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Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 1
Organizadores
João Cândido André da Silva Neto
Natacha Cíntia Regina Aleixo
Leonice Seolin Dias
Dinâmicas Socioambientais na
Amazônia Brasileira
1a Edição
TUPÃ-SP
ANAP
2017
2 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
Editora
Capa: Área portuária da cidade de Tefé, capturada no por do sol nas margens do rio Tefé. Silva Neto, 2013.
Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 3
Organizadores
ISBN 978-85-68242-38-4
CDD: 900
CDU: 911/49
Sumário
Prefácio 08
Apresentação 12
Dedicatória 14
Capítulo 1 16
ANÁLISE TEMPORO-ESPACIAL DO USO DA TERRA E COBERTURA VEGETAL NO BAIXO
RIO TEFÉ – AMAZONAS
João Cândido André da Silva Neto
Natacha Cíntia Regina Aleixo
Capítulo 2 30
O CAMPO TÉRMICO E HIGROMÉTRICO NA ÁREA URBANA DE TEFÉ-AMAZONAS: UMA
ANÁLISE PRELIMINAR
Elklândia Gomes da Silveira
Natacha Cíntia Regina Aleixo
João Cândido André da Silva Neto
Capítulo 3 45
CARACTERIZAÇÃO DA TEMPERATURA, pH E CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DAS ÁGUAS
SUPERFICIAIS NA COMUNIDADE FLUTUANTE DO CATALÃO, IRANDUBA – AMAZONAS
Marcos Fabricio Leal
Flávio Wachholz
Capítulo 4 59
MORFODINÂMICA NO RIO SOLIMÕES E SUAS IMPLICAÇÕES PARA TABATINGA-AM
Francisco Gleison de Souza
Capítulo 5 72
VULNERABILIDADE DO RELEVO À PERDA DE SOLOS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
CAIAMBÉ, MÉDIO SOLIMÕES-AM
João Cândido André da Silva Neto
Geisa Ribeiro Gonçalves
Natacha Cíntia Regina Aleixo
Capítulo 6
AS VILAS DO ALTO SOLIMÕES: PRODUÇÃO E ABASTECIMENTO DE GÊNEROS 88
ALIMENTÍCIOS NO AMAZONAS, BRASIL
Tatiana Schor
Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 7
Capítulo 7
AGROECOLOGIA E SOBERANIA ALIMENTAR: NOTAS INTRODUTÓRIAS SOBRE A 104
AGRICULTURA CAMPONESA NO ALTO SOLIMÕES, AMAZONAS, BRASIL
José Aparecido Lima Dourado
Capítulo 8 116
TÃO LONGE, TÃO PERTO! DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE DOIS MUNICÍPIOS
AMAZÔNICOS LIMÍTROFES: ALTAMIRA E SÃO FÉLIX DO XINGU, PARÁ
Ricardo de Sampaio Dagnino
8 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
Prefácio
Sou surpreendido com a solicitação do Prof. João Cândido André da Silva Neto, meu
mais novo colega do Departamento de Geografia da UFAM, para escrever um breve texto
sobre o livro “Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira”, organizado juntamente
com Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias.
Levado pelo sentimento de valorização do conhecimento científico que se produz
sobre e na Amazônia, aceitei de pronto o convite, sem me dar conta da extrema
complexidade e profundidade do livro no qual se misturam temas relacionados à natureza e
aos aspectos sociais, numa perfeita imbricação daquilo que se poderia denominar de
dimensões sócio-espaciais, termo no sentido dado por Marcelo Lopes de Souza.
Eu, que no máximo entendo daquilo que na caixinha da ciência moderna foi
denominada por Jean Brunhes como Geografia Humana, mais especificamente no caso das
cidades na Amazônia, desde muito entendo que não se compreenderá a Amazônia
especialmente do ponto de vista geográfico, sem a articulação da natureza e da sociedade, e
é disso que este livro trata.
Organizado em oito capítulos, resultados de pesquisas realizadas por professores de
instituições públicas, a maioria localizada na Amazônia, o livro compreende textos ricos em
detalhes, objetivos e executados com equilíbrio e técnicas, não apenas as mais atuais, como
o uso do geoprocessamento e de imagem de satélite, mas ancorado nos mais caros métodos
da Geografia Clássica e com rigorosa pesquisa de campo, algo que, em certo momento, a
Geografia Brasileira perdeu e que, felizmente, os novos geógrafos buscam resgatar.
Boa parte dos textos tem como área de estudo o que se denomina de Amazônia
Ocidental, mais especificamente, o Estado do Amazonas, e tratam de temas como a
1
Professor Titular de Geografia da Universidade Federal do Amazonas. Bolsista Produtividade em Pesquisa do
CNPq. Reitor da Universidade de Estado do Amazonas entre 2010 a 2013.
Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 9
Por fim, mas não menos importante, como já me referi em outras oportunidades, é
destacar que uma pesquisa existe quando é realizada, apresentada, julgada e aprovada pelos
pares. Todavia, ela ganha concretude e passa a ser útil quando divulgada à sociedade. Diz-se
amiúde que as pesquisas são finalizadas e depositadas em estantes empoeiradas nas
instituições de ensino e pesquisa. Esta realidade está mudando entre nós graças à
concepção dos novos pesquisadores que buscam meios de publicar suas pesquisas. Até
pouco tempo, o papel de financiamento das publicações era desempenhado pelas agências
de fomento à pesquisa, que criaram meios de se autodivulgarem. Infelizmente, isso não
existe mais, e até mesmo o financiamento das pesquisas está rareando.
O que os autores do livro “Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira” nos
seus vários capítulos fazem é recolher e sistematizar dados e informações da vegetação, do
clima, do relevo, dos rios, da estrutura dos municípios e ainda das falas de gente que faz
agricultura, pesca e extração nos beiradões, no meio da floresta e nas vilas. Os textos são
relatos de pesquisas de quem conhece por estudar e viver na Amazônia, sua gente e suas
coisas. Como as águas turvas do rio Solimões, local da maioria das pesquisas, que nos
dificulta a visão ampla. A Amazônia é um labirinto, nem sempre possível de ser desvendada,
dificultando a compreensão dos caminhos, mas a natureza e a vida ultrapassam o
entendimento e a interpretação do possível. O que este livro faz é avivar rastros para
construir novas trilhas, novos caminhos de preservação da natureza e da vida na Amazônia.
12 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
Apresentação
Os organizadores
Tupã-SP, 2017.
Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 15
Dedicatória
Esse livro é dedicado à memória do Professor Doutor José Aparecido Lima Dourado,
pelo exemplo de ser humano e profissional que sempre foi, por acreditar que a educação
poderia mudar a sociedade e o lugar em que vivemos, tornando-o melhor, por não aceitar
que a distância dos grandes centros, infraestrutura precária e nenhuma outra dificuldade o
fizessem desistir de realizar um trabalho notável no interior do Estado do Amazonas, e por
possibilitar novas perspectivas de vida aos seus alunos. Esse é nosso singelo agradecimento.
Os organizadores.
16 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
Capítulo 1
INTRODUÇÃO
2
Professor Adjunto do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Amazonas. E-mail:
joaokandido@yahoo.com.br
3
Professor Adjunto do Curso de Geografia, Grupo de Pesquisa Geotecnologias e Análise da Paisagem. E-mail:
natachaaleixo@yahoo.com.br
Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 17
O método de segmentação utilizado foi “crescimento por região”, que é definido como:
Organograma 4 - Operadores Booleanos utilizados na análise espacial para determinação de análise temporal
de uso da terra e cobertura vegetal.
RESULTADOS
Gráfico 1: Uso da terra e cobertura vegetal no Baixo Rio Tefé em 1986 e 2014.
Figura 6: Mapa de análise temporo-espacial de uso da terra e cobertura vegetal do Baixo Rio Tefé em 1986 e 2014.
Gráfico 2: Análise temporal de uso da terra e cobertura vegetal no Baixo Rio Tefé, de 1986 e 2014.
