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SOB
PRESSÃO
2020
AMAZÔNIA
SOB
PRESSÃO
2020
DEZEMBRO DE 2020
SÃO PAULO E BELÉM, BRASIL; LIMA, PERÚ;
SANTA CRUZ DE LA SIERRA, BOLIVIA;
BOGOTÁ, COLOMBIA; QUITO, ECUADOR;
CARACAS, VENEZUELA
FICHA TÉCNICA SUMÁRIO
Coordenação executiva TIs e ANPs Amazônia sob Pressão
© Rede Amazônica de Informação Socioambiental
Alicia Rolla (ISA) Bolivia: Saul Cuéllar (FAN)
Georreferenciada
04 Apresentação
Brasil: Fany Ricardo, Silvia de Melo Futada y Alicia
Rolla (ISA)
Grupos técnicos Colombia: Andrés Llanos (Gaia) Citação sugerida para o documento:
RAISG, 2020. Amazônia Sob Pressão, 68 págs.
Ecuador: Rodrigo Torres (EcoCiencia)
Agropecuária Perú: Carla Soria (IBC)
(www.amazoniasocioambiental.org) 05 Processo de análise
Bolivia: Saul Cuéllar e Rodney Camargo (FAN) Venezuela: Irene Zager, Juan Carlos Amilibia (Provita) e
Brasil: Cícero Augusto (ISA) Tina Oliveira-Miranda (Wataniba)
05 Limites da Amazônia
Colombia: Andrés Llanos e Karen Huertas (Gaia)
05 Enfoque de análise
Ecuador: María Olga Borja (EcoCiencia) Vias
Perú: Sandra Ríos, Zuley Cáceres e Efraín Turpo (IBC) Bolivia: Saúl Cuéllar (FAN)
05 Áreas Naturais Protegidas e Territórios Indígenas
Venezuela: Rodrigo Lazo (Provita), Tina Oliveira-Miranda Brasil: Júlia Jacomini (ISA)
(Wataniba) Colombia: Andrea Diaz (Gaia)
05 Pressões e ameaças
Ecuador: Rodrigo Torres (EcoCiencia)
Cabeceiras de bacia e inundações Perú: Pedro Tipula (IBC)
Bolivia: Jan Spickenbom e Marlene Quintanilla (FAN)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 06 Sintomas e consequências
Venezuela: Tina Oliveira-Miranda (Wataniba), Rodrigo Lazo (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
e Dionis Milla (Provita)
06 Mapas-síntese
Carbono Amazônia sob pressão / ealização RAISG ; [tradução
Bolivia: Saul Cuéllar (FAN) Nina Jacomini]. -- 1. ed. -- São Paulo : ISA - Instituto
Agradecimentos Socioambiental, 2021.
07 Cabeceiras de bacias hidrográficas e sazonalidade de inundações
Brasil: Cícero Augusto (ISA)
Colombia: Andrés Llanos (Gaia) EcoCiencia: Ana Maria Acosta e Sylvia Villacís
FAN: Sara Espinoza e Fabio Cotrina Título original: Amazonía bajo presión 07 2012 a 2020: Mudanças ao longo do tempo
Ecuador: Rodrigo Torres e Carmen Josse (EcoCiencia)
Vários colaboradores
Gaia: Alejandra Salazar
Perú: Sandra Ríos (IBC)
Venezuela: Irene Zager e Juan Carlos Amilibia (Provita) IBC: María Rosa Montes
ISBN 978-65-88037-08-9
ISA: João Victor Siqueira (consultor) e William Pereira Lima 1. Amazônia - Condições econômicas 2. Amazônia -
Provita: Ingrid Zager e Norberto Méndez Condições sociais 3. Amazônia - Clima 4. Amazônia
08 A Amazônia
Desmatamento
Bolivia: Saul Cuéllar (FAN) Wataniba: Diana Guevara, Napoleón Malpica e Ruth - Desenvolvimento 5. Área de proteção ambiental -
Salazar-Gascón Amazônia 6. Biodiversidade - Amazônia 7. Conservação 12 Biodiversidade e diversidade cultural
Brasil: Cícero Augusto e Antonio Oviedo (ISA) e Antonio
Aos fotógrafos da natureza - Amazônia 8. Desmatamento - Amazônia 9.
Victor (Imazon)
Alberto Blanco, Álvaro Del Campo, Ana María Acosta,
Povos indígenas - Territórios 10. Problemas sociais 11. 14 Quadro explicativo 1 A Amazônia urbana
Colombia: Karen Huertas e Andrés Llanos (Gaia) Queimadas - Amazônia
Ecuador: María Olga Borja (EcoCiencia) Bruno Kelly, Caio Guatelli, Daniel Paranayba, Esteban
Suárez Robalino, Felipe Werneck, Jesús Chucho Sosa,
Perú: Sandra Ríos (IBC) 21-56016 CDD-363.705
Lalo de Almeida, Marcelo Arze, Sebastian Tapia, Sebastião
Venezuela: Rodrigo Lazo, Emanuel Valero e Irene Zager
(Provita); Tina Oliveira-Miranda (Wataniba)
Salgado, Taylor Nunes, Wilfredo A. Garzón Paipilla Índices para catálogo sistemático: 16 Territórios Indígenas e Áreas Naturais Protegidas
Junta Diretiva RAISG 1. Amazônia : Povos indígenas : Atlas de pressões e
Hidroelétricas ameaças : Problemas sociais 363.705
Beto Ricardo (ISA), coordenador geral
Bolivia: Marlene Quintanilla, Jan Spickenbom e Saúl
Cuéllar (FAN)
Bibiana Sucre Smith (Provita)
Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964
20 Pressões e ameaças
Carlos Souza Jr. (Imazon)
Brasil: Júlia Jacomini (ISA)
Colombia: Andrés Llanos (Gaia)
Carmen Josse (EcoCiencia) 20 Infraestrutura
Francisco von Hildebrand (Gaia)
Ecuador: Rodrigo Torres (EcoCiencia) ISBN 978-65-88037-08-9
Perú: Pedro Tipula (IBC)
Maria Teresa Quispe (Wataniba) 20 Vias
Miguel Macedo (IBC)
Venezuela: Juan Carlos Amilibia (Provita) e Tina Oliveira-
Miranda (Wataniba) Natalia Calderón Angeleri (FAN) 24 Hidrelétricas
Queimadas
Bolivia: Saul Cuéllar, Armando Rodriguez, Rodney 64 Conclusão
Camargo e Marlene Quintanilla (FAN)
Brasil: Antonio Oviedo e Cícero Augusto (ISA)
Colombia: Karen Huertas (Gaia)
Apoio
66 Fontes de informação
Ecuador: Rodrigo Torres (EcoCiencia)
Perú: Nicole Moreno e Andrea Bravo (IBC)
Venezuela: Rodrigo Lazo, José Sánchez (Provita) e Tina
Oliveira-Miranda (Wataniba) ESPECIAL Rios voadores + Água Amazônia
APRESENTAÇÃO habitantes locais e a proteção desses ecossistemas
de inestimável valor para as gerações presentes
PROCESSO dos ecossistemas naturais e, consequentemente,
dos benefícios que estes oferecem. Enquanto os
As ANPs são uma ferramenta das sociedades das à indústria extrativista de mineração e petróleo,
para garantir a preservação dos componentes de assim como as atividades agrícola e pecuária.
paisagem; por meio delas, busca-se a proteção as atividades que ocorrem à margem da lei, como
04 05
a mineração ilegal, o desmatamento não autoriza- definidas unidades homogêneas de análise (UHA), 2012 a 2020: Mudanças ao
do e o cultivo de ilícitos, por suas repercussões na que também são conhecidas como tesselas, por longo do tempo
transformação do espaço. sua estreita relação com o sistema matricial que usa
o formato raster. Em nosso caso, foram definidos Desde a última edição, publicada em 2012, as aná-
A classificação de pressões e ameaças tem sido hexágonos de 20 km², que tomaram como base lises da Raisg melhoraram em matéria de metodo-
utilizada pela Raisg desde a primeira edição de histogramas ou gráficos de frequência do tamanho logia, acesso à informação e precisão cartográfica.
Amazônia sob pressão. Assim, por pressão nos re- de polígonos para as variáveis de interesse, como Como resultado, é possível encontrar algumas dis-
ferimos àquelas atividades que estão em processo petróleo, mineração e atividade agropecuária. paridades em relação aos dados de 2020. Dessa
de instalação e cujos impactos podem ser medidos; Dessa forma, a Amazônia foi dividida em aproxima- maneira, as análises temporais comparativas são
enquanto as ameaças referem-se a projetos e inves- damente 424 mil UHA. apenas referenciais.
timentos planejados, cujas características permitem
calcular seus impactos futuros. Para poder realizar a análise-síntese por unidade Na presente publicação, conseguimos incorporar
homogênea de análise, determinou-se para cada informações que se estendem até a divisa da bacia
Este estudo se baseia em cálculos e estimativas categoria de cada pressão e sintoma um peso, com amazônica na região andina, área não incluída nas
resultantes de análises realizadas com ferramen- base no critério de especialistas. Assim, aplicando análises realizadas em 2012. Levando em consi-
tas do Sistema de Informação Geográfica (SIG), a métrica de somas ponderadas, estabeleceu-se o deração tais diferenças, em cada capítulo foram
que ajudam apontar tendências em nível regional. valor de “ameaça” de cada célula, o que permitiu incorporadas informações correspondentes aos
Portanto, podem diferir, em alguma medida, dos identificar as áreas de conflito – zonas nas quais novos limites (mais amplos) e comparações tempo-
valores oficiais nacionais. as pressões se sobrepõem às áreas protegidas rais sobre as áreas analisadas em 2012 e 2020. Os
(ANPs e TIs). ajustes mencionados se realizaram de acordo com
as especificidades de cada tema. Portanto, reco-
mendamos aos pesquisadores, comunicadores,
Sintomas e consequências ativistas e cidadãos que utilizem o Amazônia sob
Cabeceiras de bacias hidrográficas e pressão como referência e que, ao comparar os
São diversas as pressões que afetam a Amazônia; sazonalidade de inundações resultados de 2012 com os de 2020, considerem as
no capítulo “Pressões e ameaças” apresentamos disposições de cada capítulo.
várias delas. Entretanto, estas não são as únicas Entre os temas tratados nesta publicação, decidi-
existentes. Uma forma de abordar as transforma- mos dar especial ênfase ao aspecto hidrológico.
ções que todas as atividades, em conjunto, geram Para tanto, foram realizadas análises da produtivida-
Monte Katantika, Parque sobre os ecossistemas naturais terrestres na região de hídrica das bacias hidrográficas de todo o limite
Nacional Apolobamba, La Paz,
é examinar três consequências das mesmas: des- da Amazônia.
Bolívia. Marcelo Arze/FAN, 2013.
matamento, queimadas e mudança na quantidade
de carbono armazenado. Sua relação com as dife- Com o objetivo de dimensionar a importância das
rentes atividades pode ser mais ou menos direta, cabeceiras de bacias hidrográficas na escala da
mas sem dúvida existe. Amazônia, realizou-se uma análise que primeiro
identificou pequenas bacias (microbacias de aproxi-
Em 2012, dedicamos uma seção do Atlas ao pro- madamente 500 km²), as quais foram hierarquiza-
cesso de desmatamento e aos focos de calor; nesta das segundo os níveis de Strahler (escala de rios
edição, aprofundamos a análise e incorporamos ou drenagens que variam entre um, em vertentes,
a mudança no carbono armazenado na biomassa e sete, para rios com mais afluentes). Tal análise foi
florestal. Assim, apresentamos uma avaliação que combinada com os dados de altitude, para diferen-
permite compreender um pouco melhor o processo ciar as cabeceiras de bacia em níveis altitudinais
de degradação florestal, prever potenciais impac- maiores. Além disso, somou-se os dados da taxa
tos na regulação do clima e localizar as áreas que de balanço hídrico, gerado a partir da precipitação
sofreram maiores transformações. e evapotranspiração (HydroSHEDS), o que permitiu
identificar as zonas com maior excedente de água. Parte da equipe da Raisg.. Sebastian Tapia, 2019.
Produto dessa análise, no mapa resultante é possí-
vel identificar: 1) cabeceiras de bacia de muito alta
Mapas-síntese produtividade, alta produtividade e zonas produto-
ras; 2) conexão hidroecológica, diferenciadas por
Análises multitemáticas e, especialmente, multitem- Zonas de Conectividade Hidrológica e 3) Zonas de
porais, são de grande utilidade para a compreen- Acumulação Hídrica (média a muito alta).
são das dinâmicas socioambientais na Amazônia.
Para tanto, nesta publicação usou-se com fre- Para completar a análise, incluiu-se uma observa-
quência unidades temáticas de análise. Na versão ção detalhada do pulso de inundação em toda a
anterior do Atlas e em outras publicações da Raisg, região. Assim, para o mapa de sazonalidade das
haviam sido utilizados, para o mesmo fim, os limites inundações, criamos uma classificação que divide
nacionais e as unidades de ANPs e TIs. as áreas segundo variações que vão de muito bai-
xas a muito altas.
Como inovação metodológica e ferramenta de
síntese dos componentes de pressão, ameaça, Todos os mapas de análise relacionados podem ser
Vulcão Antisa visto do Parque e sintomas e consequências da atividade huma- encontrados no encarte anexo.
Nacional Cayambe Coca,
na apresentados em diversos capítulos, foram
Ecuador. Esteban Suárez Robalino, 2019.
