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O martrio sob a tica do Hezbollah

ma vez, pedi ao dirigente do movimento libans do Hezbollah que me explicasse qual a mentalidade de algum que vai se imolar em um atentado. Era sua primeira entrevista para uma tev ocidental. Sayed Hassan Nasralah usava sua tnica e seu turbante

pretos. No passado, havia sido comandante militar do Hezbollah no sul do Lbano, e de suas legies haviam sado os primeiros terroristas suicidas rabes que mais de uma dcada e meia depois arrasariam o moral do exrcito de ocupao israelense em retirada. Pedi que explicasse a mim, um ocidental, como um homem pode se imolar.

Nossos guerreiros tm certas qualidades. Quem dirige um caminho com a inteno de entrar na base militar do inimigo, explodir e tornar-se um mrtir dirige com o corao cheio de

esperana, sorridente e feliz porque sabe que vai para outro lugar. A morte, segundo nossa f, no o esquecimento. No o fim. o comeo de uma vida verdadeira.

A melhor metfora para um ocidental compreender esta verdade pensar em uma pessoa que passa muito tempo em uma sauna. Tem muita sede, est cansada e sente calor, sofre pelos efeitos da alta temperatura. Ento, dizem-lhe que, se abrir a porta, sair para uma sala tranquila e acolhedora, poder beber um coquetel delicioso e ouvir msica clssica. Ela abrir a porta e sair sem hesitar um instante, sabendo que o que vai deixar para trs no um preo muito alto a pagar, pois o que a espera algo muito mais valioso. No me ocorre nenhum outro exemplo para explicar esta ideia a um ocidental.1

Sayed Hassan Nasralah, entrevistado por Robert Fisk em Beirut to

Bosnia: muslims and the West, a Personal Journey by Robert Fisk of The
Independent, Robert, episodio 1, The Martyrs smile, a 1993 apud do FISK, Oriente

A Grande Guerra pela Civilizao:

conquista

Mdio, So Paulo, Planeta, 2007, pag. 658.

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