24%
72%
4%
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
ALEIXO, N. C. R., SILVA NETO, J. C. A. Variabilidade Climática do município de Tefé – Amazonas – Brasil. In: VIII SLAGF –
Simpósio LatinoAmericano de Geografía Física – y IV SIAGF – Simposio IberoAmericano de Geografía Física, Santiago -
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CÂMARA, G. e MONTEIRO, A. M. V. Cap. 2. Conceitos básicos em ciência da geoinformação. In: CÂMARA, G.;
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Divisão de Processamento de Imagens do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE/DPI (Copyright © 1991-
2010). Disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/download.php>. Acesso em: 10 mar. 2014.
Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 31
Capítulo 2
INTRODUÇÃO
4
Graduada em Geografia na Universidade do Estado do Amazonas (CEST/UEA). E-mail: nsacj@hotmail.com
5
Professora Adjunto do curso de Geografia da Universidade do Estado do Amazonas (CEST/UEA).E-mail:
natachaaleixo@yahoo.com.br
6
Professor Adjunto do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Amazonas. E-mail:
joaokandido@yahoo.com.br
32 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Segundo García (1995), a intensidade das ilhas de calor é classificada em: débil,
quando as diferenças oscilam entre 0 °C e 2 °C; moderada, entre 2 °C e 4 °C; forte, entre 4 °C
e 6 °C; muito forte, quando as diferenças são superiores a 6 °C.
Dentre os meses nos quais foram feitas as coletas de dados em Tefé, seguindo os
parâmetros da região e levando em conta o período seco e chuvoso (abril, junho, agosto e
setembro), na maioria dos dias analisados, houve atuação dos seguintes sistemas
atmosféricos: massa Equatorial continental (MEC) e Zona de Convergência do Atlântico Sul
(ZCIT). Houve também pouca precipitação em dias com chuvas convectivas 1,5 mm e poucos
dias apresentaram elevada precipitação com valor de até 28,6 mm.
38 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
30
centro Estação INMET
29
temperatura media as 8h (°C)
28
27
26
25
24
23
22
07/abr 08/abr 09/abr 10/abr 11/abr
100
umidade relativa (%) 90
80
70
60
50
40
30
20
10
Estação INMET Centro
0
07/abr 08/abr 09/abr 10/abr 11/abr
40
35
temperatura media as 14h (°C)
30
25
20
15
10
5
centro Estação INMET
0
07/abr 08/abr 09/abr 10/abr 11/abr
100
90
Umidade Relativa (%)
80
70
60
50
40
30
20
10
0
07/abr 08/abr 09/abr 10/abr 11/abr
Episódio de 11 a 15/08/2014
Neste episódio, a maior diferença registrada nos dois pontos ocorreu no dia
12/08, com uma amplitude térmica de 3,25 °C. No dia 25/08, na parte da manhã, as
temperaturas foram bem homogêneas devido à chuva que ocorreu na cidade (28,6 mm). A
mesma contribuiu para amenizar a temperatura e elevar a taxa de umidade no Centro,
conforme o Gráfico 5.
A umidade relativa continuou seguindo o mesmo padrão dos outros episódios, com
os maiores valores sendo registrados na área da estrada do aeroporto e com uma
homogeneização nos dois pontos nos dias com chuvas (Gráfico 6).
Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 41
35
25
20
15
10
5
centro estação INMET
0
11/ago 12/ago 13/ago 14/ago 15/ago
100
90
80
umidade relativa (%)
70
60
50
40
30
20
10
estação INMET centro
0
11/ago 12/ago 13/ago 14/ago 15/ago
No horário das 14h, não houve uma variação acentuada comparando os dois
pontos, houve uma amplitude de 0 a 2,5 °C. durante os todos os dias (Gráfico 7).
Em relação à umidade, neste mesmo horário, houve uma variação no dia 12/08,
pois o Centro apresentou um valor maior que a estrada do aeroporto, 64% e 60%,
respectivamente, conforme se observa no Gráfico 8.
42 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
40
temperatura media 14h (°C) 35
30
25
20
15
10
5
centro estação INMET
0
11/ago 12/ago 13/ago 14/ago 15/ago
100
90
estação INMET centro
80
umidade relativa (%)
70
60
50
40
30
20
10
0
11/ago 12/ago 13/ago 14/ago 15/ago
Assim, verificou-se, nas áreas de Tefé, com características de uso e ocupação dos solos
diferentes, que além dos fatores naturais como sistemas atmosféricos atuantes e a precipitação,
as modificações ocorridas na paisagem urbana da cidade, em decorrência da produção do
espaço, influenciam diretamente no aumento da temperatura, causando assim, a ocorrência do
fenômeno de ilhas de calor com intensidade moderada, o que acarreta desconforto térmico na
população, principalmente a parte que habita ou trabalha na área central da cidade.
Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 43
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTO
REFERÊNCIAS
ALEIXO, N.C.R.; SILVA NETO, J.C.A. Variabilidade climática do município de Tefé/Amazonas/Brasil. Anais... VIII
Simpósio Latino-Americano de Geografia Física Aplicada, Santiago, Chile, p.1635-1643, 2014.
ALEIXO, N.C.R. Pelas lentes da Climatologia e da Saúde Publica: doenças hídricas e respiratórias em Ribeirão
Preto/ SP. Tese de Doutorado em Geografia - UNESP. Presidente Prudente, 2012. 350p.
AMORIM, M. C. C. T. O clima urbano de Presidente Prudente-SP. 2000. 378f. Tese (Doutorado em Geografia) –
Faculdade de Filosofia Letras e Ciência Humanas – USP. São Paulo.
CENTRO DE PREVISAO DO TEMPO E ESTUDOS CLIMATICOS – CPTEC. Banco de dados de imagens GOES.
Disponível em:<www.cptec.inpe.br.
GARCÍA, F. F. Manual de climatologia aplicada: clima, medio ambiente y planificación. Madrid: Editorial
síntesis, S.A., 1995.
MENDONÇA, F. Geografia Socio-ambiental. In: Mendonça, F.; Kozel, S.. (Org.). Elementos de epistemologia da
geografia contemporanea. Curitiba: Editora da UFPR, 2002, v. 1, p. 121-144.
RODRIGUES, E. A. Rede Urbana do Amazonas: Tefé como cidade média de responsabilidade territorial na
calha do Médio Solimões. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade Federal do Amazonas - UFAM.
Manaus - AM, 2011.
SANT´ANNA NETO, J.L. O clima urbano como construção social: da vulnerabilidade polissêmica das cidades
enfermas ao sofisma utópico das cidades saudáveis. Revista Brasileira de Climatologia, ano 7, v. 8, p. 45-60,
2011.
SILVEIRA, E. G. Clima Urbano: Análise do campo térmico e hidrométrico na cidade de Tefé AM. 2014. Trabalho
de Conclusão de Curso (Graduação em Geografia) Universidade do Estado do Amazonas.Tefé.
46 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
Capítulo 3
INTRODUÇÃO
A água é indispensável para vida, ou seja, todos os seres vivos precisam desse
elemento para viver e a possuem na sua estrutura física (BRUNI, 1994). A água possui
significativa importância também pelos seus usos antrópicos: navegação, irrigação, pesca,
consumo doméstico e industrial. Rebouças (2004) enfatiza que, desde o início da formação da
sociedade, a água ocupa um papel fundamental no desenvolvimento de grandes civilizações.
No entanto, os esforços e desafios da população são para armazenar e diminuir o
consumo de água, visto que a mesma vem se tornando um bem escasso e sua qualidade se
deteriora cada vez mais rápido (FREITAS et al., 2001). Cada uso da água apresenta seu
próprio requisito de qualidade; como o abastecimento urbano que exige alto padrão de
qualidade e a navegação não apresenta restrições (BORSOI; TORRES, 1997).
