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trovoes e raios, relampagos que iluminam como um flash aqueles olhos

marejados de saudades. Ninguem poderia entender no seu mundinho.


Estava deitado na cama ainda arrumada, de roupa, tinha tirado apenas o
tenis. Lá fora o mundo corria normalmente, mas aqui dentro não. A porta
estava trancada, a janela fechada, a luz apagada. Estava com saudades,
deixava a chuva bater junto com o vento no vidro. O barulho fazia com que
ele pensasse em outras cosias, mas todas as outras coisas remetiam a uma
única pessoa. Tirou a meia aos poucos, deitou de lado. As lágrimas
continuaram escorrendo, e a chuva batendo cada vez mais forte. O vento
assoviava uma canção que ele não conhecia direito, nunca tinha sentido
saudades daquele jeito. Rodou várias vezes deixando a almofada molhada
com suas lágrimas. Chorava em silencio, o peito apertava. Seu coracao
descompassava. Era uma música nova. Um tango pesado e lento com
batidas fortes e doloridas.
A cada trovão parecia ver pessoas no quarto, aquele flash vindo lá de fora o
tirava do pesadelo, ou fazia ele se afundar mais ainda nele. Os raios e
trovoes davam o compasso naquele tango que ele não sabia dancar. Teve
vontade de gritar, mas não tinha garganta para isso. As lágrimas não
paravam de escorrer. Se contorceu na cama pedindo para que isso
acabasse. Parecia que estava com febre. O vento ‘tangarolava’ pela fresta
da janela. Em um trovão, mais um flash vindo la de fora, viu aquele sorriso
que tanto esperava tao perto que se assustou com a possivel presenca de
alguém ali. Esticou a mao tentando tocar o corpo desconhecido. Era tudo
escuridão. Outro trovao, outro flash. Nada. Apenas ele, o tango e as
lágrimas. Caiu no sono, e aquele tango cheio de tristeza e dor embalou seu
sono.

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