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Uma Visao Geral Do Projet1 - Revuc Rev 04
Uma Visao Geral Do Projet1 - Revuc Rev 04
Venciendo un Paredón de
desafíos
Andre Meira Guimarães/Ricardo Paredes
UMA VISAO GERAL DO PROJETO
O Peru é signatário da chamada “Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional
Sul‐Americana – IIRSA”, compromisso firmado pelos chefes de estado em Brasília, em
2000, envolvendo os doze países do Continente Sul Americano. Esta iniciativa contempla
nove eixos de integração, dos quais, quatro cruzam o território peruano. São eles:
9 Eixo do Amazonas (Peru, Equador, Colômbia e Brasil);
9 Eixo Peru (Brasil ‐ Bolívia);
9 Eixo Andino (Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Bolívia e Chile); e
9 Eixo Interoceânico (Brasil, Paraguai, Bolívia, Peru e Chile).
O Eixo Interoceânico tem dois ramais: o Corredor Viário Interoceânico Sul – IIRSA Sul, que
sai do sul do Equador, em Ilo, passa por Urcos e Iñapari, está na fronteira com o Brasil; e o
Eixo Multimodal Amazonas Norte – IIRSA Norte, que é composto por uma rodovia que liga
o Porto de Paita, na Costa Peruana, ao porto fluvial de Yurimaguas, integrando‐se às
hidrovias dos rios Huallaga e Marañon e destes, pelo Amazonas, até Iquitos e Manaus.
Como resultado do Concurso para a Concessão das Obras e Manutenção dos Trechos
Viários do Eixo Multimodal Amazonas Norte – IIRSA Norte, em junho 2005, foi assinado o
Contrato de Concessão com a Concessionária IIRSA Norte S.A., da qual faz parte a
Odebrecht Perú Ingeniería y Construcción, como principal acionista. O Projeto IIRSA Norte
é a primeira associação público–privada em rodovias no Peru, e consiste na concessão
para as obras de reabilitação, construção, melhoramento, operação e manutenção por 25
anos.
O corredor tem uma extensão total de 955 km e conecta a região da Costa à Selva,
atravessando os Andes no seu ponto mais baixo (apenas 2.100 m acima do nível do mar) e
seis regiões do país (Piura, Lambayeque, Cajamarca, Amazonas, San Martín e Loreto). O
projeto está subdividido em seis trechos, dos quais os cinco primeiros, entre Paita e
Tarapoto serão recuperados e melhorados, e o último trecho, entre Tarapoto e
Yurimaguas, consiste na construção e pavimentação de 114 km.
Este projeto, como um todo, representa uma força de integração de todo Norte do Peru,
sendo que o trecho Tarapoto‐Yurimaguas já vinha sendo solicitado pela população de
Yurimaguas por mais de 50 anos. O Governo peruano vinha sofrendo greves gerais em
Yurimaguas, por conta da falta de investimentos no departamento de Loreto. Assim, mais
do que infra‐estrutura, IIRSA Norte representava a integração dos seis departamentos do
Norte do Peru, antes mesmo de ser integração Sul‐Americana.
Figura 1 ‐ Mapa Geral da Concessão
Os trabalhos do Tramo 1, com 127 km de extensão, foram recentemente concluídos. Este
trecho, possivelmente, compreende, em termos de engenharia, o tramo mais complexo
de toda a concessão; especialmente no Setor 4, entre os km 33 e 37, que é formado por
condições geológicas e topográficas bastante desfavoráveis, apresentando fortes
fenômenos de geodinâmica externa, com quedas de blocos de rocha, escorregamentos
planares ou em cunhas, etc. Este setor é conhecido por “El Paredón”.
Além das difíceis condições técnicas de engenharia, ainda havia o desafio de executar esta
obra dentro de uma Área de Conservação Regional (ACR) Cordilheira Escalera, que é a
primeira ACR estabelecida em Lei no Peru, contendo uma mostra representativa dos
bosques montanhosos tropicais, próprios da zona norte do país.
A Área de Conservação Regional Cordilheira Escalera
É importante comentar que o trecho Tarapoto –Yurimaguas (Tramos 1) atravessa a
Cordilheira Escalera, que é uma zona recentemente reconhecida e declarada como Área
de Conservação, a primeira de jurisprudência regional do País. O processo de
reconhecimento da Área de Conservação Regional (ACR) Cordilheira Escalera teve início há
mais de cinco anos tendo mobilizado a sociedade e os setores ambientalistas e do
turismo.
