Você está na página 1de 23

Parnasianismo

EEEP Escola Estadual de Educação Profissional


Dr. Salomão Alves de Moura

Professor: Rogério França


O NOM

Pa uq E
MINHA
e
FILOS0FIA

r n fo DE VIDA

as i o
i an
i sm
o
?
O que você deverá saber ao final deste estudo?
 O que foi o Parnasianismo;
 Por que o projeto literário do Parnasianismo se define como
antirromântico;
 Que características literárias assume a poesia parnasiana.
Na segunda metade do século XIX, em uma sociedade transformada
pelas descobertas da ciência e pela revolução das máquinas, a
razão toma o lugar dos sentimentos na produção literária. Na
poesia, o impacto dessa mudança é profundo. Depois de se
inspirarem por décadas nas emoções, os poetas passam a privilegiar a
perfeição da forma. Essa tendência deu origem a uma estética, o
Parnasianismo
Durante décadas, a poesia foi o espaço privilegiado para a
expressão das emoções humanas. Em nome da expressão de
sentimentos e dos estados de alma, os românticos haviam abandonado
os rigores formais na composição dos poemas. Este será o primeiro
aspecto a ser atacado pela reação antirromântica. Os poetas
parnasianos procuravam resgatar a visão da arte como sinônimo
de beleza formal alcançada por meio do trabalho cuidadoso e
detalhista. Nascia, assim, o Parnasianismo. Para esses poetas, a arte
não existe para a humanidade, para a sociedade ou para a moral, mas
para si mesma. A finalidade da arte seria, portanto, a própria arte.
O projeto literário do Parnasianismo
 Arte pela arte;
 Perfeição formal;
 Olhar impessoal para o objetivo do poema.
O objetivo declarado dos poetas parnasianos era um só: devolver
a beleza formal à poesia, eliminando o que consideravam os
excessos sentimentalistas românticos que comprometeriam a
qualidade artística dos poemas. Na base deste projeto estava a
crença de que a função essencial da arte era produzir o belo. O
lema adotado pelos parnasianos - a arte pela arte - traduz essa
crença.
O modelo parnasiano
Os parnasianos adotam alguns princípios que orientam a seleção de temas e os
modelos literário a serem seguidos.
 Opção por uma poesia descritiva: uso de imagens que apresentem de modo mais
imparcial fenômenos naturais e fatos históricos;
 Preocupação com a técnica: o metro, o ritmo, a rima, todos os elementos devem
ser harmonizados de modo a contribuir para a perfeição formal;
 Tentativa de manter uma postura imparcial diante do objeto do poema, para não
cometer o excesso sentimentalista dos românticos;
 Resgate de temas da Antiguidade clássica (referências à mitologia e a
personagens históricas);
 Defesa da “arte pela arte”: a poesia deveria ser composta como um fim em si
mesma e busca da palavra exata que, muitas vezes, beirava o preciosismo.
Obs: O cuidado com a criação dos versos perfeitos definiu a estética parnasiana no
Brasil
Os parnasianos brasileiros
A primeira obra a incorporar, de fato, os princípios do projeto
parnasiano foi o livro Fanfarras, de Teófilo Dias, publicado em
1882, data associada ao início do Parnasianismo no Brasil.
Principais poetas:

 Olavo Bilac;
 Raimundo Correia;
 Alberto de Oliveira;
 Vicente de Carvalho.
Olavo Bilac, o poeta das estrelas.
Estrela maior do parnasianismo brasileiro, a popularidade de
Olavo Bilac está associada à grande capacidade de trabalhar as
palavras e criar versos inesquecíveis.
Tornou-se um mestre na arte de escrever sonetos, que aprendeu
estudando a obra dos grandes sonetistas portugueses: Bocage e
Camões. Abraçou o culto à forma como uma devoção, que
traduziu em versos no conhecido poema “Profissão de fé”,
publicado na abertura do livro Poesias. Nesse texto, o Bilac
registra o desejo de compor versos como ouvires cria joias de
incomparável rebuscamento e beleza.
Profissão de fé
[...]
Invejo o ourives quando escrevo: Por isso, corre, por servir-me,
Imito o amor Sobre o papel
Com que ele, em ouro, o alto relevo A pena, como em prata firme
Faz de uma flor. Corre o cinzel.
Imito-o. E, pois, nem de Carrara Corre; desenha, enfeita a imagem,
A pedra firo: A ideia veste:
O alvo cristal, a pedra rara, Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
O ônix prefiro. Azul-celeste.
[...]
Disponível em https://contobrasileiro.com.br/profissao-de-fe-poema-de-olavo
-Bilac. Acesso em 04/12/2023.
Raimundo Correia: as imagens mais sugestivas.
Raimundo Correia apresentou-se como um parnasiano que não
submeteu sua sensibilidade à devoção da forma. Embora tenha
abraçado a ideia da perfeição formal, seus sonetos exploram a
força das imagens sugestivas, fazendo com que o autor auxilie
entre a descrição e a sugestão.
As pombas
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
Das pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada.