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Caracas
Tucupita
Bogotá Cayenne
Nueva Loja
Quito Macapá
ECUADOR Marajó
Ambato Belém
Puyo
Riobamba
São Luís
Azogues
Manaus
Cuenca
Loja Iquitos Leticia Araguaia-
Zamora
Tocantins
Moyobamba
Amazonas
Chachapoyas
Cajamarca
Pucallpa
Porto Velho
Huánuco Rio Branco
Palmas
PERÚ BRASIL
Cobija
Lima Huancayo
Puerto Maldonado
Cusco
Trinidad
Cuiabá
Cochabamba
Santa Cruz de la Sierra
Na análise apresentada em Amazônia sob pressão, Colombia (Sinchi), os quais alertam sobre a impos- LIMITE RAISG (Limite máximo amazônico) BIOMA AMAZÔNICO
empregamos o termo “Amazônia” para nos referir sibilidade de adotar um só parâmetro para descre- bioma + regiões administrativas + bacias hidrográficas 7.004.120 km2
08 09
Caracas
Tucupita
Bogotá Cayenne
Nueva Loja
Quito Macapá
ECUADOR
Ambato Belém
Puyo
Riobamba
São Luís
Azogues
Manaus
Cuenca
Loja Iquitos Leticia
Zamora
Moyobamba
Chachapoyas
Cajamarca
Pucallpa
Porto Velho
Huánuco Rio Branco
Palmas
PERÚ BRASIL
Cobija
Lima Huancayo
Puerto Maldonado
Cusco
Trinidad
Cuiabá
Cochabamba
Santa Cruz de la Sierra
Sucre
0 100 200 300 400 km
RAISG, 2020
IMAGEM DO FUNDO: GEBCO; NOAA NCEI
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BIODIVERSIDADE Para compreender por que essa diversidade de
vida e paisagens permanece conservada é neces-
12 13
QUADRO EXPLICATIVO 1 A AMAZÔNIA URBANA
Bertha Becker, uma das principais pesquisadoras da Amazônia urbana brasileira, nos
anos 1980 começou a demonstrar que inclusive os espaços que não eram urbaniza- San José del Guaviare e o rio Guaviare, Colombia. Wilfredo A. Garzón Paipilla, 2013.
dos sofreram uma enorme influência das cidades. Nas palavras da pesquisadora, a
Amazônia brasileira se transformou em uma “floresta urbana”.
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Caracas
Tucupita
Nueva Loja
Quito Macapá
ECUADOR !
Belém
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Puyo
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São Luís
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BRASIL
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Cobija
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TERRITÓRIOS
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Lima Huancayo
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Puerto Maldonado
Cusco
Trinidad
INDÍGENAS E ÁREAS
Cuiabá
Cochabamba
Santa Cruz de la Sierra
LIMITE RAISG
O reconhecimento dos direitos territoriais dos povos ocupação tradicional reconhecido oficialmente, ter- FLORESTA FORA DE TI / ANP
indígenas e o estabelecimento de áreas naturais ritório de uso e ocupação tradicional sem reconhe-
protegidas são ações cruciais para a proteção da cimento oficial, Reserva Indígena ou Zona Intangível
diversidade socioambiental. (reservadas para povos indígenas em isolamento) e
proposta de Reserva Indígena.
Até então, os Territórios Indígenas (TIs) com-
preendem 2.376.140 km², equivalentes a 27,5% da Desde 2012, quando foi publicada Amazônia sob
Amazônia, e as Áreas Naturais Protegidas (ANPs) pressão, houve um aumento de 211.879 km² (6% do
somam 2.123.007 km², representando 24,6% da que existia naquele ano) na superfície reconhecida
região. Para não superestimar essa porção do terri- como TIs e ANPs, em seis dos países que com-
tório é preciso lembrar que 17,7% da superfície dos põem a Amazônia.
TIs se sobrepõem às ANPs (420.563 km²). Juntos,
os TIs e as ANPs cobrem 47,3% da Amazônia, Ainda que o dado seja positivo, os esforços gover-
segundo informações disponíveis em dezem- namentais para consolidar políticas que garantam o
bro de 2019. reconhecimento e a devida proteção a TIs e ANPs
são escassos na maior parte dos países amazôni-
As ANPs de uso direto são as mais numerosas cos, e em alguns casos, como no Brasil, atingiram
na região (50,5%) e também as que cobrem uma um estado de completa paralisia nos últimos anos.
maior superfície (1.071.799 km²). Em seguida, vêm
Imagem acima: Mulheres waorani as ANPs de uso indireto (48,2%), com mais de um Por abranger a maior parte (61,8%) da Amazônia,
em Gareno, província de Napo,
milhão de quilômetros quadrados (1.022.415 km²). o Brasil tem a maior quantidade de TIs e ANPs,
Ecuador. Ana María Acosta / Fundación
EcoCiencia, 2019.
mas proporcionalmente é o país com menos ter-
Os TIs, por sua vez, variam sua abrangência se- ritório amazônico protegido sob tais figuras ofi-
Imagem ao lado: Raudal de
gundo o grau de reconhecimento. Tendo em vista ciais (42,2%).
Ceguera e tepuí Monumento
Natural Autana, Venezuela. Alberto esse critério e os dados compilados por país, foram
Blanco, 2015. estabelecidas quatro categorias: território de uso e
16
Caracas Caracas
Tucupita Tucupita
Riobamba !
Riobamba
São Luís São Luís
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Azogues Azogues
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Manaus Manaus
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Cuenca Cuenca
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Loja Loja
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Iquitos Leticia Iquitos Leticia
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Zamora Zamora
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Moyobamba Moyobamba
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Chachapoyas Chachapoyas
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Pucallpa
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Pucallpa
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Porto Velho Porto Velho
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Huánuco Rio Branco Huánuco Rio Branco
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Palmas Palmas
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PERÚ PERÚ
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BRASIL BRASIL
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Cobija Cobija
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Lima Huancayo
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! Lima Huancayo
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Puerto Maldonado Puerto Maldonado
Cusco Cusco
Trinidad Trinidad
Cuiabá Cuiabá
Cochabamba Cochabamba
Santa Cruz de la Sierra Santa Cruz de la Sierra
Sucre Sucre
0 100 200 300 400 km 0 100 200 300 400 km
RAISG, 2020 RAISG, 2020
IMAGEM DO FUNDO: GEBCO; NOAA NCEI IMAGEM DO FUNDO: GEBCO; NOAA NCEI
MAPA 5. TERRITÓRIOS INDÍGENAS NA AMAZÔNIA (POR SEU GRAU DE RECONHECIMENTO) MAPA 6. ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS NA AMAZÔNIA (SEGUNDO SUA CATEGORIA DE USO)
TI RECONHECIDO USO DIRETO
OFICIALMENTE QUADRO 3. ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS E TERRITÓRIOS INDÍGENAS
USO DIRETO / INDIRETO
RESERVA INDÍGENA
NA AMAZÔNIA EM 2020 (KM2)
USO INDIRETO
OU ZONA INTANGÍVEL
Bolivia Brasil Colombia Ecuador Guyana Guyane Française Perú Suriname Venezuela Amazônia % USO TRANSITÓRIO
TI SEM RECONHECIMENTO
OFICIAL Áreas Naturais Protegidas 217.641 1.240.795 113.068 52.810 10.357 61.794 203.354 26.047 197.142 2.123.007 24,6%
PROPOSTA DE RESERVA Territórios Indígenas 187.418 1.153.825 269.786 73.653 31.671 7.068 327.202 s.i. 325.517 2.376.140 27,5% FLORESTA FORA DE ANP
INDÍGENA
Sobreposição entre ANP e TI 55.510 104.985 32.202 17.941 997 6.289 32.889 s.i. 169.750 420.563 4,9% LIMITE RAISG
COMUNIDADE SEM
Área protegida por ANP ou TI (descontada
RECONHECIMENTO OFICIAL 349.549 2.289.635 350.652 108.522 41.031 62.573 497.667 26.047 352.909 4.078.585 47,2%
a sobreposição entre elas)
FLORESTA FORA DE TI
% da Amazônia sob TIs e ANPs 49,3% 42,2% 69,4% 82,3% 19,1% 74,3% 51,6% 17,8% 77,0%
LIMITE RAISG
Colombia FIGURA 1.
350.652 km2
SUPERFÍCIE FIGURA 2. TERRITÓRIOS
PROTEGIDA DA INDÍGENAS SEGUNDO A FIGURA 3. DISTRIBUIÇÃO DA
AMAZÔNIA (SOB ANP CATEGORIA E O GRAU SUPERFÍCIE DAS ANP, POR
OU TI) DE RECONHECIMENTO CATEGORIA
18 19
PRESSÕES E AMEAÇAS
A Amazônia não está isolada do impacto de transformações socioambientais, gera poluição am- Apesar dessa ser uma variável importante para Imagem acima: Fila de caminhões
na BR 163, no Pará, Brasil. Daniel
megaprojetos de infraestrutura e de indústrias biental por ruído, partículas e resíduos sólidos, a con- a avaliação dos impactos na região, os dados
Paranayba / ISA, 2017.
extrativas, como a construção de estradas e taminação do ar, a sedimentação de rios e a pertur- vinculados são deficientes em termos de escala
vias, a instalação de usinas hidrelétricas e as bação da biodiversidade. Além disso, está associada espacial e da caracterização individual das vias.
a atividades que agridem os recursos naturais, como Para esses casos, a Raisg utilizou o dado disponível
concessões para mineração e extração de
a exploração ilegal de madeira, minerais, da fauna, a mais apropriado para cada país, consolidando uma
petróleo. Qual é a dimensão real dos projetos
atividade agropecuária, os projetos de urbanização camada de informação com mais de 96 mil km de
em curso e daqueles que ainda estão em fase
e as mudanças no valor do território decorrentes de malha rodoviária. As estradas foram classificadas
de planejamento?
irregularidades na posse e propriedade da terra, em: pavimentadas, não pavimentadas e planejadas.
entre outros. As trilhas ou atalhos não foram considerados5.
20 21
Caracas
Tucupita
Bogotá Cayenne
BR-156
Florencia
Mitú
Mocoa BR-
210
Nueva Loja
Quito Macapá
ECUADOR
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Riobamba
5
São Luís
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Cuenca
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Loja Iquitos Leticia
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31
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BR-36 -23
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Lima Huancayo BR MT
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Norte-Sul
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Cusco
Terminal de grão em Miritituba,
4
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Trinidad no rio Tapajós, Itaituba, Pará,
Cuiabá Brasil. Lalo de Almeida, 2018.
La Paz BOLIVIA Brasília QUADRO 4. DENSIDADE DE VIAS POR TIPO E PAÍS, NA AMAZÔNIA, EM 2020
Cochabamba
Santa Cruz de la Sierra
Densidade ((km/km2)*1000)
Considerando a área de impacto de 40 km de am- responsabilidade por essa mudança foram Perú,
bos os lados das estradas e de 20 km no caso de Bolivia e Brasil (figura 4).
ferrovias, esta análise concluiu que a infraestrutura Guyane Française
de vias, de forma geral, afeta 4,6 milhões de quilô- As ANPs e os TIs sofrem cada vez mais o impacto Ecuador
metros quadrados (km²) da Amazônia, que equi- e a ameaça da ampliação da malha viária terrestre.
Suriname
valem a 55% de sua superfície total, impactando a Entre 2012 e 2020 registrou-se um aumento de 45%
de sua densidade em ANPs e de 44% em TIs. Guyana
biodiversidade e as comunidades que a habitam.
Venezuela
A densidade de vias na Amazônia, calculada a Ainda que o aumento da densidade viária dentro
Bolivia
partir da extensão de estradas e território, aumentou dos TIs tenha ocorrido tanto em territórios reco-
51% entre 2012 e 2020, passando de 12,4 km/km² nhecidos como em não reconhecidos, a análise Colombia
para 18,7 km/km². Os países que lideraram essa das zonas intangíveis dos territórios faz soar novos Perú
expansão foram a Colombia, o Perú e a Venezuela. alarmes. Nessas áreas, onde praticamente não há
Brasil
No caso das vias pavimentadas, durante esse pe- vias terrestres, a densidade de vias planejadas é FIGURA 4. MUDANÇA
Total Amazônia 2012
ríodo houve uma explosão na densidade viária com 4,3 vezes superior à média total dentro dos TIs. NA DENSIDADE DE
um aumento de 110% na Amazônia, passando de 0 5 10 15 20 25 30 35 40 2020 VIAS EXISTENTES NA
4,1 km/km² para 8,6 km/km². Os países com maior densidade de vias ((km/km )*1.000)
2 AMAZÔNIA, POR PAÍS
22 23
Caracas
Tucupita
estão localizadas principalmente nas cabeceiras de 31% nas UHEs (Figura 6). Ú Ú
Ú
Sucre
rios sobre a cordilheira andina, o que representa um 0 100 200 300 400 km
Ú
enorme risco de perda de conectividade entre as Em relação aos TIs, ao compararmos 2012 com IMAGEM DO FUNDO: GEBCO; NOAA NCEI
RAISG, 2020
EM CONSTRUÇÃO
PLANEJADA
37
36
246 35
250
30 30
200 184 26
171 177 179 25
25
23
150 21 20
20 20 20
120
107 16 16 16
102 15 15
100
13
75 77 12
67 11 10
10 10 10
51
50 8 7
6 6 6
5 5 5 4
3
0 2
0 0
PCH UE total PCH UE total
2012 PCH UE total PCH UE total PCH UE total PCH UE total
Atuais Planejadas Atuais Planejadas Atuais Planejadas
2020
*Limite Raisg FIGURA 5. HIDRELÉTRICAS EXISTENTES E PLANEJADAS FIGURA 6. HIDRELÉTRICAS EXISTENTES E PLANEJADAS FIGURA 7. HIDRELÉTRICAS EXISTENTES E PLANEJADAS
(v. seção Processo de análises, pág 05) EM 2012 E 2020, NA AMAZÔNIA* EM 2012 E 2020, EM ANPS DA AMAZÔNIA* EM 2012 E 2020, EM TIS DA AMAZÔNIA*
24 25
Caracas
Tucupita
Georgetown
!
Paramaribo
GUYANA
!
!
Puerto Ayacucho ! !!
!
!
Saint-Laurent
!
Bogotá ! !
! !! ! Cayenne
!
GUYANE
!
COLOMBIA SURINAME
!
FR
!
Inírida
Lethem
!
S.José del Guaviare !!!
!
!!
Boa Vista ! !
Florencia
! !
!
Mitú !
Mocoa !
!
! ! ! !!!
Nueva!!Loja
!
Quito
!
Macapá
!! !
! ! !
! ! !