A área da Cordilheira Escalera compreende 150 mil hectares e o Projeto IIRSA Norte
atravessa num trecho de 36 km de sua extensão. A geomorfologia acidentada da
Cordilheira Escalera faz da mesma uma zona com alta variabilidade ecológica em curtos
espaços, mudando de bosque úmido tropical a bosque úmido pré‐montanhoso tropical e
bosque muito úmido pré‐montanhoso tropical.
A área tem uma flora diversificada e de grande valor, apresentando endemismo e
presença de espécies vegetais importantes: 25 espécies com propriedades medicinais, 23
espécies com propriedades alimentícias, 24 espécies com propriedades industriais, 8
espécies com propriedades ornamentais, 9 espécies com propriedades artesanais e 6
espécies com outras características. O setor é conhecido como orquidário natural,
especialmente no chamado "El Paredón", onde as orquídeas são visíveis e se prevía un
tratamento especial para a transferencia da espécie. A fauna apresenta‐se igualmente
como de grande importância, já que a área abriga 09 espécies de anfíbios conhecidas, três
das quais endêmicas, além da ocorrência, nas zonas de acesso mais difícil, de novas
espécies ainda não estudadas.
A área apresenta também endemismo de aves de ocorrência restrita aos bosques de
montes do cume da Cordilheira. A Cordilheira Escalera é uma das 22 zonas prioritárias
para a conservação de mamíferos, onde também se encontram espécies em situação de
vulnerabilidade como o urso andino (Tremarctos omatus) e a onça (Panthera onca).
Figura 2 ‐ Cordilheira Escalera
CONHECENDO UM POUCO DO “EL
PAREDÓN”
Condições Geológicas e Topográficas
O Setor 4, mais conhecido como setor “El Paredón”, forma parte da área geográfica Pongo
de Cainarachi. Encontra‐se localizado nas unidades morfo‐estruturais identificadas como
Cordillera Subandina, que se caracteriza pela presença de taludes altos com ladeiras
escarpadas e quebradas profundas e “encanhonadas”. Corresponde geologicamente a um
alto estrutural formado pela falha de Shanusi, a qual gera um “cavalgamento” de rochas
antigas que vão desde a idade Jurássica a Cretácia, sobre formações mais recentes.
As unidades litoestratigráficas comprometidas com os trechos da estrada são as
Formações Sarayaquillo do Jurássico superior e Formações Cushabatay e Aguas Calientes
do Cretácio inferior; ambas conformadas por arenitos de grãos finos e com diversos graus
de fraturamento.
Neste trecho, a estrada avançava com curvas contínuas e uma plataforma bastante
estreita, que não atendia às larguras requeridas pelas normas peruanas de estradas, com
taludes altos e bastante íngremes, em algumas zonas com mergulho desfavoráveis que se
tornam bastante instáveis diante de qualquer corte mínimo que se realizasse ou
condições climáticas adversas.
Nas Fotos 1 e 2 se aprecia o trecho “El Paredón”, próximo ao km 36+500 e na Foto 3, um
dois setores que foi aplicada a solução de meia ponte, no km 34+100, conforme
apresentado mais adiante.
Foto 1 ‐ Talude inferior “El Paredón” Foto 2 ‐ Talude Superior do setor “El Paredón"
Foto 3 – Setor km 34+100, durante a execução da meia ponte
A SOLUÇÃO PARA “EL PAREDÓN”
SEGUNDO O MTC
Como parte integrante das bases do concurso licitatório para a Concessão das Obras e
Manutenção dos Trechos Viários do Eixo Multimodal Amazonas Norte – IIRSA Norte, nos
foram entregados os projetos elaborados por uma empresa local peruana, os quais o
Ministério de Transporte e Comunicações, por intermédio do Projeto Especial de
Infraestrutura de Transporte ‐ PROVIAS
Em outubro de 2006, após assumir a Concessão, foram apresentados os Projetos
Executivos do Trecho entre os km 10+000 e 40+000, considerando um Mecanismo de
Distribuição de Riscos (MDR) previsto no contrato. Este mecanismo, que pode ser acedido
durante a etapa de elaboração do projeto executivo, se aplica para situações em que as
informações obtidas durante a elaboração dos projetos indiquem a necessidade de
modificar a solução inicialmente concebida, e apresentada como parte de sua oferta
técnica.
