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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 3.0

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CURSO DE
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

MÓDULO II

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são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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MÓDULO II

5 FERIDAS

As feridas são resultados das agressões sofridas pelas partes moles,


produzindo lesão tecidual. Os ferimentos podem ser abertos ou fechados. Os
ferimentos abertos são aqueles em que há perda da integridade da superfície da
pele. Nos ferimentos fechados não ocorre por definição perda da integridade da
pele.

5.1 FERIDAS FECHADAS

Um impacto ou uma compressão podem causar rompimento de vasos


sanguíneos, causando o extravasamento de líquido ou sangue. Estas lesões são
chamadas de contusões, podem acometer somente estruturas superficiais, mas, em
casos de aplicação de força intensa, pode haver lesão de órgãos internos.
Normalmente, se houver apenas acometimento superficial, o paciente apresenta dor
e inchação (edema) da área afetada. Se houver hemorragia, o local adquire uma
coloração preta ou azulada, que é chamada equimose.

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FIGURA 4 – FERIDAS FECHADAS

FONTE: Disponível em: <http://www.sobresaude.com.br/wp-content/uploads/2010/04/lesao-


abdomen-300x225.jpg>. Acesso em: 20 set. 2010.

5.2 FERIDAS ABERTAS

São feridas abertas as escoriações, as incisões e as lacerações. As


escoriações são lesões da camada superficial da pele ou mucosas que apresentam
sangramento discreto, mas costumam ser extremamente dolorosas. Não
representam risco ao paciente quando isoladas.
As incisões são lesões teciduais cujos bordos são regulares, sendo
produzidas por objetos cortantes. Podem causar sangramento de variados graus e
danos a tendões, músculos e nervos. As lacerações são lesões teciduais e bordos
irregulares, produzidas por objetos rombos por meio de trauma fechado sobre
superfícies ósseas. O socorrista deve controlar o sangramento por compressão
direta e aplicação de curativo e bandagens.

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FIGURA 5 – FERIDAS ABERTAS

Disponível em: <http://www.imagemnews.com/arquivos/imagensnews/4A4_piranha04.jpg>.


Acesso em: 20 set. 2010.

5.3 FERIDAS PERFURANTES

São lesões causadas por perfuração da pele e dos tecidos subjacentes por
um objeto. O orifício de entrada pode não corresponder à profundidade da lesão. As
lesões penetrantes de tórax devem ser ocluídas o mais rápido possível, para evitar a
aspiração de ar para o espaço pleural com a formação de pneumotórax aberto.
Verificar a presença de orifício de saída, mas nunca explorando a ferida. Tratar as
condições que causem risco iminente de vida. As vítimas com lesões penetrantes de
tronco e abdome devem ser removidas o mais rápido possível para o hospital que
disponha de equipe cirúrgica, pelo alto risco de hemorragias internas.

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FIGURA 6 – FERIDAS PERFURANTES

FONTE: Disponível em: <http://www.ai5piaui.com/wp-content/uploads/2010/09/faca1.jpg>.


Acesso em: 20 set. 2010.

5.4 AVULSÕES

São lesões em que ocorre descolamento da pele em relação ao tecido


subjacente, que pode se manter ligado ao tecido sadio ou não. Apresentam graus
variados de sangramento, geralmente de difícil controle. A localização mais comum
ocorre em mãos e pés.
Recomenda-se colocar o retalho em sua posição normal e efetuar a
compressão direta da área, para controlar o sangramento. Caso as avulsões sejam
completas, transportar o retalho ao hospital. A preparação do retalho consiste lavá-lo
com solução salina, evitando o uso de gelo direto sobre o tecido.

5.5 AMPUTAÇÕES TRAUMÁTICAS

As amputações são definidas como lesões em que há separação de um


membro ou de uma estrutura protuberante do corpo. Podem ser causadas por
objetos cortantes, por esmagamento ou por forças de tração. Estão frequentemente

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relacionadas a acidentes industriais e automobilísticos, tendo maior prevalência em
homens jovens. Seu tratamento inicial deve ser rápido pela gravidade da lesão, que
pode causar a morte por hemorragia, e pela possibilidade de reimplante do membro
amputado. O controle da hemorragia é crucial na primeira fase do tratamento. O
membro amputado deve ser preservado sempre que possível, porém a maior
prioridade é a manutenção da vida.
Condutas nas amputações traumáticas:
a) Abrir as vias aéreas e prestar assistência ventilatória, caso necessário;
b) Controlar a hemorragia;
c) Tratar o estado de choque, caso ele esteja presente;
d) Cuidados com o segmento amputado:
• Limpeza com solução salina, sem imersão em líquido;
• Envolvê-lo em gaze estéril seca ou compressa limpa;
• Cobrir a área cruenta (ensanguentada), com compressa úmida em
solução salina;
• Proteger o membro amputado com dois sacos plásticos;
• Colocar o saco plástico em recipiente de isopor com gelo ou água
gelada;
• Jamais colocar a extremidade em contato direto com gelo.

FIGURA 7 – AMPUTAÇÃO TRAUMÁTICA

FONTE: Disponível em:<http://www.sobresaude.com.br/wp-


content/uploads/2010/02/amputado-300x225.jpg>. Acesso em: 20 set. 2010.

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5.6 EVISCERAÇÃO

Lesão em que ocorre extrusão (exteriorização) de vísceras. Nas lesões com


eviscerações, a conduta deve ser a seguinte:
a) Não tentar reintroduzir os órgãos eviscerados;
b) Cobrir as vísceras com curativo estéril umedecido em solução salina;
c) Utilizar compressas, não fazendo uso de materiais aderentes;
d) Envolver o curativo com bandagens;
e) Transportar o paciente em posição supina e com os joelhos fletidos.

FIGURA 8 - EVISCERAÇÃO

FONTE: Disponível em:


<http://www.famema.br/gallery2/main.php?g2_view=core.DownloadItem&g2_itemId=82&g2_serialNu
mber=2>. Acesso em: 20 set. 2010.

5.7 LESÕES OCULARES

Podem ser produzidas por corpos estranhos; queimaduras por exposição ao


calor; luminosidade excessiva, agentes químicos; lacerações e contusões. Em
traumatismos severos pode haver exteriorização do globo ocular de sua órbita
(extrusão).
Conduta pré-hospitalar:

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• Irrigação ocular com soro fisiológico durante vários minutos em caso de
lesão por agentes químicos ou na presença de corpos estranhos;
• Não utilizar medicamentos tópicos (colírios e anestésicos) sem
prescrição de um oftalmologista;
• Não tentar remover objetos. Estabilizá-los com curativo apropriado;
• Oclusão ocular bilateral, com gaze umedecida, mesmo em lesões
unilaterais. Esta conduta objetiva reduzir a movimentação ocular e o agravamento
da lesão;
• Em caso de extrusão de globo ocular, não tentar recolocá-lo. Efetuar a
oclusão ocular bilateral;
• A remoção de lentes de contato deve ser efetuada somente em vítimas
inconscientes com tempo de transporte prolongado, que não apresentem lesão
grave.

FIGURA 9 – LESÕES OCULARES

FONTE: Disponível em:<http://4.bp.blogspot.com/_1xcCviN1G4Q/S5w-LR-


E2bI/AAAAAAAAADw/JeUwwK0KIUo/s320/faca+no+olho.jpg>. Acesso em: 20 set. 2010.

5.8 ESMAGAMENTO

Trata-se de lesão comum em acidentes automobilísticos, desabamentos e


acidentes industriais. Pode resultar em ferimentos abertos e fechados. Existe dano

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tecidual extenso das estruturas subjacentes. Pode ser causa de amputação de
extremidades. Os esmagamentos de tórax e abdome causam graves distúrbios
circulatórios e respiratórios. O profissional de emergência deve preocupar-se com a
síndrome de reperfusão, após a liberação de uma extremidade esmagada, pois pode
ocorrer passagem de toxinas para a circulação.
As condutas são:
• Realizar ABCD;
• Administrar oxigênio em alto fluxo;
• Solicitar autorização ao coordenador médico para iniciar infusão de
soro fisiológico 0,9% IV.

FIGURA 10 - ESMAGAMENTO

FONTE: Disponível em: <http://lh3.ggpht.com/_KENgthPJn2o/SXPonFsbMHI/AAAAAAAAAN8/de-


aZOb3vvg/clip_image077_thumb%5B1%5D.jpg?imgmax=800>. Acesso em: 20 set. 2010.

6 AVALIAÇÃO DA VÍTIMA

Na emergência, a vítima não pode receber uma assistência adequada se


seus problemas de saúde não forem corretamente identificados. A avaliação da

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vítima é um procedimento que auxilia a identificação das possíveis causas da
doença ou do trauma e ajuda o profissional de emergência a tomar decisões sobre
os cuidados mais adequados. A avaliação orientada para o cuidado é um método
adotado na emergência.
Uma queixa ou problemas podem ser observados, mas inicialmente
procura-se identificar as alterações que colocam em risco a vida da vítima e oferece-
se cuidados de Primeiros Socorros. Se não existe risco de morte o profissional de
emergência busca identificar as condições que poderiam agravar o estado da vítima,
preocupa-se com o conforto e a continuidade da assistência de emergência.
A assistência às emergências é desenvolvida em etapas, tais como:

6.1 EXAME DA CENA

O exame da cena tem o objetivo de preservar a segurança da equipe de


socorro e auxiliar no diagnóstico das lesões sofridas pela vítima.

6.1.1 Segurança

A cena deve ser avaliada quanto à presença de situações de risco antes do


profissional de emergência se aproximar, para que os mesmos preservem sua
segurança. A segurança da equipe é a prioridade número um. A ambulância deve
ser estacionada no local seguro mais próximo e, caso necessário deve ser acionado
outros recursos para o local como policiamento.
Os exemplos de situações de risco são: colisão, atropelamento,
desabamento, incêndio, explosão, contaminação por produtos tóxicos, eletrocussão
e agressão.

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6.1.2 Mecanismo do Trauma

Ao se aproximar da cena, o profissional de emergência já pode constatar o


que ocorreu, observando, por exemplo, a presença de veículos danificados e a
posição da vítima. Nos acidentes automobilísticos, deve-se observar a posição da
vítima, utilização do cinto de segurança, estado do veículo, condições do para-brisa
dianteiro e da barra de direção. É importante procurar no local evidência de uso de
drogas, medicamentos e álcool. Em vítimas de traumatismos por arma de fogo é
importante saber, se possível, o tipo de armamento, munição e distância que o tiro
foi transferido.

6.1.3 Número de Vítimas

Avaliar o número de vítimas e a necessidade de outras ambulâncias para


apoio. Caso o número de vítimas exceda sua capacidade de atendimento, peça
auxílio imediatamente.

