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Q PILOTIS Edigao ESPECIAL PESQUISA AS OPCOES OFERECIDAS PELO DEPARTAMENTO DE DIREITO DA PUC-Rio. PIBIC -CNPQ PET - CAPES PIPEG -Progra- ma de integragdo pos graduagiio graduacio. A universidade é antes de mais nada o local de produgio do conheci- mento. — Conhecimento novo somente é produ- zido com pesquisa © na PUC-Rio temos a opor- tunidade de _participar efetivamente destes pro- jetos, Pag. 2 Incrigdes para o PIBIC, no departa- mento de Direito, Levar 0 hist6rico es- colar até dia 25 de marco. 2° ao 8° perfodo ONeOr Ano VIII, n.°6. Rio de Janeiro, 23 de margo de 2000. EDITORIAL Jomal © PILOTIS inicia ano trazendo in- formagdes, cultura e divertimento aos alunos de Di+ reito da PUC-RIO, levando adiante seu projeto de fomentar a discuss4o como caminho para conscienti: Zagao , @ corroborando na construgao de uma Ui versidade critica e de qualidade. Durante o ano passado publicamos diversas matérias sobre a qualidade do ensino no Departa- mento de Direito, ressaltamos especialmente uma delas, dedicada a promover a organizacao pelo PET- JUR, de uma Assembléia de Alunos, para que se dis- cutisse formas de aperfeicoamento do Curso de Di- relto da PUC, Fato apoiado por diversos professores, que ja planejavam uma reorganizacao da estrutura do. ensino e do clitério de contratagao dos professores As reunides surtiram efeitos, E como nao podia ser diferente, estamos atentos &s mudangas, pois 0 alunato quer um diploma de valor, respeitado, digno com a tradigéo desta Pon- tificia Universidade Catdlica, uma formagao capaz de abrir verdadeiros caminhos para o mercado de tra- balho. Em particular, porque nds alunos, gracas a atuacéo do PUC 2000, estamos sem representagao estudantil, por isso, mais do que nunca, é importante que todos colaborem, dando suas opinioes 4 equipe do jornal OPILOTIS, INTERNET Com muitas idéias novas, a equipe do nosso jornal estd construindo a sua verso online, que ainda se encon- tra em fase de testes, 4 podendo ser visitada a partir da préxima segunda-teira, facilitando a comunicagao e apro- ximando os alunos, tornado esse periédico um reflexo da comunidade da Pontificia. Na rede 0 nosso formato sera mais amplo, com novo foco, trazendo informagées, legisla- a0, debates, noticias da comunidade PUG e do mundo juridico, banco de fotos, entre outras novidades, além das tradicionais colunas da versao impressa. PROGRAMA DE INTEGRA- CAO POS E GRADUACAO (P.LP.E.G.) Resgatando a iniciativa da Asso- iagdo de —_Pés-Graduagao (AP.G.) de incentivar um maior intercambio de informagdes entre a Graduagao e a Pés-Graduacao do Departamento de Direito, GONVIDAMOS A TODOS OS ESTUDANTES a participar do Programa de Integragao Pés © Graduagéo (P.LP.E.G). Com vistas ao alargamento e fomento a Pesquisa em Direito, alguns pés-graduandos reuniram-se no segundo semestre de 1999 em tomo da formagao de grupos de estudos, cada qual sob a coorde- nagio | de um — mestran- dofdoutorando, 0 qual, por meio de sua linha de pesquisa indivi- dual, busca integrar os graduan- dos ‘as discussoes tracadas no Mestrado/Doutorado. OPILOTIS é seu, participe, cre tique, pase Ue Estamos espe- fando sua. materia, suas idéias seus projetos: _ Contate-nos_ pessoalmente ou através do. corteio eletrénico listado- no expediente. Vamos fazer esta universi- dade. Cabe ainda esclarecer que o P.LP.E.G. nao constitui curso preparatério a nenhum fim espe- cifico, bem como nao se reveste de pressuposto a qualquer aquisicao de direitos (créditos, bolsas, etc.) junto ao Departa- mento de Direito da PUC-RIO. Trata-se da iniciativa voluntéria de pés-graduandos que esperam encontrar pontos de interesse em comum com estudantes de qual- quer periodo. Os grupos terao sua periodicida- de @ horarios atualizados no mu ral do Programa Especial de Treinamento (PET-Jur), no 6° andar. COMPARECAMI!! Linhas de pesquisas: Estado e a