As preocupações com a qualidade deste recurso têm induzido uma série de medidas,
tanto governamentais, quanto sociais, com o objetivo de viabilizar a continuidade das diversas
atividades públicas e privadas, as quais têm como foco as águas doces, principalmente as que
atuam diretamente sobre a qualidade de vida da população (MACHADO, 2003).
A disponibilidade hídrica no Brasil é distribuída de maneira desigual pelo território
(TUNDISI, 2008). Segundo Machado (2003), cerca de 70% da água está localizada na região
Norte, a qual abriga aproximadamente 7% da população brasileira. Nessa região, encontra-
se a Bacia Amazônica, sendo o maior sistema fluvial do mundo, com 6.400.000 km² de
extensão, abrangendo nove países da América do Sul, e o Rio Amazonas, que chega a 6.762
km de comprimento (YAHN FILHO, 2005).
7
Licenciado em Geografia, Escola Normal Superior, Universidade do Estado do Amazonas.
8
Professor adjunto do curso de Geografia, Escola Normal Superior, Universidade do Estado do Amazonas.
Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 47
disponibilidade deste bem natural, contudo, sem tratamento adequado para sanar as
necessidades domésticas e de higiene pessoal dos moradores desta comunidade.
Deste modo, avaliou-se a qualidade da água da Comunidade do Catalão por meio das
variáveis: pH (potencial hidrogeniônico), índice que representa a acidez ou basicidade das
águas; condutividade elétrica, parâmetro que analisa a capacidade de condução de corrente
elétrica de sais dissolvidos e ionizados presentes na água; e temperatura, variável física que
contribui no sabor e odor das águas, bem como influencia fatores biológicos e químicos.
Buscou-se também relacionar a variável pH de acordo com os usos realizados pelos moradores
e legislação vigente (nº 357/05), do Conselho Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 2005).
Lago do Catalão
METODOLOGIA
Mapa 2. Pontos amostrais na comunidade flutuante lago do Catalão e disposição das moradias flutuantes no
período de enchente.
RESULTADOS
enchente cheia
35
34
33
°C
32
31
30
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Pontos amostrais
enchente cheia
8,0
7,5
pH 7,0
6,5
6,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Pontos amostrais
.
enchente cheia
80
70
60
50
µS/cm 40
30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Pontos amostrais
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) pela concessão da
Bolsa de Iniciação Científica ao primeiro autor.
REFERÊNCIAS
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2007,São Paulo. Anais...São Paulo: ABRH, 2007, p. 01-11.
TUNDISI, J. G. Recursos hídricos no futuro: problemas e soluções. Estudos avançados, v. 22, n. 63, p. 7-16, 2008.
Capítulo 4
INTRODUÇÃO
9
Mestre em Geografia, professor assistente do Curso de Geografia da Universidade do Estado do Amazonas.
Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 61
Pensar um rio como um sistema favorece o entendimento das relações entre seus
elementos constituintes, estabelecidas através de fatores desencadeadores de processos
que culminam na formação, destruição e/ou remodelação de estruturas presentes no canal
fluvial. A esse respeito, Carneiro (2009, p. 18) esclarece que “O sistema fluvial abarca e/ou
resulta de uma interação de fatores que condicionam o desenvolvimento dos processos e
62 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
das formas dentro dos canais”. Tal afirmação é pertinente quando se observa o Rio Solimões
em Tabatinga. Erosão, transporte e deposição de sedimentos somam uma gama de
processos que determinam as características da dinâmica fluvial e morfologia constituintes
do próprio rio. É claro que fatores relacionados à estrutura geológica e ao clima pretérito e
atual são fundamentais no desencadeamento de tais processos.
A erosão fluvial apresenta-se como fundamental à leitura dos processos atuantes
nas estruturas das margens e leitos dos rios, já que se apresenta como promotora de
intensas e constantes modificações ao longo do perfil longitudinal. Ela é, ainda, responsável
pelo desgaste lateral basal dos taludes desestabilizando-os e acarretando movimentos de
massa (TEIXEIRA, 2010).
O transporte no leito de um rio pode ser realizado de três formas, de acordo com o
tipo de material: sedimentos produzidos por intemperismo químico compõem a carga
dissolvida presente no transporte em solução; quando o material mobilizado apresenta
dimensões maiores, no caso da argila, ocorre o transporte em suspensão; e quando as
partículas apresentam granulometria estabelecida entre a areia, passando por seixos e até
matacões o transporte, é denominado de rastejamento, rolamento e/ou saltação
(WICANDER; MONROE, 2009). Observa-se que
Os rios podem depositar sua carga em qualquer ponto ao longo de seu curso, mas a
maior parte do material é depositada nas seções onde o gradiente do canal é
pequeno ou onde há mudanças bruscas no gradiente e na profundidade do canal,
bem como na velocidade do escoamento. (NOVO, 2008, p. 230)
É interessante notar que, quando um rio, como o Solimões, reduz seu gradiente por
conta da vazante anual ou do alargamento do canal, a carga depositada na forma de bancos
de sedimentos no leito pode originar ilhas, elevando o número de canais, e assim, impor um
novo gradiente, pois o fluxo passa a se deslocar por canais mais estreitos.
Observa-se que, no ano de 2002 (Imagem de Satélite 2), a área no sudoeste da ilha de
Santa Rosa, no Peru, localizada à frente de Tabatinga, no Brasil, ainda não sofria processo
erosivo. Destaca-se, porém que o fluxo do Paraná do Solimões, localizado ao norte da ilha, nos
períodos de cheia, pressiona o canal secundário contra a margem esquerda do rio, na qual se
verifica uma leve sinuosidade, onde se encontram as cidades de Letícia (CO) e Tabatinga, BR.
Outra questão a ser considerada é a perda de uma área que apresenta duas
vocações para a população local: atração turística e recreação, uma vez que residentes da
Comara e turistas, principalmente colombianos, que chegam à Tabatinga, visitam o terraço
em função da paisagem cênica, por meio da qual se tem uma visão privilegiada do Rio
Solimões com a floresta amazônica peruana ao fundo. Contudo, com a ocorrência da erosão
associada aos movimentos de massa, a área de acesso está perdendo espaço para o próprio
rio. A população da cidade de Tabatinga, que outrora se divertia na área, afastou-se, pois, os
clubes locais fecharam por conta da ocorrência dos movimentos de massas e a defesa civil
isolou o local para evitar acidentes.
Com a continuidade do processo erosivo na ilha peruana de Santa Rosa é possível
que o molhe hidráulico se desloque alguns metros para montante, passando a atuar sobre o
fluxo do canal secundário. Isso desencadearia novos processos erosivos na área localizada
próxima à atual fábrica de asfalto (Foto 5), e da pista do aeroporto internacional de
Tabatinga, como pode-se observar na Mapa 1. Nessa figura, que não está na escala original,
também se encontra em destaque a área que sofre a ação da erosão lateral do Solimões,
associada a outros processos erosivos e desencadeadores dos movimentos de massas.
68 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
Mapa 1 – Área no bairro da Comara que apresenta processos erosivos e de movimentos de massa.
Já a confluência do Igarapé Dom Pedro com o Solimões está encoberta por uma
estrutura rígida, construída (Foto 10) pela prefeitura, para facilitar o acesso das pessoas aos
barcos que atracam na área denominada de Porto das Catraias. Ressalta-se que no local há
uma ponte (Foto 11) que desmorona anualmente conforme se eleva o fluxo de energia da
corrente local no período de cheia, como demonstra a Foto 12. Nessa área, em particular, é
possível identificar: pontos de mototáxi, comércio de produtos diversos, hotéis e bares.
Percebe-se, na Figura 12, a existência de uma ponte improvisada de madeira que interliga as
margens do igarapé, facilitando o deslocamento de pessoas e mercadorias.
O constante redirecionamento do fluxo de água e energia promovido pela ação
oscilante entre o Rio Solimões e o Igarapé Dom Pedro promove a desestabilização da
construção realizada pelo poder municipal, fazendo a mesma ruir. Incrivelmente, a gestão
municipal anterior canalizou justamente a confluência do igarapé com o Rio Solimões, e tal
fato intensificara os processos erosivos presentes na área.
Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 71
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CARNEIRO, D. S. Morfodinâmica fluvial do rio Solimões, trecho Tabatinga a Benjamin Constant – AM e suas
implicações para o ordenamento territorial. 2009. 151 f. Dissertação (Mestrado em Geografia). Universidade
Federal Fluminense, 2009.
GUERRA, A. T.; GUERRA, A. J. T.. Novo dicionário geológico-geomorfológico. 8 ed. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2010.
IGREJA, H. L. S.; CARVALHO, J. A. L.; FRANZINELLI, E. Aspectos das Terras Caídas na Região Amazônica. In:
RABELLO, A. Contribuições Teórico-metodológicas da Geografia Física. Manaus: Editora da Universidade
Federal do Amazonas, 2010.
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Iniciação Científica. Tabatinga: PAIC-FAPEAM, 2014.
TEIXEIRA, S. G. Risco Geológico. In: MAIA, M. A. M.; MARMOS, J. L. (orgs.). Geodiversidade do estado do
Amazonas. Manaus: CPRM, 2010, p. 87-100.
WICANDER, R.; MONROE, J. S. Fundamentos de Geologia. Colaboração: E. Kirsten. Tradução: Harue Ohara
Avritcher. Revisão: Maurício Antônio Carneiro. São Paulo: Cengage Learning, 2009.
Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 73
Capítulo 5
INTRODUÇÃO
10
Professor Adjunto do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Amazonas. E-mail:
joaokandido@yahoo.com.br
11
Graduada em Geografia na Universidade do Estado do Amazonas (CEST/UEA). E-mail:
geisa_1216@hotmail.com
12
Professora Adjunto do curso de Geografia da Universidade do Estado do Amazonas (CEST/UEA). E-mail:
natachalaeixo@yahoo.com.br
74 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
A Amazônia brasileira nas últimas décadas vem sendo atingida por uma série de
impactos ambientais principalmente no que se refere a desmatamentos e queimadas,
como resultado da expansão das fronteiras agrícolas relacionadas à exploração
madeireira e atividade agropecuária. (ALBUQUERQUE; VIEIRA, 2014, p. 223).
A bacia hidrográfica do Rio Caiambé está inserida nos limites territoriais no município
de Tefé, que por sua vez, localiza-se na região do Médio Solimões, no estado do Amazonas,
cuja localização está compreendida entre as Latitudes 03° 30’ 00” S e 04’16’17” S e as
Longitudes 64°14’00” W e 65° 00’ 00” W. O distrito de Caiambé é uma das mais antigas vilas
fundadas no município de Tefé, a bacia possui a extensão de aproximadamente 2,500 Km²,
apresentando-se como clima equatorial quente e úmido (Mapa 1).
Essa área estudada apresenta duas unidades geomorfológicas segundo Ross (2006),
a planície do Rio Amazonas, caracterizados por apresentar relevo plano, litologias
caracterizadas por aluviões e areias argilas e solos, gleissolos, e neossolos flúvicos; e a
Depressão da Amazônia Ocidental, caracterizada por colinas amplas de topos planos,
planícies fluviais, litologias caracterizadas por arenitos finos, e argissolos vermelho-
amarelados, neossolos flúvicos, plintossolos e gleissolos (SILVA NETO; ALEIXO, 2014, p. 155).
Os aspectos físico-naturais dessa área vêm sendo transformados por pequenos
agricultores e fazendeiros, que utilizam de técnicas tradicionais, como queimadas e
exploração madeireira, visando o desenvolvimento de culturas como mandioca e pecuária.
Esse processo de apropriação da natureza muitas vezes ocorre de modo
espontâneo e sem a utilização de técnicas conservacionistas adequadas.
Para Ross (2006), a região do Médio Solimões pode ser “caracterizada como sistemas
ambientais naturais pouco transformados, nos quais ocupam as terras predominantemente com
baixas altitudes, oscilam entre 40 metros e no máximo 140 m aproximadamente”.
Pessoa (2005) considerou que o distrito do Caiambé é o mais desenvolvido no
município de Tefé, apresenta infraestrutura básica como energia elétrica 24 horas, rede de
água, posto de saúde, lojas, duas escolas, ruas pavimentadas, etc.
O Caiambé está distante 50 km via fluvial de Tefé, no sentido Tefé-Manaus.
Atualmente, Caiambé (Foto 1) tem como principal atividade econômica a pesca (Foto 2),
coleta de castanha, criação de bovinos e a produção de farinha.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Bloom (1970, p. 68) definiu que as águas nas vertentes convergentes e divergente são
provenientes de grande área de encosta acima, e que tende a ser coletada nestas concavidades.
As classes de formas do terreno caracterizam-se como associações entre as
classes de curvaturas horizontais e verticais, em que são definidas como mais vulneráveis à
perdas de solos as classes cuja geometria das vertentes estão condicionadas à maior
concentração e acúmulo de escoamento superficial associados às inclinação das vertentes
(SILVA NETO, 2013, p. 22) (Mapa 2).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As variáveis analisadas por meio SIG tornam-se importantes para determinação dos
níveis de vulnerabilidade à perda de solos da área estudada, e a associação das classes de
vulnerabilidade Forte com processo de uso da terra podem intensificar os processos erosivos
e desestabilizar esses ambientes.
O presente estudo indicou que os processos erosivos estão diretamente ligados às
formas do relevo, tanto na análise do formato do perfil de suas vertentes: côncavo, retilíneo,
e convexo, quanto na análise do direcionamento do fluxo de escoamento de água
convergente, planar e divergente.
As formas convergentes: côncavo, convexo e retilíneo são as classes que, associadas
à vertentes mais acentuadas, caracterizam-se pela grande concentração e velocidade dos
fluxos de água e podem ser associadas à perda de solos, principalmente nas áreas com solos
rasos suscetíveis à erosão, na qual, a presença da cobertura vegetal é escassa ou inexistente,
mostrando grandes influências nessas áreas, as quais podem se ser definidas como
vulnerabilidade forte, visto que na região do Médio Solimões, onde se localiza a bacia
hidrográfica do Rio Caimbé, a da atividade que predomina é a agricultura, a qual pode ter
uma relação direta com a perda de nutrientes do solo e com os processos erosivos quando
essa atividade é desenvolvida sem a utilização de medidas conservacionistas.
AGRADECIMENTO
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, A. R. C.; VIEIRA, A. F. G. Erosão dos solos na Amazônia / organização Antônio José Teixeira
Guerra, Maria do Carmo Oliveira Jorge. 1 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014.320 p.; il; 23 cm.
BOTELHO, R. G. M. Planejamento Ambiental em Microbacia Hidrográfica. In: Guerra, A. J. Teixeira; SILVA, A. S.;
BOTELHO, R. G. M. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
CAVALCANTI, L. C. S. Cartografia de paisagens: fundamentos. São Paulo: Editora: Oficina de Textos, 2014.
DREW, D. Processos interativos homem-meio ambiente. 3ª Ed. Rio de janeiro: Bertrand Brasil, 1994.
EMBRAPA - Serviço Nacional de Levantamento de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Brasilia:
EMBRAPA. Produção da Informação. Rio de Janeiro: EMBRAPA Solos, 2006.
FLORENZANO, T. G. Geotecnologias na geografia aplicada: Difusão e Acesso. São Paulo, Oficina de textos, 2007.
GUERRA, A. J. T. Processos erosivos nas encostas. In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. (Org.). Geomorfologia: uma
atualização de bases e conceitos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1994. p. 149-209.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATÍSTICA. Manual Técnico de Geomorfologia. Rio de Janeiro: IBGE.
Manuais Técnicos em Geociências, 2ª Edição, número 5, 2009.