FIGURA 11 - ACIDENTE

FONTE: Disponível em: <http://colunas.tv.globo.com/files/733/2009/03/1acidente.jpg>.


Acesso em: 20 set. 2010.

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6.2 AUTOPROTEÇÃO

O profissional de emergência não pode se transformar em uma nova vítima.


A área de atendimento deve estar segura, sinalizada e isolada para prevenir novos
acidentes. Todas as precauções devem ser tomadas durante o exame e a
manipulação da vítima para evitar lesões corporais, contaminação por agentes
biológicos ou substâncias tóxicas.
Caso o local de socorro ofereça riscos que não possam ser neutralizados,
remover rapidamente a vítima para local seguro, mas sempre que possível fazer a
avaliação e estabilização do paciente.

6.3 EXAME DA VÍTIMA

Divide-se em duas fases, sendo realizado ao mesmo tempo em que a


execução de medidas terapêuticas emergenciais. A primeira fase do exame é
denominada exame primário e consiste na avaliação de todas as condições clínicas
que causem risco iminente de morte, que são: obstrução de vias aéreas, respiração
ineficaz ou ausente, lesões de coluna cervical instável e deficiência na circulação
sanguínea (o exame primário é denominado ABCD). A segunda etapa ou exame
secundário consiste em uma avaliação mais detalhada da vítima (exame físico).
1. O líder deve ajoelhar-se ao lado da vítima no nível de seus ombros, pois
nesta posição é possível ter acesso à cabeça e ao tronco da vítima e permite o início
de uma ressuscitação cardiopulmonar (RCP) rapidamente sem mudança de posição.
2. O auxiliar se posiciona ajoelhado atrás da cabeça do paciente, para
efetuar a abertura das vias aéreas, estabilização da coluna cervical e respiração
artificial da vítima. Deve estar com todo o material de assistência respiratória.
Deve levar todo o equipamento essencial até a cena para evitar perda de
tempo com retornos. O seguinte equipamento é considerado essencial ao
atendimento:

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• Equipamentos de proteção individual – EPI´s (luvas, óculos);
• Prancha longa com imobilizador de cabeça;
• Colar cervical;
• Oxigênio, bolsa de ventilação, máscaras, cânulas orofaríngeas, aspirador
e cânulas de aspiração;
• Bandagens.

O exame primário deve ser completado em dois minutos ou menos. Não


deve ser interrompido, exceto em caso de obstrução das vias aéreas ou parada
cardiorrespiratória (PCR). Outras emergências devem ser atendidas pelos
socorristas auxiliares.

6.3.1 Nível de Consciência

Estimular a vítima verbalmente, identificando-se mesmo que a vítima pareça


inconsciente antes de qualquer manipulação. A resposta verbal do paciente
identifica que há circulação cerebral, vias aéreas abertas e presença de respiração.
Não havendo resposta a estímulos verbais, é realizada a estimulação dolorosa sobre
o esterno.

6.3.2 Avaliação da Vias Aéreas com Estabilização Cervical

Caso a vítima esteja inconsciente, deverá ser alinhada e posicionada em


decúbito dorsal com técnica de rolamento. Suspeitar de lesão de coluna cervical em
todo paciente inconsciente. Vítimas de trauma devem ter a cabeça e o pescoço
mantidos em posição neutra, a não ser que haja dor ou resistência a seu
alinhamento. As vias aéreas devem ser mantidas abertas com a manobra de
elevação da mandíbula, que é a menos traumática para a coluna cervical.

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Observar a presença de corpos estranhos, vômito ou sangue na cavidade
oral, retirar manualmente corpos estanhos, caso necessário. Nunca introduzir os
dedos na boca da vítima que apresente reação. A coluna cervical deve permanecer
estabilizada manualmente até que seja imobilizada por meio de equipamento
apropriado.

FIGURA 12 – EXEMPLO DE ESTABILIZAÇÃO VERTICAL

Disponível em:< http://www.defesacivil.gov.br/imagens/escola/macaerj_05.jpg.


Acesso em: 20 set. 2010.

6.3.3 Respiração

a) Avaliar a frequência (rápida, normal ou lenta) e profundidade das


respirações. O profissional deve aplicar a técnica de ver, ouvir e sentir, que consiste
em posicionar a face junto à do paciente, com o ouvido próximo do nariz da vítima,
procurando durante um período de cinco segundos detectar a respiração do
paciente utilizando todos os sentidos:
• Ver a expansão;
• Ouvir o movimento aéreo pela boca e nariz e ruídos anormais;
• Sentir o ar sendo expirado.
b) Observar dificuldade respiratória e a coloração da pele e mucosas
(cianose);

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c) Iniciar respiração artificial nas vítimas com ausência de movimentos
respiratórios (apneia) ou com respiração lenta e superficial;
d) Administrar oxigênio em todos os pacientes politraumatizados sob
máscara (12 L/min.)

FIGURA 13 – SENTINDO A RESPIRAÇÃO

FONTE: Disponível em: <http://www.medicina.ufmg.br/edump/ped/Image5.jpg>.


Acesso em: 20 set. 2010.

6.3.4 Circulação

Observar a coloração da pele, pacientes com coloração rosada raramente


têm hipovolemia crítica. A palidez ou tom acinzentado de pele indica problema
circulatório.
Na vítima não reativa:
• Palpar pulso carotídeo ao mesmo tempo em que o pulso radial;
• A presença de pulso carotídeo indica atividade cardíaca e o pulso radial
indica grosseiramente que a pressão arterial sistólica é maior que 80mmHg e que
qualquer distúrbio circulatório está em fase compensada;

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• Verificar se o pulso está fino e avaliar se está lento ou rápido. Pulsos
rápidos e fracos são associados ao quadro de choque;
• Avaliar a temperatura da pele, o choque é sugerido pela presença de
pele fria;
• Iniciar reanimação cardiopulmonar (RCP) na ausência de pulso
carotídeo com massagem cardíaca externa.
• Observar hemorragias discretas;
• Hemorragias externas graves deverão ser controladas sem interromper
o exame primário;
• Testar o enchimento capilar das extremidades superiores, comprimindo
a ponta do dedo e observando o retorno da coloração normal, que se dá em menos
de dois segundos. Este é um sinal precoce de choque.

Na vítima reativa:
Nos pacientes reativos o primeiro pulso a ser avaliado é o radial
bilateralmente, pois o paciente não está em PCR. A sequência descrita é a seguinte
• Inspeção (deformidades, contusões, escoriações, perfurações,
queimaduras, lacerações, inchaço);
• Palpação (dor, instabilidade, crepitação, pulso, motricidade,
sensibilidade);
As figuras abaixo ilustram o ABCD primário.

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FIGURA 14 – SENTINDO A CIRCULAÇÃO

Nível de Consciência Respiração

Ver, ouvir e sentir Circulação


FONTE: Disponível em: <http://www.cvb.org.br>. Acesso em: 20 set. 2010.

6.4 DECISÕES CRÍTICAS E DE TRANSPORTE

Após o exame primário (ABCD), o paciente deve ser colocado sobre a


prancha longa. No caso de paciente estável, suas fraturas devem ser imobilizadas
antes desta manobra, mas em caso de instabilidade não é feita à imobilização para
poupar tempo. Pacientes instáveis devem ser transportados para o hospital sem
perda de tempo, para que seja realizado o tratamento definitivo. São considerados
pacientes críticos:
1. Traumatismo cranioencefálico (TCE), com nível de consciência
diminuído, ou ferimento penetrante na cabeça;
2. Respiração anormal;
3. Parada cardiorrespiratória;

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4. Choque ou sinais ou condições que causam o choque rapidamente;
5. Mecanismo de lesão grave mesmo que a vítima aparentemente esteja
estável.
O paciente mais grave deve receber prioridade no atendimento.

6.5 EXAME SECUNDÁRIO

A realização do exame secundário pode ser feita na cena caso a vítima


esteja estável ou a caminho do hospital em vítimas instáveis. O exame secundário
consiste no exame físico, porém mais detalhado, incluindo a verificação dos sinais
vitais periodicamente (pulso, respiração, pressão arterial e temperatura) utilizando
lanternas, esfigmomanômetro, estetoscópio e oxigênio em casos de traumas. Deve
ser realizado sobre a prancha. O exame secundário consiste:
1. Exame das pupilas (usar lanterna);
2. Verificar a presença de objetos estranhos e/ou secreções na boca;
3. Verificar a saída de líquor e/ou sangue pelo nariz e/ou ouvidos;
4. Verificar sinais vitais.
A reavaliação periódica do paciente deve ser realizada a cada cinco minutos
nos casos em que este se encontra instável, ou cada vez que ocorrer uma alteração
no quadro do paciente ou que for realizada uma intervenção. É realizada a
reavaliação clínica, reavaliação das vias aéreas e reavaliação de lesões. Deverá
ainda ser feita a comunicação e o preenchimento de documentação, se for o caso.

7 RESPIRAÇÃO

Respiração é o ato de respirar. As trocas de oxigênio e gás carbônico


ocorrem nos pulmões. A respiração é essencial. Se este processo básico parar ou
tornar-se insuficiente, todos os outros processos da vida cessarão. Uma vez que a

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respiração para, o coração também irá parar de bater pouco tempo depois. Quando
isso ocorre, um dano irreversível nas células do cérebro começa dentro de quatro a
seis minutos. Após 10 minutos, as células do cérebro começam a morrer. Em um
período de tempo pequeno, as células de vários órgãos e estruturas do corpo são
destruídas.
A morte das células cerebrais não é um processo reversível. Se muitas
células morrerem, a pessoa também irá a óbito. Por isso, o acesso às vias aéreas
tem prioridade sobre todos os aspectos da reanimação (exceto a desfibrilação).
Deve ter como objetivo manter permeabilidade, evitar a broncoaspiração e efetuar
respiração artificial.
Durante o exame primário a avaliação de vias aéreas e respiração devem
ser completadas em 10 a 15 segundos. As causas de obstrução de vias aéreas
podem ser divididas em dois grandes grupos: causas tratáveis e não tratáveis pelos
profissionais de emergência.
As causas tratáveis são: queda de língua, corpos estanhos, vômitos,
secreções e sangue. Nestes casos o profissional de emergência pode atuar mesmo
totalmente desprovido de equipamentos, por meio de manobras manuais. O simples
reposicionamento da cabeça e do pescoço desloca a língua da parede posterior da
faringe.
As causas não tratáveis com reações alérgicas graves, edema de glote e
infecções de trato respiratório superior com edema. É importante reconhecer estes
quadros precocemente para não perder tempo com tentativas de resolver o
problema no pré-hospitalar.

7.1 ABERTURA DAS VIAS AÉREAS

7.1.1 Abertura da Boca

• Verificar inconsciência;

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• Cruzar o polegar e o indicador;
• Colocar o polegar nos incisivos superiores da vítima e o indicador nos
inferiores;
• Fazer um movimento de abertura em tesoura com estes dois dedos;
• Efetuar limpeza manual da orofaringe.

