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O SNC implica a alteração de paradigmas que têm vindo a ser aplicados durante os
últimos 30 anos com o POC, e veio colocar novas e diferentes exigências e desafios,
designadamente, a todos os profissionais da contabilidade e a quadros superiores que
necessitem de instrumentos de apoio à decisão na análise e avaliação económico-
financeira das empresas. O SNC representa uma mudança profunda e, por isso, as
empresas devem entender o processo de conversão do POC para o SNC como um
projecto integral de gestão da empresa. As alterações decorrentes do SNC não são
apenas de cariz contabilístico, reflectindo-se também no planeamento, nos sistemas
de informação e nas operações. Tratando-se de um projecto que envolve toda a
empresa compete, por consequência, à gestão de topo estar altamente envolvida no
processo de supervisão desta mudança para evitar consequências de dimensão
imprevista que, inclusivamente, podem vir a afectar as previsões e desempenho futuro
da organização.
Por último, o negócio. Se o negócio operacional não sofre impactos significativos com
a alteração de normativo, o mesmo não acontece com os rácios de avaliação de
performance do negócio que passam a estar afectados pela adopção de métodos de
valorização diferentes, a forma do reconhecimento de réditos, entre outros. Também
as divulgações adicionais exigidas podem condicionar a avaliação do negócio por
terceiros.
Neste âmbito, era na vigência do POC, por demais conhecido o intenso e complexo
trabalho de estabelecimento de juízos de valor, avaliação de activos e de preparação
da informação financeira tendente à elaboração de uma adequada/cuidada análise
económico-financeira de uma empresa. Acresce o facto de que se o analista fosse
externo, o esforço para avaliar a aderência da informação financeira divulgada à
realidade económico-financeira da empresa era substancialmente maior, apenas
atenuado, algumas vezes, pelas relações que estabelecem com as empresas e pelo
poder de intervenção que tendem a deter junto destas no que concerne à obtenção de
informação suplementar.
Reconhece-se que as demonstrações financeiras elaboradas na observância do SNC
vêm minimizar e, em alguns casos, mesmo suprimir algumas destas tarefas, reduzindo
assim, naquele âmbito, o trabalho do analista financeiro. Procedeu-se com a entrada
em vigor do SNC e das NCRF, a divulgar relato financeiro muito mais próximo daquilo
que eram as demonstrações económico-financeiras POC preparadas para a análise
financeira.
Activos intangíveis
Redução ou eliminação total do goodwill, despesas de instalação e despesas de
investigação e desenvolvimento.
Activos tangíveis
Redução por imparidade do valor líquido de alguns activos. Possibilidade de alterações
de vidas úteis e a adopção da amortização por componentes. Opção pela mensuração
ao custo histórico ou valor revalorizado.
Propriedades de investimentos
Aumento do valor dos activos, se adoptada a política de mensuração ao justo valor
Acréscimos e Diferimentos
Anulação de custos plurianuais diferidos que não qualifiquem como activo
Instrumentos financeiros
Registo dos ganhos e perdas obtidas com a contratação de instrumentos financeiros
derivados e separação entre instrumentos de capital próprio e passivos financeiros.
Rédito
Redução dos réditos suportados por contratos condicionais ou revogáveis.
Reconhecimento da actividade de “comissionista” pelo líquido.
Provisões
Redução do valor de provisões genéricas e para reestruturações constituídas.
Aumento da divulgação de passivos contingentes.
Possível desconto do valor das provisões.
Subsídios
Eventual reclassificação de subsídios
Impostos
Activos e passivos por impostos diferidos, em resultado da manutenção do critério do
custo histórico e de outras regras fiscais em vigor
Existirão contudo, pelo menos nesta fase inicial, algumas dificuldades a contornar,
designadamente, diferenças significativas para o POC, a valorização e contabilização de
instrumentos financeiros, a informação comparativa para exercícios anteriores, as
divulgações adicionais e o impacto nos resultados e nos capitais próprios que a
adopção do SNC possa promover. Podem ainda ser obstáculos consideráveis a
resistência à mudança, a capacidade técnica e a disponibilidade dos recursos, as
implicações fiscais e regulatórias e os custos externos associados a determinadas
opções contabilísticas (p.ex. Avaliações).
Assim, o SNC deve ser entendido como um instrumento essencial para garantir a
comparabilidade nas decisões de investimento em diferentes mercados, sendo essa
comparabilidade sustentada por normas de reconhecimento, mensuração,
apresentação e de relato comuns a todas as empresas. O próprio diploma que o
aprovou define este novo sistema como “um modelo de normalização assente mais em
princípios do que em regras explícitas e que se pretende em sintonia com as normas
internacionais de contabilidade emitidas pelo IASB e adoptadas na União Europeia
(UE), bem como coerente com a Quarta Directiva 78/660/CEE do Conselho, de 25 de
Julho de 1978, e a Sétima Directiva 83/349/CEE do Conselho, de 13 de Junho de 1983,
que constituem os principais instrumentos de harmonização no domínio contabilístico
na UE”.
Maio de 2010