, não pagar a multa
cumulativamente aplicada (art. 36 §
2º).
REGIME ESPECIAL

• As mulheres cumprem pena em


estabelecimento próprio, (Colônias Penais
Femininas) observando-se:
• 1. os deveres e direitos inerentes à sua
condição pessoal;
• 2. o disposto nos arts. 33 a 36 e 38 a 42
do estatuto penal (CP, art. 37).
• Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida
em regime fechado, semi-aberto ou aberto...
• Art. 34 - O condenado será submetido, no
início do cumprimento da pena, a exame
criminológico...
• Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste
Código, caput, ao condenado que inicie o
• cumprimento da pena em regime semi-aberto...
• Art. 36 - O regime aberto baseia-se na
autodisciplina e senso de responsabilidade do
• condenado...
DIREITOS DO PRESO
• Art. 38 - O preso conserva todos os direitos
não atingidos pela perda da liberdade,
impondo-se a todas as autoridades o respeito à
sua integridade física e moral.
• Art. 39 - O trabalho do preso será sempre
remunerado, sendo-lhe garantidos os
benefícios da Previdência Social.
• Art. 40 - A legislação especial regulará a
matéria prevista nos arts. 38 e 39 deste
Código, bem como especificará os deveres e
direitos do preso, os critérios para revogação e
transferência dos regimes e estabelecerá as
infrações disciplinares e correspondentes
sanções.
• O condenado a quem sobrevém
doença mental deve ser recolhido
a hospital de custódia?
SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL
• Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença
mental deve ser recolhido a hospital de custódia e
tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro
estabelecimento adequado.

• Detração
• Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de
liberdade e na medida de segurança, o tempo de
prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de
prisão administrativa e o de internação em
qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo
anterior.
• O CP também se refere à prisão
administrativa, aplicável em casos
específicos (CPP, art. 319; Dec.-lei n. 3.415,
de 10-7-1941; e Dec.-lei n. 502, de 17/3/69).

• O CP admite a detração em relação à


medida de segurança. Assim, o tempo de
internação pode ser abatido do período de
seu cumprimento.
Questões
• 1. Porfírio foi preso em decorrência de flagrante
(prisão preventiva ou temporária), permaneceu
preso durante seis meses, vindo a ser
irrecorrivelmente condenado a um ano de
reclusão.
• O que acontecerá?
• A) o seu advogado entrará com recurso para que ele
cumpra os seis últimos meses em regime aberto,
computando-se o tempo em que já esteve preso.
• B) terá que cumprir o tempo integral da condenação;
• C) será libertado porque não se admite prisão de um
ano;
• D) terá que cumprir apenas seis meses de reclusão;
• D) Terá de cumprir apenas seis meses,
computando-se na pena (de um ano de
reclusão) os outros seis meses já
cumpridos.
• 2. Suponha-se que Airon se encontre
processado em duas comarcas, estando
preso preventivamente na primeira. Nesta,
após permanecer preso durante três
meses, é absolvido, sendo condenado no
outro processo a três meses de detenção.
O tempo de cumprimento de prisão
preventiva no processo A, em que foi
absolvido, pode ser computado na pena
privativa de liberdade imposta na ação
penal B?
• Resposta: NÃO
• Justificativa: O CP vigente é omisso. Damásio
entende que ao caso não pode ser aplicada a
detração penal. Caso contrário, estaria
estabelecido o princípio da "conta corrente",
ficando o réu absolvido com um crédito contra o
Estado, a tornar impuníveis possíveis infrações
posteriores.
• Para a aplicação do princípio da detração penal
deve existir nexo de causalidade entre a prisão
provisória (decorrente de flagrante, de
pronúncia ou preventiva) e a pena privativa de
liberdade.
• 3. Márcio está sendo processado por dois
crimes, homicídio e lesões corporais,
encontrando-se preso preventivamente em
conseqüência do delito mais grave. Após ter
cumprido quatro meses de prisão preventiva,
vem a ser absolvido em relação ao
homicídio, e condenado pela lesão corporal a
cinco meses de detenção.
• A) resta o cumprimento de um mês de detenção;
• B) os quatro meses de prisão preventiva não devem
ser computados na pena privativa de liberdade;
• C) deve cumprir cinco meses de reclusão;
• D) não deve ser aplicada a Detração.
• A) resta o cumprimento de um mês de
detenção;
• Os quatro meses de prisão preventiva devem
ser computados na pena privativa de liberdade,
restando o cumprimento de um mês de
detenção.

