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A RELIGIÃO E O

SENTIDO DA
EXISTÊNCIA
A EXPERIÊNCIA DA FINITUDE
A EXPERIÊNCIA DA FINITUDE

• Onde quer que existam ou tenham existido sociedades encontramos religiões.


• O sentido da existência é desde sempre uma preocupação humana:
• Por que razão vivemos?
• Será que a morte física representa realmente o fim do ser humano?
• Se deixarmos de existir com a morte, a nossa vida terá algum sentido?

• Questões representativas da nossa procura do sentido da existência


A EXPERIÊNCIA DA FINITUDE

• O ser humano precisa de sentir controlo sobre a sua vida;


• O ser humano precisa de sentir que explica e prevê a maior parte dos fenómenos à sua
volta;
• Todavia, o ser humano tem consciência da sua circunstância:
• É situado. Não pode escapar à inevitabilidade de estar inserido numa época e contexto
histórico determinados;
• É limitado. Por mais que lute contra a sua morte, esta continua a apresentar-se como
inevitável.
Albrecht Dürer,
São Jerónimo, 1521.
A personagem apoia a
cabeça na mão direita e
aponta para a caveira
com a esquerda. Neste
gesto o crânio é
apontado como espelho
do destino de todos os
seres humanos.
Ler O Ser Humano e a
Experiência da Finitude, pg.
229
A EXPERIÊNCIA DA FINITUDE

• A religião corresponde à necessidade de dar resposta ao problema do sentido da


existência e apresenta o Universo como criação de um Deus ou deuses e a morte como
transição para um plano transcendente ou metafísico.
• Crer numa existência depois da morte facilita a passagem pelo mundo.
• De acordo com a maioria das religiões, a nossa existência tem sentido na medida em que
cumpre o plano de uma inteligência superior que concebeu o Universo com um propósito
(um desígnio).
• Somos parte desse desígnio e seremos recompensados no Além se o soubermos realizar
Hieronymus Bosch, As Tentações de Santo Antão, 1495-1500.

Na obra vemos um mundo dominado por forças demoníacas, entregue ao pecado


e à culpa. Exprime-se assim a ideia de que só pela força da renúncia, amparado
pela fé, o ser humano pode libertar-se dos demónios que o atormentam.
Painel esquerdo
Também chamado “Ascensão e queda de
Santo Antão”, este painel corresponde ao
primeiro momento das tentações. Na parte
superior da imagem o Santo é levado pelos
céus por demónios. Num segundo
momento, Santo Antão é amparado por
dois religiosos e por um leigo, vestido de
vermelho escuro. Sob a ponte de madeira,
duas figuras demoníacas leem uma carta
acompanhadas por um clérigo, enquanto
outra figura, que patina no gelo, se prepara
para lhes entregar outra. Mais abaixo, uma
ave bizarra engole as próprias crias,
acabadas de nascer. Mais acima vemos um
conjunto de figuras demoníacas, em trajes
religiosos, que caminham para uma
construção cuja entrada é feita com o corpo
de um homem ajoelhado, simbolizando um
bordel.
Painel central
O centro da imagem é
preenchido por um templo
cilíndrico, em ruínas, que é o
único espaço do quadro que
não é invadido por demónios.
As paredes do templo estão
decoradas com imagens
alusivas ao Antigo Testamento.
No interior, junto a um altar, a
figura de Cristo faz um gesto
de bênção, repetido pelo
próprio Santo Antão que olha
na direção do espectador. Ao
fundo ardem aldeias. O
restante espaço é preenchido
com seres fantásticos, a
maioria híbridos, parte
humana, parte animal.
Painel direito
Conhecido como “A meditação de Santo
Antão”, este painel apresenta uma mulher
banhando-se, nua, junto a um tronco de
árvore coberto por um manto vermelho,
tentando aliciar o Santo. Este desvia o olhar
para a esquerda, onde se depara com um
grupo de estranhos seres que o tentam
aliciar com comida e bebida. No topo,
repete-se a imagem dos demónios
voadores levando estranhos passageiros.
Em segundo plano vemos uma cena de
batalha e uma figura com uma espada que
enfrenta um dos monstros.
Em todos os painéis, Santo Antão mostra-se sereno,
resistindo a todas as tentações a que é sujeito.
A EXPERIÊNCIA DA FINITUDE

• A religião fundamenta e responde ao sentido da existência (teísmo).