Constitucionaliza- go nos Paises Emergentes" Coord.:Bento Salazar André jousseau: 0 mito da Vontade Geral" Coord.:Bruno Di Marino = *Multiculturalismo @ Cidadania" Coord.Carolina. de Campos Melo e Rachel Nigro ~"Separagao de Poderes do Es- tado" 1:Cynthia P. Kelly - "Sobsrania Nacional © Direitos Humanos" Coord.:Elidio A. B. Marques ~Direito & Diferenca” Coord.: Fernanda Duarte “intervengéo Federal no Bras Coord.:Franscisco Bilac Morei- fo Filho “0 Diteito © 0 Paradigma da Complexidade" Coord.:José Ricardo Cunha Direitos Sociais: enfoque no trabalho" Coord: Maria Celeste S. Mar- ies rincfpios Gerais da Atividade Econémica” Coord.: Paulo de Abreu Siffert idéia positivista de norma: fundamento. e—estrutura Coord: Paulo Weyl 0 PILOTIS Editores: Charles Alexandra L. Pinto Caio Santos Abrou Articulistas: Carlos Augusto L, J. Siiuela! Daniel beleo. Colunistas: } Guilherme Brechbuhler | Paulo Rodrigo Pazo ices opreadel hee | matérias assinadas io de fesponsabilidade de seus | respectives autores 6 nao | lecessariamente fac ene ie de. PET JUR Além do PIPEG, temos dois pro- gramas oficiais de pesquisa no Departamento de Direito da PUC- Rio. O Programa Especial de Treinamento juridico & patrocina- do pela CAPES, e objetiva basi- camente na preparagao de pes- soal para a vida académica, com um posterior ingresso no mestra- do. O ingresso é feito por prova e entrevista e 0 puiblico alvo sao os alunos do 2" e 3? perfodos. O programa dura até o final da fax culdade e & remunerado. Infor- magoes sobre inscrigdes no mu- ral do PET JUR no sexto anda do prédio Frings, PIBIC E um programa mantido pelo CNPQ com pesquisa em areas especificas do Direito, sempre orientadas por um professor com mestrado ou doutorado. E remu- nerado Podem-se inscrever alu- nos do 2* ao 8” periodos. A balsa dura um ano, podendo ser reno: vada. Inscrigoes abertas até 0 dia 25 de margo mediante a apre- sentagao do histérico escolar na secretaria do departamento, Liberdade para ODIAR A liberdade de ex- pressao, o direito a vida e a busca da felicidade sao a base da democracia ameri- cana - e do modelo que eles querem impor ao mundo globalizado, Mas aqui mes- mo, a cada dia, esses di reitos fundamentais esto sendo desafiados. Nao foi sé a recente polémica com o Brooklyn Museum, quando cortou suas verbas porque consi- derou um dos quadros ofensivo aos catélicos, 0 prefeito Giuliani tentou 20 vezes ganhar nos tribunais © direito de cercear a ex- pressao alheia. E 20 vezes perdeu. Inclusive quando egou autorizacdo para a marcha que milhares de negros queriam fazer no Harlem, sob a lideranga do anti-semita Louis Farrakan, acusando-os de racistas € radicais. Foi obrigado pelo tribunal a colocar a policia na rua e garantir os direitos de expresso dessas lide- rangas negfas, por mais racistas ou radicais que fossem. A marcha saiu, mais nos jornais do que na tua, agressiva de boca pacifica nas ages, e nao aconteceu nada. A liberda- de venceu. Agora 6 0 contrério: é a Ku Klux Klan que quer botar o bloco na rua para dizer 0 que pensa e o que quer. Os negros estdo indigna- dos @ Giuliani proibiu, alegando que manifestagSes com partici- pantes mascarados sao ilegais. Todo mundo sabe que nao é por isso. Por mais racistas, odiosos e inimigos da liberdade que sejam, os supremacistas brancos estéo sendo defendi dos nos tribunais pela Uniéo Americana das _Liberdades Civis, que tem muitos advoga- dos negros. E certamente vao ter assegurado seu direito de manifestar seu ddio, sua intole- rancia e sua estupidez. E com isso, gragas a democracia, mostram apenas o seu ridiculo, merecem apenas riso e des- prezo, O verdadeiro amor & liberdade se manifesta na de- fesa da fiberdade alheia de dizer 0 que nos contraria, agri- de e ofende. Ou se ignora ou se reage. Ou a liberdade é para todos ou entéo nao ha liberdade. De certa maneira é até saudavel que uma institui- go racista e odiosa como a KKK