• Justificativa: aplicação do princípio da Detração


Penal. conexão formal
• Quando os delitos estiverem ligados pela
continência ou conexão, reunidos num só
processo ou em processos diversos, admitir-se-
á a detração (LEP, art. 111, parte final).
• 4. MADRI e IRILENE cometeram um crime no ano de
1997, ficaram presas preventivamente durante algum
tempo, vindo a serem absolvidas. Ocorre que também
estavam sendo processadas por delito praticado em
1996, vindo a serem condenadas. Na pena imposta é
possível detrair-se o tempo de prisão provisória?

• A) não, pois a condenação foi pelo crime anterior às


suas prisões;
• B) sim, pois é admissível a detração quando a pena
em relação à qual se pretende, advém de crime
cometido antes do delito em decorrência do qual o réu
ficou preso provisoriamente.
• B) é admissível a detração quando a pena
em relação à qual se pretende seja ela
observada advém de crime cometido
antes do delito em decorrência do qual o
réu ficou preso provisoriamente.
• DAS PENAS RESTRITIVAS DE
DIREITOS
ESPÉCIES E REGRAS

• As penas restritivas de direitos, previstas


na Const. Federal (art. 5º XLVI, e):

• 1) prestação de serviços à comunidade;


• 2) interdição temporária de direitos;
• 3) limitação de fim de semana (CP, art 43)
• Adotado pelo CP o sistema das penas
substitutivas, as privativas de direitos
são autônomas e substituem as privativas
de liberdade, observadas as seguintes
condições previstas no art. 44:

• 1) é necessário que a pena privativa de


liberdade imposta na sentença pela
prática de crime doloso seja inferior a um
ano (inc. I);
penas substitutivas
• 2) cuidando-se de crime culposo, se igual ou
superior a um ano, pode ser substituída por
uma pena restritiva de direitos e multa ou por
duas penas restritivas de direitos, desde que
exeqüíveis simultaneamente
• (art. 43, parágrafo único);

• "pode", a substituição de penas é obrigatória,


desde que satisfeitos os pressupostos legais
objetivos e subjetivos.
penas substitutivas
• 3) que o réu não seja reincidente (inc. II);
• 4) que a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social e a personalidade do
condenado, bem como os motivos e as
circunstâncias indiquem a suficiência da
substituição (inc. III).

• As penas restritivas de direitos não podem


ser cumuladas com as privativas de
liberdade.
CONVERSÃO
• A pena restritiva de direitos, obrigatoriamente,
converte-se em privativa de liberdade nos
termos do art. 45 do CP:

• I - sobrevier condenação, por outro crime, a


pena privativa de liberdade cuja execução não
tenha sido suspensa;

• Ocorre quando, durante o cumprimento da pena


restritiva de direitos, o sujeito vem a ser condenado,
irrecorrivelmente, pela prática de crime, a pena
privativa de liberdade, negado o sursis.
CONVERSÃO
• II - ocorrer o descumprimento injustificado da
restrição imposta.
• Ex.: condenado à restrição do art. 47, III, do
CP (suspensão de habilitação para dirigir
veículo), o sujeito vem a ser surpreendido na
condução de automóvel.

• A conversão se faz pelo total da pena original,


sendo proibida a detração penal.
causas de conversão
• Prestação de serviços:
• 1) ocorre a conversão quando o sujeito
estiver em lugar incerto e não sabido;

• 2) faltar ou se recusar a trabalhar, sem justa


causa;

• 3) praticar falta grave (art. 181, § 1º).


• Limitação de fim de semana:
• 1) o executado não comparecer ao
estabelecimento designado;

• 2) estiver em lugar incerto e não sabido;

• 3) cometer falta grave (§ 2º).


• Interdição temporária de direitos:
• 1) quando o condenado exercer, sem
motivo justo, o direito interditado;

• 2) estiver em lugar incerto e não sabido;

• 3) vier a sofrer condenação por outro


crime, desde que imposta pena privativa
de liberdade, negado o sursis (§ 3º).
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE
(art. 46 CP)
• 1. tarefas gratuitas em hospitais, escolas,
orfanatos...,
• 2. aptidões do condenado;
• 3. oito horas semanais, aos sábados,
domingos e feriados ou em dias úteis, de
modo a não prejudicar a jornada normal
de trabalho.
• LEP (arts. 149 e 150).
INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS

• art. 47 do CP:
• I - proibição do exercício de cargo, função ou
atividade pública, bem como de mandato
eletivo; ( não se confunde com a perda de
função pública, cargo etc., que constitui efeito
específico da condenação) (CP, art. 92, I) -
Que o condenado, pelo prazo estabelecido na
sentença, fica impedido de exercer a função.
Não se estende ao direito de ser eleito.
• II - proibição do exercício de profissão,
atividade ou ofício que dependam de
habilitação especial, de licença ou
autorização do poder público; e
• III - suspensão de autorização ou de
habilitação para dirigir veículo, quando
culposo o delito. (não se confunde com a
inabilitação para dirigir veículo, efeito
específico da condenação por delito
doloso - CP, art. 92, III).
• A execução de tais penas se realiza de
acordo com os arts. 154 e 155 da LEP.
LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA (48)

• Obrigação de permanecer, aos sábados e


domingos, por cinco horas diárias, em casa de
albergado ou estabelecimento adequado.