Os projetos apresentados foram divididos em quatro setores de características
homogêneas:
9 Setor 2: Km. 10 ao Km. 23;
9 Setor 3: Km. 23 ao Km. 33;
9 Setor 4: Km. 33 ao Km. 37;
9 Setor 5: Km. 37 ao Km. 40.
Para o Setor 2 e para o Setor 4 (“El Paredón”), o MTC enviou a obra um consultor externo,
para avaliação técnica de estes dois setores, e proposição de uma nova solução. Apenas
em junho daquele ano, o MTC nos envia um desenho conceitual de sua solução, para
detalhamento. Dois meses depois, em agosto de 2007, apresentamos o Projeto Executivo
– Alternativa MTC, incluindo as modificações de traço propostas pelo Concedente (MTC).
Basicamente, diferente das soluções que havíamos apresentados em nosso Projeto
Executivo, que contemplava cortes bastante fortes nos taludes superiores com taludes
mais deitados e com bermas de equilíbrio, a Alternativa do MTC tinha como conceito
intervir o mínimo possível nos taludes de corte, diminuindo o volume de escavação, mas
executando cortes mais verticais, sem bermas de equilíbrio, e aumentando a quantidade
de obras de contenção, como grampos, tirantes, concreto projetado, etc.
Em novembro de 2007, o MTC aprova tecnicamente o Projeto Executivo – Alternativa
MTC. Mas apenas em julho de 2008, onze meses depois da apresentação do Projeto
Executivo, foi possível iniciar as obras no Setor 4, com o desfecho da negociação do
orçamento referente ao Mecanismo de Distribuição de Risco deste setor.
A REALIDADE ENCONTRADA COM O
INICIO DAS OBRAS
Conforme comentado anteriormente, o Setor 4, “El Paredón”, assim também como o
Setor 2, que também tinha sido objeto da aplicação do Mecanismo de Distribuição de
Riscos, são formados por uma geologia/topografia bastante desfavorável, apresentando
taludes bastante altos, com inclinações fortes, em algumas zonas com o maciço rochoso
apresentando mergulhos desfavoráveis, o que torna os taludes bastante sujeitos a
processos de instabilizações.
Como as negociações referentes ao MDR do Setor 2 haviam avançado mais rapidamente
que as do Setor 4, e os prazos já eram bastante apertados, resolvemos iniciar os trabalhos
no Setor 2, mesmo sabendo que estávamos entrando no período de chuvas intensas
(entre novembro e abril), tomando em conta que os períodos de chuvas dos anos
anteriores não se mostraram tão críticos.
Entretanto, neste ano as condiciones climáticas não foram tão favoráveis neste período.
Fortes chuvas ocorreram na região. Além disso, em função dos cortes mais verticais que o
MTC tinha nos exigido como premissa, diversos escorregamentos passaram a ocorrer,
tanto em setores onde já tínhamos intervindo como também em setores que ainda não
tínhamos chegado com as frentes de trabalho.
Os Principais Eventos Ocorridos nos Setores 2 e 4
Com o inicio das obras, especialmente no que se refere às escavações nos taludes
superiores, foram observadas marcadas e imprevistas anomalias geotécnicas e geológicas
que repercutiram substancialmente na estabilidade dos taludes superiores. Além disso,
uma vez iniciados os trabalhos de ampliação da plataforma, com os cortes previstos de
acordo à Alternativa MTC, as condições dos taludes foram alteradas, acelerando fatores
desencadeadores de instabilizações dos taludes.
Conforme comentado anteriormente, estes setores estão dentro de uma zona tropical,
onde o clima é de grande influencia quanto às condições de estabilidade dos taludes.
Principais Eventos Ocorridos no Setor 2 (km 10 ao 23)
Com o inicio dos trabalhos no Setor 2 e inicio do período de chuvas, se iniciaram os
problemas de estabilidade dos taludes de corte, uma vez que estes estratos eram
formados por uma geologia complexa, formada por espessos depósitos de coluvios
inconsolidados, e pacotes de rochas sedimentares com mergulhos desfavoráveis com
relação à estrada.