mostre a cara (ou os ca- puzes, no caso) ¢ enfrente na rua a reagéo da sociedade. Pelo menos se sabe quem sao. E melhor assim do que conspi- rar em segredo e posar de de- mocrata, como tantos autorita- rios no poder. Como Giuliani, por exemplo, Na década da “correco politica” (e do exibicionismo), a KKK € um dos uitimos tabus. Quem sabe em breve veremos grupos neonazistas, como tantos que odeiam e conspiram em segredo, ganharem as ruas, apedrejados pelos judeus nova-iorquinos. E defendidos por eles nos tribunais. NELSON MOTTA O Globo 24/10/99 O DE PARA continua uma fortuna. Esse é sim um grande problema, mas nao 6 0 Linico. ‘Além de caro esse pro- cedimento continua extrema- mente ineficiente. Por conta do DE PARA os alunos acabam perdendo duas semanas de aula, expres- sando de uma outra maneira temos que em quatro meses de aula ou dezesseis semanas se preferirem perdem-se duas ou soja: 12,5% do total, ou pior, metade do total das aulas que podemos perder no semestre. Muitas. vezes perde-se. também o ritmo, pois as aulas iniciais so fundamentais, 0 que pode comprometer todo o de- ‘sempenho do semestre. Ora, se 0 procedimento & todo feito por computador, por que nao coloca-los para traba- lhar no final de semana e evitar 0 prejuizo para a atividade aca- démica. Ou sera que com toda a verba arrecadada nda se pode pagar algumas horas ex- tras. E ainda tem o pessoal do noturno que 6 obrigado a fazer o DE PARA para se for- mar no prazo normal do curso. Essa deve ser a linha mais cara de ser processada em todo o mundo. O PRINCIPIO DA MEIA MORALIDADE BREVES DIGRESSOES SOBRE REFORMA DO JU- DICIARIO, TETO DUPLEX E NEPOTISMO. Quem nao se lembra do senador Anténio Carlos Magalhaes, conhecido tam- bém como Toninho Malvade- za, bradando na tribuna do Senado Federal, com sua cé- lera habitual, contra os juizes classistas, ou mesmo em dis- cussées intermindveis com 0 Almir Pazzianoto, Ministro do Tribunal Superior do Trabalho pelo quinto constitucional. Os juizes classistas nao mais existem. Os que estéo ocupando atualmente os cargos ali permanecerdo até 0 final de seus mandatos, entretanto nao serao substi- tuidos. Pazzianoto _brigava pela manutengao dos clas- sistas por entender que era a forma da sociedade participar das decisées tomadas pelo judicidrio. Sem duvida algo que deve ser estimulado pois, ao contrario dos argumentos do senador, ainda 6 encontra- do em muitos paises, por exemplo, a Meca do liberalis- mo, Estados Unidos. No Bra- sil, atualmente, a participacao do povo nas decisées judiciais somente 6 feita através do jUri, nos crimes dolosos contra a vida. E chegado 0 momento de iniciarmos uma discusséo produtiva de inserir nova- mente 0 povo nas decisées judiciais, sobretudo naquelas que sao mais afeitas ao co- mum do povo, como na Justi- ga do Trabalho. “Os argumentos do Se- nador, em sua cruzada contra os classistas fundamentava-se na sua inutilidade e no cabide de emprego que havia virado a fungao no judiciario, até com a possibilidade de aposentadoria. Realmente ao longo dos anos 0 instituto se desvirtuou de seus ideais primeiros, sendo que o fim dos juizes classistas foi apoiado até mesmo por setores do judiciério. Parece entretanto que alguma coisa vem afetando a capacidade de discemimento do Senador, Imperador da Bahia, que j4 chegou a afirmar que era plenamente a favor do controle extemo do judiciario: “ = Na Bahia nés j4 temos, | 0 controle extemo do judiciario sou eu.” Recentemente, nao se observa no engajado sena- dor a mesma cruzada pela mo- ralidade preteritamente aplica- da. Nos casos do teto duplex dos vencimentos dos servido- res, ou na proibigdo da contra- tagao por seus pares do legis- lativo de parentes para os car- gos de confianga, (nepotismo). Neste tiltimo t6pico estuda-se o limite de parentes, como se a imoralidade pude-se ser tolera- da até um certo limite. Passa- remos a ter além das categori- as, moral