• Durante essa permanência, poderão ser


ministrados cursos e palestras ou atribuídas
atividades educativas.
• Quando não for possível, pelas condições
materiais da Comarca, a execução da pena
de limitação de fim de semana, o juiz deverá
proceder à concessão do sursis (Lei n.
7.209, de 11-7-1984).

• A execução da limitação de fim de semana


se faz nos termos da LEP (arts. 151 a 153).
DA PENA DE MULTA
Vários são os critérios apontados para a
cominação da pena de multa pelos Códigos
Penais:
a)parte alíquota do patrimônio do agente: leva
em conta o patrimônio do réu - estabelece uma
porcentagem sobre os bens do condenado;

b) renda: a multa deve ser proporcional à


renda do condenado;
c) dia-multa: leva em conta o rendimento do
condenado durante um mês ou um ano,
dividindo-se o montante por 30 ou 365 dias.
O resultado equivale ao dia-multa;
d) cominação abstrata da multa: deixa ao
legislador a fixação do mínimo e do máximo
da pena pecuniária.
O CP vigente adotou o sistema do dia-multa (art. 49 caput)
FIXAÇÃO DA MULTA
• Antigamente - em selo penitenciário.
Atualmente a quantia da pena de multa é
recolhida por guia ao fundo penitenciário,
nos termos do art. 49, caput, do CP

• A quantidade dos dias-multa deve ser


fixada pelo juiz, variando de, no mínimo,
dez dias-multa e, no máximo, trezentos e
sessenta dias-multa (art. 49, caput).
• O valor do dia-multa deve ser também
fixado pelo juiz na sentença, não podendo
ser inferior a um trigésimo do salário
mínimo mensal de referência vigente ao
tempo do fato, nem superior a cinco vezes
esse salário (art. 49, § 1.o).
PAGAMENTO DA MULTA
• A Lei n. 9.268, de 1/4/1996, que alterou
dispositivos da Parte Geral do CP, deu nova
redação ao art. 51 do mesmo Código:
"Transitada em julgado a sentença
condenatória, a multa será considerada
dívida de valor, aplicando-se-lhe as normas
da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública, inclusive no que concerne
às causas interruptivas e suspensivas da
prescrição".
• A multa deve ser paga dentro de dez dias
após o trânsito em julgado da sentença
condenatória (art. 50).
• Passado o prazo, nos termos do art. 164,
caput, da LEP, extraída certidão da
sentença condenatória com trânsito em
julgado, que valerá como título executivo
judicial, o Ministério Público requererá, em
autos apartados, a citação do condenado
para, no prazo de dez dias, pagar o seu
valor ou nomear bens à penhora.
• Não efetuado o pagamento no prazo legal,
ou o depósito da respectiva importância,
• proceder-se-á à penhora de tantos bens
quantos bastem para garantir a execução
(§ 1.o).
• A nomeação de bens à penhora e a
posterior execução seguirão o que
dispuser a lei processual civil (§ 2.o).
• Recaindo a penhora em bem imóvel, os
autos apartados serão remetidos ao juízo
cível para prosseguimento (LEP, art. 165).

