Aula 22: As

Humanidades
Digitais:
desafios para o
presente e o
futuro.
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Definição
• “Digital humanities are an interdisciplinary set of fields that are
primarily concerned with using digital technologies, sources and
methods as part of research in the humanities. These fields are heavily
involved with using electronic information and computational
methods to investigate, analyse, synthesise and present research.
Digital humanities also aim to explore how electronic media affects
research in the discipline and likewise how humanities research
contributes to computer studies. This is a rapidly emerging area of
research, encompassing a wide range of methods and practices, which
you can explore in this guide.” -
https://libguides.library.usyd.edu.au/Digital_Humanities
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Definição
• "Along with the digital archives, quantitative analyses, and tool-
building projects that once characterized the field, DH now
encompasses a wide range of methods and practices: visualizations
of large image sets, 3D modeling of historical artifacts, 'born
digital' dissertations, hashtag activism and the analysis
thereof, alternate reality games, mobile makerspaces, and more. In
what has been called 'big tent' DH, it can at times be difficult to
determine with any specificity what, precisely, digital humanities
work entails.“ - "Debates in the Digital
Humanities". dhdebates.gc.cuny.edu. Archived from the original on
12 May 2019.
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Humanidades
Digitais (balanço
histórico)
• Alberto Cevolini (ed.), Thomas
Harrison: The Ark of Studies
(Turnhout, Belgium: Brepols
Publishers, 2017).

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 Humanidades Digitais (balanço histórico)
• Os primeiros fundamentos da relação entre a tecnologia e as
humanidades remontam aos esforços pioneiros de meados
do século XX. Na década de 1940, o Padre Roberto Busa,
um padre jesuíta italiano, embarcou num projeto inovador
que é considerado um precursor das Humanidades Digitais.
Seu ambicioso empreendimento, o Index Thomisticus, tinha
como objetivo indexar e analisar as obras de Tomás de
Aquino usando a tecnologia de cartões perfurados e os
primeiros computadores. Este projeto, iniciado em
colaboração com a IBM, lançou as bases para a aplicação
de métodos computacionais à análise linguística e textual
nas ciências humanas.

• https://www.corpusthomisticum.org/

Roberto Busa - 2006 5

Humanidades Digitais (balanço histórico)
As décadas de 1950 e 1960 assistiram às fases iniciais do que mais tarde viria a ser designado por Computação para as Humanidades.
Estudiosos como Joseph Raben e Roberto Busa continuaram a explorar o potencial dos computadores para a análise linguística e literária.

A década de 1970 assistiu a um salto significativo na relação entre a tecnologia e as ciências humanas. O aumento do poder computacional dos
computadores permitiu aos académicos aprofundar a análise linguística e literária. Os investigadores exploraram o potencial dos computadores
não só como ferramentas para o processamento de textos, mas também como plataformas para o desenvolvimento de métodos de análise mais
sofisticados. Mas vejamos a rapidez deste período:

• Início da década de 1960: Programa de concordância COCOA, aproximadamente 4000 cartões perfurados em FORTRAN, criado na
University College London e no Atlas Computer Laboratory. A funcionalidade incluía a contagem de palavras e a criação de concordâncias -
https://en.wikipedia.org/wiki/COCOA_(digital_humanities)

• 1962: primeira utilização de computadores para a investigação estilística sobre a autoria contestada, com as cartas de Junius (Alvar Ellegård)
e os Federalist Papers (Frederick Mosteller e David Wallace).

• 1965: A conferência de Yorktown Heights iniciou a colaboração entre os académicos e a IBM

• 1967: "Generic coding", um sistema de marcação de texto criado por William Tunnicliffe e pelo Comité de Composição da Associação de
Comunicação Gráfica (GCA), foi apresentado numa conferência para o Gabinete de Impressão do Governo Canadiano.

• 1969/1973: Charles Goldfarb e uma equipa da IBM desenvolvem a linguagem de marcação generalizada (GML). 6
Humanidades Digitais
(balanço histórico)
• A década de 1970 assistiu a um salto significativo na relação entre
a tecnologia e as ciências humanas. A crescente capacidade
computacional dos computadores permitiu aos académicos
aprofundar a análise linguística e literária. Os investigadores
exploraram o potencial dos computadores não só como ferramentas
para o processamento de textos, mas também como plataformas
para o desenvolvimento de métodos de análise mais sofisticados.