O primeiro evento de maiores proporções ocorreu em janeiro de 2008, no km 19,
conformado por um deslizamento planar sobre uma potencial descontinuidade de um
sistema de fraturas com mergulho desfavorável (Foto 4). Dois dias depois, outro
deslizamento ocorreu no km 22, logo da ocorrência de fortes precipitações (Foto 5). Este
setor também apresentava um sistema de fratura com mergulhos desfavoráveis.
No mês de marco, novamente depois de fortes chuvas, ocorre um deslizamento de
grandes proporções em um talude rochoso com sistema de fraturas mergulhando para a
estrada no km 20 (Foto 6). Neste mesmo mês, ocorre outro deslizamento no km 23, que
interrompe a via (Foto 7).
Durante todo o período de chuvas, que vai de novembro até abril, ocorreram diversos
deslizamentos, freqüentes e de proporções variadas.
Foto 4 – Deslizamento (Janeiro de 2008) Foto 5 – Deslizamento (Janeiro de 2008)
Foto 6 – Deslizamento (marco de 2008) Foto 7 – Deslizamento (marco de 2008)
Eventos ocorridos no Setor 4 (km 33 ao 37) – “El Paredón”
Enquanto trabalhávamos no Setor 2, ainda sem realizar qualquer tipo de intervenção nos
taludes do Setor 4, diversos processos de instabilização foram apresentados neste setor.
Em janeiro de 2008, depois de fortes chuvas, houve um grande deslizamento planar no km
34 (Foto 8), que voltou a apresentar pelo menos mais 3 eventos posteriores.
Durante a primeira metade do ano de 2008, diversos eventos ocorreram, inclusive com a
obstrução total da via, especialmente nos kms 33, km 34 y km 36
No inicio de agosto de 2008 ocorreu, então, um grande deslizamento no km 33, que
interrompeu os trabalhos de contenção que vinham sendo realizados no local de acordo à
Alternativa do MTC, assim como o transito veicular por alguns dias (Foto 9).No mesmo
mês, poucos dias depois, um novo deslizamento de grandes proporções ocorreu no km 34
(Foto 10), interrompendo o transito veicular por dois dias, e paralisando os trabalhos em
todo o Setor 4, para uma reavaliação dos projetos.
Foto 8 – Deslizamento (Janeiro de 2008) Foto 9 – Deslizamento (Agosto de 2008)
Foto 10 – Deslizamento ocorrido no km 34 em agosto de 2008
COMO VENCER OS DESAFIOS
APRESENTADOS?
Depois de “brigar” com os problemas durante o inicio do ano de 2008, resolvemos
estabelecer, como premissa, a mudança dos projetos do MTC, considerando “não tocar” o
talude superior. A partir daí, passamos a desenvolver diversas soluções de engenharia que
permitissem obter a largura especificada para a via, sempre obedecendo às normas de
traço peruanas.
Estas soluções, basicamente consistiam em “atacar” o talude inferior, ou seja, desenvolver
estruturas em balanço, como muros, caixões, lajes, meias pontes, assim como a adaptação
de estruturas já executadas em novas estruturas com balanço devido à mudança de traço.
Apesar de serem soluções mais elaboradas e ‐ em principio, mais caras ‐, com a
improdutividade da execução dos cortes dos taludes superiores, devido às paralisações
pelas chuvas e deslizamentos, assim com devido aos maiores quantidades resultantes
destes deslizamentos, estas soluções se tornaram muito atrativas, do ponto de vista
econômico.
Além disso, os deslizamentos que vinham ocorrendo, geravam um risco altíssimo para os
trabalhadores e, posteriormente, para os usuários da via. Com as soluções em balanço, as
condições de trabalho eram muito mais seguras, e as condições finais, com a obra
concluída, também.
De qualquer forma, em função a todos os problemas de instabilizações que ocorreram em
este período, tivemos que implementar um conjunto de medidas de segurança para os
trabalhadores e usuários, de forma a garantir as mínimas condições de segurança para
estes.
Como exemplo, ficou estabelecida a paralisação estrita e obrigatória dos trabalhos de
campo durante os períodos de chuvas no local. Para o reinicio, era necessária a inspeção e
autorização para cada frente de serviço dos responsáveis de segurança, dos especialistas
em geologia, e dos engenheiros responsáveis pela execução.