• Recaindo em outros bens, dar-se-á


prosseguimento nos termos do art. 164 da
LEP (art. 166).
• Será suspensa a execução, entretanto,
quando sobrevier ao condenado doença
mental (Lei de Execução Penal, art. 167).
• (art. 50) A requerimento do condenado,
contudo, e conforme as circunstâncias do
caso, o juiz pode permitir que o
pagamento se realize em parcelas
mensais.
• O pedido deve ser feito dentro dos dez
dias que o condenado tem para efetuar o
pagamento (LEP, art. 169, caput).
• (§ 1.o) O juiz, antes de decidir, poderá
determinar diligências para verificar a real
situação econômica do condenado e,
ouvido o Ministério Público, fixará o
número de prestações, que serão iguais e
sucessivas
• Se o condenado for impontual ou se
melhorar de situação econômica, o juiz,
de ofício ou a requerimento do Ministério
• Público, revogará o benefício,
executando-se a multa (§ 2.o).
• A cobrança da multa pode efetuar-se
mediante desconto do vencimento ou
salário do condenado em três casos:
• 1) quando aplicada isoladamente;
• 2) quando imposta cumulativamente com
pena restritiva de direitos; e
• 3) quando concedido o sursis (art. 50, §
1º).
• Nas três hipóteses, deve ser observado o
seguinte:
• 1) o limite máximo do desconto mensal
será a quarta parte da remuneração, e o
mínimo, um décimo;
• 2) o desconto será feito mediante ordem
do juiz a quem de direito;
• 3) o responsável pelo desconto será
intimado a recolher mensalmente,
• até o dia fixado pelo juiz, a importância
determinada (LEP, art. 168).
• Em qualquer caso, o desconto não deve
incidir sobre os recursos indispensáveis
• ao sustento do condenado e de sua
família (art. 50, § 2°).
• Nos termos da Lei n. 9.268, de 1/4/1996,
que alterou a redação do art. 51 do
estatuto penal, transitada em julgado a
sentença condenatória, o valor da pena de
multa deve ser inscrito como dívida ativa
em favor da Fazenda Pública.
• A execução não se procede mais nos
termos dos arts. 164 e s. da LEP.
Devendo ser promovida pela Fazenda
Pública, deixa de ser atribuição do
Ministério Público, passando a ter caráter
• extra-penal.
• Note-se que a multa permanece com sua
natureza penal, subsistindo os efeitos
penais da sentença condenatória que a
impôs.
• A execução é que se procede em termos
extra-penais.
• Em face disso, a obrigação de seu
pagamento não se transmite aos
herdeiros do condenado.
• As causas suspensivas e interruptivas da
prescrição referidas na redação atual do
art. 51 não são as do CP, mas sim as da
legislação tributária.
• Lei n. 6.830/80 e CTN.
• Prazo prescricional: 5 anos (art. 144,
caput, do CTN).
• Causas suspensivas: arts. 151 do CTN, e
2º, § 3º e 4º da Lei n. 6.830.
• Causas interruptivas: art. 174 do CTN.
PROIBIÇÃO DE CONVERSÃO DA
MULTA EM DETENÇÃO
• O CP permitia a conversão da multa em
detenção na hipótese de inadimplemento pelo
condenado solvente ou frustrador da
execução (CP, art. 51, caput e §§; LEP, art.
182).

• De acordo com a Lei n. 9.268/96, que


• deu nova redação ao art. 51 do CP e revogou
seus parágrafos, fica proibida a conversão da
pena de multa em detenção.
• Fundamento: o não-pagamento da multa
atuava, muitas vezes, como fato mais
grave do que o delito cometido pelo
condenado.
• Em alguns casos, para o crime a multa
era suficiente;
• para o inadimplemento, impunha-se
resposta penal de maior gravidade, qual
• seja, a pena privativa de liberdade.
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
• As penas e as medidas de segurança
constituem as duas formas de sanção penal.
Enquanto a pena é retributiva-preventiva,
tendendo atualmente a readaptar
socialmente o delinqüente, a medida de
segurança possui natureza essencialmente
preventiva, no sentido de evitar que um
sujeito que praticou um crime e se mostra
perigoso venha a cometer novas infrações
• penais.
• Diferenças entre Med. Seg. e Penas:
• a) as penas têm natureza retributiva-
preventiva; as medidas de segurança
• são preventivas;

• b) as penas são proporcionais à gravidade da


infração; a proporcionalidade das medidas de
segurança fundamenta-se na periculosidade
do sujeito;
• c) as penas ligam-se ao sujeito pelo juízo de
culpabilidade (reprovação social); as medidas
de segurança, pelo juízo de periculosidade;

• d) as penas são fixas; as medidas de


segurança são indeterminadas, cessando
com o desaparecimento da periculosidade do
sujeito;
• e) as penas são aplicáveis aos imputáveis
e semi-responsáveis; as medidas de
segurança não podem ser aplicadas aos
absolutamente imputáveis.

• A reforma penal de 1984 extinguiu a


imposição das medidas de segurança
• aos sujeitos imputáveis.
CONCEITO DE PERICULOSIDADE

• "é a potência, a capacidade, a aptidão ou a


idoneidade que um homem tem para
converter-se em causa de ações danosas".

