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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS

COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO

Márcia Lima

Twitter: novo meio, nova gramática?


A teoria de McLuhan aplicada ao microblog.

São Leopoldo
2009
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS

COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO

Márcia Lima

Twitter: novo meio, nova gramática?


A teoria de McLuhan aplicada ao microblog.

Projeto de Monografia apresentado à


Universidade do Vale do Rio dos Sinos
para graduação no Curso Superior de
Comunicação Social – Habilitação
Jornalismo – Ênfase Jornalismo
Multimeios

São Leopoldo
2009

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1. IDENTIFICAÇÃO:

Instituição: Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Área: Centro de Ciências da Comunicação

Habilitação: Comunicação Social - Jornalismo

Autora: Márcia Lima

Título: Twitter: novo meio, nova gramática? A teoria de McLuhan aplicada ao

microblog.

Palavras chave: Twitter, Comunicação digital, Teoria do Meio

Data: 29/03/2009

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SUMÁRIO

1. DELIMITAÇÃO DO TEMA 05

2. PROBLEMA: 08

3. OBJETIVOS: 09

4. JUSTIFICATIVA: 10

5. REFERENCIAL TEÓRICO 11

6. METODOLOGIA 13

7. CRONOGRAMA 15

8. ROTEIRO 16

9 . LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO INICIAL 19

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2. DELIMITAÇÃO DO TEMA:

Com este trabalho, pretendo pesquisar as especificidades do Twitter de modo a

verificar se o site pode ou não ser considerado um novo meio de comunicação. Baseada

nas considerações de Marshall McLuhan, e na Teoria do Meio, desejo estudar a

gramática própria do Twitter e o potencial do mesmo como plataforma

comunicacional.

Para tanto, procurarei relacionar os conceitos de comunicação digital à realidade

do site de microblog. Como literatura de apoio, utilizarei conceitos de teóricos como

Manuel Castells, Pierre Lévy, Steven Johnson, Armand Matellart e de articulistas que

vêm acompanhando o nascimento e expansão do site.

O Twitter, ferramenta online classificada como rede social ou site de microblog,

nasceu em março de 2006 como um projeto interno da Odeo Inc., empresa sediada em

São Francisco e voltada a hospedagem de podcasts.

Quando a Odeo foi comprada, em 0000, seus fundadores Evan Willians, Jack

Dorsey e Biz Stone, criaram a Obvious Corporation e passaram a dedicar atenção

exclusiva ao Twitter. Em 1999, Evan Willians, havia criado o Blogger. A ferramenta de

criação de weblogs foi adquirida pelo Google em 2003.

O diferencial do Twitter está na restrição das mensagens, os tweets, a 140

caracteres. Além de enviar os tweets pelo site, pode-se utilizar SMS, internet móvel, ou

aplicativos de terceiros. Os desenvolvedores restringiram os tweets ao número 140 uma

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vez que o padrão dos telefones celulares limita a 160 toques antes de dividir o SMS. Os

vinte caracteres restantes são destinados ao username.

O formato microblog tornou-se popular em 2008. Em março de 2009, a Nielsen

Online anunciou que o Twitter cresceu cerca de 1,382% em um ano. Somente durante o

mês de fevereiro o site de microblog contabilizou aproximadamente sete milhões de

visitantes únicos nos Estados Unidos. Segundo José Calazans, analista de mídia do

Ibope/NetRatings, o site foi acessado por 344 mil usuários residenciais brasileiros em

fevereiro (1,4% do total).

Segundo Marinel Mones (2009), “é considerado a rede social que mais cresce e

uma das mais virais ferramentas disponíveis gratuitamente” .1

Em outubro de 2008, o verbete Twitter, na Wikipedia norte-americana,

contabilizava 3.419 visualizações, segundo o serviço WikiRank. Em março de 2009, o

número passou para 62,825 page views.

Com a adoção massiva da ferramenta por internautas de várias partes do mundo,

novas informações podem ser acessadas em tempo real, apesar da limitação da

ferramenta a 140 caracteres (espaço suficiente para não mais do que duas frases).