ECUADOR
! !!!!!
!!!
! !!
! ! !
!
! !! ! !
!
Ambato !! !
!
! !
Belém
Puyo ! !
!!
Riobamba
!
!! São Luís
Azogues !!
!
!
!
!! Manaus !
Cuenca !
!! ! !
!
!
Loja ! !
Iquitos Leticia ! !
!!
!
! !!
! ! !!
!
Zamora !!!
! !
!!
! !!
!
! ! ! !
!
!!
! !
!! !
! !
!! !
! ! !
Moyobamba
!
!! ! ! !!
! ! !
! !! ! !
Chachapoyas
!! ! !
! ! !
! !
!
! ! ! ! !!
! ! ! !
Cajamarca !!
!
! ! ! !!
! ! ! !
! !
! ! !
! !
!
Pucallpa !
!
! ! !! !!
!! !
Porto Velho!
!
! ! !
!
! ! ! !
!
! ! ! !
! !
Huánuco ! ! !
!
Rio Branco
! ! !! !
! !!
!
Palmas
!!
PERÚ
! !! !
! ! ! ! !
!!
BRASIL
! ! !!!!
! !!
! ! !
! ! !
! ! !!
!! ! !
! !!! !! !
!! !
!! !
!
!!!!! !! Cobija
! ! !! ! ! !
!!
!! !!
Lima
!
Huancayo
! !
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!
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!! ! !!!! ! ! !!
Puerto Maldonado
! ! ! !
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Cusco ! !!!
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!
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Trinidad !
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! !
Cuiabá
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!! ! !! !! ! !!
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! ! ! !!!! ! ! ! !
! ! ! ! !
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! ! ! ! ! !!!
!
BOLIVIA
!! !! !!
!! !! !
Brasília
! !!! !! !!
!! !!!! !!
La Paz
! !! !! ! !!
!! ! !! !! !!!!!!
!! ! !! ! !
! !
! ! ! ! ! !
Cochabamba
! !! ! !
! !
! !
!!!
!
!!
!! !
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!!
!
! Santa Cruz de la Sierra !!
! !!
!
!
!
!!
!
!
!!
!
!
Sucre
! 0 100 200 300 400 km
RAISG, 2020
IMAGEM DO FUNDO: GEBCO; NOAA NCEI
Segundo informações atuais (Quadro 5), as PCHs O mapa 9 identifica os sistemas hidrológicos seis e 15 hidrelétricas em operação ou construção, MUITO BAIXA
sofreram o maior crescimento; hoje há 238 em (bacias de aproximadamente 450 km²) que apre- algumas delas usinas (2 a 5 UHEs). BAIXA
QUADRO 5. PRESSÃO E AMEAÇA DE HIDRELÉTRICAS POR PAÍS
funcionamento e outras 350 planejadas, enquanto sentam vulnerabilidade muito alta. Isso se deve
MODERADA
há 112 UHEs em operação e outras 133 planeja- ao fato de que as hidrelétricas alteram a dinâmica A vulnerabilidade média engloba bacias com alto ní-
Atuais Planejadas TOTAL ALTA
das. Estas últimas são as mais preocupantes, pois e sazonalidade das inundações, um processo vel de emissão de gases que contribuem para o efei-
País
PCH UHE TOTAL PCH UHE TOTAL GERAL são obras de grandes proporções, algumas com fundamental para o funcionamento dos ecossiste- to estufa pela acumulação de óxido nitroso e metano, MUITO ALTA
capacidade acima de 2 mil MW (por exemplo, São mas – eles se transformam em áreas alagadas no resultado da decomposição de árvores e vegetação Fonte: elaborado por FAN para RAISG, 2020
Brasil 137 44 181 340 107 447 628
Simão Alto e Chacorão no Brasil, Madera na Bolivia, período de chuvas e seus solos ficam enriquecidos inundada. Sob essa categoria também foram incluí- (v. seção Processo de Análise, pág. 5)
Perú 61 15 76 4 9 13 89 e Tayucay e El Infierno na Venezuela). na época seca, gerando uma dinâmica ecológica das bacias que estão sujeitas a mais pressão por
própria. As bacias com alto número de hidrelétricas estarem em áreas de risco iminente (Andes e altas
Ecuador 28 34 62 62
As hidrelétricas também podem ser classificadas também foram classificadas com grau 5, como é o bacias no sul da Amazônia brasileira), além disso,
Bolivia 1 13 14 1 14 15 29 de acordo com sua capacidade de geração de caso do Ecuador e parte do Perú, onde há entre 16 várias das bacias possuem de uma a cinco hidrelétri-
energia. Na região, há 28 hidrelétricas operando e 25 hidrelétricas em uma mesma bacia, várias de- cas, sendo uma delas uma usina (1 UHE).
Venezuela 10 4 14 5 2 7 21
com capacidade maior que 300 MW, incluindo a las categorizadas como usinas (UHEs). Além disso,
Colombia 1 1 1 terceira maior do mundo, a usina de Belo Monte, as bacias onde há usinas consideradas megaproje- Por fim, o grau baixa vulnerabilidade reúne as bacias
localizada na bacia do rio Xingu, no estado do tos, por terem capacidade maior do que 3.000 MW, que se encontram sob ameaça de novos projetos
Guyane Française 1 1 1 de hidrelétricas, as quais exercem pressão quando
Pará, que entrou em funcionamento em 2016 sem foram consideradas com muito alta vulnerabilidade
Guyana 1 1 1 cumprir com os planos de mitigação dos impactos por conta de sua grande dimensão e impacto; é o implementadas. O Brasil apresenta um panorama
socioambientais. caso de Belo Monte, Tucuruí, Jirau e Santo Antônio preocupante, pois há planos de novas hidrelétricas
Suriname 1 1 1 em várias cabeceiras e afluentes de bacias localiza-
no Brasil.
TOTAL 238 112 350 350 133 483 833 Estima-se que nos próximos anos a quantidade das no sul e sudeste amazônico; em algumas bacias
desse tipo de obra duplicará, já que há 33 proje- A alta vulnerabilidade define as bacias com alto o número poderia aumentar de 16 para 25 hidrelétri-
tos de novas hidrelétricas com capacidade supe- índice de aridez, ou seja, alto risco de seca, já que cas, o que se intensificará ainda mais com a possível
rior a 300 MW. estas se intensificam com a contenção de água instalação de até 10 usinas (UHEs).
para a geração de energia elétrica. Nesses siste-
mas hidrológicos também foram identificadas entre
26 27
Caracas
Tucupita
Inírida FR
Lethem
Petróleo Os lotes petroleiros ocupam 9,4% da superfície
S.José del Guaviare
Boa Vista
Florencia
amazônica, a maior parte deles (369) estão loca- Mocoa
Mitú
Os países da Amazônia concentram vastas reser-
lizados na Amazônia andina (Bolivia, Colombia, Nueva Loja
vas de petróleo; por sua natureza, as atividades de Quito Macapá
Perú, Ecuador), morada de vários povos indígenas, ECUADOR
extração pressionam e ameaçam – dependendo da Belém
inclusive alguns não contatados ou em isolamento Ambato
Puyo
fase em que se encontram – o equilíbrio ecológico e Riobamba
voluntário. Azogues
São Luís
as comunidades que vivem na região. Manaus
Cuenca
Loja Iquitos Leticia
Enquanto Perú, Brasil e Colombia reduziram a Zamora
O avanço das atividades de extração se explica em
extensão de território sob algum tipo de atividade
grande medida pelas expectativas governamentais Moyobamba
petroleira, Bolivia e Venezuela caminham na direção
de capitalizar esses recursos para impulsionar a Chachapoyas
contrária. Ecuador é o país com a maior superfície
economia regional. Além disso, nota-se que no Cajamarca
de seu território amazônico (51,5%) destinado a
desenho de políticas para o setor extrativo não
atividades petroleiras. Pucallpa
Porto Velho
são consideradas suficientemente as medidas de
Huánuco Rio Branco
Palmas
prevenção e mitigação dos impactos socioambien- PERÚ
Na Amazônia, os lotes petroleiros (em todas as suas BRASIL
tais, assim como os investimentos necessários para
fases) se sobrepõem a 11% (259.613 km²) da super- Cobija
Huancayo
compensar os impactos que, direta ou indiretamen- Lima
fície total dos TIs (Figura 8). Puerto Maldonado
te, são gerados por essas atividades na região.
Cusco
A análise também revela que 43% das áreas pe-
Os impactos ambientais das atividades extrativas Trinidad
trolíferas da região se encontram dentro de ANPs Cuiabá
incluem a contaminação do solo, da água e do
(88.926 km²) e de TIs (259.613 km²).
ar, mudanças na distribuição de espécies e ou- La Paz BOLIVIA Brasília
Cochabamba
tros aspectos. Entre os impactos sociais estão os Santa Cruz de la Sierra
Entre 2012 e 2020, a região amazônica registrou um
processos de decomposição social, a migração e o
aumento no número de lotes petroleiros. No entanto,
estabelecimento de novos assentamentos de comu- Sucre
no mesmo período, verificou-se uma diminuição na
0 100 200 300 400 km
nidades, o que, por sua vez, facilita o acesso aos
superfície territorial ocupada por essa atividade, em IMAGEM DO FUNDO: GEBCO; NOAA NCEI
RAISG, 2020
recursos naturais mediante a construção de infraes-
qualquer uma de suas fases, o que não necessaria-
trutura viária, resultando em impactos ambientais
adicionais.
mente se traduz em uma diminuição dessa indústria MAPA 10. LOTES PETROLEIROS NA AMAZÔNIA TI OU ANP EM EXPLORAÇÃO
na Amazônia. (SEGUNDO A FASE DA ATIVIDADE) FLORESTA FORA DE TI / ANP EM PESQUISA
28 29
No Perú, por exemplo, em 2012, as 18 bacias se- Mineração
dimentares com potencial de petróleo, cuja super-
QUADRO 7. QUANTIDADE E SUPERFÍCIE DAS ZONAS DE MINERAÇÃO NA AMAZÔNIA, POR PAÍS
fície pertence à Amazônia, estavam incluídas na Nos últimos anos, o aumento do preço do ouro
cartografia oficial. Hoje, as áreas não se encontram no mercado internacional aqueceu esta atividade
Superfície de zonas de mineração
mais em tais documentos. Isso não quer dizer que extrativa, ainda que os chamados minerais estraté- País Número de zonas
em um futuro próximo elas não possam voltar a ser gicos, como coltan e nióbio, façam parte dos novos Área (km2) % Amazônia x país % Amazônia total
oferecidas com o objetivo de intensificar a compra incentivos para a exploração na região.
Bolivia 3.632 11.116 1,6 0,1
e a exploração de petróleo. No Brasil ocorre algo
similar, a redução da área ocupada por tal atividade Em nossa análise, foram utilizadas informações Brasil 51.890 1.082.840 20,7 12,8
se deve ao fato de que os lotes que vão a leilão e geográficas de diferentes fontes, em nível nacional,
Colombia 807 9.004 1,8 0,1
não são de interesse de ninguém acabam saindo para cada um dos países amazônicos. A base de
da base de dados oficial. dados geográfica foi compilada nos primeiros me- Ecuador 3.796 10.021 7,6 0,1
ses de 2020, e a área calculada foi padronizada por
Guyana 749 100.452 47,6 1,2
A Bolivia passou de 73.215 km² de áreas petroleiras meio do mesmo sistema de projeção cartográfica. A
em 2012 para 156.583 km² distribuídos em 76 lotes legenda do mapa gerado corresponde às catego- Perú 22.934 81.713 8,5 1,0
em 2020. A Venezuela, cujas principais reservas rias existentes em cada país, a saber: em explora- Nota: Para a realização da
Suriname 11 30.194 20,6 0,4
de petróleo estão no norte da Amazônia, aumentou ção, em exploração/em prospecção, em prospec- presente análise não tivemos
de 3.319 km² sob atividade petroleira em 2012 para ção, concessão inativa, solicitação e potencial. acesso à informação cartográfica
Venezuela 948 115.136 24,5 1,4
de licenças e projetos de
12.137 km² em 2020. Cabe destacar que tal aumen-
TOTAL 84.767 1.440.476 - 17,0 mineração que existem atualmente
to na extensão não se deve à criação de novos lotes A mineração, presente em todos os países da na Guyane Française.
petroleiros, mas principalmente a uma atualização Amazônia, afeta 17% da região, compreendendo
na camada de informação da fonte oficial. 1.440.476 km², sendo que na maior parte de tal
extensão (56%) ocorrem atividades de exploração e
prospecção.
EM EXPLORAÇÃO
Proposta de Reserva Reserva Indígena Dos nove países amazônicos, quatro são respon- EM EXPLORAÇÃO/PESQUISA
Indígena ou Zona Intangível
9.335 km2 956 km2 sáveis por 96% da mineração na região: Brasil,
EM PESQUISA
Venezuela, Guyana e Perú, sendo que o Brasil con- TI OU ANP
TI sem CONCESSÃO SEM ATIVIDADE
reconhecimento centra mais áreas de interesse para essa atividade FLORESTA FORA
oficial extrativa (75%). Mais de um milhão de quilômetros DE TI / ANP REQUERIMENTO
45.407 km2 MAPA 11. ZONAS DE MINERAÇÃO NA AMAZÔNIA
quadrados de superfície amazônica (o equiva- (SEGUNDO A FASE DA ATIVIDADE) LIMITE RAISG POTENCIAL
lente a 12,8% das áreas de mineração em toda a
Amazônica) está comprometido com atividades
Caracas
minerárias legais, em suas diferentes fases.
Tucupita
TI reconhecido
Ciudad Bolívar Mabaruma
oficialmente Na Venezuela, o governo criou, em 2016, a Zona VENEZUELA
203.916 km2
de Desenvolvimento Estratégico Nacional do Arco Georgetown
Chachapoyas
Cajamarca
A extensão de projetos de mineração em Áreas
Nacional-uso
direto/indireto Naturais Protegidas (ANPs) corresponde a 9,3% Pucallpa
9.188 km2 Porto Velho
(195.535 km²). A maior extensão dessas zonas de Huánuco Rio Branco
Palmas
mineração se encontra sobreposta a ANPs esta- PERÚ BRASIL
Departamental- duais de uso direto, com 88.558 km². Em seguida Cobija
uso direto Lima Huancayo
42.489 km2 vêm as ANPs nacionais de uso direto, com 77.262 Puerto Maldonado
Nacional-uso
direto km². Cerca de 50% das zonas de mineração sobre-
Cusco
20.568 km2 postas a ANPs correspondem à fase de solicitação
Trinidad
(97.632 km²).