FIGURA 15 – ABERTURA DAS VIAS AÉREAS

FONTE: Disponível em: <www.bombeirosemergencia.com.br>. Acesso em: 21 set. 2010.

7.1.2 Inclinação da Cabeça e Elevação do Queixo

É a manobra mais eficaz para queda de língua. A técnica é a seguinte:


• Colocar uma de suas mãos na fronte da vítima e a utilizar para inclinar
a cabeça para trás;
• Deslocar a mandíbula para frente com os dedos da outra mão
colocados no queixo da vítima;
• Não utilizar na suspeita de lesão de coluna cervical.

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FIGURA 16 - INCLINAÇÃO DA CABEÇA E ELEVAÇÃO DO QUEIXO

FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_3eqYl4gbvqg/Sgr9cjJr6gI/AAAAAAAAAU8/4-


AUFNaCJok/s400/abertura+das+vias+a%C3%A9reas.gif>. Acesso em: 21 set. 2010.

7.1.3 Elevação da Mandíbula

Essa técnica é indicada para vítimas com queda de língua que possam ter
ou tenham lesão de coluna cervical. A técnica consiste em:
• Posicionar-se atrás da cabeça da vítima em decúbito dorsal;
• Segurar com as mãos os ângulos da mandíbula, deslocando-a para
frente enquanto faz a abertura da boca;
• Estabilizar ao mesmo tempo em que a coluna cervical da vítima.

FIGURA 17 – ELEVAÇÃO DA MANDÍBULA

FONTE: Disponível em: <http://geicpe.tripod.com/adm/interstitial/remote.gif>.


Acesso em: 21 set. 2010.

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7.1.4 Elevação da Mandíbula Modificada

Essa técnica é indicada para paciente inconsciente com suspeita de lesão


de coluna cervical. A técnica é a seguinte:
• Posicionar-se por trás da vítima;
• Empurrar os ângulos da mandíbula com o polegar, deslocando-a para
cima;
• Estabilizar ao mesmo tempo a coluna cervical do paciente com as
mãos, evitando sua lateralização.

Os equipamentos básicos para abertura das vias aéreas consistem nas


cânulas orofaríngeas e nos equipamentos de aspiração. A cânula orofaríngea ou
cânula de Guedel é um aparelho semicircular feito de plástico ou borracha, cuja
função é a de evitar a queda da língua sobre a parede posterior da faringe e permitir
a introdução de cânulas de aspiração. A aspiração das vias aéreas tem como
finalidade a remoção de sangue, vômito e de outros materiais das vias aéreas.

FIGURA 18 – EQUIPAMENTOS BÁSICOS PARA ABERTURA DAS VIAS AÉREAS

FONTE: Disponível em: <http://www.souzalins.com.br/images/canula%20de%20Guedell.jpg>.


Acesso em: 21 set. 2010.

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7.2 RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL

Após a abertura da via aérea, se o paciente não apresentar respiração


adequada, será necessário instituir ventilações sob pressão positiva. Ventilar é
insuflar ar nos pulmões. Quando o volume de ar é menor que o normal diz-se que o
paciente está hipoventilando, se é maior, diz-se que está hiperventilando. É possível
um paciente hipoventilar mesmo com frequência respiratória alta desde que sua
respiração seja superficial. Existe técnica para ventilação sem e com equipamentos,
são elas:

7.2.1 Ventilação Boca a Boca

• Abrir a via aérea com manobra de inclinação da cabeça e elevação do


queixo;
• Pinçar as narinas do paciente com a mesma mão que inclina a cabeça;
• Manter em posição próteses dentárias completas;
• Remover próteses dentárias incompletas que estão deslocadas;
• Aplicar sua boca sobre a da vítima (na criança, por ser impossível a
oclusão exclusiva da boca, realiza-se ao mesmo tempo a manobra de oclusão da
boca e do nariz);
• Efetuar duas ventilações completas (se adulto) e uma ventilação
completa (se criança ou bebê), com duração de um segundo a um segundo e meio,
ventilações mais rápidas causam distensão do estômago (lembre-se que a
ventilação no bebê é feita apenas com o ar que está na boca do socorrista e não
com ar de dentro dos pulmões);
• Observar a expansão do tórax da vítima;
• Efetuar as ventilações posteriores em intervalos de cinco segundos no
adulto, resultando na frequência de 12 expirações/min.;

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FIGURA 19 – VENTILAÇÃO BOA A BOCA 1

FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_e-uZLFCGo-


Y/S2mxpHtB6XI/AAAAAAAAASQ/1xkIdCskMCw/s320/boca-a-boca.JPG>. Acesso em: 21 set. 2010.

FIGURA 20 - VENTILAÇÃO BOA A BOCA 2

FONTE: Disponível em: <http://www.bombeirospraia.com/Imagens/manobras/respiracao_boca.jpg>.


Acesso em: 21 set. 2010.

7.2.2 Ventilação Boca-Nariz

Esta técnica é indicada para a vítima que necessita de respiração artificial


em situações que impeçam a abertura de sua boca ou se tem dimensões que
impeçam sua oclusão pela boca do socorrista. A técnica consiste:

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• Abrir vias aéreas com as manobra anteriormente descritas;
• Ocluir a boca da vítima durante a ventilação, utilizando a mão que segura
o queixo;
• Ventilar a vítima pelo nariz;
• Abrir aboca da vítima nos intervalos da ventilação para facilitar a
expiração.

7.2.3 Ventilação Boca-Máscara

É preferível aos métodos anteriores, pois oferece maior proteção aos


socorristas.
• Ajoelhar-se atrás da vítima;
• Aplicar a máscara de tamanho mais adequado;
• Utilizar os polegares e indicadores das duas mãos para fixar a máscara à
face da vítima, enquanto o quarto e quinto dedos elevam a mandíbula;
• Ventilar por meio da máscara.

FIGURA 21 – VENTILAÇÃO BOA-MÁSCARA

FONTE: Disponível em: http://lib.store.yahoo.net/lib/emass/ABTHBHQR.jpg. Acesso em: 21 set. 2010.

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7.2.4 Ventilação Bolsa-Máscara (Ambú)

Sempre que possível deve ser executada por dois socorristas, pois é difícil
manter o selamento da máscara com a face usando apenas uma das mãos. O
tamanho da bolsa (ambú) utilizado em adultos é diferente do utilizado em crianças
(ver figura abaixo).
• Um socorrista aplica e fixa a máscara à face do paciente com polegares e
indicadores das duas mãos e eleva a mandíbula com quarto e quinto dedos;
• Outro socorrista comprime a bolsa de ventilação;
• Um socorrista fixa a máscara e abre as vias aéreas;
• O outro comprime a bolsa.

FIGURA 22 - VENTILAÇÃO BOLSA-MÁSCARA

FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_P-


MzoBY5JIc/S1ZANnVlG0I/AAAAAAAAAp8/KJVlZhAif94/s400/ambu.bmp>. Acesso em: 21 set. 2010.

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8 OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS

8.1 VÍTIMAS CONSCIENTES

O quadro clínico das obstruções completas é típico, o paciente apresenta-se


agitado, com grave dificuldade respiratória, cianótico, incapaz de tossir, respirar e
falar. Caso não seja instituído tratamento, o paciente evolui rapidamente para
inconsciência e óbito. Assume a postura típica de colocar os dedos ao redor do
pescoço. Antes de qualquer intervenção, o profissional de emergência deve
perguntar se a vítima está sufocando e verificar sua capacidade de emitir sons
(tossir ou falar).
Caso o paciente emita sons a obstrução não é completa. Com obstruções
parciais o paciente pode apresentar uma respiração suficiente para manter a vida ou
respiração insuficiente. Se houver respiração eficiente, o paciente deve ser
estimulado a tossir e observado atentamente em suas tentativas de expelir o objeto
ao mesmo tempo em que se administra oxigênio suplementar.
A respiração ineficaz se caracteriza por tosse fraca, ruído agudo durante a
inspiração (estridor), dificuldade respiratória grave. Caso o paciente apresente
respiração ineficaz desde o início ou deteriore para uma respiração ineficaz devem
ser instituídas manobras de desobstrução como se o paciente tivesse obstrução
completa.
A conduta nas obstruções completas é aplicar a manobra de desobstrução,
chamada manobra de Heimlich. O seu objetivo é expulsar o corpo estranho por meio
da eliminação do ar residual dos pulmões, criando uma espécie de tosse artificial. A
técnica é a seguinte:
• Abraçar a vítima por trás com os seus braços na altura do ponto entre a
cicatriz umbilical e o apêndice xifoide. A mão do profissional em contato com o
abdome da vítima está com punho fechado e o polegar voltado para dentro. A outra
mão do profissional é colocada sobre a primeira;

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• Fazer compressões abdominais sucessivas, direcionadas para cima,
até desobstruir a via aérea ou o paciente perder a consciência;
• Em mulheres grávidas, obesos e lactentes, as compressões são
efetuadas no tórax, no mesmo ponto da massagem cardíaca externa.
As complicações desta técnica são lesões de vísceras abdominais como:
fígado e o baço e a regurgitação de material do estômago com broncoaspiração.

FIGURA 23 - MANOBRA DE HEIMLICH EM VÍTIMA CONSCIENTE

FONTE: Disponível em: <http://oprovocador.zip.net/images/heimlich.JPG>.


Acesso em: 21 set. 2010.

8.2 VÍTIMAS INCONSCIENTES

Quando o profissional de emergência assiste uma vítima consciente


obstruída que se torna inconsciente, o diagnóstico é fácil. A obstrução por corpo
estranho deve ser suspeitada em vítimas inconscientes quando encontra dificuldade
excessiva para insuflar seus pulmões durante as manobras de respiração artificial. A
técnica para desobstrução de vias aéreas em vítimas inconscientes é a seguinte:
• Reposicionar a cabeça da vítima e tentar a respiração artificial;
• Caso a obstrução das vias aéreas da vítima já esteja sendo tratada, tentar
a varredura digital;

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• O profissional de emergência deve ficar ajoelhado a cavaleiro sobre a
vítima em decúbito dorsal ou ao seu lado;
• Posiciona as mãos uma sobre a outra entre a cicatriz umbilical e o
apêndice xifoide. Em mulheres grávidas, obesas e lactentes, as compressões são
efetuadas no tórax, no mesmo ponto da massagem cardíaca externa.
• Efetua até cinco compressões abdominais direcionadas para o
epigástrico da vítima;
• Ventilar pacientes duas vezes;
• Varredura digital;
• Remove se possível, o corpo estranho;
• Repete a sequência;
• Prosseguir até remover o corpo estranho ou um médico assumir o
paciente.