• O desenvolvimento de linguagens de codificação e marcação de

texto tornou-se um marco crucial em meados do século XX. A
Standard Generalized Markup Language (SGML) e, mais tarde,
a eXtensible Markup Language (XML), permitiram a criação de
textos digitais estruturados e normalizados. A Iniciativa de
Codificação de Texto (TEI), criada na década de 1980, solidificou
ainda mais a utilização de linguagens de marcação, fornecendo um
quadro comum para a codificação de textos das ciências humanas.

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Iniciativa de Codificação de Texto (TEI): um quadro comum para a codificação de textos das
ciências humanas.

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Humanidades Digitais (balanço histórico)
• Perseus Project: A Biblioteca Digital Perseus, anteriormente conhecida como Projeto Perseus, é uma biblioteca digital de acesso livre
fundada por Gregory Crane em 1987 e acolhida pelo Departamento de Estudos Clássicos da Universidade de Tufts. Uma das pioneiras das
bibliotecas digitais, a sua missão autoproclamada é tornar o registo completo da humanidade disponível para todos. Embora inicialmente
centrada no mundo greco-romano antigo, diversificou-se e oferece materiais em árabe, germânico, literatura inglesa do Renascimento,
documentos americanos do século XIX e poesia italiana em latim, tendo ainda desenvolvido vários projectos infantis e de cooperação
internacional. A versão atual, Perseus 4.0, é também conhecida como Perseus Hopper, e é espelhada pela Universidade de Chicago.

• Women Writers Project: O Projeto Mulheres Escritoras é um projeto de investigação a longo prazo dedicado à escrita feminina dos
primeiros tempos modernos e à codificação eletrónica de textos. O nosso objetivo é retirar do arquivo textos de escritoras pré-vitorianas e
torná-los acessíveis a um vasto público de professores, estudantes, académicos e leitores em geral. Apoiamos a investigação sobre a escrita
feminina, a codificação de textos e o papel dos textos eletrónicos no ensino e nos estudos.

• Oxford Text Archive: O Oxford Text Archive (OTA) é um arquivo de textos eletrónicos e outros recursos literários e linguísticos que foram
criados, recolhidos e distribuídos para fins de investigação sobre temas literários e linguísticos na Universidade de Oxford, Inglaterra.

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Humanidades Digitais e a década de 1980

• Computadores pessoais e poder computacional: Impacto: A disponibilidade de computadores pessoais

democratizou o acesso ao poder computacional, permitindo aos académicos efetuar análises e manipulações
digitais sem dependerem exclusivamente de instalações informáticas centralizadas.

• Correio Eletrónico (Email) para Colaboração: Impacto: O correio eletrónico tornou-se uma ferramenta crucial
para a comunicação e colaboração entre académicos, permitindo uma rápida troca de ideias, atualizações de
projecto e planeamento colaborativo. Facilitou a formação de equipas interdisciplinares que trabalham em
projetos de Humanidades Digitais.

• Impacto: A World Wide Web revolucionou o acesso a recursos digitais, facilitando a partilha e a divulgação de
materiais de investigação por parte dos académicos. Proporcionou uma plataforma para a criação de arquivos
digitais, bases de dados em linha e projectos de colaboração com acessibilidade global.
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Humanidades Digitais e a colaboração entre ciências

• Ambientes colaborativos em linha: Os ambientes de colaboração em linha, como os fóruns de discussão e os espaços de trabalho partilhados, surgiram
como plataformas para a colaboração interdisciplinar. Os académicos podiam participar em debates, partilhar recursos e contribuir coletivamente para o
desenvolvimento de projetos de Humanidades Digitais.

• Exemplo: A criação de comunidades e fóruns em linha dedicados às Humanidades Digitais, como o Humanist Discussion Group, proporcionou espaços
para os académicos discutirem quadros teóricos, partilharem metodologias e procurarem oportunidades de colaboração.

• Humanist Discussion Group: é um seminário académico em curso sobre a relação entre a computação digital e as ciências humanas. Foi fundado em 1987
pelo atual editor para reforçar uma pequena e dispersa comunidade de profissionais. Rapidamente se transformou, para além do seu objetivo original, num
género de conversa estruturada para investigação académica e troca de informações. Este tem sido o seu objetivo ao longo das últimas três décadas.

• Ou, ainda mais importante, criado ainda na década de 1970, o European Association for Digital Humanities. A Associação Europeia para as Humanidades
Digitais (EADH), anteriormente conhecida como Associação para a Computação Literária e Linguística (ALLC), é uma organização de humanidades
digitais fundada em Londres em 1973. O seu objetivo é promover o avanço da educação nas humanidades digitais através do desenvolvimento e utilização
de métodos computacionais na investigação e no ensino das Humanidades e disciplinas afins, especialmente a computação literária e linguística.

