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Victória era publicitária, Giulia designer. Ambas ganhavam bem, podiam desfrutar de
uma vida de luxos e desejos atendidos. Só tinha um problema, Victória, geminiana até o
fim, vem acordando antes do despertador há algum tempo pensando no que seria da
vida dela se ela tivesse feito tudo diferente. E se ela tivesse desistido de sua opção
sexual, e tivesse seguido atrás dos homens? E se tivesse aceitado a proposta de ir pra
São Paulo? E se tivesse feito a outra faculdade que ela queria?
Mas a dúvida que mais incomodava a cabeça dela era se ela seria feliz com um homem,
afinal de contas, ela nunca tinha estado com um homem na cama. Nunca. E isso a
perseguia até hoje. Mas como ela ia contar pro grande amor da vida dela que ela queria
fazer sexo com um homem? Depois de 5 anos de relacionamento, ela não podia fazer
isso com a Giulia, ela não teria perdão, e ela não suportaria viver sem ela.
Durante horas Victória ficou olhando para o teto imaginando milhões de coisas,
deixando que milhões de imagens passassem correndo pela sua frente, era como se ela
estivesse assistindo a um filme da sua própria vida, mas parecia mais um filme de terror,
do que uma comédia romântica.
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Victoria tinha comecado uma discussao sobre traicao. Giulia, era irredutivel,
tinha visto seus pais se separarem e brigarem várias vezes por causa de
traicao, e tinha posto em sua cabeca, que nunca perdoaria a traicao. Já Vic,
repudiava traicao, mas entendia que as vezes era possivel ocorrer acidentes,
era possivel que coisas que a gente não queria que acontecesse, acontecia. As
duas comecaram a defender o seu ponto de vista fortemente, até que Giulia fez
a pergunta proibida, “Voce esta falando isso porque aconteceu alguma coisa
com voce?” Vic ficou irritada, falou que não tinha aocntecido nada e elas
estavam apenas conversando, nesse ponto, a discussao sobre traicao ficou pra
tras, e a confianca foi posta na mesa.
Giulia aumentou o tom da voz junto com a crescente irritacao, não aceitava
que Vic desconfiasse dela, da lealdade dela. As duas eram super
comprometidas com o relacionamento, e não tinha motivos para isso. Vic
ficou aflita, pediu desculpas e disse que a pergunta foi mal formulada, que ela
nunca desconfiara de Giulia, sabia que ela era fiel. Não teve muito jeito. A
partir daí na cabeca de Vic era um filme em camera lenta.
Giulia levantou, foi ate a porta da varanda, ficou la fora por exatos 20
minutos, enquanto Vic continuou sentada a mesa, na mesma posiçao. Depois
de pegar um vento e olhar o céu Giulia entra na sala e diz com a voz seca e o
tom baixo “Eu te amo mais que tudo, voce não tem pq desconfiar, nunca.” Foi
a gota d’agua. Vic fez mencao de levantar, Giulia na mesma hora pediu que
não “Fique, vou tomar um banho.” As lagrimas correram sem parar pelo rosto
de Vic, elas escorriam, e terminavam na mesa, onde ela estava apoiada. O
choro silencioso, triste tomava a sala em silencio. O único barulho no fundo
era o do chuveiro desligando, os passo de Giulia, o armário abrindo, a luz
apagando. E a madrugada caindo.
Exausta do choro, Vic foi deitar, dormiu por excesso de cansaço, mas sabia
que o dia ia ser longo.
As lágrimas no rosto de Vic voltaram, e ela não sabia o que fazer com
elas.
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“ Não esqueça do seu amor, lembre a ele o quanto você o ama. De uma
jóia Monte Carlo” A propaganda na rádio chamou a atenção de Giulia,
na mesma hora ela pegou um retorno, dirigiu rapidamente até uma
floricultura que Vic adorava. Comprou 3 duzias de rosas colocou no
carro e seguiu confiante para casa.