e imoral, 0 meio mo- ral. Imagine o trabalho que pais terao para ensinar a seus filhos © novo conceito. Por falar em moralida- de, outro dia, Jorge Bonhausen e ACM bradavam novamente pela mesma, quando seu parti- do, 0 PFL, ex PDS e ex ARE- NA ( aquele que dava suporte ao regime militar e de onde vieram figuras como José Samey) foi surpreendido pela manobra de seu primo meio moral, 0 PSDB que aliciou nas legides de Ro- berto Jeferson novos sécios para formar a maior bancada do congresso. ‘Ah amoralidade! Da qual tanto ouvi meus pais me falarem, aquela que nas aulas de Constitucional fazia com que Adriano Pilati e Re- gina Quaresma quase per- dessem a voz de tanto se esforgarem para exemplifi- car, alids os exemplos quase sempre eram de forma ne- gativa. Quem sabe depois da eficiéncia uma nova emenda nao apresente um novo principio constitucional, o da meia moralidade. Aposto que passava facil, Charles A. L. Pinto, Direito, PIBIC Vaiazeitededendéoupimen- tamalagueta? “Tanto faz, nao 6 pra mim." Volta e meia relembro de um episédio acontecido aqui mesmo em Terra Brasilis, 0 maior “Feudo” por extensado = nunea ex-tensao, afinal, seja por boato sorrateiro da cozinha da cocheira, seja por situagao fa(na)tica, sem- pre estamos tensos — e o mais atrativo da costa sul- americana que, verdade ‘seja dita, ndo abriga vizinhos com ‘© gabarito de encarar, no asfalto, o requebrado de nossas douradas passistas. fato é que, quando lem- bbro do caso desse ultimo “visitante do parque’, 0 ative moto-boy, nao ‘consigo deixar de relaciond-lo com ‘© vampirismo do Conde Dracula. Recordem-se de que, por forma- lismo, ou no, o principe das tre- vas precisava, para entrar na casa de alguma de suas vitimas, do convite. E 0 moto-boy? Também. A diferenga basica era que ele fazia © convite que a vitima poderia, ou no, aceitar. Ele néo batia nem ameagava, apenas era persuasivo. E um tanto quanto mentiroso. Ci- nico também - igual ao Drécula Sera que, qualquer um dos doi se chegassem para a “futura pre- sa” e dissessem que pretendiam maté-la com requintes sddicos ou drenar seu sangue até a ultima gota, respectivamente, teriam res- Postas positivas? Mudanga de assunto: em recente pesquisa, divulgada_re- centemente pelo Instituto de Pes- quisas Recentes, brago tecno- pseudo-estatistico do Fundo de M... Internacional, foi constatado que, recentemente, nos paises economicamente desfavorecidos, excluidos do processo tecnolégico de ponta, subdesenvolvidos caindo da 3° diviséo para o campo de pelada do Aterro, grande parte da Populagao considera o fenémeno da Globalizacéo. muito, persuasivo. Recentemente, na pesqui- ‘sa mais recente, foi indicado que tanto a parcela mais esclarecida da populagao quanto a menos luminada possuem significativas parcelas de “convictos” persuadi- dos. A Gitima pesquisa é tao re- cente, mas tao recente, que ainda nao foi concluida. E nesse tom de insacidvel desespero rumo a Atlantida (nin- guém sabe, ninguém viu, mas di- Zem que existe), vamos’ submer- gindo nas profundezas de mares inéspitos onde, com certeza, nao somos 0 maior tubaréo — apenas uma piaba alegre, pequenina e ingénua. E sabedores de que nao teremos a boa e velha “peixada” no final das contas, téte-a-téte com © Netuno, ainda vivemos um pou- co de fugaz felicidade em contra- ponto & eternidade da tristeza. “A felicidade do pobre pa- rece a grande ilusdo do Carnaval. Agente trabalha o ano inteiro por um momento de sonho pra fazer a fantasia de rei, de pirata ou jardi- neira..pra tudo se acabar na quarta-feira." (A Felicidade, V.M. ‘Tom, que nem péde virar nome de Avenida por conta da Globaliza- 40) Abrago do Sal Privatizacéer "Ha mais coisas entre o céu e a do que as sonhadas por sua va filosofia", disse Hamlet. A mesma coisa se poderia dizer dos contratos entre 9 Estado vendedor e as empresas privadas que compraram estatais Go servo publica. Esortos om letra mitida, como