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Caderno 3 - Esperança e criatividade - Diário do Nordeste http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?

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CINE NAZARÉ (2/3/2008)

Esperança e criatividade
2/3/2008

Criativo, seu Vavá reuniu equipamentos de várias salas de projeção


fechadas na cidade para reabrir o Cine Nazaré

Já que não podia manter funcionando sua sala, seu Vavá, movido
pelo saudosismo, comprou, nos anos 70, o prédio onde funcionou
seu cinema, que é mantido sem alterações. É o mesmo espaço onde,
agora, mais de 30 anos depois, ele instalou a nova versão do Cine
Nazaré (a terceira), que ganhou corpo com o aproveitamento de
equipamentos de vários outros cinemas. As 75 poltronas do lugar
pertenceram ao antigo Cine Fortaleza. Os carpetes são os mesmos Após décadas, seu Vavá
reergue o Nazaré no
que cobriam as paredes e pisos das salas do North Shopping -antes mesmo antigo terreno
da reforma. E o projetor, com mais de 60 anos de uso, veio de NEYSLA ROCHA
Belém. “É um dos melhores projetores que existem”, garante seu
Vavá.

Mas nem tudo foi só na base da criatividade. O teto, em PVC, é novo. Assim como o aparelho de
ar-condicionado e as instalações do banheiro. “A gente só precisa ficar de olho na entrada do
banheiro das mulheres, pois não existe porta para homem sem-vergonha”, conclui. Os filmes são
exibidos em três dias da semana, com duas sessões aos domingos e às quintas-feiras (16 e 19 horas) e
uma sessão aos sábados (19 horas). O preço do ingresso é simbólico: dois reais a entrada inteira e um
real para estudantes e idosos. Por enquanto, ainda não tem pipoca. Mas seu Vavá já pensa em
terceirizar o serviço de lanches. Assim, ele garante que “o pipoqueiro que pagar o ingresso vai ter o
direito de vender seu produto na entrada”.

A primeira sessão do novo Cine Nazaré aconteceu no último dia 14, com o filme “O Pequeno
Polegar”. Trinta e cinco pessoas pagaram ingresso. Seu Vavá sabe que não será fácil manter o espaço
com o que for arrecadado na bilheteria. E mais difícil ainda obter algum lucro. “Pelo menos, o que foi
investido já está pago. Mas sei que, nos três primeiros meses, não vou conseguir cobrir os gastos com

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energia, aluguel dos filmes - ele traz de São Paulo - e com o pagamento de uma moça que me ajuda”,
consola-se. “Se o movimento for bom, porém, as coisas vão ficar mais fáceis”, completa, esperançoso.

Do Bang-bang à Bíblia, até de tamanco

Para atrair o público, seu Vavá recorre aos mais variados filmes antigos. “Escolho aqueles não são
encontrados nas locadoras e que não passam na televisão. Assim, não tenho concorrência e ainda
ofereço produtos de qualidade”, explica. A programação é puro saudosismo. Entre os filmes que
entraram em cartaz, estão “O Ébrio” (1946), que consagrou a música homônima de um dos grandes
ídolos do rádio, Vicente Celestino; os faroestes “Abutres Noturnos”, com o cowboy das matinês Allan
Rocky Lane, e outro faroeste clássico, “O Dólar Furado” (1969), ambos em versões dubladas.

Para o período da Semana Santa, seu Vavá abre uma exceção na programação e coloca em cartaz
filmes mais recentes, como “Judas” (2000), da Coleção Bíblia Sagrada; “Sansão e Dalila” (1996), com
Dennis Hoopper e Elizabeth Hurley; e “Pedro” (2006), com Omar Shariff. E, claro, não podia também
faltar uma versão de “Paixão de Cristo”. “Só lamento a falta de cultura religiosa nas pessoas. Tem
gente que não quer assistir a ‘Paixão de Cristo’ porque acha o ‘artista’ do filme mole, já que apanha
muito sem reagir. Já ouvi este tipo de comentário, que revela a ignorância de valores”.

Nada, porém, tira o entusiasmo de seu Vavá pela sétima arte. Mas ele sente saudades dos tempos
áureos dos cinemas de bairro. “Ir ao cinema era um acontecimento. As pessoas passavam duas horas
na frente da tela e iam pra casa felizes, já pensando numa nova sessão”, conta.

Tamanco permitido

O figurino do público também era outro. “As pessoas se arrumavam mais, principalmente aos
domingos. Com o tempo, as exigências foram ficando menores, mas o uso de tamanco ficou proibido
por muito tempo. Quem chegasse na porta do cinema de tamanco, só entrava com ele na mão. Senão
era aquele toc-toc, toc-toc. E isso não podia”, sentencia. “Agora pode”, avisa.

HISTÓRIAS DE CINEMA

22 cinemas já chegaram a funcionar simultaneamente em Fortaleza, no início da década de 50, quando


a cidade mal chegava aos 300.000 habitantes. Um número que impressiona, até mesmo em relação aos
de hoje. A maioria dessas salas exibidoras localizava-se nos bairros ou no entorno do Centro, onde
ficavam os grandes cinemas lançadores como o São Luiz, o Diogo e o Majestic-Palace, este último
especializado em faroestes e filmes em série.

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1950 foi o ano da implantação da cadeia exibidora Cinemar, fruto da ousadia do empresário e cinéfilo
Amadeu Barros Leal. Ele ousou enfrentar o monopólio dos grandes circuitos nacionais, dominados
pelos produtores de Hollywood, e trazer até Fortaleza os grandes clássicos do cinema europeu. Mas, a
corajosa iniciativa só vingou pouco mais de uma década e as salas tiveram que ser vendidas a outros
grupos.

1974 foi o ano da inauguração do primeiro cinema de ´shopping´ em Fortaleza, o Cine Gazeta,
localizado no Center Um da Aldeota, onde funcionaram por algum tempo as sessões do Cinema de
Arte coordenado pelo crítico de cinema do Diário do Nordeste, jornalista Pedro Martins Freire.

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