PESSOA, P. L. Estudos Sociais no Município de Tefé, 1 ed. Manuas: Editora Nova Tempo Ltda, 2005.
ROSS, Jurandy. Ecogeografia do Brasil: subsídios para planejamento ambiental/ São Paulo: Oficina de Textos, 2006.
SILVA NETO J. C. A.; ALEIXO, N. C. R. Apropriação da natureza e processos erosivos na Região do Médio
Solimões – AM. Revista Geo UECE - Programa de Pós-Graduação em Geografia da UECE Fortaleza/CE, v. 3, n. 4,
p. 151-176, 2014. Disponível em: http://seer.uece.br/geouece>. Acesso em: 23 jun. 2015.
SILVA NETO, J. C. A. Zoneamento ambiental como subsídio para Ordenamento do território da bacia
hidrográfica do rio Salobra, Serra da Bodoquena MS. Tese (Doutorado em Geografia) – Faculdade de ciências e
tecnologias. Universidade Estadual Paulista. Presidente Prudente, 2013a.
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formas do terreno. IN: Geografia (Londrina), v. 22, n. 1, p. 05-25, 2013b.
VALERIANO, M. M. Topodata: Guia para Utilização de Dados Geomorfológicos Locais. Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) (2008).
Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 89
Capítulo 6
Tatiana Schor 14
INTRODUÇÃO
13 Este texto foi inicialmente produzido para o Workshop “Pesquisa e Agricultura Familiar: fortalecendo a
interação da pesquisa para inovação e sustentabilidade na Amazônia” organizado pelo Grupo de Pesquisa:
Agricultura Familiar, Inovação, Sustentabilidade e Ruralidade (Gepafisr), EMBRAPA Amazônia Ocidental,
realizado entre os dias 20 a 22 de outubro de 2015 sob o título “Produção e abastecimento de gêneros
alimentícios no Alto-Alto Solimões, Amazonas: uma questão para a agricultura familiar”, agradecemos as
contribuições
14
dos organizadores.
Professora Associada do departamento de Geografia Universidade Federal do Amazonas. NEPACAB – Núcleo
de Estudo e Pesquisa das cidades da Amazônia. Catedra Ruth Cardoso/Columbia University - FULBRIGHT/
CAPES e Pesquisadora Produtividade CNPq.
90 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
Município Pop. 1960 Pop. 1970 Pop. 2010 Pop. Estimada 2014
Fonte: IBGE, 1971 e 2014. Dados para Tabatinga nas décadas de 60 e 70 indisponíveis.
Fonte: IBGE, 1971 e 2014. Dados para Tabatinga nas décadas de 60 e 70 indisponíveis.
92 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
Uma das consequências positivas da agricultura familiar, que até agora predomina
no Amazonas e é voltada principalmente para a reprodução biológica e social dos indivíduos,
é que ela ocorre em ambientes pouco modificados, que ainda não sofreram os impactos do
avanço da agropecuária extensiva e da agricultura mecanizada, esta última, dependente de
insumos agrícolas e voltada exclusivamente para o mercado. A produção local é mais
diversificada que a monocultura em larga escala e permite uma oferta constante e variada
para autoconsumo, além de proporcionar maior estabilidade ao sistema produtivo, uma vez
que, as necessidades básicas da alimentação familiar independem da comercialização do
“excedente”. As crises do mercado podem afetar o núcleo produtivo, mas não inviabilizam
sua sobrevivência (NODA, 2011, p. 248).
Um dos principais cultivos da agricultura familiar é a mandioca. A alimentação
na Amazônia, tal qual em outras regiões do país, tem a farinha como principal elemento,
sendo esta, a fonte local mais confiável de energia e quando misturada com outros
produtos, principalmente o peixe seco (farinha de piracuí), é uma importante fonte de
cálcio (CASTRO, 2006).
Nas últimas cheias históricas registradas no estado do Amazonas em 2009, 2011 e
2012, as plantações de mandioca de várzea foram extensivamente prejudicadas, diminuindo
drasticamente a oferta de farinha nos mercados do Amazonas. A diminuição da oferta e,
consequente aumento do preço, abalou o sistema alimentar de grande parte da população.
Este evento evidenciou a necessidade de se avaliar os possíveis impactos das variações
extremas dos regimes hidrológicos na produção de alimentos que compõe a dieta amazônica
e as flutuações em seu preço.
Nas cidades que compõem a microrregião do Alto Solimões (Tabatinga, Benjamin
Constant, Atalaia do Norte, São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Icá,
Tonantins, Jutaí e Fonte Boa), o acesso se dá primordialmente por via fluvial e, em alguns
casos, por via aérea, por este motivo, são consideradas de difícil acesso e classificadas como
cidades isoladas (SILVA, 2011). No entanto, as “dificuldades de acesso” não impedem a
circulação de mercadorias, dentre as quais, encontram-se os gêneros alimentícios.
O mercado, como uma forma de organização social, envolve tanto a compreensão
cognitiva, quanto as relações sociais concretas (FLIGSTEIN, 2001, p. 32). As maneiras pelas
quais os diferentes mercados estão organizados representam de forma significativa a
sociedade. De fato, o mercado, como estrutura social, pode ser representado pelos seus
94 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
espaços de fixos (as infraestruturas propriamente ditas) e os seus espaços de fluxos (as
diferentes redes de mercadorias e de informação sobre elas). O conhecimento e acesso a
esses espaços determinam as diferentes formas de inserção social. O mercado é
considerado, cada vez mais, uma instituição importante em termos de aquisição de
alimentos, porém, as formas tradicionais de acesso a gêneros alimentícios (produção de
subsistência, caça, pesca, extrativismo e trocas não monetárias) ainda são uma importante
fonte de alimentos no Amazonas. Esta é uma realidade da Amazônia, onde toda forma de
extrativismo, pesca e caça ainda é possível, e na qual, a produção para subsistência e as
relações não monetárias de troca são elementos da cultura local (WINKLERPRINS; SOUZA,
2005; PADOCH et al., 2008; NODA, 2011; VAN VLIET et al., 2015).
A produção e o extrativismo local ainda representam uma parte importante dos
alimentos frescos que são consumidos na região amazônica, no entanto, a concentração das
pessoas nos centros urbanos, como na Tríplice Fronteira (Brasil-Peru-Colômbia), com quase
200 mil pessoas, faz com que surjam novas opções alimentares com diferentes cores e
sabores - mesmo que artificiais -, os quais são oferecidos nas prateleiras dos supermercados.
A facilidade de consumir também passa a ser determinante na hora da escolha do que
comer, já não se faz necessário plantar, nem caçar e nem mesmo entender a origem do
alimento que será consumido, basta ter dinheiro, que, em muitos casos, é suprido pelas
aposentadorias, Bolsa Família e, no estado do Amazonas, pelo Bolsa Floresta.
Na Amazônia, em especial na Amazônia Ocidental, devido à localização geográfica e
acessibilidade, esta realidade se reproduz de forma específica. Se por um lado a sociedade e
a natureza ainda interagem, refletindo uma dinâmica local própria, por outro lado, o acesso
a bens industrializados, principalmente alimentícios, encurta a distância e as diferenças
regionais, homogeneizando os hábitos alimentares e configurando regiões.
Quadro 1 : Vilas com mais de 1.000 habitantes na microrregião do Alto-Alto Solimões - AM.
15 Vertente brasileira AEMINPU – Associação Evangélica da Missão Israelita do Novo Pacto Universal, os
israelitas peruanos que são forte na agricultura do Alto Solimões.
98 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
CONSIDERAÇÕES
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
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NARDOTO, G. G; MURRIETA, R. S.; PRATES, L. E.; ADAMS, C.; GARAVELLO, M. E.; SCHOR, T.; MORAES, A. O;
RINALDI, F. D.; GRAGNANI, J. G.; MOURA, E. A. F.; DUARTE-NETO, P. J.; MARTINELLI, L.A. Frozen, chicken for
wild fish: nutritional transition in the Brazilian Amazon Region determined by carbon and nitrogen stable
isotope ratios in fingernails. American Journal of Human Biology, 31 mar. 2011.
