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Robertta Mota
Maio de 2007
3E’s – ANPAD
Resumo
1. Introdução
sobre o fenômeno conhecido como born global, empresas internacionais de criação recente
que seguem um enfoque global desde sua criação ou que se internacionalizam nos dos
primeiros anos de vida. Pode-se considerar este enfoque como uma nova perspectiva
emergente do processo de internacionalização, devido à abundante literatura que tem tratado
de explicar tal fenômeno e que resulta de grande utilidade para entender a internacionalização
da empresa no século XXI (JOLLY, ALAHUHTA e JEANNET, 1992; KNIGHT e
CAVUSGIL, 1996; MADSEN e SERVAIS, 1997; MCAULEY, 1999; FILLIS, 2000;
MCDOUGALL, SHANE e OVIATT, 1994; OVIATT e MCDOUGALL, 1994, 1995, 1997;
PLÁ BARBER e COBOS CABALLERO, 2002).
Seguindo com as definições desenvolvidas na literatura, Welch e Luostarinen (1988)
ofereceram uma ampla estrutura para avaliar a internacionalização em varias dimensiones1
diferentes que levaram em conta a diversidade das operações internacionais.
Segundo Welch e Luostarinen (1988), enquanto segue o debate sobre a natureza do
processo de internacionalização, fica uma importante pergunta a responder: Por que
internacionalização? Que fatores levam uma empresa de pequeno ou nenhum envolvimento
internacional a, em alguns casos, um envolvimento internacional extenso? Como o exposto
por Starbuck (1971, Apud WELCH e LUOSTARINEN, 1988), o crescimento não é
espontâneo, é o resultado de uma decisão, portanto, se é para compreender os processos, então
se deve explicar porque uma empresa empreende envolver-se em operações internacionais.
Não basta ser uma empresa com recursos e oportunidades no entorno, a internacionalização
deve ser pretendida e deve ser ativada por um empresário que toma as decisões-chave e leva a
cabo a internacionalização (ANDERSSON, 2000). Assim, dado o papel central dos
empresários na internacionalização da empresa (WESTHEAD et al. 2001; MIESENBOCK,
1988), é importante esclarecer por que o este empreende entrar no mercado internacional e
identificar as forças impulsionadoras que influem nas percepções do mesmo, decisões e ações
que, conseqüentemente, levam a empresa ao envolvimento em mercados internacionais.
Entretanto, para descrever o papel das forças impulsionadoras, Wiedersheim-Paul et
al. (1978, p. 51) se referem a elas como “fatores ou influências que levam uma empresa a
considerar a exportação como uma possível estratégia” que representam os “sinais de alerta”
com relação às decisões sobre o comportamento “pre-exportação”. Como exposto por
Aharoni (1966, p.13), o processo de decisão do investimento estrangeiro envolve “uma
estrutura intrincada de atitudes e opiniões, as relações sociais dentro e fora da empresa, e a
maneira que tais atitudes, opiniões e relações sociais estão se modificando. Contem vários
elementos do comportamento individual e organizacional, influenciados pelo passado e pela
percepção do futuro, assim como pelo presente. É composto por um grande número de
decisões feitas por pessoas diferentes em diferentes épocas”. Explicando ou predizendo o
processo de internacionalização, de acordo com Bilkey (1978), “um grande número de
variáveis influencia o comportamento exportador das empresas”, mas “a simples relação das
razões para exportar, estímulos à exportação etc., provavelmente, não gera algum progresso”
(MIESENBOCK, 1988, p.50). “O ponto crucial deste problema está na falta de uma teoria
apropriada” (ANDERSEN, 1993, p.217).
Por outro lado, desde que “a internacionalização das empresas não seja conceito
unidimensional (a ser analisado apenas através da dimensão operacional), mas sim um
conceito multidimensional” (LUOSTARINEN, 1994, p.12), deve-se decidir que dimensiones
da internacionalização são de interesse. Comparado com as decisões como: o tipo de produto,
número e qualidade de pessoal, estrutura organizacional, aspectos financeiros etc., atividades
comuns em qualquer estratégia de crescimento, “a forma ou estratégia de entrada” e “a
seleção de mercado” são considerados como os componentes principais e características
distintivas da internacionalização e outros tipos de estratégias de crescimento (BRADLEY,
1998; ANDERSEN, 1997).
