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Escola: Alda Escopel

Aluno: Vinicius Ferronato da Silva

Professor(a): Rozélia

Primavera do Leste- MT 11 de setembro de 2009

Peste Negra na Europa


A peste responsável pela epidemia do século XIV surge durante o
cerco à colônia de Génova, Caffa, na Crimeia (Ucrânia), em Outubro
de 1347 pelos tártaros (um povo mongol ou túrquico) auxiliados pelos
venezianos. A peste matou tantos tártaros que foram obrigados a
retirar-se, não sem antes contaminar a cidade. Ali morreram tantos
habitantes que tiveram de ser queimados em piras, já que não havia
mão de obra suficiente para enterrá-los.
Constantinopla teria sido infectada na mesma época. Vários navios
genoveses fugiram da peste, indo atracar aos portos de Messina,
Génova, Marselha e Veneza, com os porões cheios dos cadáveres dos
marinheiros. A transmissão teria sido feita pelos ratos pretos de Caffa,
que transmitiram as suas pulgas infectadas aos ratos destas cidades.
Assim se explica que apesar de algumas cidades terem recusado os
navios, tenham sido infectadas igualmente, já que os ratos
escapavam pelas cordas da atracagem.
Assim descreve Bocaccio os sintomas: "Apareciam, no começo, tanto
em homens como nas mulheres, ou na virilha ou nas axilas, algumas
inchações. Algumas destas cresciam como maçãs, outras como um
ovo; cresciam umas mais, outras menos; chamava-as o povo de
bubões. Em seguida o aspecto da doença começou a alterar-se;
começou a colocar manchas de cor negra ou lívidas nos enfermos.
Tais manchas estavam nos braços, nas coxas e em outros lugares do
corpo. Em algumas pessoas as manchas apareciam grandes e
esparsas; em outras eram pequenas e abundantes. E, do mesmo
modo como, a princípio, o bubão fora e ainda era indício inevitável de
morte, também as manchas passaram a ser mortais".
Uma das maiores dificuldades era dar sepultura aos mortos:
"Para dar sepultura à grande quantidade de corpos já não era
suficiente a terra sagrada junto às Igrejas; por isso passaram-se a
edificar igrejas nos cemitérios; punham-se nessas Igrejas, às
centenas, os cadáveres que iam chegando; e eles eram empilhados
como as mercadorias nos navios".

Peste Negra em Portugal


Em Portugal, a peste entrou no Outono de 1348. Matou entre um terço e metade da
população, segundo as estimativas mais credíveis, e entretanto reduziu a nação ao caos.
Foram inclusivamente convocadas as Cortes em 1352 para restaurar a ordem.
Um dos efeitos indirectos da peste em Portugal seria a revolução após o reinado de D.
Fernando (Crise de 1383-1385). Este interregno, mais que uma guerra civil pela escolha
de novo rei, terá antes sido a luta da nova classe de pequena nobreza e burguesia que
subira a escada social aproveitando as oportunidades após os desequilíbrios sociais
provocados pela peste, contra o "antigo regime" desacreditado, a enfraquecida e
esclerótica alta nobreza que presidira à catástrofe e cujos titulares, nascidos e criados
nos anos da doença, não terão adquirido as capacidades necessárias à governação eficaz.
De facto esta elite da alta nobreza, clero e Casa Real, terá respondido à substancial
perda de rendimentos e aumento de custos de mão de obra devido à peste com maior
autoritarismo e tirania. Assim se explica a tendência desta frágil alta nobreza de se aliar
com a sua também atacada congénere castelhana.
A peste, que nunca antes existira na Península Ibérica, voltou a Portugal várias vezes até
ao fim do século XVII, ou seja sempre que nasciam suficientes novos hóspedes não
imunes. Nenhuma foi nem remotamente tão devastadora como a primeira, mas a Grande
Peste de Lisboa em 1569 terá matado 600 pessoas por dia, ao todo 60 000 habitantes da
cidade terão sucumbido. A última grande epidemia foi em 1650. No entanto, no
seguimento da Terceira Pandemia (ver à frente), a peste foi importada para o Porto em
1899 do Oriente (provavelmente de Macau onde grassou desde 1895 até ao fim do
século). A epidemia do Porto foi estudada por Ricardo Jorge, que instituiu as medidas de
Saúde Pública necessárias, e que a conseguiram limitar.
Peste Negra na China
As primeiras descrições da peste na China relataram os casos
ocorridos em 1334 na província de Hubei, aparentemente casos
limitados. Entre 1353 e 1354, com a China sob domínio dos mongóis,
uma epidemia muito mais extensa ocorreu, nas províncias de Hubei,
Jiangxi, Shanxi, Hunan, Guangdong (Cantão), Guangxi, Henan e
Suiyuan. Os autores da época estimaram, talvez exageradamente,
que de um terço a dois terços da população da China teria
sucumbido, em algumas regiões mais de 90% da população.
Médio Oriente
A doença entrou na região pelo sul da estepe, actual Rússia, em 1347,
com as tropas do general Malik Asraf que regressava a Bagdad após
campanha militar na estepe do Azerbeijão. No final de 1348 já está no
Egipto, Palestina e Antioquia, espalhando a morte. Meca foi infectada
em 1349, sendo a doença trazida pelos peregrinos para o Hajj, e
depois o Iémen em 1351. Morreu cerca de um quarto da população da
época.
A Terceira Pandemia
A terceira pandemia ocorreu no século XIX, mas a sua disseminação
foi efectivamente travada pelos esforços das equipes sanitárias.
Iniciou-se provavelmente na estepe da Manchúria, onde as marmotas
infectadas foram caçadas em grandes números pelos imigrantes
chineses que as vendiam aos ocidentais para produzir casacos. A
partir de 1855 espalhou-se por toda a China, ameaçando os europeus
de Hong-Kong em 1894, o que levou ao envio de equipas de médicos
e bacteriologistas para a região. No entanto foi impossível evitar a
sua disseminação por navios para portos em todo o mundo, incluindo
na Europa e Califórnia. Terá sido nesta altura que os roedores
selvagens das pradarias americanas e do Brasil foram infectados.
Esta pandemia matou 12 milhões de pessoas na China e Índia.
Transmissão