Cuiabá
30 31
Sucre
0 100 200 300 400 km
IMAGEM DO FUNDO: GEBCO; NOAA NCEI RAISG, 2020
Em pesquisa No caso dos Territórios Indígenas (TIs), a área ocu-
119.977 km2
pada por atividade de mineração que se sobrepõe
Em exploração/
pesquisa a esses territórios corresponde a 9% (267.155 km²),
Solicitação 106.762 km2 sendo que a mais afetada é a categoria de TIs
533.145 km2
reconhecidos, com 85,8% (229.341 km²). As zonas
de mineração em fase de solicitação apresentam a
maior sobreposição, com 68% (182.076 km²).
Nacional- Nacional-
uso indireto uso transitório Enquanto a Bolivia, a Venezuela e o Ecuador apre-
16.959 km2 40 km2
Nacional-uso sentaram um aumento na quantidade e extensão
direto/indireto
3.655 km2 de zonas de mineração em alguma das fases da
atividade, a Colombia, o Brasil e Perú caminharam
no sentido contrário. Na Colombia, isso ocorreu
Departamental-
especialmente devido à depuração do cadastro da
atividade, que se focou nos processos de solicita-
ATIVIDADE ano-base o ano de 2000. Assim, foram extraídos
todos os pixels classificados como de uso agrope-
uso direto
88.558 km2
ção e na verificação do cumprimento dos requisitos
legais para esse procedimento.
AGROPECUÁRIA cuário naquele ano.
32 33
Caracas
Tucupita
km2 Paramaribo
Puerto Ayacucho GUYANA Saint-Laurent
50.000
Bogotá Cayenne
45.000
40.000 COLOMBIA SURINAME GUYANE
35.000
Inírida FR
S.José del Guaviare Lethem
30.000 Boa Vista
Florencia
25.000 Mitú
Mocoa
20.000
15.000 Nueva Loja
Quito Macapá
10.000
ECUADOR
5.000 em áreas de floresta em 2000 Ambato
Puyo
Belém
Riobamba
0 São Luís
Azogues
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 em áreas de não floresta em 2000 Manaus
Cuenca
Loja Iquitos Leticia
Zamora
FIGURA 12. EXTENSÃO DE NOVAS ÁREAS AGROPECUÁRIAS
EM ÁREAS DE FLORESTA E NÃO FLORESTA (2001-2018) Moyobamba
Chachapoyas
Cajamarca
Pucallpa
km2 Porto Velho
3.500 Huánuco Rio Branco
Palmas
PERÚ BRASIL
3.000
Cobija
2.500 Lima Huancayo
Puerto Maldonado
2.000
departamental - uso direto Cusco
1.500
departamental - uso indireto Trinidad
1.000
nacional - uso indireto Cuiabá
500 nacional - uso direto/indireto La Paz BOLIVIA Brasília
Sucre
4.000
USO DO SOLO 2000-2018
3.500
3.000 FLORESTA EM 2000
2.500 NÃO FLORESTA EM 2000
2.000
1.500
TI reconhecido oficialmente ÁREAS DE ATIVIDADE
1.000
Em outros países, um aspecto que requer atenção AGROPECUÁRIA
500 TI sem reconhecimento oficial
é a migração para a região amazônica em busca
0 Proposta de Reserva Indígena ÁREAS COM ATIVIDADE
de terras para o desenvolvimento da atividade AGROPECUÁRIA EM 2000
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Reserva Indígena ou Zona Intangível
agropecuária, como ocorre no Perú, onde habitan-
ÁREA NÃO FLORESTAIS
tes da região andina se deslocam para a floresta
CONVERTIDAS A AGROPECUÁRIA
FIGURA 14. EXTENSÃO DE NOVAS ÁREAS DE USO tropical, obtêm terras por meio da ocupação ilegal ENTRE 2001 E 2018
AGROPECUÁRIO EM TI (2001-2018) e, após instalar plantações, formalizam sua posse.
ÁREAS FLORESTAIS
A modalidade surgiu após décadas de políticas CONVERTIDAS A AGROPECUÁRIA
nacionais de promoção da ocupação de uma ENTRE 2001 E 2018
“Amazônia vazia”.
Fonte: MapBiomas Amazônia,
Entre 2001 e 2018, o aumento de novas áreas de Políticas nacionais impulsionaram a atividade agro-
2000-2018
uso agropecuário dentro de ANPs foi maior que pecuária na região sem que fossem realizadas as Práticas de grilagem de terras também prosperam
220%, transformando 53.269 km² de áreas protegi- devidas análises sobre os impactos negativos para em alguns países amazônicos, como a Colombia,
das. Em 2000, 74% dessa superfície estava coberta o ecossistema e o valor da cobertura substituída, revelando a necessidade de maior controle go-
por florestas. como ocorreu na Bolivia. vernamental e melhorias nas práticas produtivas
convencionais, que vêm sendo usadas há anos,
Durante o mesmo período, os TIs vivenciaram um au- Incentivos de algumas instâncias governamentais erodindo o solo e diminuindo sua capacidade
mento maior que 160%, 42.860 km² desses territórios para a criação de fontes de trabalho, sem que produtiva, o que gera a necessidade de ampliar a
foram transformados em novas áreas de uso agro- houvesse o acompanhamento para evitar que tais chamada fronteira agrícola.
pecuário. Mais de 80% ocorreu em TIs reconhecidos atividades ocupassem áreas de floresta nativa ou
oficialmente. Assim como no caso das ANPs, a maior de proteção ambiental, também favoreceram o Da mesma forma, é necessário enfrentar desafios
parte dessas novas áreas (71%) era ocupada por aumento das fronteiras agrícolas em países como tecnológicos que permitam aumentar a produtivida-
florestas em 2000. o Ecuador. de das terras, para evitar a expansão dessas áreas.
34 35
QUADRO EXPLICATIVO 2 ECONOMIA ILEGAL
A economia ilegal que devasta a floresta amazônica move bilhões de dólares por
ano. Com estruturas que superam a capacidade de vigilância e o controle dos ór-
gãos do Estado e grandes investimentos que se mostram muito lucrativos, os agentes
que fomentam o desmatamento atuam nesse território cuja riqueza natural e tamanho
são, ao mesmo tempo, sua força e vulnerabilidade.
Pesquisas regionais revelam que a madeira extraída de TIs e ANPs é vendida, na iv Nellemann, C., Programa de
maioria dos casos, com documentos falsos. O esquema se reproduz em países INTERPOL sobre Delitos contra el
como Brasil, Perú, Ecuador, Bolivia e Colombia. Neste último, segundo estimativas do Medio Ambiente (coord.) (2012).
Carbono limpio, negocio sucio:
governo, em 2018, 47% da madeira no mercado era ilegalv.
tala ilegal, blanqueo y fraude fiscal
en los bosques tropicales del
Além disso, o desmatamento na região amazônica é impulsionado também pela mundo. Evaluación de respuesta
expansão de cultivos de uso ilícito. rápida. PNUMA, GRID-Arendal.
https://www.interpol.int/content/
download/5153/file/The%20
Na Colombia, ainda que o cultivo de coca não seja o principal motor da destruição
Environmental%20Crime%20
das florestas, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) re- Crisis%20-%20Threats%20to%20
latou uma redução de 9% na área ocupada por plantações de coca no país, pas- sustainable%20development%20
sando de 1.690 km² em 2018 para 1.540 em 2019. Desde 2015 os cultivos ilícitos from%20illegal%20exploitation%20
and%20trade%20in%20wildlife%20
mostram uma tendência a se localizar em zonas que permitem a implementação da
and%20forest%20resources%20
cadeia de produção completa; na Amazônia, essa situação se dá especialmente no ES.pdf?inLanguage=esl-ES
Departamento de Putumayo.
v WWF. (2018). Colombia
le apuesta a la madera le-
A indústria de ilícitos é, ainda, um vetor importante de poluição ambiental, atingindo gal https://www.wwf.org.
os cursos d’água e impactando a biodiversidade. co/?uNewsID=325008
36 37
Caracas
Tucupita
Moyobamba
Chachapoyas
Cusco O mapa de mineração ilegalvii da Raisg foi publicado pela primeira vez em 2018, como
Trinidad um esforço para visibilização desse problema na região. Em constante atualização, ele
Cuiabá
apresenta um novo panorama, o qual, no entanto, não é exaustivo devido à dificuldade
La Paz BOLIVIA Brasília
de registrar e quantificar a atividade.
Cochabamba
Santa Cruz de la Sierra
O sul da Venezuela experimentou nos últimos anos uma transformação impulsionada es-
Sucre
pecialmente pela exploração ilegal do ouro, que se tornou a grande aposta econômica
0 100 200 300 400 km de centenas de cidadãos e também do governo depois da queda do preço do petróleo
RAISG, 2020
IMAGEM DO FUNDO: GEBCO; NOAA NCEI
a partir de 2013.
A Raisg registrou, em 2020, 4.472 localidades onde se pratica mineração ilegal na Na Bolivia, a mineração ilegal está concentrada no coração de Santa Cruz, às margens
Amazônia, 87% deles em fase ativa de exploração. dos rios Madre de Dios e Orthon, e na região dos Yungas, uma das áreas com alto grau
de endemismo e biodiversidade. A exploração do ouro atrai o interesse nacional e es-
Essas localidades envolvem a exploração ilegal em diferentes escalas, sendo que trangeiro, promovendo uma expansão descontrolada na Amazônia boliviana.
17% são consideradas de pequena escala. O tamanho das áreas de exploração
vi RAISG. (2018). Minería ilegal
pode variar entre um e várias centenas de quilômetros quadrados (83%). A análise in- O desenvolvimento ilegal da extração de minerais, especialmente do ouro, alcança https://mineria.amazoniasocioam-
clui também trechos onde se realiza a mineração diretamente no leito do rio (0,05%). 17,3% (129) das ANPs e 10% (664) dos TIs da região amazônica. biental.org
38 39
Imagem à direita:
Uma operação de
desmonte de garimpos
ilegais na Terra
Indiígena Munduruku
foi interrompida no
dia 5 de agosto de
2020 por pressão dos
garimpeiros. Pará,
Brasil. Caio Guatelli, 2020.
40 41
Caracas
Tucupita
de pressão instalada ou em curso, sejam elas atividades extrativas, como a explo- COLOMBIA SURINAME GUYANE
Inírida FR
ração de petróleo e minerais, o desenvolvimento de infraestrutura viária, a atividade S.José del Guaviare Lethem
Boa Vista
agropecuária ou a presença de hidrelétrica. É importante destacar que essa análise Florencia
Mitú
não incluiu as estradas não oficiais, concessões florestais, cultivos de coca e palma, Mocoa
São Luís
não só cumulativos, mas sinergéticos, que causam significativa degradação das Azogues
Manaus
Cuenca
condições do meio ambiente na região.
Loja Iquitos Leticia
Zamora
(63%) está classificado sob grau de pressão “alta” (18%) e “muito alta” (45%). Trinidad
≤40 BAIXO
Cuiabá
≤60 MODERADO
La Paz BOLIVIA Brasília
análise, pág. 05). MAPA 14. SÍNTESE DAS PRESSÕES NA AMAZÔNIA IMAGEM DO FUNDO: GEBCO; NOAA NCEI
RAISG, 2020
Tucupita
ÍNDICE DE AMEAÇAS
Ciudad Bolívar Mabaruma
VENEZUELA
≤20 MUITO BAIXO
Georgetown
≤40 BAIXO
Paramaribo Os demais países da Amazônia apresentam entre 52% e 72% de sua porção ama-
Puerto Ayacucho GUYANA Saint-Laurent
Bogotá Cayenne zônica sob pressão, a maioria com intensidades que oscilam entre “moderada” e ≤60 MODERADO
GUYANE “muito alta”. Seguindo a mesma tendência, a Guyana possui apenas 19% de sua
COLOMBIA SURINAME ≤80 ALTO
Inírida FR porção amazônica livre de pressões, estando a maior parte sob o grau de pressão
S.José del Guaviare Lethem ≤100 MUITO ALTO
Boa Vista “moderada”.
Florencia
Mitú
Fonte: elaborado por GAIA Amazonas
Mocoa
para RAISG, 2020 (v. Processo de
Nueva Loja
Paralelamente, 27% do território amazônico sofre algum tipo de ameaça. Das áreas
análise, pág. 05).
Quito Macapá afetadas, 9% apresentam grau de intensidade “moderada”, 12% “alta” e 2%, “muito
ECUADOR
Ambato
Puyo
Belém alta”, como é possível observar no mapa 15.
Riobamba Plantação de soja próximo à Aldeia
São Luís
Azogues Ngôjwêrê, Querência, Mato Grosso,
Manaus
Cuenca Este mapa mostra que, em maior ou menor grau, quase todos os países da região Brasil. Fábio Nascimento / ISA, 2016.
Loja Iquitos Leticia têm uma parte de seu território amazônico ameaçada por algum tipo de infraestru-
Zamora
tura (vias ou hidrelétricas) ou atividade extrativas (mineração e petróleo). O Perú se
Moyobamba destaca como o país com o maior território amazônico ameaçado (42%), registrando
Chachapoyas
grau “muito alto” de ameaças, tanto de projetos de construção de vias e hidrelétricas
Cajamarca
como de exploração de petróleo.