nos contratos de seguro, ha clausulas nao divulga- das, goralmente nocivas aos itor tosses da populagao Ser permssivo 8 generoso com empresas estrangeiras nao 6 ex- clusividade do Governo Fernando Henrique. © Govemo Menem, na Argentina, parece tor sido. mals prédigo ainda e o recém- empos- sado presidente Fernando de la Rua ja anunciou que promovera a revisdo dos contratos de privatiza- Go e obrigara as empresas priva- das a cumprirem com 88. obiga: des que desleixaram, por serem onerosas. No Rio, 0 governador Garotinno anunciou que. fara o mesmo em rsiagao. a empresas de gas © energa estaduals que foram vendidas por seu anteces- tor. "840 consequencias da alter nancia democratica no poder. Devo a Bresser Pereira uma dura- dour ig a respeto. Nos prime ros dias do Governo Montoro, em S4o Paulo, ele fez unia reuniao da diretoria do Banespa, que presidia, e disse: = Governo tem uma coisa de bom: tem dia marcado para aca- bar. Nesse dia, teremos de entra- gar esse banco aos novos diri- gentes melhor do que o estamos recebendo hoje. poder costuma cegar e causar amnésia a quem o detém e a mai oria dos governantes esquece que, um dia, as contas do que fizeram Ihes serdo pedidas. No inicio do primeiro mandato do presidente Femando Henrique grassou pelas instituigdes a cargo dos sdbios da equipe econémica um entusiasmo fanatico por ven- der, fosse como fosse, 0 patrimé- nio do Estado, E verdade que a ‘onda vinha de antes, do Governo Collor, quando foram vendidas as primeiras sidertirgicas. A Usimi- nas, por exemplo, foi entregue a iniciativa privada’ em troca de moedas podres, que eram com- pradas no mercado com R$ 300 milhdes — emprestados pelo BNDES, com prazo de caréncia para iniciar 0 pagamento e juros ‘Subsidiados ao longo de olto anos. ‘As moedas podres foram aceitas pelo seu valor de face, o que re- presentava um desconto geral- mente superior a 40%. No caso da venda da Companhia Siderir- gica Nacional, a CSN, que foi ar- rematada em lelléo por RS 1,05 biihao, RS 1,01 bilhdo foram pagos com moedas podres @ apenas RS 38 milhdes de reais em dinheiro vivo. Ao longo do processo, grande parte da imprensa aceitou passi- vamente 0 que as autoridades governamentais declaravam e embarcou na cantoria em louvor da venda agodada do maior pat ménio estatal do mundo, exceto o da Unido Soviética. Somente ago- ra, comega 0 exame critico dos negécios, quando ficou claro que 0 dinheiro das privatizages é, na realidade, muito menor que o anunciado e, mesmo assim, foi todo despejado no pagamento dos juros dementes que aumentaram a divida interna até niveis nunca sonhados. Um dos raros jomalistas que des- de cedo assestou a sua lupa 6 sobre 0s contratos de privatiza- go foi 0 paulista Aloysio Bion que recentemente publicou o livro “0 Brasil privatizado” Aloysio informa que, nos dois anos e meio antes da venda das telefénicas, 0 Governo nelas in- vestiu A$ 21 bilhdes. Vendeu tudo por RS 88 bilhdes de entrada, ‘sendo que antes da venda, a partir de novembro de 1995, havia co- megado a aumentar as tarifas em até 500%. No setor elétrico, os ‘aumentos foram de 150%, arcan- do © Governo com a insatisfagao publica provocada por esses au- mentos. Escrito em letra mitida dos contratos, havia uma cléusula que garantia aos compradores aumentos de tarifas indexados a0 dolar, quando um dos ganhos do Plana Real foi desindexar todos os demais contratos da sociedade. Daf os aumentos que a populagao sentiu nas suas contas de luz @ tolofone depois do fracasso da tal banda com movimento lateral exégeno do Chico Lopes © a ex- plosao da desvalorizagao do real Houve reajustes até a ultima hora, como 0 de 58% na energia do RIO, dias antes da venda da Light. ‘Outra etapa do saneamento pré- vio das empresas foi a das demis- sdes. Em So Paulo, 0 Governo Mario Covas demitiu 10.026 funci- onérios da Fepasa, antes de ven- der a sva estrada de ferro, mas ficou responsdvel