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Humanidades Digitais, Arquivos e repositórios digitais

• Os bibliotecários e arquivistas desempenham um papel crucial nos projetos de DH, contribuindo com os seus conhecimentos
especializados na organização e preservação da informação. As iniciativas de colaboração envolvem frequentemente a digitalização e a
curadoria de materiais do património cultural. A transição dos arquivos tradicionais para os repositórios digitais marca uma mudança
transformadora na preservação, acessibilidade e disseminação do património cultural.

• Os avanços tecnológicos, como as técnicas de digitalização, as melhores soluções de armazenamento e as normas robustas de
metadados, desempenharam um papel crucial na facilitação da transição para os repositórios digitais. A digitalização de alta resolução, a
fotografia digital e os formatos de ficheiro normalizados permitiram a conversão de materiais analógicos em representações digitais,
assegurando a preservação de artefactos delicados e em deterioração.

• Por exemplo: Europeana: é uma plataforma digital pan-europeia que reúne instituições de património cultural de todo o continente.
Lançada em 2008, a Europeana dá acesso a milhões de livros, obras de arte, fotografias e registos de arquivo digitalizados. Apresenta os
esforços de colaboração de bibliotecas, museus e arquivos para criar um repositório unificado e acessível do património cultural
europeu - https://www.europeana.eu/en

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Humanidades Digitais e a análise em rede
Um dos primeiros projetos e, que no fundo, marca esta tendência, foi o Mapping the Republic of Letters - http://republicofletters.stanford.edu/:

• Um projeto notável que exemplifica a integração da análise de redes no DH é o Mapping the Republic of Letters. Esta iniciativa de
colaboração, liderada por historiadores e cientistas de redes, tem como objetivo traçar e visualizar as extensas redes intelectuais de
académicos, filósofos e escritores do início da modernidade.
• Explorando redes intelectuais: centra-se na exploração das redes intelectuais que floresceram durante o início do período moderno.
Aplicando técnicas de análise de redes a correspondência e documentos históricos, os académicos pretendem revelar a intrincada teia de
ligações que moldaram os desenvolvimentos intelectuais.

• Descobrir padrões e influências: A análise de redes permite aos académicos descobrir padrões de colaboração, influência e fluxo de
informação entre figuras-chave da República das Letras. Ao identificar os nós centrais, os agrupamentos e a dinâmica da disseminação da
informação, os historiadores obtêm informações sobre os mecanismos que impulsionaram a inovação intelectual durante este período.

• Ferramentas digitais para a investigação histórica: A utilização de ferramentas digitais em Mapping the Republic of Letters exemplifica a
sinergia entre a investigação histórica e a inovação tecnológica. As plataformas digitais permitem a criação de visualizações interativas,
mapas dinâmicos e bases de dados que melhoram a acessibilidade e a análise de materiais históricos.

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Sites dedicados às Humanidades Digitais
• Cambridge Digital Humanities - https://www.cdh.cam.ac.uk/

• Associação das Humanidades Digitais -

https://ahdig.wordpress.com/associacao-das-humanidades-digitais/

• Centro de Humanidades Digitais IFCH-Unicamp (CHD) -

https://chd.ifch.unicamp.br/sobre

• The Center for Digital Humanities at Princeton - https://cdh.princeton.edu/

• European Association for Digital Humanities (EADH) - https://eadh.org/about

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Bibliografia
• Claire Warwick, Melissa Terras, Julianne Nyhan, Digital Humanities in Practice, Facet, 2018.

• David M. Berry, Anders Fagerjord, Digital Humanities: Knowledge and Critique in a Digital Age,
Polity, Cambridge, 2017.

• A Companion to Digital Humanities, ed. Susan Schreibman, Ray Siemens, John Unsworth. Oxford:
Blackwell, 2004 (https://companions.digitalhumanities.org/DH/)

• Julianne Nyhan, Marco Passarotti, One Origin of Digital Humanities. Fr Roberto Busa in His Own Words,
Springer Cham, 2019.

• W. McCarty, Humanities Computing, Palgrave Macmillan, 2005.

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• Digital Humanities | Swantje Dogunke |
TEDxUniHalle -
https://www.youtube.com/watch?v=cSpOCSVt--k

• Introduction to Digital Humanities -

https://www.youtube.com/watch?v=k-_GmWw3pvI

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Questão
• As Humanidades Digitais surgem como um
dos campos mais inovadores e mais
importante das últimas décadas. Explique o
surgimento e o desenvolvimento das
Humanidades Digitais e a importância para a
investigação histórica.

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