NODA, H. ; NODA, S. N.; MARTINS, A. L. U. Segurança Alimentar: importância das formas não monetárias de
acesso ao alimento nas comunidades tradicionais do Alto Rio Solimões-AM. In: FRAXE, T. J. P.; WITKOSKI, A. C.;
PEREIRA, H. S.. (Org.). Amazônia: cultura material e imaterial. São Paulo: ANNABLUME, 2011, v. 1, p. 247-267.
PADOCH, C., BRONDIZIO, E. S. COSTA, M. PINEDO-VASQUEZ, R. R. S. SIQUEIRA. A. Urban forest and rural cities: multi-
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"http://confins.revues.org/10254"http://confins.revues.org/10254>. Acesso em: 10 nov. 2015.
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Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, 2011.
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NASI, R. Bushmeat networks link the forest to urban areas in the trifrontier region between Brazil, Colombia,
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WINKLERPRINS, A. M. G. A; SOUZA, P. S. Surviving the city: urban home gardens and the Economy of Affection
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Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 105
Capítulo 7
INTRODUÇÃO
16
Esse texto é produto dos projetos de pesquisa e extensão desenvolvidos na microrregião do Alto Solimões e
das orientações de monografias junto ao Curso de Geografia.
17
In memoriam. Coordenador do Núcleo de Pesquisa em Estudos Agrários, Território e Trabalho – NUPEATT.
Professor do Curso de Geografia da Universidade do Estado do Amazonas – Centro de Estudos Superiores de
Tabatinga de 2012 a 2015.
106 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
18
Trata-se de uma estratégia camponesa de organização entre os moradores das comunidades para a realizar
atividades diversas, tais como preparo da área a ser cultivada, limpeza e colheita das lavouras, construção ou
reforma de casas, abertura de estradas vicinais, organização de festividades, entre tantas outras. Essa
estratégia é fundamental para manter a coesão entre os membros as comunidades, fortalecendo os laços de
afetividade e de reciprocidade.
Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 107
as melhorias necessárias para ampliar a produção de alimentos sem recorrer a esse pacote
tecnológico? A atuação deficitária por parte das Agências de Assistência Técnica e Extensão
Rural (ATER) contribui para a manutenção das práticas agroecológicas nas comunidades
rurais do Alto Solimões ou acaba se tornando um empecilho para a reprodução dessas?
De antemão, afirmamos que não dispomos das respostas concretas para tais
questionamentos. No entanto, não consideramos essa incerteza como algo negativo, porque a
partir dela, é possível refletir sobre os desdobramentos das políticas públicas, visto que essas
são, em sua maioria, elaboradas com fortes apelos ao modelo de desenvolvimento agrário-
agrícola, pautado nos preceitos da modernização agrícola. Tal projeto coloca o Brasil como o
maior consumidor de agrotóxicos do mundo, sendo que em 2010, foram utilizados 1 bilhão de
litros dessas substâncias, movimentando mais de U$7 bilhões de dólares, segundo dados da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Os debates acerca da liberação de uso de
novos produtos (sementes geneticamente modificadas e agrotóxicos) são acirrados, deixando à
mostra a fúria dos políticos da bancada ruralista e das grandes empresas do setor que buscam
fazer pressão junto aos órgãos de fiscalização, como é o caso da ANVISA.
Em 2013, veio à tona o caso da Dow AgroSciences, que fabrica o herbicida 2,4-D,
sendo essa uma das empresas que busca a liberação dos transgênicos associados a ele. Um
dos problemas levantados pelos órgãos de vigilância (ANVISA e CTNBio) é que a utilização de
sementes resistentes a determinados tipos de herbicidas acaba levando ao aumento do uso
desses agrotóxicos de forma significativa. O Brasil, além de ser o maior consumidor de
agrotóxicos do mundo, é também um dos maiores produtores de soja e milho transgênicos.
A expansão dos transgênicos teve como desdobramento o crescimento do mercado de
agrotóxicos no país, porque grande parte das sementes geneticamente modificadas possui
resistência a venenos agrícolas. Isso permite maior controle de pragas, todavia, impõe riscos
aos consumidores, segundo informa a ANVISA.
Altieri (2012) defende a necessidade de manter o isolamento geográfico de
determinadas áreas de agroecossistemas tradicionais e de germoplasma diversificado, pois
essas poderão exercer importante papel para a recuperação dos efeitos danosos causados
pela agricultura modernizada. Os camponeses do Alto Solimões embora não estejam, em
sua essência, isolados geograficamente, não estabelecem trocas de modo intenso com
outras regiões do estado ou mesmo do país. Todavia, em algumas situações, a atuação dos
órgãos de apoio à agricultura camponesa, como as Secretarias de Produção (estaduais e
108 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
municipais) deve ser analisada com cautela, pois a introdução de sementes híbridas nas
comunidades rurais tem sido feita por meio desses órgãos. Tal fato suscita outro
questionamento: as comunidades camponesas do Alto Solimões mantêm as tradições
culturais em relação ao trabalho na/com a terra porque estão relativamente “isoladas” das
demais regiões do Brasil nas quais a modernização da agricultura se concretizou? Não
desconsideramos o fator geográfico, por entender que a superação da distância requer a
mobilização de todo um aparato envolvendo infraestrutura, meios de comunicação,
transporte e recursos humanos. Todavia, acreditamos que não há, ainda, um interesse
efetivo por parte do grande capital em incorporar essas áreas à produção de commodities,
haja vista que as demais regiões do país continuam sendo atrativas para seus investimentos.
Uma observação desprovida de certos pré-conceitos em relação à agricultura
praticada no Alto Solimões (AM) permite descobrir importantes elementos para analisar e
caracterizar a produção camponesa (indígena e não indígena), os desafios enfrentados pelos
camponeses amazônidos, bem como as estratégias utilizadas por esses sujeitos para
permanecer na terra de trabalho (MARTINS, 2010) e dela tirarem o sustento da família.
Embora resguardadas as devidas particularidades, que não são poucas, podemos afirmar
que os problemas verificados no campo, nessa fração do território brasileiro, não destoam
da realidade vivenciada nas demais regiões do país. Ou seja, falta de apoio por parte das
políticas públicas, inoperância dos órgãos responsáveis por dar suporte técnico e
organizacional às famílias assentadas (o INCRA é um desses exemplos), ausência de
infraestrutura para escoamento da produção e falta de organização entre os agricultores são
apenas alguns exemplos da longa lista de obstáculos experienciados cotidianamente por
aqueles que vivem no/do campo.
Caracterizada pela policultura praticada em pequenas áreas, a agricultura nos
municípios da microrregião do Alto Solimões revela toda a complexidade e dinâmica do
campesinato amazônico e sua relação com o rio, em função das lavouras cultivadas nas
áreas de vazantes, aproveitando, assim, as faixas de terras mais férteis para o cultivo de
espécies de ciclo curto. Essas experiências têm demonstrado viabilidade econômica e
ambiental, contribuindo para a reprodução do modo de vida camponês, além de colocar em
xeque a ideia equivocada de que a agricultura na Amazônia não possui importância para a
economia regional. A agricultura camponesa do Alto Solimões representa, entre outras
coisas, a possibilidade de produção de alimentos, geração de emprego, bem como a
manutenção dos saberes-fazeres de sujeitos heterogêneos (indígenas, não-indígenas,
caboclos, pescadores, etc.).
Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 109
Essa é uma prática ainda muito presente entre os camponeses do Alto Solimões, fato que
revela a permanência de relações não capitalistas de produção no seio da sociedade
capitalista. A produção de frutas, como cupuaçu, abacaxi, melancia e açaí são expressivas
nos municípios pesquisados, contribuindo para a dieta alimentar da família, além de serem
comercializadas nas cidades, tanto a fruta quanto a extração da polpa, que é comercializada
in natura nas feiras.