Pucallpa
Porto Velho
Huánuco
No caso do Brasil e da Venezuela (27% e 18% do território estão sob ameaça, res-
Rio Branco
Palmas
PERÚ BRASIL pectivamente), os projetos de hidrelétricas e mineração são ameaças que podem
Cobija ser igualmente classificadas como “muito alta” – a extração de minerais também é
Lima Huancayo
Puerto Maldonado uma ameaça presente em outros países da região, ainda que sob o indicador “muito
baixo”. A Bolivia possui uma extensa área de exploração de hidrocarbonetos, segui-
Cusco
da por mineração e hidrelétricas; em 15% do território recebeu a classificação de
Trinidad
ameaça em grau “médio” a “muito alto”. A Colombia não apresenta ameaças “muito
Cuiabá
altas”, mas as possibilidades de exploração de minérios e petróleo estão localizadas
La Paz BOLIVIA Brasília
Cochabamba
em seu território amazônico.
Santa Cruz de la Sierra
42 43
Tucupita Tucupita
Moyobamba Moyobamba
Chachapoyas Chachapoyas
Cajamarca Cajamarca
Pucallpa Pucallpa
Porto Velho Porto Velho
Huánuco Rio Branco Huánuco Rio Branco
Palmas Palmas
PERÚ BRASIL PERÚ BRASIL
Cobija Cobija
Lima Huancayo Lima Huancayo
Puerto Maldonado Puerto Maldonado
Cusco Cusco
Trinidad Trinidad
Cuiabá Cuiabá
Cochabamba Cochabamba
Santa Cruz de la Sierra Santa Cruz de la Sierra
Sucre Sucre
0 100 200 300 400 km 0 100 200 300 400 km
RAISG, 2020 RAISG, 2020
IMAGEM DO FUNDO: GEBCO; NOAA NCEI IMAGEM DO FUNDO: GEBCO; NOAA NCEI
LIMITE RAISG MAPA 16. ÍNDICE DE PRESSÕES EM TI E ANP MAPA 17. ÍNDICE DE AMEAÇAS EM TI E ANP LIMITE RAISG
≤100 MUITO ALTO Diferente do restante da Amazônia, as ANPs e os TIs continuam dando mostras de sua sentando 56% das pressões “altas” em ANPs da Amazônia, e em grau “alto” e “muito ≤100 MUITO ALTO
importância como estratégia de preservação do bioma. Contudo, devido ao avanço alto” 32% e 24%, respectivamente.
Fonte: elaborado por GAIA Fonte: elaborado por GAIA
Amazonas para RAISG, 2020 (v. das atividades extrativas e do desenvolvimento de infraestrutura, essas unidades terri- Amazonas para RAISG, 2020 (v.
Processo de análise, pág. 05). toriais se encontram sob forte pressão e ameaça, e evidenciam a degradação causada A maior parte das ANPs sob pressão na Amazônia enfrentam pressões “moderadas” Processo de análise, pág. 05).
pela ação humana. ou “baixas”. No entanto, todos os países, com exceção da Guyana, já registram pres-
sões consideradas “altas” em algumas de suas áreas de proteção. Se observarmos de
A partir dos dados coletados e da delimitação das áreas protegidas, é possível deter- perto, 7% das áreas protegidas da Amazônia apresentam mais da metade de sua ex-
minar a porção territorial em que as atividades extrativas ou a construção de infraes- tensão sob pressão “alta” ou “muito alta” e cerca de 15%, isentas de pressão. A maior
trutura entram em conflito com a preservação do bioma amazônico, especialmente em parte delas (56%) encontra-se no Brasil.
regiões demarcadas por sua importância ambiental e social.
O panorama é similar em relação aos TIs, dos quais 48% sofrem algum tipo de pres-
A análise realizada aponta que 52% das áreas de proteção da Amazônia, sejam elas são. Ainda que apenas 0,25% do território nessas unidades registrem grau “muito alto”,
ANPs ou TIs, sofrem algum tipo de pressão. Mesmo que a maior parte esteja sob pres- um terço das terras indígenas da Amazônia apresenta mais da metade de sua área
são de grau “muito baixo” (12,6%) ou “baixo” (28%), 11% das áreas de proteção sofrem sob grau “alto” e “muito alto” de pressão.
pressões “moderadas” e 0,4%, “altas” e “muito altas”.
O Ecuador e a Guyana são os casos mais graves, com apenas 22% e 7% de seus
A maioria das unidades analisadas sob pressão “muito alta” e “alta”, em ANPs ou TIs, territórios indígenas livres de pressão, respectivamente; sendo que o Ecuador apresen-
estão localizadas no Ecuador (65%), ao passo que as regiões sob pressão “moderada” ta maior proporção em grau “muito alto” e “alto”, e a Guyana mais áreas sob pressão
se encontram principalmente no Brasil, no Perú, no Ecuador e na Bolivia. “baixa” ou “moderada”. Ainda em relação ao Ecuador, 12 de seus 14 TIs apresentam
mais de 90% de sua área sob grau “muito alto” de pressão.
Ao fazer a distinção entre o tipo de área de proteção, obtém-se que 51% do território
classificado como ANPs na Amazônia sofre algum tipo de pressão. A maior parte dele, Diferente do que ocorre nas ANPs, os TIs de quase todos os países amazônicos regis-
em grau “moderado” (21%) e “baixo” (19%); 1% e 3% está sob pressão “muito alta” e tram pressões “altas”, sendo o Perú (20%) e o Ecuador (18%) os países que concen-
“alta”, respectivamente. tram porções mais extensas sob tal grau.
44 45
Caracas
Tucupita
Bogotá Cayenne
Nueva Loja
Quito Macapá
ECUADOR
Ambato Belém
Puyo
Riobamba
São Luís
Azogues
Manaus
Cuenca
Loja Iquitos Leticia
Zamora
Moyobamba
Chachapoyas
Cajamarca
Pucallpa
Porto Velho
Huánuco Rio Branco
Palmas
PERÚ BRASIL
SINTOMAS E
Cobija
Lima Huancayo
Puerto Maldonado
Cusco
CONSEQUÊNCIAS DA
Trinidad
Cuiabá
Cochabamba
Santa Cruz de la Sierra
USO DO SOLO
Desmatamento, queimadas e perda de 2015 e em 2018 foram derrubados mais de 31.269 FLORESTA EM 2000
46 47
km2
50.000 QUEIMADAS
km2
40.000 O fogo, ferramenta empregada durante séculos
400.000
pelos povos indígenas da Amazônia sem notórias
transformações da paisagem, tem sido utilizado em 350.000
30.000
grande escala por outros atores locais nas últimas 300.000
20.000
décadas, o que levou à conversão de extensas áreas
de florestas tropicais em paisagens agropecuárias. 250.000
ÁREAS QUEIMADAS
Ainda que o Perú tenha assinado acordos interna- No Brasil, a Amazônia sofre um processo de des- (2001-2019)
cionais para reduzir o desmatamento, na prática, um matamento rápido e intenso. Em quase 50 anos, o
TI OU ANP Fonte: baseado em MODIS/
dos maiores desafios tem sido a falta de conexão en- país perdeu 18,9% de sua floresta original (798.629
MCD64A1 (período 2001-2019,
tre as políticas, as estratégias e as ações nacionais km², equivalentes a quase duas vezes o tamanho da MAPA 19. ÁREAS QUEIMADAS NA FLORESTA FORA DE TI / ANP
resolução 500m) e Sentinel-2 (20m)
e regionais com aquelas de nível local, que geram Alemanha). Nenhuma outra nação desmatou tanto AMAZÔNIA, NO PERÍODO DE 2001-2019 LIMITE RAISG (v. Processo de análise, pág. 05).
mudanças de forma mais direta. em tão pouco tempo.
Já o Ecuador viu, pela primeira vez desde 1990, Entre 2005 e 2011, a implementação de políticas am-
Caracas
um aumento em suas taxas de desmatamento entre bientais no país levou à redução dos altos índices de
Tucupita
2014 e 2018, segundo dados oficiais, um proces- desmatamento registrados no período anterior, mar-
Ciudad Bolívar Mabaruma
so que já podia ser observado em níveis locais da cado por uma ação mínima do governo. Porém, entre VENEZUELA
Amazônia desde 2015. 2012, que foi o ano com o menor nível de desmata- Georgetown
Paramaribo
mento (4.571 km²), e 2019, esses esforços sofreram Puerto Ayacucho GUYANA Saint-Laurent
O país perdeu, entre 2001 e 2018, 7.060 km² de uma drástica diminuição e a tendência foi revertida. Bogotá Cayenne
florestas de sua porção amazônica, o equivalente a Dessa forma, o desmatamento aumentou 113,5% GUYANE
COLOMBIA SURINAME
quase 19 vezes a extensão de sua capital, Quito. O nesse mesmo período, segundo dados oficiais. Inírida FR
S.José del Guaviare Lethem
alarme soa ainda mais alto quando pensamos sobre Boa Vista
Florencia
o futuro, pois a economia do país é muito dependen- Na Bolivia, os dados também revelam a rapidez com Mocoa
Mitú
te do setor extrativo, de petróleo e mineração, que que avança o desmatamento no território amazônico. Nueva Loja
Quito Macapá
possui várias jazidas na Amazônia. Embora várias Um terço (21 mil km²) dos 72 mil km² arrasados em
ECUADOR
dinâmicas operem para chegar a esses números, a 50 anos na Amazônia boliviana foi desmatado entre Ambato
Puyo
Belém
Riobamba
causa direta da maior proporção de desmatamento é 2011 e 2018. Nesse período, o ritmo anual de des- Azogues
São Luís
Manaus
a expansão das áreas agrícolas. matamento atingiu 2.600 km², sendo o pior registro Cuenca
Loja Iquitos Leticia
em décadas, segundo estudo da Fundación Amigos Zamora
A Colombia, por sua vez, viu no período de 2000 de la Naturaleza (FAN). A destruição equivale a der-
Moyobamba
a 2018 algo entre 600 km² e 1.400 km² de suas rubar o dobro da extensão do município do Rio de
Chachapoyas
florestas amazônicas serem transformadas anual- Janeiro por ano, durante oito anos consecutivos. A
Cajamarca
mente pelo avanço da atividade agropecuária agricultura e a pecuária são as principais causas que
(especialmente para criação de pasto), a expansão impulsionam a transformação dessas florestas. Pucallpa
Porto Velho
da infraestrutura viária, a atividade petroleira e a gri- Huánuco Rio Branco
Palmas
lagem de terras, segundo dados oficiais do Sistema Na Venezuela, a ausência de dados oficiais dificulta PERÚ BRASIL
de Monitoreo de Bosques y Carbono, do Ideam. Os a fiscalização e o controle do território. No entanto, Cobija
Lima Huancayo
números revelam um aumento acentuado nos últimos dados da Raisg revelam que entre 2000 e 2018 Puerto Maldonado
anos dessa série, explicado em parte pelo processo foram perdidos, ao menos, cerca de 4 mil km² de
Cusco
de paz com as FARC, o que acabou com o controle floresta amazônica devido à expansão da agrope-
Trinidad
territorial (e especialmente o desmatamento) que cuária, que junto com a mineração, especialmente a Cuiabá
exercia esse grupo à margem da lei no chamado ilegal, que cresce sem controle, geraram mudanças
La Paz BOLIVIA Brasília
Arco do Desmatamento. importantes na região durante as últimas décadas. Cochabamba
Santa Cruz de la Sierra
48 49
Sucre
0 100 200 300 400 km
IMAGEM DO FUNDO: GEBCO; NOAA NCEI RAISG, 2020
Caracas
Tucupita
Durante o período analisado, a incidência de fogo, queimadas corresponde a ANPs; quase a mesma Georgetown
Paramaribo
especialmente aquele causado pelo homem, varia proporção é vista em TIs (157.553 km²). Puerto Ayacucho GUYANA Saint-Laurent
e os efeitos das mudanças climáticas. Apesar das ANPs e dos TIs serem áreas de conser-
COLOMBIA SURINAME GUYANE
vação, que deveriam estar mais protegidas, no perío- Inírida FR
S.José del Guaviare Lethem
Os piores anos para a região em relação à superfície do entre 2001 e 2019, o fogo impactou anualmente Florencia
Boa Vista
afetada por incêndios foram: 2010 (cerca de 355 uma média de 26 mil km² em ANPs (duas vezes a Mocoa
Mitú
mil km²), 2007 (302 mil km²) e 2004 (223 mil km²). extensão de Porto Rico) e 35 mil km² em TIs (uma Nueva Loja
Quito Macapá
Contudo, uma leitura mais completa, considerando superfície maior que o Haiti). Em relação a 2019, os ECUADOR
Belém
também a severidade dos incêndios e seus impac- incêndios superaram as médias anuais, afetando Ambato
Puyo
Riobamba
tos nos ecossistemas, mostra que a situação tem se 29 mil km² em ANPs e 40 mil km² em TIs, com as Azogues
São Luís
Manaus
agravado nos últimos anos. respectivas consequências sobre a biodiversidade e Cuenca
Loja Iquitos Leticia
os povos indígenas que habitam esses locais. Zamora
estima que são consideráveis, pois grande parte da cobertura vegetal e características do solo. O perío- Cusco
fauna selvagem acaba encurralada pelas chamas. do de queimada considera a sazonalidade, já que a
Trinidad
Especialmente em 2019, a magnitude dos incêndios ocorrência de queimadas em época seca ou chuvo- Cuiabá
na região amazônica gerou uma onda internacional sa é um elemento importante para controlar o fogo.