FIGURA 24 - TÉCNICA PARA DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM VÍTIMAS


INCONSCIENTES

FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_5r3lmSKnwpc/SLf1FLrVYnI/AAAAAAAAAAo/eI-


rUbfN7BI/s320/image013.jpg>. Acesso em: 21 set. 2010.

9 CIRCULAÇAO

O sistema circulatório mantém o sangue em movimento constante e em fluxo


unidirecional. O centro desta atividade é o coração. Quando o coração bate, age

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55
como bomba. O sangue do corpo é trazido de volta para o coração e posteriormente
vai para os pulmões. Há uma forte relação entre a respiração, a circulação e certas
atividades cerebrais. Esta relação pode ser comprovada de acordo com os seguintes
aspectos:
• Se a respiração cessa o sangue que é bombeado para o cérebro não
terá o oxigênio suficiente. Devido à falha cerebral e a falta de oxigênio em seus
próprios tecidos, o coração funcionará inadequadamente e depois deixará de bater
completamente.
• Quando o coração para de bombear o sangue, a parada respiratória
ocorre quase que imediato.

9.1 PARADA CARDÍACA

Ocorre quando o coração para de bombear o sangue ou a circulação é


subitamente alterada por contrações irregulares de alta frequência dos ventrículos
(fibrilação ventricular). Os sinais da parada cardíaca são:
• O paciente não responde (inconsciência);
• O paciente não respira (a respiração normalmente para dentro de 30
segundos, após a parada cardíaca);
• Ausência de pulsação e de ausculta de batimentos cardíacos;
• Palidez excessiva;
• Mãos, unhas e lábios arroxeados.

As causas de PCR podem ser divididas em dois grupos: primária e


secundária. As causas primárias de parada cardíaca estão relacionadas a um
problema do próprio coração, causando uma arritmia cardíaca, geralmente a
fibrilação ventricular. A causa principal é a isquemia cardíaca caracterizada pela
chegada de quantidade insuficiente de sangue oxigenado ao coração.

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56
As causas secundárias são as disfunções do coração que são causadas por
problemas respiratórios ou por uma causa externa. São as principais causas de PCR
em crianças e vítimas de traumatismos:
a) Oxigenação deficiente: obstrução de vias aéreas e doenças
pulmonares;
b) Transporte inadequado de oxigênio: hemorragias graves, estados de
choque e intoxicação pelo monóxido de carbono;
c) Ação de fatores externos sobre o coração: drogas e descargas
elétricas.

FIGURA 25 – FREQUENCIAS CARDÍACAS

FREQUÊNCIA CARDÍACA NORMAL – A frequência normal dos batimentos cardíacos é de 60 a 100


ciclos por minuto.

BRADICARDIA SINUSAL – Quando a frequência cardíaca é menor que 60 batimentos por minuto.

TAQUICARDIA VENTRICULAR - Quando a frequência cardíaca é maior que 100 batimentos por
minuto.

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FIBRILAÇÃO VENTRICULAR - A fibrilação ventricular é um tipo de arritmia cardíaca. Acontece
quando não existe sincronicidade na contração das fibras musculares cardíacas (miocárdio) dos
ventrículos. É indicado o uso de desfibrilador automático.

9.2 RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR

Ressuscitação Cardiopulmonar ou RCP é um procedimento de emergência


aplicado quando as atividades do coração e do pulmão cessam. Cardio se refere ao
coração e pulmonar refere-se aos pulmões. É adotada para retardar a lesão cerebral
até a instituição de medidas de suporte avançado. Os componentes da técnica de
RCP incluem: avaliação do nível de consciência, ativação do socorro especializado,
abertura de vias aéreas, avaliação da respiração, realização de respiração de
resgate (ventilações artificiais), verificação de pulso e compressões torácicas.

Os objetivos da RCP são:


a) Oxigenar e circular o sangue até que seja iniciado o tratamento
definitivo;
b) Retardar ao máximo a lesão cerebral;
c) Prolongar a duração da fibrilação ventricular impedindo que ela se
transforme em assistolia, e permitir que a desfibrilação tenha sucesso;
d) Reverter a parada cardíaca em alguns casos de PCR por causas
respiratórias.
Os princípios que conduzirão à aplicação da RCP devem ser:

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1. Verificar inconsciência - O paciente está respondendo? Pacientes que
requerem RCP não estarão conscientes;
2. Posicionar o paciente;
3. Desobstruir as vias aéreas;
4. Verificar a respiração – Use o método ver, ouvir e sentir;
5. Ventilar duas vezes, adequadamente – Se houver obstrução nas vias
aéreas, fazer a desobstrução e ventilar duas vezes;
6. Verificar o pulso carotídeo;
7. Se o paciente não respirar e não houver pulso, iniciar a RCP.

9.2.1 Compressões Torácicas

As compressões torácicas consistem em aplicações rítmicas de pressão


sobre o terço inferior do esterno. O aumento generalizado da pressão no interior do
tórax e a compressão do coração fazem com que o sangue circule. Mesmo com
aplicação perfeita da técnica a quantidade de sangue que circula está entre 10% e
30% do normal. A técnica de compressão torácica é a seguinte:
• Com a mão, localizar a margem inferior do rebordo costal da vítima;
• Percorrer o rebordo costal até identificar o apêndice xifoide;
• Colocar dois dedos acima do apêndice xifoide sobre o esterno;
• Apoiar a palma de uma das mãos sobre a metade inferior do esterno;
• Colocar a outra mão sobre a primeira. Os dedos podem ficar estendidos
ou entrelaçados, mas não devem ficar em contato com o esterno;
• Deve manter os braços esticados, com os ombros diretamente sobre as
mãos. A compressão deve ser efetuada diretamente sobre o esterno;
• A força da compressão deve ser provida pelo peso do tronco do
socorrista e não pela força dos seus braços. A utilização da força dos braços causa
rapidamente o cansaço do socorrista;

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• O esterno deve ser deprimido cerca de 3,8 a 5,1 cm para o adulto
normal. O ideal é verificar se a compressão efetuada é suficiente para gerar um
pulso carotídeo palpável;
• A compressão deve ser aliviada completamente sem que o socorrista
retire suas mãos do tórax do paciente, para que não seja perdida a posição correta
das mãos;
• A compressão deve se mantida por aproximadamente 50% do tempo de
duração do ciclo;
• As compressões torácicas e as respirações artificiais devem ser
combinadas para que a RCP seja eficaz. A relação ventilações/compressões varia
com a idade da vítima e com o número de socorristas;
• O sincronismo das ventilações e massagens cardíacas externas no
adulto realizadas é de duas insuflações (ventilações) e 30 massagens cardíacas
externas (02x30), verificando o pulso a cada cinco ciclos.
• A frequência das compressões torácicas deve ser mantida em 80 a
100/min. Com a pausa que é efetuada para ventilação a frequência real de
compressões cai para 60/min.
Mesmo quando efetuada seguindo os padrões técnicos, as compressões
torácicas podem produzir fratura de costelas em alguns pacientes, especialmente
em idosos. Outras lesões são as separações entre as costelas e o esterno, a fratura
de esterno, pneumotórax, contusões pulmonares e hemotórax. O traumatismo de
órgãos abdominais também pode ser ocasionado por compressões torácicas baixas
sobre o apêndice xifoide.
A prevenção destas complicações é realizada seguindo a técnica correta de
RCP. As mãos devem ser posicionadas no local correto com a identificação precisa
dos pontos de referência. Os dedos do socorrista não devem tocar o tórax do
paciente, a compressão lateral aumenta o risco de lesão na costela. A aplicação de
força excessiva e súbita também aumenta a probabilidade de danos à parede
torácica. Entre as compressões, o socorrista deve aliviar a pressão sobre o tórax
sem perder o contato de sua mão com a parede do tórax.

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FIGURA 26 – COMPRESSÕES TORÁCICAS

FONTE: Disponível em: <http://www.cvb.org.br. Acesso em: 21 set. 2010.

9.3 TÉCNICAS DE RCP PARA BEBÊS E CRIANÇAS

Pessoas treinadas em primeiros-socorros consideram a RCP em bebês e


crianças um ponto mais delicado no atendimento de emergência. Os profissionais
sabem, teoricamente, como fazer a RCP em bebês e crianças, porém, têm menos
oportunidade de praticar, pois poucas crianças precisam da técnica fora do ambiente
hospitalar.
É considerado bebê até um ano de idade e crianças de um a oito anos de
idade. Como o paciente adulto, bebês e crianças devem ser colocados deitados, em
decúbito dorsal, em uma superfície dura. O tamanho grande da cabeça do bebê ou
da criança farão com que a cabeça flexione para frente quando o paciente estiver
deitado. O simples alinhamento anatômico da cabeça possibilita a abertura das vias
aéreas.
Avalie a respiração por meio da técnica de ver, ouvir e sentir. Verifique o
pulso. No bebê deve verificar o pulso braquial, que é encontrado na região média da
parte superior do braço do paciente (na criança verifica o pulso carotídeo). Para
realização de compressões em crianças deve usar a base de apenas uma mão, no

AN02FREV001/REV 3.0

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mesmo ponto que se fazem as compressões no adulto. O esterno das crianças deve
ser deslocado de 2,5 a 3,5 cm.
• O sincronismo das ventilações e massagens cardíacas externas na
criança (1 a 8 anos) realizadas é de uma insuflação (ventilações) e cinco massagens
cardíacas externas (1x5), verificando o pulso a cada 10 ciclos.
A posição das compressões externas no bebê é diferente do paciente
adulto. Aplique as compressões no esterno, usando as pontas de um ou três dedos
abaixo de uma linha imaginária entre os mamilos. O esterno de bebê deve ser
deslocado de 1,5 a 2,5 cm.
• O sincronismo das ventilações e massagens cardíacas externas no
bebê realizadas com um socorristas é de uma insuflação (ventilações) e três
massagens cardíacas externas (1x3), verificando o pulso a cada 10 ciclos
(AEHLERT, 2007).

FIGURA 27 - TÉCNICAS DE RCP PARA BEBÊS E CRIANÇAS

FONTE: Disponível em: <http://www.cvb.org.br. Acesso em: 21 set. 2010.