Segundo Lee Rainie, do Pew Internet & American Life Project, em matéria da

revista The Economist (2009), “uma rede social não é tanto uma rede efetiva de

networking mas muito mais um processo de broadcasting e de publicidade eficiente”.|

Paralelo ao crescimento de usuários está o aumento de aplicativos baseados na

API do Twitter. Com tal código, distribuído gratuitamente a desenvolvedores, é possível

criar os chamados third-part apps - serviços que utilizam a base de dados do site de

6
microblog para criar aplicativos como localização de tweets por área geográfica, busca

de expressões classificadas por idiomas, entre outros. Uma biblioteca chamada Twitter

Fan Wiki continha, em março de 2009, indicações de 66 aplicativos para o sistema

operacional Windows, 38 para Mac 18 para Linux 59 para multiplataformas e 527

disponíveis na internet..

Além das inúmeras aplicações de terceiros, o Twitter também tem como

diferencial o modo de interação entre usuários. Ao contrário de redes sociais como

Orkut e Facebook, que requerem autorização para que um usuário torne-se “amigo” de

outro e tenha acesso a suas informações, no Twitter toda a informação é aberta por

padrão (apesar de existir a possibilidade de proteger as atualizações, prática que é, no

entanto, condenada por usuários).

Ao invés de criar um círculo de amizades, o Twitter divide os usuários em dois

grupos: followers e following. O primeiro representa os internautas que decidiram

receber as atualizações de um determinado usuário. O segundo, representa o conjunto

de internautas que o usuário decidiu seguir. Todos podem iniciar conversações públicas

com todos, através do sinal gráfico 'arroba' seguido do nome do usuário-objeto. Por

exemplo, @marcialima se alguém estiver interessado em contatar o usuário homônimo.

A observação e compreensão deste conjunto de particularidades da ferramenta,

será imprescindível para o desenvolvimento da pesquisa.

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3. PROBLEMA:

O Twitter pode ser considerado um novo meio? Qual sua gramática e

potencialidade?

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4. OBJETIVOS:

4.1 Objetivo geral:

- Verificar se a Teoria do Meio pode ser aplicada ao Twitter .

4.2 Objetivos específicos:

- Investigar quais as características do meio formam sua gramática própria

- Analisar se a forma do Twitter impacta no conteúdo

- Pesquisar as melhores práticas da ferramenta e o que ela proporciona

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5. JUSTIFICATIVA:

Esta pesquisa surge em um momento de muitas dúvidas sobre o Twitter. A mídia

impressa e online, bem como os blogs, vêm debatendo a relevância (ou falta dela) e as

implicações da ferramenta para uso pessoal, profissional ou informativo.

A pesquisa pode ser importante para a comunidade científica pela escassa

biblioteca de textos específicos sobre o Twitter. No Brasil, o pouco que há, está online.

Apresentar elementos novos, ou novas inquietações, de modo a contribuir para as

próximas pesquisas é uma das justificativas do trabalho.

Como heavy-user do Twitter desde 2007, encontro uma série de aspectos com

potencial de pesquisa, a saber: apropriação feita pelos usuários; potencial jornalístico

para coberturas em tempo real; nova forma de comunicação corporativa, limitações do

uso, entre outros. Temas não faltam, no entanto me detenho àquele que parece ser o

mais polêmico credo de Marshal McLuhan: o meio como mensagem.

O estudo tem o propósito de aprofundar as discussões não sobre o conteúdo (que

é livremente escolhido pelo usuário do Twitter) mas sobre o formato do site. Casos

recentes, como o avião que pousou no rio Hudson, apontam que a ferramenta pode ser

mais rápida e com maior alcance na transmissão de notícias do que, por exemplo, rádio,

jornal ou televisão. E com maior audiência. Pode então ser considerado um novo meio?

Diferente das mídias acimas e da própria internet?

1
Por fim, o estudo poderá ser atraente tanto para pesquisadores da comunicação

digital, como para estudantes de jornalismo e entusiastas da tecnologia, que afinal,

fazem parte dos novos processos de construção comunicacional.

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6. REFERENCIAL TEÓRICO

6.1 Interatividade

Segundo Pierre Lévy, “o termo 'interatividade', em geral, ressalta a participação

ativa do beneficiário de uma transação de informação” (1999, p.79). O autor afirma que

é possível avaliar o grau de interatividade de determinado produto quando o receptor

consegue apropriar e combinar o material da mensagem. A interatividade depende

também, segundo Lévy, da reciprocidade da comunicação, da virtualidade, da

implicação da imagem dos participantes na mensagem e da telepresença.

