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Trechos do

manual fnebre de Jlio Crsar de Mello o Malba Tahan.

1) Desejo ser enterrado em caixo de 3 classe e na mesma sepultura em que foi enter rado o Rubens Quero o enterro mais modesto que for possvel; 2) No quero coroas. Se algum, por acaso, enviar uma coroa, peo que a devolvam com u m delicado carto. Nesse carto, o ofertante ser informado do desejo do morto. E ele (o ofertante) que faa da coroa o uso que quiser. Considero a coroa... Ora, para q ue revelar agora o que eu penso das coroas...; 3) Aceitarei flores. Sim, aceitarei, com prazer, as flores. Que sejam, porm, annim as. Nada de frases feitas com dedicatrias, legendas... Acho horrvel essa literatur a funerria, sem expresso: Homenagem eterna , Recordao sincera , O ltimo adeus , etc.. (...) 6) No quero luto. Peo que a Nair (esposa), filhos, netos, irmos, sobrinhos, etc. no ponham luto por minha causa. Lembrarei, neste momento, esta trova bastante expre ssiva de Noel Rosa: Roupa preta vaidade/para quem se veste a rigor/ o meu luto a saudade/e a saudade no tem cor ; 7) No meu enterro (antes, durante ou depois) no quero discursos. No momento do me u corpo baixar sepultura, o Dr. Orestes Diniz (ou outra pessoa indicada) dir a to dos os presentes, em meu nome, o seguinte: A lepra uma molstia curvel. uma molstia c omo outra qualquer. O contgio da lepra muito difcil. A sociedade culta precisa com bater os preconceitos injustos e infames que pesam contra o mal de Hansen. O doe nte de Hansen no precisa piedade, no precisa de com paixo. Precisa, e precisa muito , de solidariedade e compreenso.

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