Com o prazo apertado, e todos os recursos já mobilizados para a realização das obras,
fomos obrigados a realizar um trabalho exaustivo de engenharia com revisões de traço,
assim como reavaliações geológicas–geomecânicas, hidráulicas e estruturais
permanentemente durante todo o período de execução da obra devido às mudanças
necessárias.
De uma forma simplificada, as estruturas projetadas para cada local eram definidas em
função do comprimento do balanço necessário para atingir a largura necessária para a
plataforma viária, conforme apresentado na Tabela 1. É importante ressaltar que, em
função à escassa informação geológica disponível, as decisões do tipo de solução eram
praticamente tomadas no momento da escavação para implantação da estrutura.
Tabela 1 ‐ Tipos de estruturas utilizadas
Muros de Concreto Convencionais
Os Muros de Concreto Convencionais foram projetados com alturas de até 5.40 m, com
concreto f’c=210 Kg./cm2. Parte dos muros está apoiada diretamente sobre o maciço
rochoso, e outra parte, em função ao forte desnível até a cota de apoio, foram realizadas
falsas sapatas apoiadas sobre rocha.
Muro de Concreto com Balanço
Os Muros de Concreto com Balanço tem sua estrutura baseada nos muros convencionais,
apresentando como elemento adicional um trecho em balanço para permitir atender à
largura especificada em projeto para a plataforma viária. O balanço tem largura variável,
chegando até 1.0 m. Estes muros estão executados com concreto f’c=210 Kg./cm2, e estão
apoiados em rocha. Dependendo da configuração geométrica e condições geológicas do
local, foram previstos muros ancorados ou não, conforme apresentado na Figura 3.
Figura 3 – Solução de muro de concreto com balanço (Sem e com ancoragens)
Foto 11 ‐ Execução do Muro em Balanco
Foto 12 ‐ Execução do Muro em Balanco
Estruturas Tipo Caixão: 0.50m<Lv<1.50m
Como alternativa à solução de muros em balanço, foi estudada aplicação de estruturas do
tipo caixão, que combatia os momentos atuantes com momentos resistivos resultantes do
seu próprio peso. Esta estrutura foi dimensionada para balanços de até 1.50m, e está
formada basicamente por uma caixa de concreto estrutural (moldada “in loco” ou pré‐
fabricada), preenchida com solo‐cimento
Figura 4 – Solução de Caixão com balanço
Foto 13 – Executando a Solução do Caixão em Balanço Pré‐fabricada
Foto 14 – Executando a Solução do Caixão em Balanço Pré‐fabricada
Laje Préfabricada em balanço
Esta estrutura foi concebida para situações em que o tamanho do balanço necessário ara
atender a largura especificada em projeto era superior a 1.40m, mas limitado a 2,50 m. Foi
buscada uma solução que garantisse o fluxo veicular durante o período de construção, e a
segurança dos usuários e trabalhadores, uma vez que estaríamos trabalhando em taludes
muito altos, e com inclinações bastante fortes (praticamente taludes verticais).
Esta solução é composta por:
9 Duas estruturas de apoio paralelas: uma viga de apoio próximo ao talude
superior, e um muro para apoio e contenção lateral do aterro a ser
executado. É importante comentar que em alguns casos, já haviam muros
construídos, considerando o traço inicial, os quais foram adaptados para
fazer parte da nova estrutura;
9 Lajes pré‐fabricadas com espessura de 0.35 m, comprimento de 6.80m e
largura de 2.00 m. Estas lajes, que pesavam individualmente
aproximadamente 13 t, eram montadas diretamente sobre as estruturas de
apoio.
Figura 5 – Detalhe em Planta da Laje Pré‐fabricada em Balanço
Figura 6 ‐ Secao Transversal da Laje Pré‐fabricada em Balanço
Foto 15 – Execução da Laje Pré‐fabricada em balanço
Foto 16 – Execução da Laje Pré‐fabricada em balanço
Foto 17 – Execução da Laje Pré‐fabricada em balanço
Estruturas em Meia Ponte
No caso onde tinhamos balanços superiores a 2.50m, e que as condições geotécnicas
permitiam, foi projetada uma meia ponte, em apenas em uma das faixas da plataforma
viária.