Rattus rattus, a espécie de ratazana responsável pela disseminação


da peste durante a Idade Média
A peste bubónica é uma doença primariamente de roedores: (ratos,
ratazanas, coelhos, marmotas, esquilos). Espalha-se entre eles por
contacto directo ou pelas pulgas, e é-lhes frequentemente fatal.
A peste nos humanos é uma típica zoonose, causada pelo contacto
com roedores infectados. As pulgas dos roedores recolhem a bactéria
do sangue dos animais infectados, e quando estes morrem, procuram
novos hóspedes. Entretanto a bactéria multiplica-se no intestino da
pulga. Cães, gatos e seres humanos podem ser infectados, quando a
pulga liberta bactérias na pele da vítima. A Y. pestis entra então na
linfa através de feridas ou microabrasões na pele, como a da picada
da pulga.
Outra forma de infecção é por inalação de gotas de líquido de espirros
ou tosse de indivíduo doente
Conclusão
Um dos maiores erros na história é tentar analisar um determinado
fenômeno com os olhos do presente. Na imensa maioria das vezes, só
conseguiremos compreender um determinado fato através de uma
análise que leve em consideração todo o conjunto de aspectos que
caracterizam a época em que o mesmo aconteceu. Devemos olhar
para o passado com os olhos dos homens de seu tempo. O homem
medieval via a peste como um castigo divino. Entretanto, se
analisarmos todos os dados referentes à habitação, higiene,
alimentação e saúde, veremos que o caráter pandêmico da praga
derivou da precariedade de todos estes aspectos, e de sua
homogeneidade mais ou menos acentuada em todo o território
europeu. A "morte negra" provavelmente não teria ocorrido se as
condições de moradia ou higiene fossem outras, pelo menos não na
extensão que ocorreu. Durante o apogeu do Império Romano, havia
cidades muito maiores, mas as condições de habitação e saúde eram
muito superiores. A peste foi um fenômeno característico de um
mundo em mutação. Foi o alto preço pago por um continente que
começava a se abrir para o resto do mundo através do aumento das
relações comerciais, mas que ainda vivia em um ambiente concebido
para uma vida isolada e auto-suficiente. Sob este aspecto, a praga
teve um lado positivo, ao obrigar o homem ocidental a mudar a sua
forma de se relacionar com o meio ambiente, ensinado-o o valor do
planejamento urbano e da higiene, além de expor a fragilidade da
ciência médica medieval e, conseqüentemente, possibilitar sua
evolução, livrando-a, pelo menos para alguns, da ignorância e da
superstição.
Bibliografia e fontes
1. BOCCACCIO, Giovanni. Decamerão. São Paulo : Círculo do Livro,
1991.
2. BOYLE, Charles. História em revista. Rio de Janeiro : Abril Livros,
v. 12, 1991.
3. BOYLE, Charles. O mundo doméstico. Rio de Janeiro : Abril
Livros, 1993.
4. DUBY, Georges. História da vida privada.São Paulo : Cia das
Letras, v. 2, 1990.
5. LAURIOUX, Bruno. A idade média à mesa. Lisboa: Publicações
Europa-América, 1989.
6. LE GOFF, Jacques. A civilização do ocidente medieval. Lisboa:
Editorial Estampa, 1983.
7. LE GOFF, Jacques. As doenças tem história. Lisboa: Terramar,
1990.
8. LOYN, H. R. Dicionário da idade média. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editor, 1991.
9. TUCHMAN, Barbara W. Um espelho distante. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1990.
Índice

1.Europa

2.Portugal

3.China

4.Oriente Médio

5. A terceira Pandemia

6. Transmissão

7.Conclusão

8.Bibliografia

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