A interatividade assinala muito mais um problema, a necessidade de


um trabalho de observação, de concepção e de avaliação dos modos de
comunicação do que uma característica simples e unívoca atribuível a
um sistema específico. (LÉVY, 1999, p. 82)

Em 2003, o professor doutor Alex Primo, declarou no artigo “Quão interativo é o

hipertexto?”, que havia uma grande confusão em torno do termo interatividade, que é

piorado pelas definições da indústria e do marketing. Passados seis anos, a confusão

parece se manter.

Muitos textos sobre “interatividade” tratam do diálogo apenas de


forma alegórica, sem preocupar-se com a precisão conceitual. Isto é,
em vez de um estudo crítico sobre os diferentes potenciais interativos
no contexto da interação em ambientes informáticos, escorrega-se
para a fácil fábula da máquina que “dialoga” com o homem. (PRIMO,
2003, p. 129).

6.2 Teoria do Meio

Aos completar 40 anos, a obra Os Meios de Comunicação como Extensões do

Homem, de Marshall McLuhan, foi revisitada por Vinícius Andrade Pereira em um

trabalho participante do Intercom 2004. No artigo, Pereira afirma que, para McLuhan,

1
“o meio, sendo tomado como uma extensão tecnológica, cria um meio ambiente que,

por sua vez, funciona como um texto, com uma gramática própria”.

Ora, se um texto é possuidor de sua própria gramática, esse mesmo


texto revela uma linguagem, sendo, pois, esta linguagem a matriz
ordenadora do texto em questão. A linguagem é, pois, a ordem, a
organização, a forma do texto. A ideia de a forma reger as tramas dos
processos de significação é absolutamente determinante para se
apreender esta acepção de McLuhan. (PEREIRA, 2004, p.03)

A respeito de uma possível oposição entre meio e conteúdo, o que gera críticas

sobre o trabalho de McLuhan, o pesquisador pontua que não passam de “uma leitura

apressada da máxima 'o meio é a mensagem”.

De acordo com McLuhan, dizer que “o meio é a mensagem” significa, em

termos de era eletrônica, que já se criou um ambiente totalmente novo” (1964, p. 11). O

conteúdo é o mesmo ambiente mecanizado da era industrial, porém radicalmente

processado.

6.3 Ciberespaço

Na obra A Inteligência Coletiva, Piérre Levy (1994) define o ciberespaço como

“o grande meio heterogêneo e transfronteiriço” baseado na cooperação anarquista de

milhares de centros informatizados no mundo e simbolizado pela Internet.

Segundo o autor, “o ciberespaço como suporte da inteligência coletiva é uma das

principais condições de seu próprio desenvolvimento”.

O ciberespaço é o novo meio de comunicação que surge da interconexão


mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura
material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de
informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e
alimentam esse universo. (LÉVY, 2000, p.17)

1
7. METODOLOGIA

7.2 Pesquisa teórica

Nesta etapa, revisarei as leituras feitas anteriormente. Também pesquisarei novos

artigos online relacionados ao tema. Procurarei mais referencial teórico sobre

hipertexto, blogs e microblogs. Quero aprofundar meu entendimento sobre os conceitos

propostos por Marshall McLuhan, Pierre Lévy e Steven Johnson. Buscarei mais

informações para conceitualizar a idéia de .

Pretendo pesquisar informações relacionadas ao problema do projeto em sites na

internet, artigos de revistas científicas e eventualmente em dissertações e teses que

tratem sobre novas mídias e comunicação digital.

7.2 Estudo de caso

Para realizar o estudo de caso de usuários do Twitter utilizarei o sistema de

pontuação do aplicativo TwitterGrader de modo a entender quais aspectos são

entendidos pela ferramenta como corretos. O estudo de caso terá como objeto o Twitter

de Marcelo Tas, até então o usuário brasileiro com o maior número de seguidores –

22.466 e de Evan Willians, CEO do microblog, que soma 358.746 seguidores.

A partir da análise do TwitterGrader e dos tweets publicados por Tas e Willins

determinarei e tabularei informações como:

- quantos seguidores interagem com eles em um dia?

- quantos obtém respostas?

1
- quais assuntos geram mais retweetts?

-quantos clicks são contabilizados em cada link?

Quando os dados estiverem tabulados realizarei uma análise interpretativa,

apontando as primeiras impressões.