A meia ponte do km 34 foi concebida com a utilizacao dos caixoes em balanco nos
encontros, dispostos de forma longitudinal (paralelo a estradas), conforme apresentado
na Figura 7.
Figura 7 – Estrutura em Meia Ponte – Seção Transversal
Foto 18 – Estrutura em Meia Ponte
Para la realización de las adecuaciones necesarias a la ingeniería aprobada de este sector,
km 33 al km 37, se ha movilizado un equipo de especialistas trabajando de manera
exclusiva en dichas adecuaciones.
Estas modificações tiveram como base idéias surgidas durante os vários “brain storms”
realizados com toda a equipe de obra, tomando como premissa a necessidade de não
tocar o talude superior, devido a toda problemática gerada pelas intervenções
anteriormente realizadas.
METODOS CONSTRUTIVOS
ADOTADOS
Conforme indicado anteriormente, os principais problemas que tínhamos que vencer para
a conclusão do Tramo 1 eram:
9 Geologia desfavorável, com mergulho em direção ao corte, umidade e
rocha branda;
9 Pluviometria, bastante elevada, o que acelerava os processos de
instabilização;
9 Topografia, com taludes muito altos e plataformas bastante estreitas;
9 Necessidade de liberar tráfego todos os dias, pelo menos por 12h (cond.
contratual).
Todas estas condições geraram uma espécie de roleta russa dentro da obra, com
trabalhos extremamente arriscados, já que os trabalhos tanto para cortes como para
sustentação dos taludes tinham que ser feitos, em sua maioria, de forma manual, pois não
havia espaço físico para equipamentos como trackdrills ou rockdrills, ou ainda
escavadoras ou tratores de esteiras.
Foi assim que surgiu a idéia de pré‐fabricar parte das estruturas, transportar‐las em camas
baixas, e instalar‐las de forma a não afetar o trânsito durante as 12 horas diárias que
tínhamos a obrigação contratual de liberar o trafego.
Assim, nos dimensionamos para os equipamentos que tínhamos em obra já mobilizados,
especialmente as 02 gruas (uma com capacidade de 30t e a outra de 50t).
Abaixo, segue uma descrição de como foram realizados os trabalhos de cada uma das
soluções alternativas realizadas.
Muros Convencionais e em Balanço
De forma geral, os muros foram executados de forma convencional, com a escavação e
concretagem "in loco". Estas estruturas foram adotadas quando a largura da plataforma
permitia o transito de veículos durante sua execução.
Conforme citado anteriormente, em função das poucas informações geológico‐
geotécnicas disponíveis, as soluções eram dadas praticamente no momento da escavação,
verificando a cota de fundação adequada para a implantação do muro. Com isso, a altura
do muro era definida no momento de execução.
Nas interfaces muro ou falsa sapara x terreno de cimentação foram executadas barras de
aço corrugado de 2.5 mm, com comprimento variável, atuando como elementos de
ancoragem passiva.
Caixão em Balanço
Os caixões em balanço foram executados de três maneiras distintas:
i. Em parte dos casos, onde a plataforma apresentava largura suficiente para a
execução desta solução, a concretagem do caixão foi executada "in loco" de forma
convencional.
ii. Em alguns casos, já havíamos executado muros, considerando o traço original.
Nestes casos, tivemos que adaptar o muro a solução do caixão em balanço,
considerando a mudança de traço no sentido do talude inferior.
iii. Quando tínhamos condições desfavoráveis, em termos de largura da plataforma,
onde a execução de qualquer escavação iria interferir no tráfego, foram
executados caixões pré‐fabricados, onde podíamos instalar com grua,
preenchiamos com solo‐ cimento, e rapidamente podíamos dar passe sobre esta
estrutura, conforme apresentado na Foto 13.
Lajes Préfabricadas
Conforme comentado anteriormente, as lajes pré‐fabricadas foram utilizadas em
situações onde o balanço tinha até 2.5 metros, aproximadamente. Esta solução tinha
como grande vantagem em seu processo construtivo, a possibilidade de liberação de
tráfego logo após sua instalação, já que esta havia sido dimensionada para tal condição.