Já nas lavouras permanentes, o destaque fica por conta da produção de banana,
largamente consumida pela população local, havendo diversas variedades na região, sendo
algumas delas oriundas do Peru, devido à proximidade da fronteira entre esse país e o Brasil.
Outras frutas, como o açaí, cupuaçu, pupunha, buriti, mapati, abil, cubil, camucamu, são
encontradas nas comunidades, sendo essas incorporadas à dieta alimentar local.
Os policultivos prevalecem com a associação das lavouras de mandioca, abacaxi,
milho, banana, feijão e de árvores frutíferas (cupuaçu, açaí, pupunha, entre tantas outras),
havendo alto nível de biodiversidade, conforme destaca Dourado (2013). Esses produtos
abastecem as feiras livres das cidades da região do Alto Solimões, oferecendo alimentos
frescos e com preços acessíveis para a população local. Essas, entre tantas outras práticas
dos camponeses, são exemplos de uma produção baseada nos princípios da Agroecologia. É
importante ressaltar que a diversificação agrícola e a alternância no uso do solo pelos
agricultores camponeses promovem a regeneração da fertilidade do solo e a manutenção da
produtividade, além de proteger as culturas. Baseadas no conhecimento tradicional, essas
práticas têm permitido manter a diversidade de espécies mediante o armazenamento e a
troca de sementes entre os próprios camponeses e indígenas. Os laços culturais das famílias
camponesas amazônicas com a terra, a água e a floresta são, sob nossa perspectiva de
análise, um instrumento fundamental na luta contra o envenenamento da terra, da água,
dos alimentos e dos trabalhadores, tanto no tocante ao plano simbólico quanto no concreto.
As práticas agrícolas desenvolvidas pelos camponeses nesses municípios, em sua
maioria, estão livres do uso de agrotóxicos, fato merecedor de atenção por parte dos órgãos
do Estado e da própria sociedade civil, pois significa que os alimentos produzidos nessa
região e comercializados nas feiras livres das cidades estão isentos de contaminação pelo
uso de agrotóxicos. Todavia, durante os trabalhos de campo foi possível observar a
introdução do uso de agrotóxicos em duas comunidades, a saber, no município de Benjamin
Constant e em Tabatinga. Observamos que o uso de agrotóxicos pelos camponeses, embora
112 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
seja um fenômeno pouco expressivo, vem ocorrendo em duas situações específicas: nas
lavouras de maracujá e nas áreas a serem cultivadas, para eliminar as gramíneas pelo uso de
herbicidas (desfolhantes). Mesmo não sendo uma prática corriqueira, esse fenômeno é
merecedor de atenção por parte das agências de assistência técnica (ATER), bem como pelos
demais órgãos do Estado que tratam da agricultura, já que tal atitude representa uma
mudança de comportamento por parte do camponês, o qual utiliza os herbicidas como
alternativa para a falta de mão de obra.
Nesse sentido, há que se compreender a importância e o significado da agricultura e
dos camponeses para a sociedade atual, pois esses sujeitos estão inseridos num conflituoso
campo de embate e debate político-ideológico. Pensar sobre suas estratégias de reprodução
e em seu modo de vida, nos coloca o desafio e a necessidade de abordar disputas que vão
desde o plano político até a luta pela terra e pelo território, este último, enquanto elemento
importante para a sua própria existência, seja ele camponês, indígena, quilombola ou
ribeirinho. As estratégias utilizadas pelos camponeses do Alto Solimões para reexistirem e se
reproduzirem, enquanto sujeitos sociais, trazem à tona a constante busca desses sujeitos
pela valorização de sua identidade territorial, muitas vezes, expressa por suas práticas
socioculturais. Não basta apenas a terra, é preciso que os camponeses tenham as condições
adequadas para poderem produzir, escoar e comercializar o excedente fruto do trabalho
familiar, pois esta é condição sine qua non para a sua permanência em um universo repleto
de contradições, o qual persiste em negar a existência do agricultor como camponês.
A modernização do campo, em sua essência perversa e concentracionista, procura
considerar o camponês como um sujeito residual, em vias de extinção, tendo-o como
arcaico/atrasado para dar vazão ao discurso do desenvolvimento para o campo trazido por
eles. Todavia, as pesquisas realizadas nas comunidades rurais no Alto Solimões têm
demonstrado que o campesinato se reproduz com vivacidade no seio do capitalismo,
mediante a luta cotidiana pela manutenção da família, do trabalho, da diversidade cultural e
dos agroecossistemas. A Agroecologia se insere nessa discussão como um elemento de
enfrentamento ao discurso hegemônico, cujas análises vêm acenando para a uniformidade
do campo a partir da sua modernização, baseada na mecanização, na monocultura e no uso
intensivo de agrotóxicos. Ante o exposto, o enfrentamento e a disputa por território ficam
evidentes, pois a valorização e incentivo à Agroecologia, em sua essência, contestam o
agronegócio, as multinacionais do setor de sementes e agrotóxicos, bem como a
desvalorização da agricultura pautada em conhecimentos oriundos de práticas seculares.
Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 113
Embora a agricultura camponesa no Alto Solimões seja vista com certa descrença
por parte dos órgãos de governo, bem como por uma parcela da sociedade, cuja concepção
de agricultura é baseada no modelo do agronegócio, as experiências produtivas verificadas
nas comunidades rurais, onde foram realizados os trabalhos de campo, possibilitam-nos
fazer alguns apontamentos, no sentido de suscitar o debate sobre qual modelo de
agricultura prevalecerá nas próximas décadas na região e quais as alternativas endógenas a
serem fortalecidas para garantir o desenvolvimento territorial para a sustentabilidade do
campo. Nessa arena de conflitos, muitos desafios estão postos para os agricultores
camponeses do Alto Solimões em função de uma série de fatores: em primeiro lugar, porque
a concepção de desenvolvimento pautado na lógica da produtividade do agronegócio chega
com força, mesmo onde esse não está presente; em segundo lugar, as políticas e ações
implementadas pelo Estado trazem em seu cerne o ideário da base tecnológica, pautada na
“Revolução Verde”; por último, mas não encerrando a lista de complicadores, temos ainda o
marketing midiático, que vai construindo de forma paulatina e ascendente a negação à
agricultura tradicional e familiar.
Esse emaranhado de elementos políticos e ideológicos traz impactos nefastos para
a agricultura camponesa, porque o modus operandi das forças controladoras é, em sua
essência, conflituoso, com a perspectiva de aceleração da produção com vistas a atender o
paradigma do desenvolvimento econômico. Ao enveredar pela temática da Agroecologia, é
necessário atentar ao fato de que, enquanto no contexto brasileiro há autores que discutem
o assunto a partir da transição agroecológica, a realidade empírica sob a qual debruçamos é
rica em experiências produtivas pautadas nos princípios agroecológicos, e na qual, o saber
popular e tradicional deve ser respeitado e considerado como um instrumento
potencializador do desenvolvimento local, a partir de um paradigma que leve em
consideração as dimensões sociopolíticas e culturais dos sujeitos a serem beneficiados,
como forma de trilhar caminhos potenciais para a emancipação. Tal perspectiva é
desafiadora, uma vez que demanda a necessidade de valorar as iniciativas locais de
organização da produção e do trabalho, para garantir que o modelo agrícola de base
agroecológica, centrado no controle social e participação popular, continue hegemônico no
Alto Solimões, podendo constituir um exemplo exitoso para o desenvolvimento agrícola a
ser adotado em outras regiões do Brasil, onde a agricultura baseada no modelo industrial
atingiu seu ápice de saturação. Outros modelos de desenvolvimento para o campo são
114 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
possíveis e viáveis e devem ser considerados pelo Estado ao formular as políticas públicas,
de modo a atentar para as demandas e interesses daqueles que vivem no campo e que
vivenciam diretamente os efeitos de tais ações. É necessário avançar na construção de
alternativas que promovam a diminuição das desigualdades sociais e de acesso aos recursos
financeiros para haver uma alteração no cenário atual do campo brasileiro, em que o
agronegócio concentra os recursos públicos de incentivo ao passo que a agricultura
camponesa conta com parcos financiamentos, sendo muitos deles inacessíveis por conta dos
trâmites burocráticos exigidos.