9.4 DESFIBRILADOR SEMIAUTOMÁTICO

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A primeira Lei de Suporte Básico de Vida (BLS) da América Latina foi
aprovada, tornando obrigatório a estabelecimentos de grande circulação de pessoas
como shopping, rodoviárias, estádios e hipermercados. Também o treinamento de
seu pessoal em (BLS) e a aquisição de, no mínimo, um desfibrilador
semiautomático.
O desfibrilador semiautomático serve para corrigir as disfunções no ritmo
cardíaco por meio do choque, para que em seguida seja ministrada a técnica de
massagem cardíaca, evitando sequelas no paciente. De acordo com a American
Heart Association, a chance de sobreviver ao ataque cardíaco súbito diminui de 7%
a 10% a cada minuto a partir do momento do ataque. Após apenas 10 minutos, as
possibilidades de sobrevivência tornam-se praticamente inexistentes, aumentando o
risco de danos cerebrais irreversíveis.
O equipamento ao ser colocado em contato com a vítima analisa o ritmo
cardíaco, decide se é necessário aplicar um choque e instrui os operadores, em
português, quais ações são necessárias para administrar o choque. O aparelho
mantém a monitoração do batimento cardíaco e pode aplicar choques adicionais, se
necessário. Operadores são instruídos para verificar as vias aéreas e realizar a
ressuscitação cardiopulmonar.
O equipamento também grava o ritmo cardíaco digitalmente que, mais tarde,
pode ser usado para auxiliar médico nos diagnósticos. A desfibrilação precoce é
somente uma parte do tratamento da morte súbita cardíaca. Ela somente terá
sucesso quando estiver ligada ao conceito da Corrente da Sobrevivência. O conceito
dos elos de uma corrente aplica-se tanto a paradas cardíacas no hospital como para
mortes súbitas cardíacas no ambiente pré-hospitalar. Cada conjunto de ações ou
elos dessa cadeia deve ser realizado o mais rápido possível. Se algum anel for
fraco, demorado ou inexistente, as chances de sobrevida e recuperação do paciente
estarão muito diminuídas.

FIGURA 28 - DESFIBRILADOR SEMIAUTOMÁTICO

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FONTE: Disponível em: <http://img512.imageshack.us/i/desfibrilador05.gif/>.
Acesso em: 21 set. 2010.

9.4.1 Operação do Desfibrilador Semiautomático

• Colocar o aparelho, se possível, próximo à orelha da vítima;


• Realizar os procedimentos ao lado do paciente;
• Ligar o aparelho;
• Conectar as pás adesivas ao tórax do paciente, uma na borda esternal
superior direita e a outra no ápice cardíaco;
• Cessar toda movimentação do paciente;
• O socorrista deve dizer em voz alta: “afastar-se do paciente”;
• Pressionar o botão de análise do ritmo;
• Seguir a mensagem gravada do aparelho;
• Em adultos, caso o aparelho indique choque, o operador deve
pressionar o botão e o desfibrilador efetuará a descarga única de 360J (é obrigatório
observar o paciente e certificar-se de que ninguém o toque). Caso após uma das
análises de ritmo a mensagem do desfibrilador seja “choque não indicado”, palpar o
pulso carotídeo por cinco segundos reiniciando a ressuscitação cardiopulmonar
(RCP) por um minuto, se ele estiver ausente. Após um minuto de RCP o pulso

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carotídeo é verificado e, caso ausente, repetir a análise do ritmo (se o aparelho
indicar, reiniciar o choque);
• Em pediatria a desfibrilação é indicada na proporção de 4J/Kg (máximo
de 03 choques) (AEHLERT, 2007);
• Se o pulso estiver presente, avaliar a ventilação do paciente, iniciando
respirações artificiais, se necessário, ou apenas a administração de oxigênio
suplementar.

10 AFOGAMENTOS E ACIDENTES DE MERGULHOS

Afogamento é todo acidente por submersão em que a vítima morre dentro


das primeiras 24 horas. Quase afogamento é todo acidente por submersão em que a
vítima sobrevive no mínimo por 24 horas, independentemente do resultado final. O
afogamento é uma causa comum de morte acidental em crianças e adultos jovens. A
prevenção é o principal instrumento para redução nos casos de afogamento, por
intermédio da educação da população e do aumento do número de guarda-vidas nas
praias.
Os tipos de afogamentos são:
• Afogado molhado: associado à aspiração de líquido, tem pior
prognóstico e representa 85% dos afogamentos fatais;
• Afogado seco: não apresenta aspiração pulmonar de líquido devido ao
espasmo da musculatura da laringe. Cerca de 10% dos óbitos por afogamento
ocorrem por asfixia verdadeira. As vítimas que não aspiram líquidos geralmente
respondem melhor ao tratamento, quando resgatadas a tempo.
Do ponto de vista prático o quadro dos pacientes que se afogam em água
doce ou salgada é idêntico, devido à pequena quantidade de fluido que normalmente
é aspirada. É necessário que o profissional de emergência informe ao médico se o
atendimento ocorreu em água poluída ou contaminada por produtos químicos e qual
era a temperatura da água, pela possibilidade de a hipotermia coexistir com o
afogamento.

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A maioria dos afogamentos segue um padrão comum, após um período de
pânico, a vítima tenta se manter em apneia enquanto luta para emergir. É frequente
a deglutição de água que causa distensão do estômago e vômitos. Com a queda da
oxigenação ocorrem respirações involuntárias durante a submersão e aspirações de
quantidade variáveis de água.
A passagem de líquido pela laringe causa nas fases iniciais um intenso
laringoespasmo (oclusão da glote devido à contração dos músculos laríngeos) que
previne a aspiração de maiores quantidades de água.

10.1 CLASSIFICAÇÕES DO AFOGADO

• Resgate: Paciente tem tosse e falta de ar;


• Grau I: Paciente lúcido, apresentando tosse seca. Inicialmente o
paciente está taquicárdico e taquipneico, mas melhora rapidamente à medida que se
acalma. Não há aspiração pulmonar significativa e tratamento na cena: repouso,
aquecimento e oxigênio;
• Grau II: Lucidez ou agitação: elevação moderada das frequências
respiratória e cardíaca, taquipneia, sem grande dificuldade respiratória. Há presença
de tosse seca e vômitos. Existe pequena quantidade de espuma na boca e no nariz.
Óbito em 0,6% dos casos;
• Grau III: Paciente agitado e pouco colaborativo devido à falta de
oxigênio. As frequências cardíaca e respiratória estão elevadas e o paciente
apresenta grave dificuldade respiratória, muitas vezes com cianose. Ocorre tosse
com espuma esbranquiçada ou rósea em quantidade. A mortalidade é elevada neste
grupo. Óbito em 5,2% dos casos;
• Grau IV: Semelhante ao grau III, porém o pulso radial está fraco ou
ausente, indicando sinais de choque. Óbito em 19,4% dos casos;
• Grau V: Presença de parada respiratória. Óbito em 44% dos casos;
• Grau VI: Presença de PCR. Óbito em 93% dos casos.

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Obs.: esta classificação não tem caráter evolutivo.

10.2 ABORDAGEM E CONDUTA

• Remover a vítima da água o mais rápido possível (resgate geralmente


realizado por bombeiros e não profissionais de saúde);
• Avaliar a segurança do local;
• Manter o paciente na horizontal em paralelo à água e executar a
avaliação primária (ABCD);
• Abrir as vias aéreas é a prioridade por meio de técnicas usuais.
Observar cuidados com a coluna cervical se houver evidência de trauma;
• Iniciar ventilação pulmonar se houver indicação, utilizando oxigênio
suplementar;
• Administrar oxigênio sob máscara em pacientes, ventilando
espontaneamente com fluxo de 12L/min;
• Não tentar retirar a água dos pulmões ou do estômago. A utilização da
manobra de Heimlich para esvaziar o estômago distendido só aumenta o risco de
aspiração pulmonar. A manobra só deve se utilizada se houver suspeita de
obstrução de vias aéreas por corpos estranhos;
• Caso o paciente inconsciente apresente vômitos, coloque-o em posição
lateral de segurança;
• Não colocar a vítima com a cabeça mais baixa que o corpo. A
reanimação deve ser feita em paralelo com praia;
• Iniciar RCP na ausência de pulso carotídeo mesmo em indivíduos que
ficaram submersos por longos períodos, pois a água fria protege o indivíduo da
morte cerebral. Caso a ambulância esteja equipada com desfibrilador
semiautomático, deve ser realizada a rotina de análise do ritmo. As compressões
torácicas só devem ser iniciadas após a retirada da vítima da água;
• Aquecer os pacientes, secando-os e cobrindo-os com cobertores;

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• Prevenir a aspiração pulmonar em vítimas com respiração espontânea,
colocando o paciente em decúbito lateral esquerdo (posição lateral de segurança);
• Todas as vítimas de submersão, mesmo as que só necessitaram de
mínima reanimação, devem ser submetidas à avaliação médica. Às vezes a lesão
pulmonar ocorre horas após o episódio de submersão.

11 TRAUMAS

11.1 TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE)

O trauma de crânio é responsável por 50% das mortes em pacientes


traumatizados. São as principais causas de óbito nas vítimas de acidentes
automobilísticos. A maioria das vítimas está na faixa etária de 15 aos 24 anos. E
mesmo quando não causam a morte, pode causar sequelas graves, incompatíveis
com uma vida produtiva. O tratamento adequado é eficaz para diminuir essas
complicações. Os traumatismos da cabeça podem envolver, isoladamente ou em
qualquer combinação, o couro cabeludo, crânio e encéfalo.

11.1.1 Lesões no Couro Cabeludo

Podem causar hemorragias importantes devido à sua intensa


vascularização. Nos adultos, os hematomas subgaliais (galos) são úteis para
determinar a força do traumatismo. Os sangramentos devem ser controlados com
compressão. Na presença de fratura com depressão, efetuar a compressão na
margem da lesão para evitar agravamento.

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FIGURA 29 – LESÕES NO COURO CABELUDO

FONTE: Disponível em: <http://www.malthus.com.br/mg_02045/02051_b.jpg>.


Acesso em: 25 ago. 2010.

11.1.2 Fraturas de Crânio

As fraturas de crânio não implicam, necessariamente, presença de lesão


encefálica, mas indicam a severidade do trauma e maior probabilidade de ocorrer
lesão intracraniana. Podem ser classificadas em:
• Fraturas, linear ou simples: representam 80% das fraturas de crânio,
são lineares e sem desvio;
• Fraturas abertas: localizam-se sob lesões do couro cabeludo e têm
maior potencial para infecção;
• Fraturas deprimidas: ocorrem geralmente após lesão de baixa
velocidade com impactos de pequenos objetos. Têm maior potencial para causar
lesão cerebral, pois fragmentos ósseos penetram na massa encefálica;
• Fraturas de base de crânio: a presença de sangramento pelo nariz
(rinorragia) ou pelo ouvido (otorragia) indica a possibilidade desta lesão. A equimose
periorbitária (olhos de guaxinim) surge algumas horas após o trauma. A equimose
de mastoide é um sinal tardio (mais de 24 horas após a lesão).

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FIGURA 30 – FRATURAS DE CRÂNIO

FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_jttoLB3SPIM/SU6iAm-


otkI/AAAAAAAAABo/6s3FUvXe-s0/s400/Imag007.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010.