1
8. CRONOGRAMA

Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Revisão do referencial teórico X X X

Leituras X X X X

Redação do trabalho X X X X X

Revisão X X

Entrega do projeto X

9. ROTEIRO

1
Introdução

Capítulo 1: Internet

1. História da web

2. Blogs

3. Microblog

Neste capítulo falarei sobre a plataforma de microblogs, seu papel

comunicacional e os usos feitos dele. Refletirei sobre a técnica e as estratégias para

conquistar e manter audiência. Também farei um breve histórico sobre a evolução da

ferramenta.

Capítulo 2: Comunicação digital

1. Armando Matellart

2. Marshall McLuhan

3. Manuel Castells

4. Pierre Lévy

Capítulo 3: Gramática do Twitter

Reflexões sobre a Teoria do Meio aplicadas ao Twitter.

Capítulo 4: Estudos de caso

1
Para auxiliar na construção dessa parte do projeto, será de fundamental

importância o levantamento de dados sobre tweets de Evan Willians (@ev) e Marcelo

Tas. Aqui será realizada uma reflexão sobre a construção da gramática do twitter

utilizando como exemplo dois usuários expressivos da ferramenta..

Conclusão

1
10. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO INICIAL

CASTELLS, Manuel. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os


negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.

FRAGOSO, Suely. De interações e interatividade. Revista Fronteiras Estudos


Midiáticos, São Leopoldo - RS, v.3, n.1, p.83-95, 2001.

JENKINS, Henry. Cultura da Convergência 2006

JOHNSON, Steven. Cultura da Interface. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,


2001

LEÃO, Lucia. O labirinto da hipermídia: arquitetura e navegação no


ciberespaço. São Paulo: Iluminuras, 1999.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.

LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço.


5. ed. São Paulo: Loyola, 2007.

LÉVY, Pierre. O que é virtual. São Paulo: 34, 1996;

LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: o futuro do pensamento na


Era da Informática.Rio de Janeiro: Editora 34, 1993.

1
MACHADO, Elias. Ciberespaço como fonte para os jornalistas. Salvador:
Calandra, c2003.

MARCUSCHI, Luiz Antônio; XAVIER, Luiz Antônio. (org.) Hipertexto e


gêneros digitais: novas formas de construção de sentido. Rio de Janeiro: Lucerna,
2004.

MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensão do homem.


São Paulo: Editora Cultrix, 1964.

MCLUHAN, Marshall. A galáxia de gutenberg: a formação do homem


tipográfico. 2. ed. São Paulo: Nacional, 1977.

MORETZSOHN, Sylvia. Jornalismo em "tempo real" : o fetiche da


velocidade. Rio de Janeiro: Revan, 2002.

PARENTE, André. O Virtual e o Hipertextual. Rio de Janeiro: Pazulin, 1999

PEREIRA, Vinícius Andrade. As tecnologias de Comunicação como


gramáticas: meio, conteúdo e mensagem na obra de M. McLuhan. Contracampo
(UFF), Niterói - RJ, v. 10/11, p. 08-20, 2004.

PRIMO, Alex F.T. Quão interativo é o hipertexto? Da interface potencial à


escrita coletiva. In: Revista Fronteiras – estudos midiáticos, Vol. V Nº 2, São Leopoldo,
dezembro 2003.

PRIMO, Alex. Interação mútua e reativa: uma proposta de estudo. Revista


da Famecos, n. 12, p. 81-92, jun. 2000.

2
PRIMO, Alex F. T. Enfoques e desfoques no estudo da interação mediada por
computador. 404NotFound, n. 45, 2005. Disponível em:
<http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/404nOtF0und/404_45.htm>.

SPYER, Juliano (org). Para Entender a Internet - Noções, práticas e desafios


da comunicação em rede. (2009)

Site consultados:

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<http://www.economist.com/science/displaystory.cfm?story_id=13176775>

2
MONES, Marinel. A Twitter Basics Primer. Disponível em:

<http://www.livingstonbuzz.com/2009/03/05/a-twitter-use-primer> Acesso: 10 mar.

2009

<http://www.readwriteweb.com/archives/4_ways_companies_use_twitter_for_b

usiness.php>

VERBEAT. Pesquisa Blogosfera Brasil. Disponível em:


<http://www.verbeat.org/pesquisablogosferabrasil>

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