E à atarde, quando a rígida nortada


Sopra, aos pombais, de novo elas, serenas,
Suas asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam
Os sonhos, um a um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,


Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais.
Alberto de Oliveira
Alberto de Oliveira se dedicou inteiramente ao culto à forma a
partir do segundo livro de poesia que publicou, Meridionais
(1884). Ele é, entre os autores do período, um mestre na arte de
compor poeticamente retratos, quadros, cenas, em que
predomina uma combinação entre a perfeição da forma e a
descrição.
Vicente de Carvalho
Vicente de Carvalho, por sua vez, aborda uma variedade de temas
para louvar a natureza, mas mostra especial fascínio pelo mar.
Ficou, por isso, conhecido como o poeta do mar.
Estação I
1. Em sua opinião, o que mais chama a
atenção nesta pintura?
2. Explique a composição da imagem.
3. O que você acha que o artista
valorizou mais: o detalhe ou o conjunto
da obra? Justifique sua resposta.
4. O que essa composição e, em
especial, o uso de muitas formas
circulares – nas flores, na ornamentação
do vestido – sugerem?
Estação II [...]
A arte Com a mão delicada Tudo passa e somente
Sim, a obra sai mais bela Segue no cristalino É eterna a arte robusta
Numa forma ao trabalho Filão O busto
Rebelde O apolíneo perfil. Sobrevivi à cidade
Verso, ónix, pedra, esmalte
[...] Pintor, foge à aquarela Até os deuses morrem
Rejeita, estatuário, E a Cor mais vacilante E os versos soberanos
A argila que teu dedo Esmalta Perduram
Modela, No forno do artesão. Mais fortes que o bronze
Quando a alma está distante;
Faz sereias azuis Lima, esculpe, cinzela;
Luta com o carrara, Torcendo de mil formas Que o teu sonho ligeiro
Com o mármore duro As Caudas, Se estranhe
E raro Os monstros dos brasões. No bloco resistente.
Guardas das linhas puras [...]
Disponível em https://www.helenabarbas.net/traducoes
/2006_Gautier_Art_H_Barbas.pdf. Acesso em 03/12/23023.
1. Embora sejam mencionados no poema o estatuário e o pintor, não é
só a eles que o eu lírico se dirige. A quem mais ele se dirige e por que
ele faz essa recomendação?
2. Na 3ª e 4ª estrofes, qual é a recomendação do eu lírico para o artista
que for esculpir o mármore?
3. A parte dessa recomendação, conclua: qual poderia ser, para o eu
lírico, a função do artista?
4. Que orientações o eu lírico apresenta ao pintor, na 5ª e na 6ª estrofe?
5. Quanto a linguagem usada no poema, ela é simples ou complexa?
Justifique sua resposta?
Estação III
Inania Verba
Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava,
O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
- Ardes, sangras, pregada a' tua cruz, e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava...

O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:


A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...
E a Palavra pesada abafa a Ideia leve,
Que, perfume e dano, refulgia e voava.

Quem o molde achará para a expressão de tudo?


Ai! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta?

E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?


E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta?!
1. Qual a dificuldade enfrentada pelo eu lírico?

2. De que maneira o significado do título do poema resume o tema


desenvolvido?

3. Releia a segunda estrofe do soneto. Que imagens são utilizadas para


caracterizar o pensamento e a forma?

4. Essas imagens constituem-se como antíteses. Explique de que maneira o


emprego dessas antíteses contribui para demonstrar a dificuldade da criação
literária para os parnasianos.
Estação IV
Noite ainda, quando ela me pedia Morrerei de aflição e de saudade...
Entre dois beijos que me fosse embora, Espera! até que o dia resplandeça,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia: Aquece-me com a tua mocidade!

"Espera ao menos que desponte a aurora! Sobre o teu colo deixa-me a cabeça
Tua alcova é cheirosa como um ninho... Repousar, como há pouco repousava...
E olha que escuridão há lá por fora! Espera um pouco! deixa que amanheça!"
Como queres que eu vá, triste e sozinho,
Casando a treva e o frio de meu peito — E ela abria-me os braços. E eu ficava.
Publicado no livro Poesias (1902). Poema integrante da série Alma Inquieta.
Ao frio e à treva que há pelo caminho?! In: BILAC, Olavo. Poesias. Posfácio R. Magalhães Júnior. Rio de Janeiro:
Ediouro, 197

Ouves? é o vento! é um temporal desfeito!


Não me arrojes à chuva e à tempestade!
Não me exiles do vale do teu leito!
1. Qual o tema desenvolvido no poema?
2. A preocupação formal do parnasianismo pode ser identificada na métrica e
no sistema de rimas adotado no poema de Bilac. Como se caracterizam estes
dois aspectos no texto?
3. Quanto a morfologia, como se classificam as palavras destacadas em
negrito?
4. Com que objetivo eu lírico se dirigia à amada?

Você também pode gostar