11.1.3 Lesões Cerebrais

a) Concussão: episódio de alteração do nível de consciência após um


violento choque, com retorno rápido ao normal. Não há lesão cerebral definida. O
quadro clínico é a perda da consciência por alguns segundos ou minutos, confusão,
amnésia e vômitos.
b) Contusão cerebral: ocorre geralmente nas áreas em que o cérebro
entra em contato com protuberâncias ósseas, caracteriza-se por áreas de
hemorragia no cérebro. Pode causar déficits permanentes ou se resolver totalmente.
As lacerações cerebrais podem ocorrer nas mesmas situações das contusões
cerebrais.
c) Hematomas intracranianos: existem três tipos de hematomas
(epidurais, subdurais e intracerebrais);
Hematomas epidurais: ocorrem em quase todos os casos de fratura de
crânio, não ocasionando sequelas graves. Criam um aumento da pressão
intracraniana em poucas horas. São responsáveis por 5 a 10% dos óbitos por TCE;
Hematomas subdurais: ocorre quando o sangramento está presente entre a
dura-máter e a aracnoide. Geralmente de natureza venosa, tendo uma velocidade

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70
de expansão menor. Podem ser classificados de acordo com a apresentação clínica
em agudos, subagudos e crônicos;
Hematomas intracerebrais: são causados por dano vascular no momento do
impacto. O quadro clínico depende da região do cérebro que foi afetada.

FIGURA 31 – LESÕES CEREBRAIS

FONTE: Disponível em: <http://hon.nucleusinc.com/imagescooked/28392W.jpg>.


Acesso em: 25 ago. 2010.

11.1.4 Avaliação e Abordagem da Vítima

• Avaliar a cena;
• Realizar a sequência ABCD (abertura das vias aéreas, boa ventilação,
verificação da circulação com controle de hemorragias);
• Realizar miniexame neurológico (escala de coma de Glasgow);
• Avaliar pupilas (tamanho, simetria, responsividade à luz);

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• Movimentos das extremidades (comparar a simetria entre o lado direito
e esquerdo do corpo);
• Transportar rapidamente para o serviço apropriado para reduzir a
gravidade das lesões. E diminuir a mortalidade das vítimas.

11.1.5 Escala de Coma de Glasgow

É utilizada para avaliação e comparações repetidas no nível de consciência


em intervalos frequentes. São atribuídos valores numéricos às seguintes respostas
da vítima: abertura ocular, respostas motora e verbal. A pontuação obtida é somada
e reflete o status neurológico da vítima de TCE. A pontuação mínima é três e a
máxima 15, pontuações menores ou iguais a oito são compatíveis com o estado de
coma.

Abertura Ocular Espontânea 4

Ao comando verbal 3
À dor 2
Ausente 1
Resposta Motora Obedece a comandos 6
Localização à dor 5
Flexão inespecífica (retirada) 4
Flexão hipertônica 3
Extensão hipertônica 2
Sem resposta 1
Resposta Verbal Orientado e conversando 5
Desorientado e conversando 4
Palavras inapropriadas 3
Sons incompreensíveis 2
Sem resposta 1

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72
11.2 TRAUMATISMO DA COLUNA VERTEBRAL

A ideia mais difundida em relação aos acidentes é que “não se deve remover
a vítima”, uma vez que a remoção inadequada pode causar danos irreversíveis. Tal
preocupação é fundada, principalmente, no risco de lesão de coluna vertebral. Essa,
se não reconhecida e adequadamente tratada, pode deixar a pessoa paralítica por
toda a vida ou levá-la à morte imediata.
Este tipo de traumatismo é mais comum em jovens (entre 16 e 35 anos),
tendo como causas mais frequente: acidentes automobilísticos, mergulhões em
águas rasas, acidente de motocicletas e quedas. A proteção da coluna cervical deve
ser uma das prioridades do tratamento pré-hospitalar, a não ser que outra situação
esteja produzindo risco de vida iminente.

11.2.1 Mecanismos Específicos de Lesão

• Sobrecarga Axial – esta compressão da coluna ocorre mais


comumente quando a cabeça atinge um objeto e o peso do corpo, ainda em
movimento, vai de encontro à cabeça. Exemplos: vítima sem cinto de segurança que
vai de encontro ao para-brisa em colisão frontal, ou indivíduo que bate a cabeça
durante mergulho em águas rasas;

• Flexão excessiva, lateralização, extensão ou hiper-rotação – a coluna é


mais susceptível à flexão lateral, sendo necessário um menor grau de movimento
para produzir lesão do que na extensão e flexão anteroposteriores. Um choque
lateral causa danos mais facilmente que um impacto anterior ou posterior;

• Estiramentos - ocorrem quando a cabeça é mantida em uma posição


fixa enquanto o movimento de tronco tende a separá-los. Este é o mecanismo de
lesão dos enforcamentos;

AN02FREV001/REV 3.0

73
As lesões medulares podem ser classificadas do ponto de vista clínico em
completas e incompletas. As completas resultam em perda total de função, ao
exame o paciente não tem movimentação ou sensações abaixo do nível da lesão;
nas incompletas, há preservação de algumas funções. Mesmo algumas lesões que
parecem completas podem melhorar. Desse modo, todos os pacientes devem ser
tratados com o máximo de cuidado para evitar o segundo trauma e danos
secundários à medula espinhal.

FIGURA 32 – MECANISMOS ESPECÍFICOS DE LESÃO

FONTE: Disponível em:


<http://1.bp.blogspot.com/_5nI68tta0Sc/SuHrTuPDMtI/AAAAAAAAB4Y/7XwoM_vmzZk/s320/lesao-
coluna.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010.

11.2.2 Avaliação e Abordagem da Vítima

• Avaliar da cena;
• Realizar a sequência ABCDE (Abertura das vias aéreas, boa
ventilação, verificação da circulação com controle de hemorragias, verificarem
déficits neurológicos e exposição da vítima prevenindo resfriamentos);

AN02FREV001/REV 3.0

74
• Observar sinais e sintomas indicativos de lesão da coluna como dor ao
movimento, pontos de maciez, deformidade e defesa;
• Observar sinais e sintomas neurológicos indicativos como paralisia
bilateral, paralisia parcial, fraqueza (paresia), “dormência” do membro, sensação de
fincadas, formigamento e choque neurológico.
• Imobilizar da vítima;
• Adaptar a vítima à prancha longa, em decúbito dorsal e em posição
neutra;
• Reavaliar a imobilização, periodicamente, durante o transporte. Pode
estar “frouxa”, colocando a coluna em risco, ou muito apertada, comprometendo a
circulação nos membros.
 Todos os passos devem ser seguidos sem movimentação da cabeça ou
da coluna vertebral. Se há possibilidade de lesão da coluna vertebral, considerar
como certeza até que essa possa ser excluída.

11.2.3 Imobilização da Coluna Vertebral

A cabeça, pescoço, tórax, abdome e pelve devem ser imobilizados em bloco.


Os pacientes com indicação de cuidados especiais devem ter a coluna imobilizada,
quer se encontrem de pé, sentados ou deitados no momento do socorro. A posição
mais estável para o transporte é o decúbito dorsal, que permite fácil acesso a todos
os segmentos corporais.

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FIGURA 33 - IMOBILIZAÇÃO DA COLUNA VERTEBRAL

FONTE: Disponível em: <http://www.marimar.com.br/resgate/colares/ked4.jpg>.


Acesso em: 25 ago. 2010.

11.3 TRAUMATISMO DE TÓRAX

Os traumatismos de tórax causam aproximadamente 25% das mortes nos


pacientes politraumatizados. Cerca de 60% dos politraumatizados que evoluem para
o óbito apresentam lesões torácicas. Os traumatismos podem ser fechados ou
penetrantes, dependendo da integridade da parede torácica. Os fechados podem ser
por compressão dos órgãos torácicos ou por aceleração-desaceleração e são mais
frequentes que os penetrantes.
Os traumatismos penetrantes podem ser causados por arma branca ou arma
de fogo. São mais evidentes e a trajetória do projétil ou lâmina pode ser imaginada,
determinando o local de lesões em órgãos. As lesões específicas no trauma de tórax
são:

AN02FREV001/REV 3.0

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11.3.1 Fratura de Costelas

As fraturas mais comuns são as laterais entre a terceira e oitava costelas.


Elas são longas, finas e pouco protegidas. Fraturas simples isoladas quase nunca
trazem risco de morte. Podem ser detectadas por dor ao movimento ou palpação e,
às vezes, crepitação local. As fraturas de costelas mais baixas podem ser
associadas com lesões do fígado (à direita) e, baço (à esquerda).

FIGURA 34 – FRATURA DE COSTELA

FONTE: Disponível em:


<http://www.clinicadeckers.com.br/imagens/orientacoes/14_costela_lesionada.jpg>.
Acesso em: 25 ago. 2010.

11.3.2 Tórax Instável

O tórax instável é causado geralmente por um impacto no esterno ou na


parede lateral com fraturas de duas ou mais costelas adjacentes em dois ou mais
pontos, deixando uma parte da parede “solta”. Esta porção perde o suporte ósseo e
passa a fazer movimento contrário ao resto do tórax em cada respiração. É uma
lesão grave e pode levar à hipóxia e à morte, se associada à contusão pulmonar e

AN02FREV001/REV 3.0

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não tratada adequadamente. O tratamento consiste em medicação para dor e, em
alguns casos, suporte ventilatório por aparelhos.

11.3.3 Contusão Pulmonar

A compressão do pulmão pode produzir hemorragia dentro dos alvéolos,


reduzindo a capacidade do pulmão de transferir oxigênio para o sangue. Deve-se
suspeitar se houver sinais de trauma importante do tórax, como fraturas de várias
costelas, tórax instável e equimoses. Crianças podem apresentar contusões graves
sem qualquer sinal de lesão externa ou fratura de costela. O tratamento específico
somente será realizado em ambiente hospitalar ou por unidade de suporte
avançado.

FIGURA 35 – CONTUSAO PULMONAR

FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_VMFYTb5Xd00/S-


bQtliz4ZI/AAAAAAAAAC0/mV0TKoBIUFg/s1600/trauma+perfurocortante+t%C3%B3rax+3.jpg>.
Acesso em: 25 ago. 2010.

AN02FREV001/REV 3.0

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11.3.4 Pneumotórax Hipertensivo

Pneumotórax significa a presença de ar no espaço entre pleuras. Pode ser


resultante de lesão aberta no tórax (facada, por exemplo), ou lesão do próprio
pulmão (após ser atingido por um fragmento de costela quebrada, por exemplo), ou
ambos. À medida que o ar entra para o espaço pleural ele impede o pulmão de
expandir-se e de realizar as trocas gasosas.
Se o ar estiver entrando em um mecanismo de válvula (entra e fica
aprisionado), haverá compressão total do pulmão do mesmo lado com desvio do
mediastino para o lado oposto, levando à redução do retorno de sangue para o
coração e ao choque. Normalmente, há grande dificuldade respiratória, taquicardia,
hipotensão arterial e distensão do lado do tórax afetado.
Nessa situação, o ar pode escapar para debaixo da pele, podendo ser
detectado pela palpação e sendo chamado enfisema subcutâneo. O pneumotórax
hipertensivo poderá matar a vítima em poucos minutos, se não for detectado.
Tratamento específico só em ambiente hospitalar, ou por equipe de suporte
avançado de vida. Consiste na drenagem do ar, permitindo expansão pulmonar.

