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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICANÁLISE CLÍNICA.

Professor: Dr. Edson Ribeiro.

CLÍNICA DA PSICOSE E PERVERSÃO/


SINTOMA E ANGUSTIA.

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Sumário:
Sumário...............................................2
Psicose como estrutura clínica...............3
Édipo da Psicose..................................5
Como reconhecer um Psicótico..............6
e tratar?
Perversão.............................................9
O que o Perverso quer do analista.........13
Sintoma e angústia...............................15
Conclusão.............................................21

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Psicose: Uma estrutura clínica.
“Não é louco quem quer” – LACAN.
 
Clínica da Psicose: O psicótico encontra fora de si tudo que
exclui de dentro. Nesse sentido, ele incluiria para fora os
elementos que poderiam ser internos. O problema para o
psicótico está sempre no outro, no externo, mas nunca em
si.

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Na estrutura clínica da Psicose, encontramos ainda três
subdivisões: paranoia, autismo e esquizofrenia. O
mecanismo de defesa dessa estrutura é conhecido como
Foraclusão ou Forclusão, termo desenvolvido por Lacan.
Foraclusão ou Forclusão = No simbólico, dentro, volta de
fora = sem inclusão, fora do real.

A proposta de Lacan é considerar a Foraclusão em


relação ao nome do pai.

N= Volta do reprimido, resultado do recalque.


Pv = Volta ao desmentido (ora sim, ora não, castração da
mulher)
Ps = Volta do foraclúido.
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Como reconhecer um Psicótico?
Falar da clínica da psicose implica falar de transferência.
Se a transferência na psicose existe é porque existe uma
relação com o saber.
É fato que o problema da transferência das psicoses não seria
o da sua existência, mas sim o das suas modalidades.
No neurótico, o que institui a transferência é a suposição de
um saber a um terceiro, que sabe do que lhe faz sofrer, que
sabe o que lhe falta.

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No psicótico, também há um sujeito do saber que ele
indaga, porém este saber não é suposto a um terceiro, a
outro, ele é encarnado e presentificado. O laço social
estabelecido a partir desta modalidade de transferência é o
que, diferentemente à transferência neurótica, imporá o
diagnóstico de psicose no diagnóstico estrutural.
Trata-se de saber escutar aquilo que os psicóticos
manifestam de sua relação com o significante, relação esta
que se estabelece num registro diferente da do analista que,
por sua própria constituição de neurótico, poderá sentir-se
tentado perseguir um ideal de normalização. Para isso
tentará possibilitar ao paciente a construção de uma
metáfora como se ele pudesse recalcar o pólo paterno que
está no Real como se estivesse no simbólico. Dessa forma, o
saber fica com o analista e o que sustentará o paciente será
sua filiação delirante a este. Isso implicaria a manutenção de 7
um laço sem fim.
Contudo ainda que o analista ponha-se
no lugar de orientar a direção da cura
do psicótico, de criar condições para
fazer advir o significante e barrar o
gozo proibido àquele que fala, ainda
assim, é difícil formalizar o final da
análise de um psicótico.

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Perversão: Uma estrutura clínica
caracterizada por um desvio sexual.
Clínica da Perversão: O mecanismo
de defesa específico da perversão
é a denegação (se recusa a
reconhecer como seu um
pensamento ou um desejo
que foi anteriormente expresso
conscientemente).
Ele poder ser compreendido através
do fetichismo.

obs: Negar a realidade é uma forma de proteção contra algo 9


que pode gerar dor ou sofrimento.
Jacques-Alain Miller (1989:356-357) ressalta que "o perverso
é aquele que tem a resposta que demonstra o real do seu
gozo como constante, assegurado e sempre pronto para ser
utilizado". Ele está constantemente a postos para o ato,
agindo sempre na hora certa. Por sua vez, o neurótico mede
o tempo e seleciona criteriosamente sua hora de agir, pois
ele é um sujeito de falta, de desejo; a ele são impostos os
intervalos do véu da alienação.

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Quando a relação com o gozar é perturbada (como, por
exemplo, ocorre com o rompimento de contrato por parte
do parceiro ou, ainda, quando se deu o advento da AIDS e
suas mortais consequências), a ruptura da montagem
perversa desestabiliza o sujeito possibilitando o surgimento
da angústia, da loucura ou da depressão. Nesses
momentos o perverso pode buscar um analista, mas como
será sua relação com ele? Como se manifesta a
transferência no sujeito perverso?