• José F. Argibay Molina : "juízo de


probabilidade de delinqüir”. "estado de
desajustamento social do homem...congênita
ou gerada pela pressão de condições
desfavoráveis do meio".
FATORES E INDÍCIOS DE
PERICULOSIDADE
• A verificação da periculosidade se faz por
intermédio de um juízo sobre o futuro, ao
contrário do juízo de culpabilidade, que se
projeta sobre o passado.
• "Fatores da periculosidade são os elementos
que, atuando sobre o indivíduo, o
transformam nesse ser com probabilidade de
delinqüir", referentes à sua personalidade.
Indícios de periculosidade

• São os antecedentes criminais, civis ou


administrativos, os motivos determinantes da
prática delituosa e suas circunstâncias.

• José Frederico Marques - são as condições


de vida e o caráter.
PRESSUPOSTOS DE APLICAÇÃO
• 1) a prática de fato descrito como crime;
• 2) a periculosidade do sujeito.

• Tratando-se de agente semi-responsável


(CP, art. 26, parágrafo único), não é
suficiente que tenha cometido um fato típico.

• É necessário que seja também antijurídico;


• e ele, culpado.
• Faltando os requisitos da tipicidade ou da
ilicitude do fato ou a culpabilidade do sujeito,
não se impõe medida de segurança.
• O segundo pressuposto é a periculosidade
do agente.
• Não se impõe medida de segurança aos
autores do crime impossível (CP, art. 17) e
da participação impunível (art. 31), ao
contrário da legislação anterior.
IMPOSIÇÃO DE MEDIDA DE
SEGURANÇA AO INIMPUTÁVEL
• Tratando-se de inimputável (salvo a
menoridade penal), não se aplica
• medida de segurança se o fato se
encontra acobertado por causa de
exclusão da antijuridicidade.
• A ausência da culpabilidade, porém, não
impede a aplicação, pois ela é substituída
pelo juízo de periculosidade.
• O art. 97, caput, do CP, se o agente for
inimputável (CP, art. 26, caput), o juiz,
absolvendo-o, determinará sua internação
(periculosidade presumida).

• Se, contudo, a pena abstrata prevista para o


crime por ele cometido for de detenção,
poderá submetê-lo a medida de segurança
restritiva e não detentiva, que é a sujeição a
tratamento ambulatorial (art. 97, caput, 2ª
parte).
• O prazo da internação ou do tratamento
ambulatorial será por tempo indeterminado,
perdurando enquanto não for averiguada,
mediante perícia médica, a cessação de
periculosidade.

• O prazo mínimo será de um a três anos (§


1º).
• A perícia médica realizar-se-á ao término do
prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de
ano em ano, ou a qualquer tempo, se o
determinar o juiz da execução (§ 2º).
• A desinternação ou a liberação será sempre
condicional, devendo ser restabelecida a
situação anterior se o sujeito, antes do
decurso de um ano, vier a cometer fato
indicativo da persistência de periculosidade
(§ 3.o).
• Durante o tratamento ambulatorial, em
qualquer fase, o juiz poderá determinar a
internação do agente, se necessária para
fins curativos (§ 4.o).
SISTEMA VICARIANTE
• Se o agente for semi-responsável, nos
termos do parágrafo único do art. 26 do CP,
e tiver cometido um fato típico e antijurídico,
deverá ser aplicado o sistema vicariante:
pena reduzida ou medida de segurança (CP,
• art. 98).
• Foi, assim, extinto o sistema do duplo
binário, que determinava a aplicação
cumulativa e sucessiva de pena e medida de
segurança.
• No regime novo, o juiz, diante das
circunstâncias do caso concreto, deve
impor ao condenado só pena (reduzida)
ou medida de segurança (a sentença é
• condenatória).
• Imposta esta, deve ser executada como
se o sujeito fosse inimputável.
• Desta forma, desde que o sujeito semi-
responsável necessite de especial
• tratamento curativo, a pena privativa de
liberdade deve ser substituída pela
medida de segurança detentiva
(internação) ou restritiva (tratamento
• ambulatorial), pelo prazo mínimo de um a
três anos, aplicando-se as regras do art.
97 e seus parágrafos.
DIREITOS DO INTERNADO

• De acordo com o art. 99 do CP, o internado


será recolhido a estabelecimento dotado de
características hospitalares e será submetido
a tratamento.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
• Extinta a punibilidade (art. 107), não se
impõe medida de segurança, nem subsiste a
que tenha sido imposta (art. 96, parágrafo
único).
• A extinção da punibilidade pode ocorrer antes
ou depois da sentença irrecorrível.
• Nos dois casos, não é aconselhável a
imposição ou execução da medida de
segurança.
• Se o Estado não tem mais o direito de
punir, não podendo impor a pena, com
mais razão não deve impor ou executar a
medida de segurança.

• fim

Você também pode gostar