La Paz BOLIVIA Brasília
de preocupação, que clamava por ações de emer- Cochabamba
Santa Cruz de la Sierra
gência para conter o fogo. Segundo cálculos feitos O aumento do desmatamento está relacionado
por meio de imagens de satélites (20 m de resolu- também com o aumento de áreas queimadas, e, so-
Sucre
ção, Sentinel 2), naquele ano o fogo devastou mais mado a seu impacto nas mudanças climáticas, tem 0 100 200 300 400 km
de 127 mil km² da Amazônia. consequências negativas no funcionamento desses IMAGEM DO FUNDO: GEBCO; NOAA NCEI
RAISG, 2020
9 - 19 ANOS
9 - 19 anos
7 - 8 anos 4% ANP
5% 11%
5 - 6 anos 1 - 2 anos
10% 61% TI
12%
ANP e TI
3 - 4 anos 2%
20%
Fora de ANP e TI
75%
FIGURA 19. PROPORÇÃO DA ÁREA AFETADA FIGURA 20. - PROPORÇÃO DE ÁREAS AFETADAS
POR INCÊNDIOS NA AMAZÔNIA, POR FREQUÊNCIA POR INCÊNDIOS DENTRO E FORA DE ANP E TI NA
E INTERVALO DE TEMPO AMAZÔNIA, 2001-2019
50 51
Caracas
Tucupita
VARIAÇÃO DA
Georgetown
O estudo considerou os limites do bioma amazôni-
Paramaribo
co, uma superfície de quase 7 milhões de km² de Puerto Ayacucho GUYANA Saint-Laurent
DENSIDADE DE
Bogotá Cayenne
território. Dessa extensão, 30% correspondem a TIs e
22% a ANPs. COLOMBIA SURINAME GUYANE
Inírida FR
CARBONO No total, foram consideradas quatro categorias: TIs, Florencia
S.José del Guaviare
Boa Vista
Lethem
Mitú
ANPs, áreas sobrepostas (TIs/ANPs) e o restante Mocoa
A medição da cobertura florestal como estimativa das
da superfície foi classificado como “outras áreas”, Nueva Loja
Quito
mudanças de biomassa, e consequentemente do es- Macapá
espaço sobre o qual não regem os mesmos estatutos ECUADOR
toque de carbono, transformou-se em um instrumento Ambato
Puyo
Belém
de conservação. Riobamba
de combate às mudanças climáticas. São Luís
Azogues
Manaus
Cuenca
O estudo aponta que mais de 50% do carbono se en-
Loja
Apesar de ajudar a dimensionar os danos ambien- Iquitos Leticia
contrava em TIs e ANPs, ao passo que o maior núme- Zamora
tais, as emissões de carbono das regiões florestais
ro de emissões ocorria em “outras áreas”, extensão
nem sempre são adequadamente quantificadas nos Moyobamba
que compreende 48% do território amazônico. Chachapoyas
números oficiais dos países da região, onde também
Cajamarca
faltam metas de redução e políticas focadas em com-
Os TIs e as áreas sobrepostas (TIs/ANPs) registraram
preender suas causas e mitigá-las. Pucallpa
menor perda líquida de carbono entre 2013 e 2016, Porto Velho
Huánuco
-0,1% e -0,2% respectivamente. Em ANPs, a perda Rio Branco
Palmas
Desde 2014, a Raisg desenvolve diversas iniciativas PERÚ BRASIL
líquida foi de -0,6% e, em contrapartida, em “outras
com o Woods Hole Research Center (WHRC) para Cobija
terras” foi de -3,6%. Lima Huancayo
realizar esse tipo de monitoramento. Em 2017, pes- Puerto Maldonado
ciclos vitais e reduzindo suas funções ambientais. CARBONO FLORESTAL NA AMAZÔNIA (2003-2016) ≤-6 3 0 3 ≥6 Mg C ha-1 y-1
Diversos estudos têm demonstrado que essas uni-
dades de gestão atuam como amortecedores das
A análise mais recente da Raisg e do WHRC indi- ≤-80 -40 0 40 ≥80 Mg C ha-1
pressões externas associadas à expansão da frontei-
ca que durante o período de 2003-2016, a região PERDAS GANHOS
ra agrícola, motivo pelo qual os direitos territoriais cla-
amazônica serviu como fonte sólida de emissão de Cultivos de arroz e palma. Departamento
ramente estabelecidos são essenciais na diminuição de Meta, Colombia. Wilfredo A. Garzón Fonte: Wayne S. Walker et al. (2020) (v. pág. 67).
carbono na atmosfera, liberando, depois do cálculo
das taxas de desmatamento e degradação florestal. Paipilla, 2011.
de emissões e compensações, em torno de 1.290
milhões de toneladas de carbono (MtC).
Fora de TI/ANP
TI
42% MtC
27%
1.500.000
1.000.000
500.000
0
sobreposição
-500.000
TI/ANP
TI ANP
-1.000.000
-1.500.000
ANP
24% -2.000.000
Sobreposição TI/ANP fora de TI/ANP
7% -2.500.000
52 53
No espectro oposto, a Guyane Française se destaca com 87% de seu território ama-
zônico sem nenhum tipo de impacto causado pela atividade humana considerada
nessa análise. Da mesma forma o Suriname, que apresenta indicadores “muito baixo”
e “baixo”.
MUITO BAIXO
BAIXO
MODERADO
ALTO
MUITO ALTO
Tucupita
Ao analisar os desdobramentos da ação humana na região amazônica é possível ob-
Ciudad Bolívar Mabaruma
servar que mais da metade da Amazônia (52%) possui registros de sintomas e con- VENEZUELA
sequências da atividade antrópica, de maneira independente ou combinando-se a
Georgetown
perda de carbono, áreas queimadas, desmatamento e áreas naturais transformadas. Paramaribo
Puerto Ayacucho GUYANA Saint-Laurent
Bogotá Cayenne
Todos os países da região apresentam neste momento algum tipo de impacto advin-
COLOMBIA SURINAME GUYANE
do da ação humana, oscilando entre os graus “muito baixo” a “muito alto”, como é Inírida FR
S.José del Guaviare Lethem
possível observar no mapa 22.
Boa Vista
Florencia
Mitú
Mocoa
Ainda que em grande parte das unidades afetadas (30%) em toda a Amazônia os
Nueva Loja
sintomas e consequências tenham sido classificados em grau “baixo” ou “muito bai- Quito Macapá
xo”, é importante destacar que 4% da região apresenta indicadores “muito alto”, 6% ECUADOR
Ambato Belém
Puyo
“alto” e 11% “moderado”. Isso significa que essas áreas concentram algum nível de Riobamba
São Luís
Azogues
degradação em um ou vários dos sintomas e consequências analisados. Manaus
Cuenca
Loja Iquitos Leticia
Zamora
As zonas com alta probabilidade de degradação se encontram no sudeste da
Amazônia brasileira e nas regiões oeste da Colombia e central da Bolivia, em con- Moyobamba
solo e queimadas. Esses três países são os únicos que registram índice “muito alto” Cajamarca
Cochabamba
54 Santa Cruz de la Sierra
55
56 57
Caracas
Tucupita
causada pela ação humana em áreas protegidas. Vale apontar que a degradação COLOMBIA SURINAME GUYANE
nessas áreas está marcada por mudanças nas coberturas naturais e pela perda de
Inírida FR
S.José del Guaviare Lethem
Boa Vista
recursos naturais. Das áreas impactadas na Amazônia, 38% se encontram em ANPs Florencia
Mitú
e TIs, mas sua função de conservação abarca 73% das áreas livres desses impactos Mocoa
São Luís
é possível observar que 64% de ANPs e TIs da região estão livres de sintomas e Azogues
Manaus
Cuenca
consequências derivados da ação humana. A maior parte das áreas protegidas com
Loja Iquitos Leticia
sinais de degradação apresentam grau “muito baixo” (18%), sendo o resto “baixo” Zamora
Chachapoyas
Realizando uma análise por país, a Bolivia e o Ecuador despontam como os países
Cajamarca
com uma situação mais preocupante, com apenas 46% e 50% de suas áreas prote-
gidas livres de sintomas e consequências da ação humana. Pucallpa
Porto Velho
Huánuco Rio Branco
Palmas
Se discriminados por tipo de área de proteção, 67% das ANPs da Amazônia não PERÚ BRASIL
registram nem sintomas nem consequências da atividade humana. A maior parte Huancayo
Cobija
Lima
(15%) da área impactada nesse tipo de área protegida registra índice “muito baixo”, Puerto Maldonado
Cuiabá
Cochabamba
Santa Cruz de la Sierra
ÍNDICE DE SINTOMAS E
CONSEQUÊNCIAS EM TI / ANP
MUITO BAIXO
BAIXO
MODERADO
ALTO
MUITO ALTO
A Bolivia tem 46% de suas ANPs com algum sinal de degradação, a maior parte
classificada sob o indicador “moderado”. O Ecuador é o segundo país na escala de
impacto, com 40% de suas ANPs registrando sintomas e consequências.
A análise aponta que 6% das ANPs da região amazônica (quase todas no Brasil)
apresentam, em mais da metade de sua extensão, sinais de degradação com grau
“alto” ou “muito alto”, ao passo que apenas 29% dessas áreas protegidas têm mais
de 7% de sua área isenta de sinais de degradação.
Por outro lado, ainda que 67% dos TIs não apresentem sintomas nem consequências
de atividade humana, 5% deles já revelam, em mais da metade de sua extensão,
sinais de degradação categorizada como “muito alta” ou “alta”. Os principais países
com sintomas e consequências em seus TIs da região amazônica são: Perú, Bolivia
y Ecuador. A Bolivia é o país mais impactado, 56% de seus territórios indígenas apre-
sentam algum sintoma ou consequência da ação antrópica.
58 59
As carências estatais para progredir na demarcação diferentes regiões, o que marcou o início da reconfi-
e reconhecimento dos TIs, e defender de maneira guração demográfica das terras baixas.
efetiva aqueles já oficializados, abrem espaço para
o aumento da invasão desses territórios e expõem Em 2018, o Instituto Nacional de Reforma Agrária
as comunidades locais e povos indígenas, que (INRA) divulgou que 80% do território nacional
são a última defesa dessas áreas de enorme diver- havia sido saneado e titulado em 12 anos de gestão
sidade biológica e cultural, a situações de maior (2006-2017). Esse importante avanço gerou mais
vulnerabilidade. pressão para a conversão de terras amazônicas
para o uso agropecuário, sob o argumento de que a
A efetividade de uma política de delimitação de ANPs Función Económica Social (FES) deveria ser cum-
e TIs se evidencia ao contrastá-las com o avanço da prida, pois segundo a Lei INRA e o artigo 169 da
exploração da região, em sua forma legal ou ilegal. Constitución Política del Estado, o título pode ser
revisto se tal requisito não for cumprido.
Números oficiais revelam como a demarcação dos
TIs impacta positivamente na diminuição do des- Ademais, os TIs devem alcançar o reconhecimento
matamento e da degradação das florestas nativas, de sua condição autônoma para ter acesso aos re-
o que por sua vez garante a proteção dos estoques cursos do Estado e atuar como entidade autônoma,
de carbono, protege a biodiversidade e conserva os tal como estabelecido pela Constituição..
sistemas hidrológicos regionais. Tudo isso assegura a
sobrevivência da diversidade cultural na região. Brasil
Nos primeiros governos depois da redemocratiza-
Isso ocorre devido ao fato de as comunidades ção e da entrada em vigor da nova Constituição
reconhecerem a importância da floresta em pé e Federal, no final da década de 1980, foram homo-
utilizarem seus recursos de forma sustentável. Os logados 248 TIs na Amazônia brasileira. Entre 2011
60 61
O Ecuador é notório por ser um país multicultural QUADRO EXPLICATIVO 3 A EMERGÊNCIA
e a legislação tem facilitado o reconhecimento não DA BIOECONOMIA
apenas de terras comunitárias, mas também de
grupos étnicos como beneficiários, abrindo espaço A perspectiva ambiental e a preocupação com a conservação trouxeram mudanças
para a legalização de territórios reivindicados por na percepção dos consumidores e têm levado o setor empresarial a tomar decisões
grupos étnicos e nacionalidades em grande parte que não se limitam a velar exclusivamente pelo lucro de suas operações.
da Amazônia.
Impulsionados por um mercado com novas demandas, os investidores começam a
Perú considerar o impacto socioambiental, a transparência e a rastreabilidade de suas ma-
O Perú registrou um aumento no número de TIs térias-primas como fatores relevantes para seu posicionamento no mercado global.
(3.471) devido à ampliação do limite de análise da
Raisg, que passou a se estender até as cabeceiras A bioeconomia, uma economia verde e sustentável, surge como alternativa inovadora
de bacias. Isso levou à inclusão nas bases de dados para utilizar os recursos naturais, retribuindo e incorporando o conhecimento das
das comunidades campesinas, que é outra figura comunidades locais e compreendendo a importância e o valor de manter a floresta
reconhecida pelo Estado peruano como Território tropical de pé, deixando de vê-la como um local de extração.
Indígena, nas terras altas dos Andes.
De acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
do processo de descentralização que vem sendo O país avançou na criação de novas áreas pro- Econômico (OCDE), cerca de 150 países, incluindo o G7, possuem estratégias na-
desenvolvido. Esse contexto levou a uma adaptação tegidas, especialmente na categoria de Área de cionais ou políticas consistentes de adoção de uma economia verde no futuro, que
do processo organizacional dos povos indígenas em Conservação Privada. No entanto, o processo funcione como alternativa para enfrentar os problemas sociais de hoje. No mercado
relação ao Estado e à cooperação internacional. de titulação de terras das comunidades nativas e mundial, a bioeconomia movimenta cerca de 2 bilhões de euros e gera em torno de
campesinas está quase parado há duas décadas, 22 milhões de empregos.i
Uma medida recente do governo federal, sob o com processos perdidos ou incompletos. Apesar
Decreto 632 de 10 de abril de 2018, abre espaço da existência, desde 2012, de diversas iniciativas Há um consenso internacional sobre a necessidade de alinhar o crescimento econômi-
para que as áreas municipalizadas dos departa- de titulação, o processo tem sido lento, e ainda pior co com políticas ambientais. Algumas empresas multinacionais já promovem e defen-
mentos Amazonas, Guainía e Vaupés, nas quais se as comunidades estão localizadas sobre inves- dem o uso dos recursos da região amazônica sem degradar ou desmatar as florestas
se encontram as grandes proteções indígenas da timentos e projetos de atividades extrativas e de nativas, garantindo seu valor agregado, inclusão social, empregos e um retorno econô-
planície amazônica colombiana, estabeleçam um infraestrutura. mico para as comunidades locais.
sistema gradual e progressivo de fortalecimento da
autonomia dos povos indígenas em seus territórios, No Perú, os indígenas Kakataibo protagonizaram Iniciativas que reconhecem os povos amazônicos e o valor da biodiversidade
permitindo que as comunidades e povos indígenas uma longa luta pelo reconhecimento oficial de suas têm se mostrado lucrativas, superando o falso dilema entre preservar ou crescer
decidam, de acordo com suas particularidades, terras na comunidade nativa Unipacuyacu e pela economicamente.
seus próprios sistemas de planejamento, adminis- proteção de suas florestas das invasões de colonos
tração e governo, bem como as competências e o e traficantes de terras para o desenvolvimento de ati- Segundo especialistas, a ação não se limita ao posicionamento das empresas no
manejo de recursos. vidades de agricultura e pecuária, bem como frente mercado internacional, mas beneficia a economia dos países amazônicos ao fazer uso
ao desmatamento para criação de cultivos ilegais de seu potencial verde sob uma perspectiva não apenas do presente, mas também
A despeito da ampliação de algumas áreas nos que, segundo denúncias, incluem a instalação de do futuro.