As lajes pré‐fabricadas, que tinha espessura de 0.35 m, comprimento de 6.80m e largura
de 2.00 m, pesavam, individualmente, aproximadamente 13 t, eram montadas
diretamente sobre as estruturas de apoio através da utilização de uma grua e uma cama
baixa, que trazia as pecas para serem içadas e instaladas.
De forma a integrar toda a estrutura, e garantir o comportamento estrutural do conjunto,
estas lajes eram colocadas com um espaçamento entre cada uma de 0.75 m, que
posteriormente era preenchido com concreto moldado "in loco".
Como estas lajes eram pré‐fabricadas em patio, onde contávamos com todos as condicoes
ideais para sua fabricacao, ou seja, um adequado controle de qualidade e condicoes de
seguranca, diminuimos ao maximo a exposicao dos nossos trabalhadores as atividades nos
taludes, que tinham alturas da ordem de 100 metros com inclinacoes praticamente
verticais.
Desta forma, reduzimos a zero o fator de retomada das obras em altura, devido as
preciptacoes frequentes na regiao, que, no caso dos cortes, eram bastante alto, pelas
condicoes anteriormente apresentadas.
Meia Ponte
Para a execução da meia ponte do km 34, foram executados primeiramente os caixões,
como estribos, com a parte em balanço colocada de forma longitudinal com relação à
estrada.
Para diminuir as atividades de obreiros trabalhando a alturas da ordem de 80 metros, com
um processo de concretagem convencional, o que significava uma atividade com alto grau
de risco para os trabalhadores, se buscou dar solução ao problema empregando uma pré‐
laje, que servia como forma e integrava a estrutura final
Após a execução dos caixões, foi colocada, com a utilização de grua, uma pré‐laje, que se
incorporou a laje da meia ponte, concretada posteriormente, conforme apresentado na
Figura 8.
Figura 8 ‐ Etapas construtivas da meia ponte
COMPOSIÇÃO
DAS EQUIPES
Conforme citado anteriormente, decidimos trabalhar no Setor 4, (km 33 ao 37) entre os
meses de janeiro e abril de 2008. Tínhamos, praticamente, quatro meses para realizar
todos os trabalhos de escavação e reforço dos taludes de corte.
Nesta ocasião, tínhamos mobilizadas mais de 200 pessoas e mais de 130 equipamentos,
pequenos e pesados, apenas para este trecho, conforme apresentado na tabela abaixo.
Tabela 2 ‐ Equipes e Equipamentos utilizados nos trabalhos de escavacão
Iniciamos atacando os cortes mais simples, onde consideramos rendimentos
relativamente normais. Conseguimos avançar bem com este pessoal em cerca de 1 km,
onde passamos cerca de 1 mês trabalhando.
Posteriormente, com todos os acontecimentos citados anteriormente: muita chuva,
deslizamentos freqüentes, paralisações por deslizamentos, fatores de retomada
altíssimos, etc, os rendimentos caíram significativamente. Os avances de obra mostravam
que a meta de terminar a obra no prazo estabelecido (em 4 meses) não podia ser
cumprido. Estávamos prevendo que, ainda que assumíssemos riscos altíssimos de
segurança para os trabalhadores, não conseguiríamos concluir os trabalhos em menos de
6 meses, considerando a mesma equipe que tínhamos em obra.
Desta forma, considerando o cenário que havia na obra (a chuva não parava), reduzimos
drasticamente o pessoal neste setor, e passamos a trabalhar em outros setores onde
podíamos avançar com segurança.
Passamos então a avaliar a forma de contornar os problemas que tínhamos na obra,
quando chegamos a conclusão de não tocar o talude superior, e desenvolvemos as
soluções apresentadas anteriormente.
A partir de setembro de 2008 iniciamos os trabalhos de execução das novas soluções em
balanço (muros, caixões, lajes e meias pontes). Abaixo, segue um quadro com o pessoal
utilizado na execução dos trabalhos.
Tabela 3 ‐ Equipes e Equipamentos utilizados nos trabalhos realizados para as
solucoes Fabricadas "in loco"
Tabela 4 ‐ Equipes e Equipamentos utilizados nos trabalhos realizados para as
solucoes pré‐fabricadas
PRODUTIVIDADE
ALCANÇADA
Durante o período de setembro e dezembro de 2008, em cerca de 3,5 meses, realizamos
os trabalhos com as soluções alternativas para o Setor 4, entre os km 33 e 37. Neste
período executamos cerca de:
9 1600 metros de muros, convencionais e em balanço,
9 90 metros de caixões em balanço,
9 160 metros de lajes pré‐fabricadas e
9 uma meia ponte de cerca de 30 metros.