FIGURA 36 - PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO

FONTE: Disponível em:


<http://2.bp.blogspot.com/_3TLnErjyzOc/Sh84GwPdZpI/AAAAAAAAAKI/4BduH-
_cM3U/s400/pneumotorax.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010.

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11.3.5 Pneumotórax Aberto

É produzido quando um ferimento penetrante conecta o espaço pleural com


a atmosfera. Quando maior que 2/3 do diâmetro da traqueia torna o paciente
incapaz de encher os pulmões durante a inspiração, pois o ar tende a entrar pela
ferida e não pelas vias aéreas.

11.3.6 Contusão Cardíaca

A contusão cardíaca pode produzir lesão miocárdica. Devem-se suspeitar


quando a vítima apresenta contusão ou fratura esternal. Devido a sua posição
anterior e subesternal o ventrículo direito é mais afetado que o esquerdo. Tem como
complicações as arritmias, hipotensão e rupturas de miocárdio ou válvulas.

FIGURA 37 – CONTUSÃO CARDÍACA

FONTE: Disponível em:<http://www.medicinageriatrica.com.br/wp-


content/uploads/2007/05/traumacard.JPG>. Acesso em: 25 ago. 2010.

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80
11.3.7 Tratamento e Condutas

• Avaliação da cena;
• Realizar a sequência ABCDE (Abertura das vias aéreas, Boa
ventilação, verificação da circulação com controle de hemorragias, verificar déficits
neurológicos e exposição da vítima, prevenindo resfriamentos);
• Transporte imediato para centro de saúde de referência.

11.4 TRAUMA DE ABDOME

O trauma de abdome ocorre em 20 a 40% dos politraumatizados, causando


50% das mortes evitáveis por trauma. A mortalidade elevada é explicada pelo fato
de que, frequentemente, o paciente não é diagnosticado na avaliação inicial, na
emergência. O óbito pode ocorrer devido à hemorragia extensa proveniente de lesão
aberta (trauma abdominal penetrante) ou lesão fechada (trauma abdominal contuso).
Complicações tardias também podem surgir se lesões pequenas passarem
despercebidas, principalmente quando confia no aspecto externo da vítima e não
valoriza o potencial de dano causado pelo acidente, sobretudo no trauma contuso. A
completa ausência de sintomas e sinais locais não descarta a possibilidade de
trauma abdominal. Os traumatismos podem ser fechados ou penetrantes,
dependendo da integridade da parede abdominal.

11.4.1 Traumatismos Fechados

Os traumatismos fechados podem ocorrer por compressão dos órgãos


abdominais ou por aceleração-desaceleração e são cinco vezes mais frequentes
que os penetrantes. As vítimas podem não ter dor ou evidências de trauma ao
exame.

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FIGURA 38 - TRAUMATISMOS FECHADOS

FONTE: Disponível em:


<http://www.famema.br/gallery2/main.php?g2_view=core.DownloadItem&g2_itemId=102&g2_serialNu
mber=2>. Acesso em: 25 ago. 2010.

11.4.2 Traumatismos Penetrantes

Os traumatismos penetrantes podem ser causados por arma branca ou arma


de fogo. São mais evidentes e a trajetória do projétil ou lâmina pode ser imaginada,
determinando o local de lesões em órgãos. A mortalidade é bem mais elevada em
ferimentos por arma de fogo, pois as lesões aos órgãos abdominais são bem mais
frequentes.

FIGURA 39 – TRAUMATISMOS PENETRANTES

FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_wj8si01CvYk/Sogkkir9hhI/AAAAAAAAAOE/-


v9h91icly4/s400/DSC00665.JPG>. Acesso em: 25 ago. 2010.

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11.4.3 Abordagem e Condutas

• Avaliar da cena;
• Realizar a sequência ABCDE (Abertura das vias aéreas, Boa
ventilação, verificação da circulação com controle de hemorragias, verificar déficits
neurológicos e exposição da vítima prevenindo resfriamentos);
• Administração de oxigênio;
• Imobilização rápida;
• Acesso venoso e infuso de soro (somente com supervisão e/ou
orientação médica);
• Transporte imediato para o centro de saúde de referência.
 A avaliação e o tratamento cirúrgico são os elementos básicos para a
redução da mortalidade dessas vítimas. Por isso, qualquer medida que retarde a
chegada da vítima até esse recurso deve ser bem justificada. O tempo de chegada
ao centro de saúde de referência é crucial.

11.5 TRAUMA MUSCULOESQUELÉTICO

Lesões musculoesqueléticas ou de extremidades são muito comuns.


Pequenos acidentes domésticos, recreativos ou esportivos levam a esse tipo de
lesão, na maioria das vezes, sem maiores consequências. O principal mecanismo
pelos quais essas lesões podem representar uma ameaça à vida é a perda
sanguínea, que pode causar choque, dano a vasos sanguíneos e nervos. Os tipos
de lesões musculoesqueléticas são:

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11.5.1 Fraturas Abertas e Fechadas

Ocorre interrupção na continuidade do osso. Nas fraturas fechadas a pele


está intacta, e na fraturas abertas ocorre sobre a lesão de continuidade da pele, que
pode ser produzida pelos próprios fragmentos ósseos ou por objetos penetrantes.

FIGURA 40 – FRATURAS ABERTAS

FONTE: Disponível em:<http://www.firstai.de/previews/images/aid106.png>.


Acesso em: 25 ago. 2010.

FIGURA 41 – TIPOS DE FRATURAS

FONTE: Disponível em:


<http://4.bp.blogspot.com/_5nI68tta0Sc/StPLXN9aUiI/AAAAAAAAAjM/pit1tpIbTAE/s320/fraturas.jpg>.
Acesso em: 25 ago. 2010.

AN02FREV001/REV 3.0

84
11.5.2 Luxações

São lesões em que a extremidade de um dos ossos que compõem uma


articulação é deslocada de seu lugar. O dano a tecido mole pode ser muito grave,
afetando vasos sanguíneos, nervos e a cápsula articular.

FIGURA 42 - LUXAÇÕES

FONTE: Disponível em:


<http://www.clifisio.com/editor/userfiles/image/4012591424_b2d5ca0d32.jpg>.
Acesso em: 25 ago. 2010.

11.5.3 Entorses

São lesões aos ligamentos. Podem ser de grau mínimo ou grave, causando
ruptura completa do ligamento. As formas graves produzem perda da estabilidade
da articulação, às vezes acompanhada por luxação.

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FIGURA 43 – ENTORSE DO TORNOZELO

FONTE: Disponível
em:<http://www.clinicadeckers.com.br/imagens/orientacoes/34_ent_tornozelo.jpg>.
Acesso em: 25 ago. 2010.

11.5.4 Distensões

São lesões aos músculos ou seus tendões, geralmente são causados por
hiperextensão ou por contrações violentas. Em casos graves pode haver ruptura do
tendão.

FIGURA 44 - DISTENSÕES

FONTE: Disponível em:


<http://2.bp.blogspot.com/_YutlH53fVA8/Sw3fRWwtJ4I/AAAAAAAAAKo/ttR5HBMaZRs/s1600/distens
ao.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010.

AN02FREV001/REV 3.0

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11.5.5 Amputações Traumáticas

As amputações traumáticas são lesões em que há separação de um


membro ou de um uma estrutura protuberante do corpo. Podem ser causadas por
objetos cortantes, esmagamentos ou tracionamento. As causas por acidentes
industriais e automobilísticos são mais comuns em jovens.

FIGURA 45 - AMPUTAÇÕES

FONTE: Disponível
em:<http://www.szpilman.com/imagens/biblioteca/primeiros_socorros/avulsao.jpg>.
Acesso em: 25 ago. 2010.

11.5.6 Abordagem e Condutas (Gerais)

• Avaliar da cena;
• Realizar a sequência ABCDE (Abertura das vias aéreas, Boa
ventilação, verificação da circulação com controle de hemorragias, verificar déficits
neurológicos e exposição da vítima prevenindo resfriamentos);
• Imobilização adequada (se lesão óssea, imobilizar incluindo uma
articulação acima e uma abaixo; e se lesão articular, imobilizar incluindo um osso em
cima e um abaixo);
• Transporte para o centro de saúde de referência (realizar radiografia).

AN02FREV001/REV 3.0

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11.5.7 Condutas nas Amputações

O tratamento inicial deve ser rápido pela gravidade da lesão, que pode
causar a morte por hemorragia e pela possibilidade de reimplante do membro
amputado. O controle ABC é crucial na primeira fase do tratamento. O membro
amputado deve ser protegido com pano limpo e o sangramento comprimido. O uso
de torniquete não é recomendado, pois reduz as chances de reimplante com
sucesso.
Observar sinais de choque hipovolêmico, devido à hemorragia. As partes
amputadas devem ser enxaguadas com solução salina normal ou água limpa,
colocadas em um saco plástico e mantidas frias durante o transporte para o hospital.
Não devem ser colocadas em contato direto com gelo. Transportar a vítima e o
membro amputado o mais rápido possível para o hospital. Quanto mais
precocemente o atendimento, mais chance tem de reconstituição.

12 IMOBILIZAÇÕES

A maioria das vítimas de trauma necessitará de algum tipo de imobilização e


a totalidade necessitará de transporte. O objetivo da imobilização é a condução das
vítimas à assistência especializada sem causar danos adicionais, principalmente no
que diz respeito à coluna vertebral.

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12.1 EQUIPAMENTOS DE IMOBILIZAÇÃO

12.1.1 Colar Cervical e Imobilizador Lateral

É importante que a vítima tenha sua cabeça e coluna cervical imobilizadas


manualmente até que elas estejam fixadas em dispositivo próprio. Para imobilizar
parcialmente a coluna cervical da vítima, emprega-se um dispositivo de resina
resistente que envolve o seu pescoço como se fosse um colar. O colar cervical,
isoladamente, não imobiliza o pescoço, apenas limita os movimentos de flexão.
Utiliza-se então, o imobilizador lateral (bachal) ou fitas adesivas e rolos de pano para
fixação na prancha longa.

FIGURA 46 - COLAR CERVICAL

FONTE: Disponível em: <http://www.idealonline.com.br/Images/Grandes/17.jpg>.


Acesso em: 25 ago. 2010.

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FIGURA 46 - COLAR CERVICAL

FONTE: Disponível em: <http://www.idealonline.com.br/images/grandes/73.jpg>.