últimos anos e do reconhecimento dos direitos da poços de moagem de coca, confirmando a presen-
Amazônia, ainda há grande interesse sobre as áreas ça do narcotráfico na região. Não se trata apenas de preservar, mas de adotar políticas para minimizar e compensar
do Sistema Nacional de Áreas Protegidas (Sinap), o impacto ambiental de seus processos industriais, rumo a uma economia circular.
as quais sofrem o impacto do desmatamento, da Venezuela
mineração legal e ilegal, da grilagem de terras no De 2012 até hoje, a principal mudança na Venezuela Depois da primeira via, tomada décadas atrás, na promoção da demarcação de áreas
interior de sua jurisdição bem como da construção foi a criação do Parque Nacional Caura, em 2017, protegidas, e da segunda, que propõe um modelo de desenvolvimento regional ba-
de vias ilegais. É o caso, por exemplo, dos par- que compreende 7,5 milhões de hectares. Nesse seado em atividades extrativas, produção de grãos e pecuária extensiva, as pressões
ques de reservas naturais Sierra de la Macarena, processo, foram eliminados o Parque Nacional Jaua- climáticas e o avanço da devastação nas florestas tropicais demandam alternativas
Tinigua, Nukak e Serranía de Chiribiquete. O Estado Sarisariñama e a Reserva Florestal Caura . Além econômicas.
colombiano, por sua vez, não tem enfrentado as disso, a oficialização do parque ocorreu sem um
ameaças controladas por atividades econômicas e processo de consulta prévia, livre e informada dos A incorporação de inovações tecnológicas nos processos industriais contribui para o
grupos ilegais. povos Ye’kwana e Sanëma, que vivem nessa bacia estabelecimento de um novo modelo de desenvolvimento econômico inclusivo, que
e demandaram o reconhecimento de seus territórios capitalize o valor das florestas tropicais não degradadas, ou seja, continuamente em
i OECD (2017). Green growth in-
Ecuador há mais de 15 anos. Talvez por isso sejam mencio- produção, dando espaço para a terceira via amazônica, que busca ampliar o lucro das dicators. OECD Economic Surveys:
A constituição de 2008 fez do Ecuador um dos nados os direitos indígenas nos artigos de criação empresas, minimizando o impacto socioambiental na região. Argentina 2017.
62 63
segundo análise da Raisg. O desmatamento na Com essa premissa urgente, o Painel se organiza
Amazônia voltou a subir a partir de 2015. Em para informar a sociedade sobre a necessidade de
2018, foram derrubados 31,2 mil km² de flores- mudar o conceito de desenvolvimento aplicado à
ta, o equivalente a quase a metade do Panamá. Amazônia. Além disso, destaca a importância que
essa gigante floresta tem na preservação não só
• A Raisg registrou, em 2020, 4.472 locais onde dos povos indígenas que a habitam, mas da socie-
se pratica mineração ilegal na Amazônia, 87% dade de maneira geral, por ser, como já dissemos,
deles em fase ativa de exploração. uma grande reguladora do clima em nível global.
• Entre 2001 e 2019, 13% da Amazônia foi afe- A principal agenda do grupo coincide com as
tada pelo avanço do fogo. Isso equivale a uma conclusões que a Raisg chegou depois de me-
superfície de 1,1 milhão de km² ou um território ses de estudo: para evitar o colapso dos serviços
mais ou menos do mesmo tamanho da Bolivia. ambientais na Amazônia é necessário deter o
desmatamento imediatamente e iniciar processos
CONCLUSÃO
• As análises da Raisg indicam que 65,8% das de restauração que revertam os impactos sofridos
unidades analisadas na Amazônia se encon- por décadas.
tram sob algum tipo de pressão instalada ou
em curso, ao passo que mais da metade (52%) O avanço do conhecimento sobre as conexões
possui registros de sintomas e consequências continentais e a regulação do clima faz com que
da atividade antrópica, de maneira indepen- essa necessidade seja ainda mais premente. A
dente ou em relação com a perda de carbono, sociedade e as autoridades eleitas devem entender
áreas queimadas, desmatamento ou áreas na- que não só está em curso o dano ambiental, mas
turais transformadas. Tais impactos são meno- também o prejuízo social e econômico.
Se nos perguntarmos quais são as principais con- • O número de hidrelétricas localizadas dentro do res dentro de ANPs e TIs, o que demonstra seu
clusões que queremos destacar em Amazônia sob limite do bioma amazônico em 2020 cresceu papel-chave na conservação da região. Entre os estudos mais recentes da Raisg, cabe
pressão 2020, não há dúvida de que seria necessá- 4%, atingindo um total de 177 hidrelétricas. O destacar o artigo científico sobre as reservas de
rio apontar um fato em comum entre os resultados aumento foi mais representativo entre as UHEs, Todos esses indicadores mostram que a Amazônia, carbono na Amazônia. Mais de 50% do carbono se
apresentados em todos os capítulos: na última que cresceram 47%, passando de 51 em 2012 sua biodiversidade e seus povos indígenas estão encontra em Territórios Indígenas e Áreas Naturais
década, houve uma aceleração do crescimento das para 75 em 2020. vivendo um momento crítico, um ritmo de degrada- Protegidas, tanto que o maior número de emissões
pressões e ameaças, assim como de seus sintomas ção sem precedente em sua história. ocorreu em “outras terras”.
e consequências na Amazônia. • Entre 2012 e 2019, a região amazônica re-
gistrou um aumento de lotes petroleiros. No Durante a preparação de Amazônia sob pressão Em outras palavras, hoje em dia temos – graças aos
A seguir, algumas provas que corroboram tal entanto, no mesmo período, verificou-se uma 2020 recebemos a informação de que um grupo povos indígenas, os líderes sociais, alguns líderes
conclusão: diminuição na superfície territorial ocupada de pesquisadores renomados havia criado o Painel políticos e o espírito pioneiro de pesquisadores –
por essa atividade, em qualquer uma de suas Científico para a Amazônia, um projeto multidis- florestas preservadas, muitas vezes geridas de for-
• O mapa-síntese de pressões e ameaças aponta fases, o que não necessariamente se traduz em ciplinar que busca informar a sociedade sobre o ma sustentável. Essas florestas são imprescindíveis
que 7% do território amazônico se encontra sob uma diminuição dessa indústria na Amazônia, momento crítico vivido na região. Esse grupo parte para seus habitantes e asseguram serviços vitais
pressão “muito alta” e 26%, “alta”. As áreas que mas diz respeito a mudanças na base de da- do princípio de que a floresta está se aproximando para quem vive em cidades próximas e distantes.
sofrem mais pressão se localizam em regiões dos oficiais. de um ponto de não-retorno. Não é o momento de perdermos essa conquista.
periféricas do bioma, nas regiões montanhosas
e de piemonte situadas no ocidente, especial- • Assim como o setor petroleiro, as regiões com Estudos pioneiros de Carlos Nobre, pesquisador
mente no Ecuador, ao norte da Venezuela e no empreendimentos de mineração aumentaram brasileiro que durante anos trabalhou no Instituto
sul da Amazônia brasileira. de 52.974 em 2012 para 84.767 em 2020, mas Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e que
houve uma redução de 11% (188.374 km²) de mais tarde foram apoiados pelo Met Office, depar-
• A densidade de vias na Amazônia, calculada território ocupado por essa atividade no período tamento meteorológico do Reino Unido, apontam a
a partir da extensão de estradas e território, é analisado. possibilidade de que a Amazônia, devido ao des-
Imagem acima: Parque
de 18,7 km/1.000 km². Os países que lideraram matamento e às mudanças climáticas, atinja novo
Departamental Área Natural de
Manejo Integrado Iténez, Beni, essa expansão foram a Colombia, o Perú e a • A atividade agropecuária é responsável ponto de desequilíbrio, com menos chuvas e mais
Bolivia. Marcelo Arze / FAN, 2014. Venezuela. por 84% do desmatamento na Amazônia, incêndios.
64 65
FONTES DE
INFORMAÇÃO
gráfico correspondente ao
bioma Amazônia do Mapa Carbono: Walker, W.S. et al. (2020). The role of forest
de Biomas do Brasil, 1ª conversion, degradation, and disturbance in the
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Colombia Mapa Digital Integrado, Mapa Digital Parques Nacionales Mapa Digital de Reservas Indígenas. Mapa Digital n.a. Mapa Digital de Áreas. Cadastro digital de
2019. Instituto Geográfico Naturales, por categoria. Escala República de Colombia. Agencia Nacional Cartografia Base Agencia Nacional de mineração. República of Sciences of the United States of America, 117(6),
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Ecuador, 2019 Ecuador, 2019 ONE 15(6): e0234960. https://doi.org/10.1371/journal.
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Guyana DCW DCW DCW Indigenous Affair/Gobierno de la DCW s.i. s.i. s.i.
Guyana, 2009
Desmatamento: coleção de mapas anuais (2020) de
Guyane DCW DCW DEAL, 2007 DEAL, 2007 DEAL, 2007 s.i. s.i. s.i.
desmatamento, gerados pela Raisg a partir dos mapas
Française
de cobertura e uso do solo da iniciativa MapBiomas
Amazônia, liderada pela Raisg.
Perú Limites políticos referen- Ministerio de Agricultura Ministerio del Ambiente (MINAM)- Comunidades nativas: IBC-SICNA 2019 Ministerio de Organismo Supervisor PerúPetro/ Ministerio Instituto Geológico,
ciais: Instituto Nacional de y Riego (MINAGRI) - Servicio Nacional de Áreas Comunidades campesinas: SICCAM-IBC/ Transportes y de la Inversión en de Energía y Minas - Minero y Metalúrgico - Cabeceiras de bacias e sazonalidade de inunda-
Estadística e Informática Autoridad Nacional del Naturales Protegidas por el Estado CEPES, 2019 Comunicaciones Energía y Minería MINEM, 2019 INGEMMET, 2019 ções: Spickenbom, J., Quintanilla, M. 2020. Análisis
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Venezuela Instituto Geográfico de Instituto Geográfico de Provita, 2020, a partir de publica- - Freire, G., Tillet, A. 2007. Salud Indígena Provita, 2020, atua- Camacho Gabriel Ministerio de Energía y Ministerio de Energía y
Venezuela Simón Bolívar Venezuela Simón Bolívar ções oficiais en Venezuela. Mapa general. Publicado lizado com base na y Carrillo Augusto, Petróleo, 2017 Minas, 2017. Análise de síntese de pressões, ameaças e sinto-
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Tierras Indígenas. Dir. Gen. POT / Sec. Eléctrica, 2013. Grupo
Tec. Com. Nac. Demarcación del Hábitat Orinoco Energía y
y Tierra de los Pueblos y Comunidades Ambiente, 2015
Indígenas. Caracas, Venezuela.
- Wataniba, 2019 (em parceria com as
organizações indígenas Oipus, HOY,
Kuyunu, Kuyukani, Kuyujani originá-
rio, Kubawy)
66 67
POVOS INDÍGENAS
DA AMAZÔNIA 2020
mesmo definiu em outro artigo, em 19842. solo para a preservação dessas funções
ambientais. A última geração de estudos já
De acordo com estudos realizados pelo mostra que a ocorrência de eventos extremos, 1 Salati, E. et al. (1979). Recycling of water
projeto LBA (Large Biosphere Atmosphere), in the Amazon Basin: An isotopic study. Water
como as secas e mesmo a redução das
Resources Research, 15(5), 1250–1258.
em um dia são evaporados em média 3,6 litros precipitações nas regiões de produção
2 Salati, E. & Vose, P.B. (1984). Amazon
por metro quadrado. Cobrindo uma superfície agrícola, está cada vez mais acentuada por Basin: A System in Equilibrium. Science
de 5,5 milhões de quilômetro quadrados de conta do ritmo acelerado do desmatamento. 225(4658), 129–138.
área florestal, estima-se que a cada dia são 3 Nobre, A.D. (2014). O Futuro Climático da
Investigações comandadas por pesquisadores Amazônia. Relatório de Avaliação Científica.
enviados à atmosfera 20 trilhões de litros de
Patrocinado por ARA, CCST-INPE, e INPA. São
água, ou seja, mais que o volume despejado como Marcos Costa, da Universidade Federal
José dos Campos, Brasil, 42p.
pelo Oceano Atlântico no rio Amazonas3. de Viçosa, em Minas Gerais, apontaram 4 Vera, C. et al. (2006). The South American
os efeitos concretos do desmatamento no low-level jet experiment. Bulletin of the
regime de chuvas da Amazônia. “A mudança American Meteorological Society, 87(1), 63–77.
Assim, ao invés de ser o pulmão do mundo, a
5 Martinez, J.A. & Dominguez, F. (2014).
floresta tropical é o “ar-condicionado” global, climática, incluindo a retroalimentação entre
Sources of atmospheric moisture for the La
graças à preservação da umidade e da tem- as mudanças no uso da terra e o clima Plata River Basin. Journal of Climate, 27(17),
local, está diminuindo a duração da histórica 6737–6753.
peratura regional. Além disso, contribui para a
temporada de chuvas ao sul da Amazônia, 6 Costa, M.H. et al. (2019). Climate risks to
absorção e conservação do carbono. Amazon agriculture suggest a rationale to con-
aumentando o risco de que sejam produzidas serve local ecosystems. Frontiers in Ecology
condições ambientais prejudiciais no futuro e and the Environment, 17(10), 584–590.