• A religião não esgota as respostas possíveis.
• Há quem defenda que a religião constitui uma resposta ilusória à problemática do sentido
da existência:
• Ateísmo – crença na não existência de Deus (p. ex. Freud e Nietzsche)
• Agnosticismo – Posição que defende que o absoluto é inacessível ao ser humano, pelo que não
é possível resolver o problema da existência de Deus
FIDEÍSMO

• Fideísmo (do latim fides, fé) é uma doutrina religiosa que prega que as verdades
metafísicas, morais e religiosas, como a existência de Deus, a justiça divina após a morte e a
imortalidade, são inalcançáveis através da razão, e só serão compreendidas por intermédio
da fé.
• A ideia central do fideísmo é que as questões religiosas não podem ser justificadas por meio
de argumentos ou provas, mas apenas pela fé.
• Blaise Pascal e Santo Agostinho defendem uma forma mais moderada de fideísmo segundo
a qual, apesar de a fé ter um estatuto privilegiado em matérias religiosas, podemos apelar à
razão para a fundamentá-la.
ATEÍSMO

• A religião é uma resposta ilusória.


• O Homem inventou Deus para se sentir protegido.
• O Homem deposita confiança em Deus para evitar o desânimo de se sentir desamparado
no mundo.
• A religião ajuda o ser humano a aceitar e cumprir regras morais, pois fá-las derivar de um
ser divino.
• A religião é uma ilusão criada para fazer face à fraqueza humana. Consoante estas
fraquezas foram ultrapassadas, a religião perderá sentido
AGNOSTICISMO

• Postura menos radical que o ateísmo


• Tanto o teísmo como o ateísmo não encontram provas validativas da sua posição.
• O correto é assumir que o divino escapa à compreensão humana.
• “A ideia de que Deus existe é tão verosímil como a ideia de que há um minúsculo bule de chá
entre a Terra e Marte”. B. Russel
• Acreditar em Deus torna-se mais fácil porque essa ideia é difundida culturalmente desde sempre.
• O Homem deve procurar, para o sentido da existência, respostas que não assentem nem na
existência, nem na inexistência de Deus.
PROBLEMA
DA
EXISTÊNCIA
DE DEUS
ARGUMENTO TELEOLÓGICO (OU DO DESÍGNIO)

• A partir da natureza do mundo que nos rodeia, podemos


inferir a existência de Deus;

• A suposição de que existe um criador inteligente


permite-nos justificar as maravilhas que encontramos no
mundo.
•Ao observar o mundo que nos rodeia temos a sensação de
haver uma razão de ser (um propósito) para cada uma das
coisas que existe, como se cada aspeto da natureza tivesse
sido cuidadosamente planeado.

Deve ter existido um criador para o universo, que o tenha


gerado de modo a que cada aspeto encaixe na perfeição.
•Argumento do relógio – William Paley

•Um relógio é um sistema complexo onde cada peça


desempenha uma função específica.

•Não é plausível que as peças do relógio possam ter surgido


por acaso.
Um relógio tem um criador inteligente, que moldou as
várias peças de acordo com um plano e de modo a que
este funcionasse corretamente.
•Argumento do relógio – William Paley

•No universo há imensos corpos semelhantes a um relógio e


onde cada “peça” desempenha uma função específica.

Deve ter existido um criador inteligente a dar origem ao


universo e aos corpos que dele fazem parte, de acordo
com um plano.
• CRÍTICAS

•Do facto de existirem algumas semelhanças entre o


universo e um relógio não se segue necessariamente que
estes sejam semelhantes em todos os aspetos.

•Por outras palavras, a existência de corpos na natureza que


funcionam de forma análoga à de um relógio não implica
que estes resultem de criação divina.

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