Acesso em: 25 ago. 2010.

FIGURA 47 - IMOBILIZADOR LATERAL

FONTE: Disponível em: <http://www.almedical.com.br/esqueleto_arquivos/imobilizador_cabeca.jpg>.


Acesso em: 25 ago. 2010.

12.1.2 Prancha Longa

É o equipamento indicado para a remoção de vítimas encontradas em


decúbito (deitadas). Eventualmente, pode ser utilizada como suporte secundário

AN02FREV001/REV 3.0

90
quando outros materiais são empregados. É feita de compensado naval ou resina
resistente. Possui saliência para que o socorrista possa introduzir seus dedos e
elevar a prancha, e sua espessura deve ter poucos centímetros para facilitar a
colocação do paciente. Sua superfície deve ser lisa para facilitar o deslizamento da
vítima. A maioria das pranchas encontradas no mercado suporta até 150 Kg.
A vítima deve ser fixada na prancha por, pelo menos, três cintos (tirantes),
que devem estar posicionados nos ombros, no quadril e acima dos joelhos. Após o
ajuste do tronco e das pernas, fixa-se a cabeça. Só neste momento pode-se liberar a
imobilização manual. As técnicas para colocação de pacientes na prancha longa
devem respeitar a estabilização da coluna vertebral, movimentando a vítima em
bloco. As mais utilizadas são as manobras de rolamento.

FIGURA 48 – PRANCHA LONGA

FONTE: Disponível em:<http://catalogohospitalar.com.br/img/produtos/4143/imagem-de-pranchas-de-


imobilizacao-em-polietileno_g.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010.

12.1.3 KED

O KED (Kendrick Extrication Device) é um dispositivo utilizado na


imobilização da coluna cervical, vertebral e lombar em uma posição anatômica,

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permitindo que a vítima seja imobilizada, extricada e transportada na posição
sentada.

FIGURA 49 - KED

FONTE: Disponível em:<http://www.med-worldwide.com/media/ss/240/660030MAIN.jpg>.


Acesso em: 25 ago. 2010.

12.2 TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO

Dois indivíduos podem ser suficientes para a execução destas técnicas,


porém, o ideal são três. Existem rolamentos de 90 e 180 graus. O princípio básico
consiste em estabilizar inicialmente a cabeça e o pescoço mediante tração manual
e, em seguida, em alinhar os membros. Rola-se, então, o paciente em bloco,
preferencialmente pelo lado menos lesado.

12.2.1 Rolamento de 90 Graus

É utilizado para vítimas encontradas em decúbito dorsal, devendo o


socorrista ficar ajoelhado por trás de sua cabeça, promovendo a estabilização

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manual da coluna cervical. Aplica-se o colar cervical a partir da parte anterior do
pescoço por outro socorrista. Posiciona a prancha paralelamente à vítima, do lado
oposto ao rolamento. Os dois socorristas ajoelham-se do mesmo lado, no nível dos
ombros e dos quadris da vítima. É feito o alinhamento dos membros. Ao comando
do líder (aquele que assume a cabeça), o paciente é rolado em bloco, ficando de
lado.
A prancha é deslizada até encostar-se ao corpo da vítima. Sob novo
comando, a vítima retorna ao decúbito dorsal, sobre a prancha. Se houver
necessidade de ajuste de posição, este deverá ser feito com deslizamento lateral,
em bloco, sempre mantendo a estabilização manual da cabeça. Em seguida é feita a
fixação dos tirantes.

FIGURA 50 – ROLAMENTO DE 90 GRAUS

FONTE: Disponível em:<http://www.detran.pa.gov.br/menu/educacao/cursos/images/image009.jpg>.


Acesso em: 25 ago. 2010.

12.2.2 Rolamento de 180 Graus

É utilizada em vítimas que se encontram em decúbito ventral. O socorrista


posiciona ajoelhado atrás da cabeça da vítima e estabiliza a cabeça e pescoço. A
prancha é posicionada no lado para qual a vítima será rolada. Os outros dois
socorristas se posicionam ajoelhados sobre a prancha, no nível dos ombros e dos

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93
quadris. Os membros devem ser alinhados. Após comando verbal, é feito meio
rolamento na direção da prancha, ficando a vítima de lado. Os dois socorristas saem
da prancha ficando sobre o solo. Ao novo comando, completam o rolamento,
deitando a vítima sobre a prancha. Coloca-se então, o colar cervical e completa-se a
imobilização.

FIGURA 51 – ROLAMENTO DE 180 GRAUS

FONTE: Disponível em: < http://img.youtube.com/vi/QAMPFkPl5-8/2.jpg>. Acesso em: 28 ago. 2010.

12.2.3 Elevação a Cavaleiro

Indicada em locais estreitos. Um socorrista posiciona-se a cavaleiro nível


dos ombros do paciente, estabilizando manualmente sua cabeça e seu pescoço. O
colar cervical é aplicado por outro socorrista. Posiciona-se a prancha próximo aos
pés da vítima, no sentido de orientação de seu corpo. Outro socorrista posiciona-se
o cavaleiro sobre a vítima no nível do seu quadril e outro no nível dos pés. Promove
então, alinhamento dos membros, no eixo do corpo e, ao comando, a pessoa é
elevada em bloco, cerca de 20 cm.
O socorrista próximo aos pés desliza a prancha por baixo do corpo da
vítima. Mediante novo comando, o paciente é colocado sobre a prancha e
devidamente fixado.

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FIGURA 52 – ELEVAÇÃO A CAVALEIRO

FONTE: Disponível em:<http://www.buzios.rj.gov.br/noticias/saude/imagens/curso-de-resgate.jpg>.


Acesso em: 25 ago. 2010.

12.2.4 Imobilização com a Vítima Sentada

Este procedimento é realizado com o uso de “KED” (colete de imobilização


dorsal). Antes de iniciar o procedimento cria-se um acesso para se chegar atrás da
vítima, onde irá promover a estabilização manual da cabeça e do pescoço. Outro
socorrista se encarrega da colocação do colar cervical. O KED é alocado entre o
banco e as costas da vítima. São, então, presos os tirantes médio, inferior, das
coxas e, por último, o do tórax. Em seguida, fixa-se a cabeça, liberando-se a
imobilização manual.
Um socorrista aborda a vítima pelas pernas e pelo quadril e outro pelas
alças do colete. Promovem, então, rotação, deixando a vítima de costas para a porta
e com os pés sobre o banco do passageiro. A prancha longa será colocada com sua
extremidade inferior sob as nádegas da vítima e a extremidade superior apoiada por
outro socorrista. A vítima é, então, deitada sobre a prancha e deslizada para
adaptação a esta. Os tirantes da coxa são liberados para que as pernas possam ser
estendidas. Em seguida, fixa a vítima à prancha.

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FIGURA 53 - IMOBILIZAÇÃO COM A VÍTIMA SENTADA

FONTE: Disponível em:


<http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://resgate2005.tripod.com/media/Trauma1.jp>.
Acesso em: 25 ago. 2010.

13 PARTICULARIDADES NO ATENDIMENTO DE BÊBES E CRIANÇAS

De uma forma geral, a avaliação e tratamento das enfermidades e traumas


do bebê e na criança são basicamente os mesmos indicados para os adultos.
Porém, deve considerar as características peculiares do bebê e da criança, pois sua
fisiologia e respostas emocionais são especiais.
Um exemplo da anatomia característica dos bebês e das crianças está na
cabeça, que é maior e mais pesada, em proporção ao resto do corpo. Em traumas
suspeite especialmente de danos na coluna vertebral e na cabeça. Também,
manipule a cabeça de uma criança de até 18 meses com extrema precaução. Não
aplique pressão nas estruturas delicadas como as fontanelas. A área da superfície
do corpo de um bebê ou de uma criança é grande se comparada à sua massa
corporal. Isso os faz mais vulneráveis a hipotermia. Cobrindo o paciente,
especialmente a cabeça, ajudará mantê-lo aquecido.
Não espere pelo aparecimento de sinais e sintomas de choque no bebê. Se
o trauma ou a enfermidade apresentam risco potencial, providencie
antecipadamente os cuidados de emergência. Deve lembrar de que uma criança tem
menos sangue que um adulto. Uma perda de sangue relativamente pequena pode

AN02FREV001/REV 3.0

96
oferecer risco de morte. As crianças respiram pelo nariz, que se estiver obstruído,
não os fará abrirem a boca para respirar. Por isso, deve preocupar em limpar o nariz
das secreções. Lembrar também de que a língua é proporcionalmente maior em
crianças, que é uma possível causa de obstrução das vias aéreas. Quando
manusear as vias aéreas de um bebê, tenha certeza de que a cabeça está numa
posição neutra, nem hiperfletida e nem hiperestendida.
Qualquer alteração respiratória em bebê e crianças é grave. Para
insuficiência respiratória, providenciar oxigênio por meio de uma máscara de
tamanho pediátrico. Para insuficiência respiratória severa ou parada respiratória,
providenciar ventilações ou ventilador manual (ambu) com oxigênio suplementar e
transportar imediatamente para o hospital.
As crianças toleram febre alta melhor que os adultos, mas uma febre que
sobe rapidamente pode causar convulsões. Providenciar transporte para a criança, o
mais rápido possível. Também encaminhar a criança com diarreias e vômitos para a
assistência médica.
Fique atento para necessidades emocionais e para o sofrimento do paciente
vítima de maus-tratos, abuso sexual ou negligência. Nesses casos, deve ser discreto
nas suspeitas, na presença do possível indivíduo que praticou o abuso, mas, deve
defender a criança e informar as suspeitas para as autoridades competentes. Os
cuidados gerais para traumas de bebê ou criança são:
• Assegurar as vias aéreas permeáveis. Usar a manobra de tração da
mandíbula para proteger a coluna cervical;
• Assegurar que as vias aéreas estejam limpas. Fazer aspiração, se
necessário;
• Providenciar oxigênio pela máscara ou fazer ventilações com um
ventilador manual com máscara e oxigênio suplementar, seguindo o protocolo;
• Imobilizar a coluna vertebral;
• Providenciar transporte o mais rápido possível para o centro de saúde
de referência;
• Durante o transporte, reavaliar sempre as condições do bebê ou
criança e oferecer os cuidados adequados.

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Quando for determinar prioridade de transporte para o bebê ou criança,
considere alta prioridade se:
• O estado geral da criança não for bom;
• O paciente estiver diferente ou apático;
• Paciente com vias aéreas comprometidas;
• Dificuldade respiratória ou respiração inadequada;
• Possibilidade de choque;
• Hemorragia descontrolada.
Deve-se prestar atenção para condições de risco de vida e lembrar que uma
resposta indiferente da criança necessitará de cuidados imediatos.

------------------FIM DO MÓDULO II-------------------

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