Caracas Caracas
Tucupita Tucupita
oco oco
Ciudad Bolívar Orin Mabaruma Ciudad Bolívar Orin Mabaruma
VENEZUELA VENEZUELA
Georgetown Georgetown
Paramaribo Paramaribo
Puerto Ayacucho GUYANA Saint-Laurent Puerto Ayacucho GUYANA Saint-Laurent
Cayenne Cayenne
Bogotá Bogotá
Mitú Mitú
Mocoa Mocoa
nco
nco
Nueva Loja Macapá Nueva Loja Macapá
Bra
Bra
Quito Quito
ECUADOR Negro ECUADOR Negro
Na
lim NA lim NA
ZO ZO
po
po
õe A õe A
s AM Iquitos s AM
Leticia Leticia
Loja Iquitos Loja
Zamora Zamora
Marañ o n Marañ o n
s
jó
jó
pa
pa
Moyobamba Moyobamba
Xin
Xin
Ta
Ta
gu
gu
Chachapoyas Chachapoyas
Ucayal
Ucayal
Cajamarca Cajamarca
a
Araguai
Araguai
i
i
Pucallpa
BRASIL Pucallpa
BRASIL
s
s s
Puru Puru
Tocantin
Tocantin
Porto Velho Porto Velho
Cobija Cobija
os os
Lima Huancayo
Di Lima Huancayo
Di
Puerto Maldonado de Puerto Maldonado de
a
a
re re
ad ad
Madeir
Madeir
M Ite M Ite
ne ne
i
i
Ben
Ben
z z
Cusco Cusco
Trinidad Trinidad
Cuiabá Cuiabá
BOLIVIA BOLIVIA
Brasília Brasília
La Paz La Paz
Cochabamba Cochabamba
Santa Cruz de la Sierra
Sucre Sucre
IMAGEM DO FUNDO: GEBCO; NOAA NCEI IMAGEM DO FUNDO: GEBCO; NOAA NCEI
MAPA 1. PRODUTIVIDADE HÍDRICA POR CLASSE DE BACIA MAPA 2. SAZONALIDADE DE INUNDAÇÕES POR CLASSE DE BACIA
BAIXA
DE BACIA DE INUNDAÇÕES
ZONA PRODUTORA MÉDIA
ALTA ACUMULAÇÃO
Com mais de 8,4 milhões de quilômetros quadrados (km²), Aproximadamente 25% da Amazônia se transforma em e terrestres segundo as condições climáticas, formando CLASSIFICAÇÃO DE
MUITO ALTA ACUMULAÇÃO DRENAGENS STRAHLER
a Amazônia é o maior reservatório de água doce do mundo. ecossistemas completamente aquáticos por conta da um mosaico heterogêneo dependente das abundantes
Nascidos nos Andes e nas montanhas, muitos cursos d’água CLASSIFICAÇÃO DE DRENAGENS
dinâmica de inundações. São processos naturais que ocorrem precipitações e da água armazenada especialmente nas ORDEM 1
formam um conjunto heterogêneo em altitude; surgem ali e STRAHLER há milhões de anos, enriquecendo o solo por meio do cabeceiras de bacias. ORDEM 2
correm para alimentar os rios principais até desaguarem no ORDEM 1 carreamento de sedimentos nas diferentes bacias, desde os ORDEM 3
rio Amazonas, o mais longo (6.762 km de comprimento) e Andes até as terras baixas. Esse processo também influencia Por conta das inundações, a Amazônia abriga as áreas
caudaloso do planeta. Ele nasce a 5.150 metros de altitude,
ORDEM 2
a cultura dos povos indígenas. Além disso, as inundações úmidas mais importantes do mundo, muitas delas ORDEM 4
ÁGUA
na Quebrada Apacheta, aos pés da montanha Quehuisha, ORDEM 3
produzem uma alta diversidade e riqueza de espécies ORDEM 5
em Arequipa, no Perú. Ao longo de seu trajeto através da aquáticas, em sua maioria peixes. As aves migram de zonas para a proteção das zonas úmidas).
ORDEM 4 ORDEM 6
AMAZÔNIA
ORDEM 6
rio varia entre alguns poucos metros até 50 quilômetros em dinâmica de inundação como um elo-chave para a cadeia Fonte: elaborado pro FAN para
regiões baixas e planícies inundadas durante a temporada ORDEM 7 alimentar que sustenta a biodiversidade e para a manutenção RAISG, 2020 (v. Amazonía bajo
presión 2020, pág. 05)
úmida. Além disso, na região norte da Amazônia, encontra-se dos meios de vida dos povos indígenas e comunidades.
a bacia do rio Orinoco, que praticamente se une ou conecta Fonte: elaborado pro FAN para RAISG,
AMAZÔNIA
A situação hidroclimática está mudando na Amazônia. Um exemplo
Muito alta produtividade 102.604 176.023 131.019 167.588 577.234 7%
disso pode ser observado em Ascensión de Guarayos, um município da
Cabeceira
Alta produtividade 650.197 751.739 138.858 1.095.839 2.636.633 31% Amazônia boliviana onde, entre 1982 e 2018, as precipitações anuais
de bacia
diminuíram 13% e a temperatura aumentou 0,5ºC, segundo análise
Zona produtora 584.973 683.981 94.928 1.887.983 3.251.865 39%
comparativa entre os períodos de 1982-2000 e 2011-2018. Nos meses de
Em relação às análises realizadas sobre a produtividade Conexão hidrológica Conexão hídrica 126.998 164.810 30.401 629.206 951.414 11% agosto e setembro as mudanças são mais intensas; as chuvas diminuem
até 64% e 57%, respectivamente.
hídrica da Amazônia, cerca de 6.465.732 km2, equivalentes Acumulação média 140.004 126.356 19.669 453.053 739.082 9%
a 77% de sua extensão, são cabeceiras de bacia com Acumulação hídrica Alta acumulação 29.747 40.038 5.913 150.429 226.126 3% Segundo os dados desses 37 anos, o comportamento linear do clima
alta ou muito alta produtividade de água, além de serem Muito alta acumulação 1.742 2.141 0 11.299 15.182 0,2% parece confirmar a teoria (projeções) através da realidade (dados
zonas produtoras que contribuem para o abastecimento e medidos na estação Ascensión de Guarayos). A temperatura média
TOTAL GERAL 1.636.265 1.945.088 420.787 4.395.395 8.397.535 100%
armazenamento de água. Os territórios indígenas (TIs) e as cresceu progressivamente (de 23ºC a 26ºC); enquanto a precipitação
diminuiu (de 1563 para 1377 mm/ano). Essa alteração climática pode
áreas naturais protegidas (ANPs) guardam em seus territórios
ser atribuída em parte à mudança no uso do solo no município; nesse
mais de 51% (3.314.323 km2) da produtividade hídrica da período, o desmatamento cresceu de 6 mil para 171 mil hectares (23
Amazônia. As áreas de inundação, localizadas em sua maioria Caracas
Tucupita
Caracas
Tucupita
vezes mais), impactando e modificando o clima local.
em regiões de conexão hidrológica e de acumulação hídrica, VENEZUELA
Ciudad Bolívar Mabaruma
VENEZUELA
Ciudad Bolívar Mabaruma
COLOMBIA SURINAME GUYANE COLOMBIA SURINAME GUYANE impactos mais graves no ciclo da água; estão previstas mais secas para
2.078.650 km2 (25% da Amazônia), sendo que 40% dessa S.José del Guaviare
Inírida
Lethem
FR
S.José del Guaviare
Inírida
Lethem
FR
a Amazônia, um bioma úmido, o que provocará maior desequilíbrio por
extensão está localizada dentro de ANPs e TIs, que abrigam Florencia
Mitú
Boa Vista
Florencia
Mitú
Boa Vista
conta do aumento na evapotranspiração, ao passo em que as chuvas
desde sempre recursos aquáticos diversos, os quais
Mocoa Mocoa
Azogues
São Luís
Riobamba
Azogues
São Luís
Manaus Manaus
no Brasil; e no rio Orinoco, na Venezuela, são grandes os Cuenca
Loja
Cuenca
Loja
FIGURA 2. . TENDÊNCIA DE PRECIPITAÇÃO E TEMPERATURA ANUAL
Iquitos Leticia Iquitos Leticia
Chachapoyas
Moyobamba
PRECIPITAÇÃO mm/año
Lima Huancayo Lima Huancayo 25,8 1982-2000: 24,9OC
Puerto Maldonado Puerto Maldonado 1800 25,6
2001-2018: 25,4OC
TEMPERATURA OC
25,4
Cusco Cusco 1600 +0,5OC
25,2
Trinidad Trinidad 1400 25,0
Cuiabá Cuiabá 24,8 VARIAÇÃO DE PRECIPITAÇÃO
1200 24,6
La Paz BOLIVIA Brasília La Paz BOLIVIA Brasília 1982-2000: 1563 mm/año
1000 24,4
Cochabamba
Santa Cruz de la Sierra
Cochabamba
Santa Cruz de la Sierra 24,2
2001-2018: 1377 mm/año
800 24,0 -13%
600 23,8
Sucre Sucre
23,6
400 23,4
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
0 100 200 300 400 km 0 100 200 300 400 km
IMAGEN DEL FONDO: GEBCO; NOAA NCEI RAISG, 2020 IMAGEN DEL FONDO: GEBCO; NOAA NCEI RAISG, 2020
MAPA 1. PRODUTIVIDADE HÍDRICA POR CLASSE DE BACIA Fonte: elaborado pro FAN para RAISG, MAPA 2. SAZONALIDADE DE INUNDAÇÕES POR CLASSE DE BACIA Fonte: elaborado pro FAN para RAISG, PRECIPITAÇÃO SOMA ANUAL
MUITO ALTA PRODUTIVIDADE ALTA PRODUTIVIDADE ZONA PRODUTORA CONECTIVIDADE HIDROLÓGICA 2020 (v. Amazonía bajo presión 2020, MUITO BAIXA BAIXA MÉDIA ALTA MUITO ALTA 2020 (v. Amazonía bajo presión 2020, TENDÊNCIA DE PRECIPITAÇÃO (SOMA MÉDIA ANUAL)
MÉDIA ACUMULAÇÃO ALTA ACUMULAÇÃO MUITO ALTA ACUMULAÇÃO pág. 05) pág. 05) TEMPERATURA MÉDIA ANUAL
TENDÊNCIA DE TEMPERATURA (SOMA MÉDIA ANUAL)
CLASSIFICAÇÃO DE DRENAGENS STRAHLER ORDEM 1 ORDEM 2 ORDEM 3 ORDEM 4 ORDEM 5 ORDEM 6 ORDEM 7 CLASSIFICAÇÃO DE DRENAGENS STRAHLER ORDEM 1 ORDEM 2 ORDEM 3 ORDEM 4 ORDEM 5 ORDEM 6 ORDEM 7
SINTOMAS E VENEZUELA
Caracas
Ciudad Bolívar
Tucupita
Mabaruma
VENEZUELA
Caracas
Ciudad Bolívar
Tucupita
Mabaruma
NO CENÁRIO ATUAL E FUTURO (2050)
280
260
240
PERÍODO SECO
140
130
120
CONSEQUÊNCIAS
2050
220 110
PRECIPITAÇÃO mm/año
Georgetown Georgetown
)
" Paramaribo Paramaribo 200 PERÍODO SECO 100
GUYANA GUYANA
TEMPERATURA OC
Puerto Ayacucho )
" )Saint-Laurent
" Puerto Ayacucho Saint-Laurent
)
"
)
"
) 180 2001-2018 90
"
Bogotá )
"
)
"
)
"
Cayenne Bogotá Cayenne
)
"
"
))
"
)
"
)
"
)
"
)
"
160 PERÍODO SECO 80
COLOMBIA SURINAME GUYANE COLOMBIA SURINAME GUYANE ÉPOCA SECA
NAS BACIAS
140 1982-2000 70
Inírida FR Inírida FR MUITO MAIS LONGA E
S.José del Guaviare Lethem S.José del Guaviare Lethem
120 60
Boa Vista Boa Vista MUITO MAIS INTENSA
Florencia Florencia 100 50
Mitú Mitú
Mocoa Mocoa 80 40
Nueva Loja Nueva Loja 60 30
HIDROGRÁFICAS
Quito Macapá Quito Macapá
ECUADOR !
ECUADOR 40 20
Belém Belém
!
Ambato Ambato
!
20 10
!
Puyo Puyo
!
Riobamba !
Riobamba
!
!! ! ! !
!
São Luís São Luís 0 0
Azogues Azogues
!! !! ! !
! ! !!! ! !
Manaus Manaus
! !!
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEC
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Cuenca !
!! ! !
!
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!
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!! Cuenca
!
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!!!
!
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Loja Loja
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Iquitos Leticia Iquitos Leticia
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Zamora Zamora
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Precipitação
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!
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!! ! ! ! !!! !!! !!
!
!!
1982-2000 26,5 26,1 26,0 25,1 23,1 21,8 21,5 23,3 24,9 26,8 26,7 26,6
! ! !
!!
!
!
!
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Temperatura
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PERÚ PERÚ
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BRASIL BRASIL
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Cobija Cobija
!
!
Puerto Maldonado Puerto Maldonado
pelas de alta acumulação (34%) e acumulação média (33%). Cusco Cusco intensas quanto as projetadas para o ano de 2050. O maior impacto
As cabeceiras de bacia apresentam menor impacto (com Trinidad Trinidad reside na alteração do calendário agrícola; os climogramas Walter-Lieth REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
graus nulo, muito baixo e baixo) e produtividade hídrica alta
Cuiabá Cuiabá
(Figura 3) indicam que o período de seca já aumentou de 2,5 meses para
BOLIVIA Brasília BOLIVIA Brasília
Linke, S. et al. (2019). Global hydro-
4 meses nos últimos 18 anos, e estima-se que em 2050 chegará a 6,5
La Paz La Paz