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Metodologia da pesquisa
Pág. 3 Amostra do estudo e informações técnicas
Metodologia da pesquisa
A amostra da pesquisa reúne dois extratos básicos, o primeiro deles, com 96 empresas
(47% do total) que já participaram de processos de fusão e aquisição ao longo dos últimos
cinco anos, e o segundo, com 108 corporações (53% do total) que ainda não atuaram em
processos do gênero. O Estado de São Paulo concentra a maior parte (54%) das
corporações entrevistadas.
O tempo médio de atuação dessas empresas no mercado nacional é de 36,6 anos. Setenta e
um por cento delas têm capital nacional. A maioria é composta por empresas familiares
(56%), sendo que 30% são subsidiárias de grupos empresariais e 8% têm seu capital
pulverizado. Em relação à natureza jurídica, 47% delas são empresas limitadas, 51% são
sociedades anônimas com capital fechado e 11% são sociedades anônimas com capital
aberto.
6 RS SC
47
7 MG PR 53 Sim Não
54
7 GO CE
PE Outros
10
Participação societária
As operações de fusão e aquisição realizadas nos últimos cinco anos no Brasil têm como
característica predominante a aquisição da totalidade do capital da empresa-alvo. Este foi o
caso de dois terços (66%) das organizações que conduziram esse tipo de ação. Outros 16%
tiveram como meta adquirir participação majoritária nas empresas, enquanto, em 14%, a
operação previa a divisão do controle acionário. A aquisição de parcelas minoritárias ficou
restrita a 4%.
Majoritária
16
Controle divido
66
Minoritária
Perfil da empresa-alvo
A maior parte (56%) das empresas adquiridas nos últimos cinco anos eram de controle
familiar e 18% constituíam subsidiárias de multinacionais estrangeiras. Somente 8% tinham
capital aberto com ações negociadas na Bolsa de Valores. Essa situação reflete, na visão de
Antônio Caggiano Filho, sócio da área de Corporate Finance da Deloitte, as características
do universo empresarial brasileiro, marcado pela maior participação de empresas familiares.
Ainda em relação ao perfil das empresas-alvo, Caggiano destaca, como uma grande
oportunidade às empresas nacionais interessadas em reforçar sua posição no mercado, o
potencial das operações envolvendo subsidiárias de organizações estrangeiras.
“As empresas brasileiras podem se beneficiar de momentos nos quais grandes corporações
globais optam pelo desinvestimento. A decisão de desinvestir decorre da redefinição de
linhas de produtos ou áreas de atuação ou mesmo de planos de reestruturação financeira,
que envolvem a venda de ativos, seja para obter recursos ou para equacionar dívidas”,
avalia.
16
Empresa familiar
2 Subsidiária de empresa
estrangeira
8
Seleção da empresa-alvo
Histórico de rentabilidade 28 45 14 6 7
Participação de mercado 42 38 12 4 4
Princípios de governança
corporativa 10 36 27 7 20
Objetivos da aquisição
Aumento da capacidade de
produção 29 37 18 5 11
Fontes de recursos
A maior parte das empresas entrevistadas (78%) utilizou recursos próprios para financiar
sua operação de fusão ou aquisição. Apenas 17% recorreram a empréstimos de instituições
financeiras.
Antônio Caggiano Filho, da Deloitte, lembra que essa estratégia de financiamento, baseada
em baixo endividamento ou baixa emissão de ações, não é observada no exterior. Ele
relaciona esse predomínio dos recursos próprios como fonte para as transações efetuadas
no Brasil a possíveis obstáculos à obtenção de crédito. “Se, por um lado, é sinal de saúde
financeira das empresas locais, por outro, pode refletir a dificuldade de acesso a crédito de
longo prazo a custos atrativos e ainda a pequena participação das empresas nacionais no
mercado de capitais”, explica.
