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Ela não queria sair do carro. Estava com medo de chegar em casa.

Ainda
estava assustada com o que tinha acabado de fazer. A história toda
começou há apenas um ano.

Marcela

Era casada, tinha dois filhos , vivia em um bonito apartamento na Barra da


Tijuca. Seu marido era empresário e tinha condições de sustentar a todos
sem que ela precisasse trabalhar. Isso não a fazia feliz, mas foi bom para
lhe dar tempo com seus filhos. Só que agora eles já não precisavam mais
dela. Com 15 e 14 anos já estavam cheios de amigos e compromissos.
Marcela era sozinha, seu amrido trabalhava demais e seus filhos viviam fora
de casa. A companhia dela era a empregada e a televisao. Seu marido,
atencioso como sempre, dava a ela um cartao de credito sem limites para ir
ao shopping fazer compras. Achava que com isso substituiria a sua
presença. Doce ilusao.

Marcela na loja

Experimentando uma roupa em uma loja cara, Marcela estava se olhando


no espelho avaliando se aquele vestido valia os R$ 700,00 que custava.
Marcela odiava o fato de que em lojas caras as vendedoras não davam
opiniao. Depois de alguns longos minutos se olhando no espelho, já se
cansando da imagem que via, ouviu uma voz doce: “O vestido ficou lindo
em voce” Acordada daquele transe Marcela só agora percebeu que uma
outra cliente tinha entrado na loja, estava na cabine de frente para a sua.
“Obrigada, estava aqui pensando se vale a pena” “Tudo que nos dá vontade
de sorrir e vontade de viver, vale a pena.” Marela não esperava aquela
resposta, na mesma hora entrou na cabine, desisitiu do vestido e saiu da
loja sem nada.

Rafaella

A vida de Rafa sempre foi muito tranquila. Sua mae tinha uma loja de
produtos para artesanato. Não era uma loja muito grande, mas era o
suficiente para sustentar as duas. Seu pai morreu quando ela tinha 3 anos e
com a heranca sua mae construiu a loja.
Rafaella se formou em jornalismo, mas a sua grande paixão era o teatro.
Arte que agora ela só exercia como platéia. Não dava dinheiro, ela não
podia continuar no sonho, precisava ajudar sua mae na loja, afinal era dali
que vinha o sustento delas.
Apaixonada pela arte de escrever, alem de ajudar a mae, Rafa trabalhava
como colunista-critica de arte em uma revista semanal. Por isso fazia
questao de ir ao teatro carias vezes por semana, era uma forma de estar
perto do que tanto amava.
Apesar de tudo, Rafa sempre foi sozinha, mas nunca triste. Ela sabia que o
momento de ser feliz ia chegar e que tinha alguém no mundo esperando por
ela, alguém que fosse perfeito, exato e certo para ela. Mas Rafa tambem
sabia que as coisas se passavam diferente dentro dela, sempre foi assim,
sempre soube e sempre foi feliz assim.
Em um dia qualquer da semana, a loja estava vazia e Rafa precisava
comprar uma roupa nova. Tinha uma festa de estréia, iria escrever a crítica.
Não gostava dessas festas, muita imprensa, pouca paixao. Mas tinha que ir,
questao de diplomacia.

Rafa na loja

Ela sabia onde podia encontrar o tipo de roupa que estava rpecisando,
apesar de não ser sua loja preferida, era necessario naquele momento. Loja
vazia. Entrou, olhou as roupas, as vendedoras ficaram de longe a uma
“distancia respeitosa”. Escolheu um pretinho básico. Sem riscos de errar.
Quando a vendedora trouxe o tamanho que ela precisava, ela estava
olhando as roupas do outro lado da loja, e tinha sentido um perfume
delicioso. Não sabia da onde vinha.
Pegou o vestido e foi para a cabine, era de lá que estava vindo o perfume.
No corredor onde ficavam as portinhas a viu no fundo. Se olhando no
espelho, mas com um olho perdido, como se estivesse em um transe.
Estava linda, com um vestido cor de telha, na altura do joelho, com uma
faixa amarrada na cintura e um decote que deixava o colo a mostra na
medida certa.

Saindo da loja

Depois que Marcela saiu da loja, Rafa perdeu a vontade de experimentar a


roupa. Tinha ficado embriagada com a beleza, com o perfume, com o
sorriso. Foi disfarcadamente na cabine onde Marcela estava. Foi quando
percebeu que ela tinha esquecido a carteira. Era a chance dela. Foi
correndo pela porta da loja até avistar a mulher encantadora no corredor
mais a frente.
Tocou no ombro dela, ela se virou assustada, e reconheceu a mais nova
amiga, deu um sorriso, mais encantador ainda. “Voce esqueceu sua carteira
na loja” disse Rafa sem graça. “Voce me salvando varias vezes hoje hein”
“Varias vezes, porque?” “Aquilo que voce falou na loja, mecheu comigo”
Nesse momento o celular da Marcela tocou. “É meu marido, eu preciso
atender. Mas voce tem algum cartao?” “Tenho sim” E deu um cartao da loja
para ela. “Foi um prazer” e Marcela saiu falando no telefone.

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