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Publicado no blogue
http://cognitioetveritas.com/
Se é um leitor atento da minha página já deve ter reparado que eu não nutro
particular devoção pela religião. Podem considerar-me como um dos
descendentes de Adão que sempre que pode, come da árvore do
conhecimento. Se é mulher não se preocupe em ler este texto porque a árvore
do conhecimento ensina-nos que a história do pecado original, pelo qual tantas
mulheres foram e continuam a ser marginalizadas, não é mais do que retórica
fundamentalista e não fundamentada de uma classe clerical retrógrada.
A arca de Noé pode ser um bom começo. Esta história fantasista, que devia ser
proibida para crianças e para todos aqueles com mentes mais fracas, começa
quando Deus se chateia com a humanidade pelos seus pecados. O que decide
o bom Deus fazer? Avisa Noé que vem um dilúvio e que ele deve construir uma
arca para se salvar a ele e toda a sua família assim como a uma vasta família
de animais – ainda não se sabe se Deus mandou Noé fazer incubadoras para
salvar a varíola, a peste negra, a gripe, sífilis, etc…-. E que faz a seguir? Mata
todos os seres humanos e todos os animais que existiam à face da terra. E
pensava eu que Hitler era mau.
Se falamos de Noé, temos de falar desse grande ícone da esquizofrenia
imaginária que foi Abrãao. Sim, estou a falar do mesmo tipo que permitia que a
mulher fosse para a cama com os reis de outras nações como Abimeléc, rei de
Guerar, ou o faraó egípcio para Deus se zangar e começar a dar cabo da casa
toda. Deus caía sempre na esparrela e quem se lixava eram os reis que não
sabiam que ela era casada com esse senhor.
Abrãao é mais conhecido por pegar no filho, levá-lo para o monte, colocá-lo
num altar destinado a sacrifícios humanos e apontar-lhe um cutelo para o
matar. E só não o matou porque Deus – aquele amigo imaginário que lhe
falava- impediu-o de o fazer. Á luz dos nossos valores de pedagogia infantil o
que acham deste pai? Será realmente esta história uma boa alegoria
teológica?
Entretanto, esta pobre família que fora salva por serem puros, ao contrário dos
outros violadores anais, ficou durante um tempo, a viver nos montes. E foi
nesses montes, que aquelas meninas virgens e puras embebedaram o pai e
tiveram dele um filho cada. Os bons valores familiares do Antigo Testamento
são surpreendentes.
Passadas algumas páginas à frente desta grandiosa obra de literatura universal
encontramos a história de Jefté. Esta bela história pode resumir-se da seguinte
forma: Jefté vai entrar em guerra com os amonitas. Promete a Deus oferecer
em holocausto quem sair das portas de sua casa para lhe dar os parabéns pela
sua vitória. A filha é a primeira a sair de casa para lhe dar os parabéns pela
vitória. O nosso herói mandou a filha para o forno e queimou-a. Na Bíblia esta
história está mais bem trabalhada do que aqui onde só apresento um pequeno
resumo. Se a quiser ler pelo seu conteúdo obviamente educativo pode
encontrá-la no livro dos Juízes.
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As histórias mais impressionantes são as que envolvem Moisés. Se pensam
que Bin Laden é mau então vejam só o currículo desta personagem.
Após este breve e fraco resumo creio que o leitor deve ter ficado com uma bela
ideia da riqueza teológica desta obra. O que eu quero que faça agora é o
seguinte: recorra ao seu humanismo mais básico (e repare que eu não pedi o
seu humanismo mais refinado) e diga-me o que de bom se pode retirar destas
histórias? Sendo ou não sendo verdadeiras o que acha que estas histórias nos
podem ensinar? Qual a lição a aprender? E depois de responder a estas
questões diga-me o que tem esta obra de santo ou que valor devo dar à
célebre frase de que “a Bíblia é a palavra viva de Deus”?
Outra verdade que muito me apraz ouvir é a famosa ladainha: a Bíblia é o livro
de não ficção mais vendido em todo o mundo. Não contesto que seja o livro
mais vendido em todo o mundo. Mas um livro de não ficção? Vamos esquecer
completamente o Antigo Testamento pois aquilo não tem ponta por onde se
pegue. Foquemo-nos, somente, no Novo Testamento.