Recursos próprios 78
Empréstimo de
bancos comerciais,
17
públicos ou
privados
Empréstimos de
6
bancos de f oment o
Emissão de ações
ou chamada de 4
capital
Emissão de títulos
3
de dívida
Entraves às operações
Principais dificuldades
enfrentadas no processo de
aquisição*
Grau de satisfação
Apesar dos entraves revelados pelas empresas adquirentes ao longo dos processos de
aquisição conduzidos nos últimos anos, 69% delas apontam que o resultado dessas
operações atendeu à suas expectativas.
Para outros 26% das empresas que já realizaram processos de fusão e aquisição, o
atendimento das expectativas foi considerado parcial. O porcentual de empresas que
revelam insatisfação com essas ações envolve apenas 5%.
Para Reinaldo Grasson de Oliveira, da Deloitte, um aspecto importante e que deve ser
analisado com atenção para que uma operação de aquisição seja bem-sucedida é a questão
dos passivos e das contingências da empresa-alvo. “Um processo de due diligence completo
é essencial para entender, quantificar e definir estratégias para mitigar riscos fiscais,
ambientais, trabalhistas, entre outros, que possam gerar passivos não contabilizados na
empresa adquirida”.
A noção exata das contingências atuais da empresa-alvo permite definir possíveis reduções
no preço de compra e mudanças nos termos da transação, de forma que a aquisição não
custe ao comprador mais do que ele está disposto a pagar no preço oferecido ao vendedor.
A experiência do comprador no setor e seus interesses na aquisição contribuem para
orientar a equipe de auditoria na investigação de áreas específicas na empresa-alvo.
26
Sim
Não
5
69 Em parte
Razões do sucesso
Este último item está relacionado à fase pós-aquisição, na qual se faz necessário
administrar a inerente diferença de culturas existente entre as realidades da empresa
adquirente e da organização-alvo e a necessidade de se reestruturar, com rapidez e
eficácia, as novas operações.
Correta identificação
da empresa-alvo
77
(alinhamento
estratégico)
Rápida integração
de processos e 53
pessoas
Preço pago na
aquisição (não
superestimou 35
sinergias e prêmios
aos vendedores)
Contratação de
assessores externos
com experiência em
9
todas as fases do
processo de
aquisição
Confidencialidade
da transação 9
perante o mercado
Razões do fracasso
No grupo das empresas que não consideraram bem atendidas as expectativas alimentadas
sobre o processo de aquisição, a razão mais assinalada (60% das organizações
entrevistadas) para explicar o fracasso esteve relacionada ao fato de as sinergias previstas,
na condução do processo de compra, não terem ocorrido na velocidade e no montante
estimados.
60
20
20
Dificuldade na integração
(cultura, organização e
mercado)
40
Outros
Estratégia anti-concorrência
O crescimento orgânico foi apontado por 40% das empresas, enquanto a possibilidade de
venda da empresa a investidores é uma hipótese admitida por apenas 13%.
Aquisição ou fusão
com outras empresas
59
para o f ort aleciment o
da operação
Cresciment o
40
orgânico
Venda da empresa a
investidores locais e 13
internacionais
Entre as empresas que compõem a amostra das organizações que ainda não passaram por
processos de fusão e aquisição – composta por 108 organizações (53% do total de
entrevistadas) –, um terço delas (33%) revela já ter considerado essa possibilidade.
Na avaliação dos principais motivos apontados para a transação não ter sido efetuada por
esse grupo de empresas, o fator mais indicado – assinalado por 41% delas – foi o fato de a
definição do valor da empresa-alvo não ter seguido critérios estritamente técnicos, o que
confirma a conveniência de uma preparação adequada da empresa para a venda, com uma
avaliação objetiva e independente do negócio.
Definição do valor da
empresa pelos
41
vendedores não seguiu
critérios técnicos
Mudanças na indústria e
23
na economia
Contingências
identificadas na fase de 18
auditoria
Falta de alinhamento
estratégico com a 12
empresa-alvo
Aspectos regulatórios 9
Outros 9
No grupo das empresas que ainda não realizaram operações de fusão e aquisição e que
revelam sequer ter considerado essa possibilidade, o fator que mais teria pesado nessa
decisão é a percepção de que o crescimento orgânico é a melhor estratégia de crescimento
no seu setor de atuação, conforme a resposta de 28% desse extrato da amostra.