pelo pagamento dos 50 mil aposentados da em- presa. No Rio, antes de privatizar © Banet, 0 Governo Marcello Alencar demitiu metade dos 12 mil funcionérios do banco e também ‘se responsabilizou pelos aposen- tados. A mesma coisa aconteceu no metrd, Segundo Biondi, a grande mercé aos compradores foi a privatiza- ‘go de empresas com dinheiro em Caixa, A Telesp foi repassada & espanhola Telefonica com R$ | bilhdo em caixa, 0 que correspon- dia a quase metade do entrada de RS 2,2 bilhdes que os espanhdis pagaram. A Vale do Rio Doce, quando mudou de maos, tinha RS 700 milhdes na sua tesouraria. Falavase, no passado, em ne- gocio da China e escandalos do Panama. Negécios do Brasil po- dem ser a referéncia do futuro, (Segue amanha). Marcio Moreira Alves: Folha de So Paulo Coluria do P.fala Netinho Quinta-feira, Happy-Hour, Baldo e muita confusao... Escrevemos neste primeiro numero do ano 2000 a estéria de um amigo, que, movido pela pai- xo (¢ por isso com atenuante) pela pilha, resolve sair um pouco da rotina casa-faculdade-trabalho. Lufs Cléudio combina com os amigos e diz para Dani, sua namorada, que vai ter que traba- Ihar até mais tarde € nfo poderé vé-la naquela fadada noite de quinta-feira. Afrouxa 0 n6 da gra- vata e vai para o barzinho que ha- via combinado com 0s colegas. Tomados trés chops que bateram na hora, pois havia almogado “as 12:30hs ¢ ja eram 20:30hs— Lufs Cliudio ouve atentamente a sugestio de Pedro Henrique, amigo da faculdade, para irem ao classico Happy Hour de quinta Todos concordam com animagio, pagam a conta em se- guida © partem confiantes para 0 “front” de batalha. Em 16 chegando, Luis & seus companheiros, totalmente relaxados, pedem um drink, diri- gem-se a pista de danga onde acendem o primeiro cigarro, dan- gando ¢ agradecendo mentalmente a0 DJ seguem a passarela em bus- ca do alvo perdido Analisam de cima a baixo © ambiente tomado por saias cur- tas, cochas e rebolados. Neste momento sentem-se como cruéis predadores em meio a um rebanho de prezas ficeis e vulneraveis (ja que inocentes niio é exatamente o adjetivo mais apropriado para as mulheres que freqentam as noita- das de Quinta-feira). Minutos apés terem inicia~ do a busca pelo alvo da noite, Pe- dro Henrique, mordendo os labios com tesiio e balangando o brago de seu amigo L.Claudio em um mo- vimento frenético, exclama: — Olha que Moreninha cachorra, com aquele decotezinho no peito, apertando a bunda do “maluco” ali no canto!!! Nosso_herdi Luis, Claudio, se vitae reconhece no ato a cachorrinha com a mao boba. — DANI??? — tenta es- bravejar Luis. — Vocé aqui!!! — res- ponde assustada a menina, com a boca toda manchada de batom ¢ com 0 decote um pouco fora da posigao. — Vocé no ia trabalhar até mais tarde Luis Cléudio? — pergunta Dani ajeitando o decote e limpan- do 0s labios. O silencio de L.Claudio finda a estéria e nos remete a algumas conclusdes © Esperto € peido, que mora de graga e ainda sai chiando; © O grande problema do malan- dro € pensar que todo mundo € otdrio; © Sempre diga a verdade, a nao ser que vocé seja um excelente mentiroso, F isso af galera, até a pré- xima, um grande abrago e lem- brem-se: ‘O camaval acabou mas P.Bala e Netinho continuam firmes em OPILOTIS usando este humilde espaco para pregar o amor livre, beijo na boca, bala halls, muitas saliéneias e celular destigado na sala de aula, Agradecemos tam- bém a colaboragdo de Nanato na confecgao desta coluna Coluna do Leitéo Viajante mo Vil Mi Buenos Aires querido! ui promovido! Agora sou correspon dente internacional do PILOTIS! FQuando voo8s estiverem lendo essa coluna, se € que alguém vai ter a pa- chorra de Ié-a, provavelmente estarei confortayelmente instalado num “aper- tamento” em Buenos Aires com outros, Urs colegas, também estudantes inter- naacionais, da Universidad del Salvador. Tudo gragas aos bons servigos da Coor- denacio Central de Intercdmbios Int nacionais