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Freud coloca que muitos indivíduos que faziam análise com
ele apresentavam fetiches como algo que os traria apenas
prazer, algo até mesmo louvável. Esses indivíduos nunca o
procuravam para falar desse fetichismo, ele aprecia apenas
como uma descoberta subsidiária. Assim se dá a denegação:
a recusa em reconhecer um fato, um problema, um sintoma,
uma dor. 
Representa um sintoma que é, na maioria das vezes,
experimentado de forma triunfal e prazerosa para os
sujeitos, e não penosa. O perverso, portanto, não se
encontra sujeito às insatisfações, inibições, ruminações de
culpa, dúvidas, medos e todas as formas de tormento
psíquico que assolam a vida dos neuróticos.

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O que o perverso quer do analista? Aliviar-se de algum mal-
estar momentâneo, sem que esteja disposto a abrir mão de
seu gozo mortífero? Utilizar-se da análise como um álibi contra
possíveis implicações médico-legais de seus atos
eventualmente criminosos, deles fazendo o analista um
cúmplice?
O trabalho de subjetivação o obrigará a abandonar, pelo
menos parcialmente, o gozo proveniente do seu ato impostor.
Como ilusionista, o perverso é mestre em posicionar o outro de
forma a se impor ao seu olhar. Seu intento, ao designar ao
analista o lugar de espectador, é o de paralisá-lo. O êxito da
análise, num primeiro momento, depende de o analista tolerar
o discurso de um paciente que se mantém no mundo da ilusão.
O sexo explícito e o horror reluzente, próprios do discurso
perverso, fascinam e ameaçam quem o ouve, colocando o
"desejo de analista" à prova, fazendo com que o analista se
sinta questionado em seu saber. 13
Podemos dizer que a estratégia do analista deve ser, além de
desfazer a dessimetria da relação, a de devolver ao perverso,
uma certa autonomia ao libertar o sujeito de sua certeza
quanto ao Outro que goza de pleno poder sobre ele. Diante
do perverso que vem à análise contabilizar seu gozo, o
analista deve administrar, em doses pequenas e suportáveis,
o sentido de suas "encenações", costurando em sua história
algo da sua verdade. Se o analista conseguir acenar-lhe com
a possibilidade do desejo, que é uma articulação entre o gozo
e o amor, pode ser que ele faça valer o "desejo de analista”.
O trabalho analítico com o perverso deve propiciar uma saída
pela vertente do amor: uma mudança na sua posição
subjetiva que acarrete um movimento do pólo de gozo em
direção ao pólo de amor. A circunscrição do gozo abre uma
janela em seu cárcere gozoso, permitindo o advento de um
sujeito não mais cativo de sua cena fantasmática. 14
SINTOMA E ANGÚSTIA:

Freud, em Inibição, sintoma e angústia, aborda a formação do


sintoma e o define como: "Um indício e um substituto de uma
satisfação pulsional não consolidada; um resultado do
processo de recalcamento.”
Para Freud, temos no mínimo duas dimensões de sintoma:
Sintoma como formação de compromisso e Sintoma como
formação substitutiva.

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Jacques Lacan – Sintoma como mensagem.
Sintoma como mensagem: Metáfora, sintoma como
significação dada ao outro.
A ideia do sintoma como: Formação do inconsciente.
O Surgimento do sintoma é da ordem de um encontro
com o Real.
Neste sentido, a condição de formação de um sintoma é
o real.

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Angústia:
Angústia – sinal: “ Freud diz muito bem que a angústia é “a
angústia diante de algo”. (Seminário 10, p.191)

Para Freud existem dois tempos de


localização da angústia:
Primeiro momento: Angústia como
efeito do recalque.
(como transformação do líido)
Segundo momento: Angústia como
aquilo que é prévio ao recalque.

“A angústia do analisando deve


ser dosada pelo analista.” a angústia é uma forma de
descarga da tensão sexual acumulada (FREUD, [1894c]
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1895 /1980). Portanto, ela tem a função de colaborar para a
manutenção do equilíbrio energético do organismo.
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CONCLUSÃO:
Não compete ao analista silenciar o sintoma, eliminando-o
como um corpo estranho que invade o psiquismo, mas
dar-lhe voz para sua manifestação. Por isso, à psicanálise
não cabe buscar a origem do sintoma, característica da
ciência moderna que se preocupava com relações causais
e lesões visíveis ao olhar científico, mas passar à dimensão
inventiva do sintoma, ao que se revela como um vazio
original no sujeito, atribuindo ao sintoma uma função que
ordena a vida e contribui para estruturar também as
relações humanas.

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