Crescimento orgânico
é a melhor estratégia
28
no segmento de
atuação da empresa
Ausência de empresas
ou negócios atrativos 25
para aquisição
Identificação de muitos
riscos em processos de
11
aquisição e fusão de
empresas
Falta de recursos
próprios ou acesso a
10
capital para realizar
uma aquisição
Fonte de recursos
Recursos próprios
56
(geração de caixa)
Financiamento no
31
mercado interno
Financiamento no
exterior (dívida em 15
outras moedas)
Abertura de capital
(lançamento de 6
ações)
Outra 4
Quando questionadas sobre as razões que as levariam a realizar uma operação de fusão ou
aquisição, os motivos coincidem, na maior parte, com aqueles apontados pelas
organizações que já acumulam experiência na operação: aumento de participação de
mercado e de escala de produção, visando melhorar sua posição competitiva, e a ampliação
do portfólio de produtos e serviços novos ou similares.
Essas duas alternativas foram assinaladas respectivamente por 33% e 22% da amostra das
empresas que ainda não participaram de operações de fusão e aquisição.
Questões relacionadas à
sucessão familiar e à 33
estrutura societária
Necessidade de altos
investimentos para
22
financiar o crescimento
em um setor globalizado
Consolidação de clientes
e fornecedores,
18
resultando em pressões
sobre margens de lucro
Outros 15
Aquisições no exterior
Entre aquelas não admitem essa possibilidade – grande maioria desse extrato da amostra –,
41% delas informam que ainda prevêem muitas oportunidades de crescimento no Brasil.
Outros 30% pretendem ter presença no exterior, porém, com estrutura própria e não por
meio de aquisições.
O gerente sênior Reinaldo Grasson, da Deloitte, lembra que, em muitos casos, a velocidade
de expansão internacional depende de como o setor da empresa é afetado por pressões
globais, o que depende da dinâmica da concorrência. “Em indústrias globais, como é o caso
dos setores de autopeças, aço, bebidas, papel e celulose, as empresas precisam se expandir
globalmente para ganhar escala e manter a competitividade”, afirma.
Ainda existem
muitas
41
oportunidades para
crescimento no País
Presença no exterior
deve se dar por
30
meio de estrutura
própria
Operações no
exterior não são
16
importantes no setor
de atuação
Falta de
familiaridade com o 13
mercado externo
Estratégia anti-concorrência
Crescimento
44
orgânico
Aquisição ou fusão
com outras
empresas para o 32
fortalecimento da
operação
Venda da empresa
a investidores locais 22
ou internacionais
Esse movimento foi beneficiado pela estabilidade da economia, refletida nos baixos índices
de inflação e do risco-país, que se encontra no menor patamar dos últimos anos. Com a
expectativa de aumento no ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2006 e
de queda nas taxas de juros, as operações de fusão e aquisição tendem a continuar
crescendo nos próximos anos, em linha com o observado no mercado mundial.
32,8
28,9 28,6
Expectativas de
22,5 mercado
19 18,2 18
16,6 17,1
16,1
15,2 15
10,8 10,1
4,4
5
9
99
99
99
99
99
00
00
00
00
00
00
00
00
00
00
1
Esse fluxo de investimentos continuará a crescer nos próximos anos, porém, em patamar
ainda inferior ao observado nos anos de 1998 a 2001, que foram fortemente influenciados
pelas privatizações. Em contrapartida, o Investimento Brasileiro Direto (IBD) no exterior
totalizou US$ 2,5 bilhões em 2005, inferior a 2004, porém, em conformidade com o
registrado no período de 2000 a 2002.
O ano de 2005 foi o melhor dos últimos cinco em volume de operações de fusão e aquisição
no mercado mundial. Segundo dados da Thomson Financial, o valor das transações atingiu
US$ 2,7 trilhões no ano passado, representando um aumento de 38% em relação a 2004. O
número de transações aumentou menos, de 31,4 mil em 2004 para 32,5 mil em 2005, o
que sinaliza que o ano foi marcado por transações de porte superior ao observado em 2004.
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