aqui da Pontificia - recomen- do vivamente uma visita Aqueles dis- ppostos a desbravar 0 mundo com a ex- celente desculpa de um. intercmbio académico ~ e aos meus esforgos para vencer a “burrocracia”, por supuesto. Como tantos outros, pirei na época do vestibular e acabei no diva da Maria Helena, minha psicanalista, para tentar descobrir 0 que eu queria da minha vida. Um dos meus sonhos era ser cor- respondente intemacional, particular mente depois do advento da CNN. Achava 0 méximo aquele repérter que linha fieado num hotel em Bagdé man- dando, por uma anteninha parabélica de 30 cm, noticias e imagens da Guerra do Golfo para o mundo todo - segundo 0 meu pai, uma manifestagao do meu instinto suicida. Acabei prestando um vestibular esquizofrénico para Medicina ¢ Direito mas, enfim, agora realizo meu sonho.. Mas nio se enganem, foi uma ¥ dadeira via crucis para chegar onde eu cheguci. Eu achava que, como era para & Argentina, Mercosul e tal, as coisas jam ser mais féceis. Que nada! Primei- ro, me disseram que 14 no havia vagas € queriam me mandar para o México. Depois foi a burocracia académica, que até fez algum sentido, no meu caso particular. Mas o que me ireitou mesmo foram as exigencias para a obtengao do visto. Cépias © mais e6pias, autentica- das em canério, € claro; atestados e mais atestados, com firma reconhecida, & claro; depuis tudo tem que passar pelo Teamarati para a consularizagio, ou seja, o reconhecimento da firma do cartério; , finalmente, a tradugio juramentada dessa montanha de papel para o espa: hol. 6 no fiquei mais irritado por dois motives. Primeiro, porque, como todo brasileiro, tenhio um pé atrés com o nosso servigo piblico e desconfio que cessas exigéncias argentinas sio, na ver- dade, retaliagdes, com base no princf da reciprocidade, as nossas exigéncias, Depois, porque vi que as coisas podiam ser piores: a UERJ anda cxigindo, de quem busca o reconhecimento de di plomas da Universidade de Coimbra, tradugdo juramentada dos documentos lusos. Enfim, quem conhece Bs. As. sabe que vale a pena. Cinco meses passeando na Recoleta, comendo empanadas e alfajores, tomande vinho tinto de Mendoza - com gasosa € gelo, por supuesto, freqiientando tanguerias, ouvindo Piazzola ¢ rindo com os Les Luthiers... Eu mando fotos, eu mando fotos, podem deixar! BE continuarci coniribuindo com 0 PILOTIS, que 0 i% std af para isso mesmo, niio 6? P.S.: J4 que eu nao vou poder votar ‘mesmo nas nossas controvertidas elei- (gOes estudantis, me fagam um favor: no deixem os energimenos da PUC 2000 se elegerem depois de tudo que cles fizeram para avacalhar as eleig&es. Daniel Leitio, 7° periodo de Direto, boss do PET-Jur € Intercambista do ISEP Multiateral n3 Universidad el Salvador, Bs. AS. 4: dleltao@gbl.com.br Expresso 2222 Bem vindos de volta !!! Aos anti- gos e aos novos leitores, escrevo pela primeira vez n’O Pilotis . Di virtam-se lendo este primeiro nu- mero do ano 2000 e preparem-se para mais um ano de grandes acontecimentos politicos e sociais. Vacinem-se contra todos os virus do comodisme, ignorancia, e de- mais comportamentos nocivos ao engrandecimento das almas e da humanidade. “ Eu vejo o futuro repetir 0 pas- sado / Eu yejo um museu de grandes novidadevO tempo nao para.” Enquanto Cazuza muito bem profetiza nossas incansdveis tentativas de regular a vida com Ponteiros e segundos, devemos cada dia nos tornar mais alertas para nao nadarmos como patos na ciranda tragi-cémica que os festejos dos" 500 anos’, veicuta- dos com forga total por nossos pouco independentes meios de comunicagao, transformaram nos- sa historia. Propagandas de falsos costumes, @ maquiagens exage- radas de épocas passadas mal adaptadas, nos _proporcionam todo dia uma publicidade barata do que devemos aceitar como a histéria de Nossa Terra. Bom, qualquer andante ‘contemporaneo das ruas da cida- de poderd contar que na visao de }08 otros” a conversa é