Claro, trabalhávamos em paralelo com todas as solucoes apresentadas. Mas, de forma
básica, podemos dizer que utilizamos cerca de:
9 70 dias para a execução dos muros, conseguindo uma produtividade de
22 metros/dia.
9 15 dias para a execução dos caixões em balanço, alcançando uma
produtividade de, aproximadamente 12 metros/dia (esta produção de vê
afetada pela pré‐fabricação dos caixões. Os trabalhos “in situ” foram
realizados com uma produtividade ainda maior)
9 30 dias para execução das lajes pré‐fabricadas. Neste caso, uma vez
fabricadas as lajes, conseguimos alcançar uma produtividade ótima de
instalação de cerca de 16 pecas em um só dia, ou seja, cerca de
44 metros/dia.
PROBLEMAS
OBSERVADOS
Para realização das soluções alternativas, claro, passamos por um período inicial de
aprendizado. Mas, podemos dizer que não houve maiores problemas durante a execução
dos trabalhos.
Algumas pequenas dificuldades foram encontradas durante a instalação dos caixões pré‐
fabricados, quanto a superfície do terreno de fundação, que era formado por material
rochoso, necessitando de uma boa nivelação.
Podemos citar, também, para as lajes pré‐fabricadas, os cuidados com a instalação,
durante o processo de içado, tanto com o pessoal presente no local, como para o encaixe
das ancoragens previstas entre laje e base (viga ou muro existente).
CUSTOS
INCORRIDOS
A seguir, são apresentadas as tabelas com os custos incorridos com pessoal,
equipamentos e insumos, considerando:
Tabela 5 – Nesta tabela é apresentado o custo esperado para a realização das obras
previstas originalmente, considerando um rendimento (produtividade) normal esperado
para estes trabalhos.
Tabela 6 – Aqui, estão apresentados os custos imrpodutivos previstos, considerando uma
maior permanência das equipes e equipamentos previstos na tabela 1 (consideração
inicial), devido aos baixos rendimentos provocados, especialmente, pelos deslizamentos
ocorridos durante o período inicial de execução.
Tabela 7 – Neste caso, são apresentados os custos relacionados as obras realmente
executadas, considerando as mudanças realizadas nos projetos, de forma a conseguir um
melhor rendimento nos trabalhos realizados. Esta tabela esta subdividida nas diferentes
atividades (solucoes) realizadas:
Tabela 7a ‐ Escavacoes do talude superior: esta tabela indica os custos relacionados
as escavações realizadas durante o período inicial da obra, onde trabalhamos nos
trechos mais simples, conseguindo realizar as escavações inicialmente previstas no
projeto original;
Tabela 7b – Aqui, estão apresentados os custos incorridos para a execução dos
muros convencionais e em balanço;
Tabela 7c – Nesta tabela, estão apresentados os custos relativos a execução dos
caixões pré‐fabricados em balanço;
Tabela 7d – Se apresenta os custos relacionados a execução das lajes pré‐
pré‐fabricadas em balanco;
Tabela 7e – Nesta tabela, se apresentam os custos incorridos para a execução da
meia ponte
Tabela 5
Tabela 6
Tabela 7a
Tabela 7b
Tabela 7c
Tabela 7d
Tabela 7e
RESULTADOS
OBTIDOS
Em resumo, tínhamos um custo previsto para a execução da obra neste setor de
US$3,757,886.67.
Com a improdutividade dos trabalhos em campo, o custo para a conclusão do Setor 4
subia, chegando a um custo improdutivo previsto de, no mínimo, US$6,052,520.00, ou
seja, pelo menos 60% a mais, que poderia ser cobrado ao estado.
Com a mudança dos projetos, conseguimos, como resultado, não somente evitar uma
cobrança adicional ao cliente, evitando desgastes, como conseguimos reduzir o custo da
obra para US$3,312,281.33, ou seja, uma redução de 12%, aproximadamente do custo
inicialmente previsto.