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3.1. Exportação
3.2. Licenciamento
absorvido parte significativa da demanda. Na China, apenas para citar o exemplo mais
emblemático, dezenas de milhões de dólares anuais se produzem em produtos falsificados
comprados em todo o planeta. Curiosamente, inclusive, a própria evolução da tecnologia tem
facilitado a intensificação desta clandestinidade (EINHORN, 1997 Apud HITT, et al. 1999).
O licenciamento também possui ouras desvantagens. Não permite, por parte da
licenciadora, grande controle sobre a produção, o Marketing e a distribuição dos produtos.
Adicionalmente, por causa da divisão dos lucros, não permite grandes rentabilidades. Por
outro lado, Nickels e Wood (1999, p. 72) consideram que, se o produto vende bem em outros
países, o lucro não será tão grande como no caso da venda direta. As empresas que licenciam,
além disso, tendem a aprender com a tecnologia dos desenvolvedores e, em um futuro, muitas
vezes não tão distante, lançam produtos similares ou, inclusive, superiores. Finalmente, outra
desvantagem que se pode apresentar é que a marca fica vinculada à qualidade e ao serviço ao
consumidor oferecidos pela outra empresa, se os níveis destes não são elevados, a reputação
também pode sofrer.
Tanto as fusões, como as aquisições podem ser entendidas como as mais fáceis e
rápidas formas de entrada em mercados internacionais. Entretanto, como no caso de fusões e
aquisições domésticas, aquelas empreendidas em um contexto internacional possuem riscos e
desvantagens. Esta forma de internacionalização, geralmente, é cara, necessita de grande
habilidade para conduzir negociações complexas e, também o mais importante, traz
dificuldades de implantação bastante significativas. Em especial, são conhecidos os conflitos
culturais inerentes aos processos de fusões e aquisições.
4. O Marketing Internacional
YOSHINO e SHERBINI, 1967; HELSEN, JEDIDI e DeSARBO, 1993), porém nenhum deles
combina as características de ser aplicável a um setor específico, de ser relativamente simples
de aplicar, estratégico, que reflita a demanda total da empresa e que, ademais, seja validado
empiricamente (PAPADOPOULOS et al., 2002).
À raiz desta constatação, surge a necessidade de se verificar como as empresas
selecionam os mercados estrangeiros. Para isso, a seguir, recapitulando-se a literatura, serão
abordados os “fatores determinantes da seleção de mercados internacionais”.
Uma revisão da literatura permite destacar que são vários os modelos desenvolvidos
para explicar a seleção de mercados estrangeiros (BREWER, 2001; HOFFMAN, 1997;
LIANDER et al., 1967; MOYER, 1968; NACHUM, 1994). Não obstante, apenas um, o de
Papadopoulos et al. (2002), pode ser considerado um marco conceitual completo dos fatores
que influem na seleção de mercados para a empresa exportadora.
Ademais, este modelo surge da revisão de vários modelos propostos na literatura e tem
como objetivo melhorar as limitações dos anteriores. Tem sido contrastado empiricamente de
forma longitudinal desde 1989 até 1994, através da análise da seleção de mercados
internacionais realizada por empresas da China e do Canadá, pertencentes ao sector
aeronáutico, de bebidas e de móveis que exportam seus produtos a dezessete países da OCDE.
Em função do que foi explicado por Papadopoulos et al. (2002), o desenvolvimento de
seu modelo se centrou em satisfazer três aspectos específicos:
a) O modelo deve ser capaz de explorar vários mercados desde o ponto de vista do setor
com o objetivo de identificar aqueles que requerem uma pesquisa mais profunda e,
ademais, dito modelo deve poder ser aplicado para confirmar sua validade externa e
sua aplicação de caráter generalizado;
b) O modelo deve seguir um enfoque de múltiplas variáveis, já que estas poderão
confirmar a significação dos resultados (BAALBAKI e MALHOTRA, 1993), mas, ao
mesmo tempo, utilizar o menor número possível de variáveis para que cumpra o
critério de simplicidade e de baixo custo (PAPADOPOULOS e DENIS, 1988);
c) Ademais, o modelo deve poder valorar as condiciones gerais do entorno, sem esquecer
as características dos produtos nem a dimensão estratégica da empresa.
5. Considerações finais
Nota
1
Segundo Welch e Luostarinen (1988), a internacionalização se desenvolve em seis
dimensões: métodos de operação no exterior, ou seja, forma ou estratégia de entrada,
(como?), mercados (onde?), produto (o que?), pessoal, estrutura organizacional e finanças.
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