um pou- quinho diferente. E... como nosso amigo Marcelo jé dizia: p’ra se virar tem que aprender na rua o que nao se aprende na escola e é melhor ficar com um olho no padre e outro na missa . Entdo vamos a parte inte- ressante: como cultivar uma linda visdo critica @ um cétebro bem coxigenado no nosso querido Rio 40 graus / cidade maravilha / pur- gatério da beleza e do caos. Para comegar, de leve, nada me- lhor que a bela vista do topo de Santa Tereza. Ir ao centro, aos pés do enorme edificio de aparén- cia blindada da Petrobras © pegar © bonde para subir até o Parque das Ruinas. Acostumar os olhos a admirar as fases arquiteténicas e seus contrastes, até a estrutura de metal e vido. 0 meio das ruinas e a vista da cidade maravilhosa da alto. Momento de parada, re- flexes filoséficas, teolégicas e com sorte algo sentimentais. Ja um pouco mais segu- ros para comegar a falar sério, a proxima recomendagao do nos- so roteiro cultural fica num antigo forte na Praga XV: 0 Museu Histérico Nacional . A exposigao permanente exibe objetos inte- ressantes, figuras e textos sobre a formagao dos brasileiros desde os indios, passando por espadas e navios europeus até grilhdes escravocratas e as atuais enxa- das, tratores e espingardas sem terra. Depois desses dois de- graus iniciais da nossa viagem: “Pare O Globo, Eu Quero Des- cer’ ,ninguém perdeu o habito de olhar pelas janelas e todo mundo ainda se lembra das ruas. Pas- samos entao ao estagio dos ce- nérios reais de grandes lendas passadas: proxima parada Mu- seu da Repiiblica. Passear atento pelos jar- dins, salas, garagem, portais, varandas e janelas do que ja foi a sede do Governo Federal e testemunha do suicidio de um presidente ou, como prefere nosso atual, de toda uma Era. Nao esquecer as grandes movi- mentagdes populares e politicas , quem somos, de onde viemos e para onde vamos. Para terminar em “grande New (Wg ARANGONE estilo”, parar em frente da atual sede da UNE, na mesma Rua do Catete, nossa instituigdo de representagao nacional e lembrar 0 caminho de volta pra PUC e se possivel 0 do gindsio da nossa universidade, pois ainda ha muito o que fazer. Ana Luiza, Direito, 3° Periodo CALOURADA Mais um ano principi- ando, para alguns 0 novo milé- nio, principalmente para o co- mércio que vendeu toda espé- cie de quinquilharia e vai fazé- lo novamente no final deste ano. Podem apostar seus fer- nandinhos nisso, Para vocés, que rala- ram durante muito tempo para passar no vestibular ou no ENEM, e obtiveram sucesso, nossos parabéns. Sejam bem vindos a um dos melhores cursos de direito do pais. E saibam que antes de mais nada 0 Direito da PUC-Rio € aquilo que fazemos dele. Nés somos 0s Unicos res- ponsaveis pelo que nosso cur- so 6 hoje, sera amanha e daqui a muitos anos. Todos sem ex- cegao carregaremos para sem- pre a marca de termos estuda- do aqui. Se essa marca ser Restaurante & Buffet motivo de orgulho para ser exibida ao vento ou indife- rente depende somente do nosso estorgo. Vamos fazer com que nao reste a menor di- vida, entre nossos pares, em todo o pais, que este 6 e serd o melhor curso do pais. Um centro de referén- cia, Para isto vocés que agora se tornam alunos desta Universidade tem de se tornar criticos com rela- Ao a tudo que os cerca. Deixar de aceitar como me- ros espectadores tudo que Ihes 6 oferecido. Nao es- quegam que estamos na era da informagao, onde ela 6 cada vez mais dispo- nivel, saber selecionar e trabalhar com esta informa- go € que nos tornara dife- rentes, especiais. Participem da vida universitaria, a PUC ofere- ce um mundo de oportuni- dades, cabe a vocé apro- veitd-las, patticipe, nao soja simplesmente mais um, nao tenha vergonha, procu- re um colega mais velho, um professor ou a galera de 0 PILOTIS, todos estarao sempre disponiveis para tirar duvidas ou orienté-los da melhor maneira possi- vel.

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