Tecendo (in)conclusões...
agricultura camponesa tem sido apresentada nos discursos midiáticos, bem como no cerne
das políticas públicas de desenvolvimento territorial, pois há um claro alinhamento entre os
setores do governo, a agricultura empresarial e os conglomerados agroquímicos, destaque
para a Monsanto, a Syngenta, a Bunge & Born, Bayer, entre outras que buscam manter o
controle sobre a produção de alimentos (sementes, principalmente).
Pensar a agricultura camponesa no Alto Solimões exige reconhecer sua
vulnerabilidade, pelo fato de, mesmo que timidamente, o uso de agrotóxicos em algumas
lavouras se faz presente, com destaque para o maracujá e a melancia, fato indicador da
introdução do pacote tecnológico da modernização agrícola nessa região. Por essa razão, a
discussão sobre Agroecologia e soberania alimentar ganha relevância em função dos efeitos
negativos que esse fenômeno pode acarretar para as comunidades. Quanto aos processos
de reprodução do campesinato no Alto Solimões, pensarmos os contextos do redesenho dos
territórios, estejam eles em disputa ou não, demonstra que muitas práticas agroecológicas
envolvendo o conjunto dos saber-fazer continuam a ser reproduzidos pelos camponeses,
mesmo a despeito da face moderna da agricultura nesse limiar de século XXI. A reprodução
camponesa coloca por terra as teses que defendem a homogeneização do campo via
modernização conservadora, trazendo à tona os constructos políticos e ideológicos inerentes
ao pacote tecnológico da Revolução Verde.
Apesar de todas as dificuldades vivenciadas cotidianamente, as famílias
camponesas continuam o labour na terra, de onde advém parte significativa da renda e dos
alimentos consumidos localmente, desafiando assim, os prognósticos daqueles que
defendem a extinção do campesinato. A Agroecologia surge nesse emaranhado de discursos
e ações desagregadoras, como um elemento diferenciador, porque representa o dualismo
manutenção-resistência, sendo essa última, aqui entendida como o ato de reexistir,
reinventar, reelaborar as práticas e os saberes a partir das experiências cotidianas. Importa
destacar que não se trata de uma visão a-histórica dos sujeitos, mesmo porque é idílica a
concepção de que os camponeses vivem à margem das transformações socioespaciais
decorrentes da economia globalizada.
A partir dessa análise, deve-se reconhecer que o campesinato tem um papel
fundamental no contexto da produção de alimentos, tendo muito a colaborar, inclusive com
a manutenção e preservação da agrobiodiversidade regional. Agroecologia e soberania
alimentar surgem como dois temas importantes e que devem ser colocados na pauta de
116 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
REFERÊNCIAS
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DOURADO, J. A. L. Papel da Agroecologia frente a crise alimentar mundial: olhares sobre as práticas
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Geografia Agrária, 2013. p. 265-276.
.
Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 117
Capítulo 8
INTRODUÇÃO
19
Geógrafo, Mestre em Geografia e Doutor em Demografia. Pesquisador do Laboratório Urbanização e Mudanças
no Uso e Cobertura da Terra (l-UM) da Universidade Estadual de Campinas. Pesquisador de Pós-Doutorado na
Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas e bolsista do projeto Observatório das
Migrações em São Paulo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
E-mail: ricardosdag@gmail.com.
118 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
A gênese de São Félix do Xingu (SFX) está diretamente ligada à Altamira (ATM) de
onde o território foi desmembrado em 1961. Já ATM foi originado bem antes, depois da
divisão do município de Souzel, em 1911. Atualmente, ATM é o maior município do Brasil em
termos de área territorial e SFX é o sexto. Nos territórios dos dois municípios, predominam
as áreas rurais e de floresta de baixa densidade demográfica, e as populações estão bastante
concentradas em áreas urbanas de cidades e vilas ou aglomerados rurais, como povoados e
aldeias. Entretanto, se ATM possui apenas duas áreas urbanas – a sede municipal localizada
ao norte do município, às margens do Rio Xingu e da BR-230 (Transamazônica) e a sede
distrital de Castelo dos Sonhos, localizada no sul do município e distante, por via aérea, cerca
de 650 km da cidade de Altamira –, SFX possui cinco áreas urbanas, além da sede municipal,
são quatro vilas (sedes distritais): Ladeira Vermelha, Nereu, Taboca e Lindoeste, criadas
entre os anos de 2000 e 2010.
Apesar de um passado comum, ATM e SFX enquadram-se em processos de
crescimento e concentração urbana distintos. Por um lado, SFX viveu um processo de
“urbanização espontânea” (BECKER, 1985, p. 363), isto é, quando ocorre ação indireta do
Estado com estradas e incentivos fiscais, vilas e povoados dispersos dominados por centros
regionais e ausência de cidades médias. Esta não é uma característica somente de SFX e
ocorre em grande parte da região sudeste do Pará, onde SFX está localizada (AMARAL et al.,
2001, p. 23-24). Além disso, esta “urbanização espontânea” parece caracterizar as áreas
urbanas da Vila Taboca, que se destaca pela grande quantidade de habitantes e a
importância histórica para a mineração, e a Vila Lindoeste, pela sua relação com a
agricultura familiar. Por outro lado, em ATM, pelo menos na sua fase mais recente de
ocupação, e, sobretudo, com relação a sua sede localizada às margens da BR-230
(Transamazônica), ocorreu uma “urbanização dirigida” (BECKER, 1985, p. 364), ou seja,
quando existe um processo executado pelo Estado ou companhias colonizadoras
particulares, fundamentada no urbanismo rural do INCRA.
Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 121
Atualmente, a concentração das populações em vilas não está mais tão associada à
mineração e pode ser o reflexo da vocação pecuária de SFX, que a colocou como um dos
principais municípios criadores de gado do Brasil (SAIFI; DAGNINO, 2010).
Em ATM, os efeitos da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte se tornam
espacialmente evidentes através de alterações como: (1) o aumento populacional que
ocorreu depois de 2010, com o anúncio da construção da Usina (SAIFI; DAGNINO, 2011;
DAGNINO; SAIFI, 2011); (2) o intenso crescimento da população indígena na cidade entre 2000 e
2010 (SIMONI, 2013, p. 71) sendo muitos desses indígenas, em especial a população Xipaya,
encontram-se em situação de risco em decorrência do alagamento de áreas habitadas
durante a formação do reservatório da Usina (SIMONI; DAGNINO, 2016). Destaca-se que
existem outras alterações que merecem mais estudos e que podem ser melhor entendidas à luz
do trabalho de Oswaldo Sevá Filho (2005).
Os dados do Censo 2010 (IBGE, 2011a) indicam que o município de Altamira (ATM)
ocupa uma área territorial de 160 mil km² onde vivem 99 mil habitantes, e São Félix do Xingu
(SFX) ocupa 84 mil km², onde residem 91 mil pessoas. Em termos relativos, a soma das áreas
de ATM e SFX representa 19,6% do Pará e 2,9 % do território nacional, porém, em termos de
população residente, essa relação passa a ser de 2,5 % da população paraense e 0,1% da
nacional. Em relação aos 5565 municípios brasileiros, ATM é o 1º município brasileiro em
termos de área territorial e o 286º no ranking de município com mais população, o que o
coloca na posição 5528 em densidade demográfica, ou seja, um dos municípios com menor
densidade do Brasil. São Félix do Xingu é o 6º maior município, está em 309º lugar no
ranking de população, 5471º no ranking de densidade e em 4º lugar entre os municípios com
maior taxa de crescimento anual de população (entre 2000 e 2010, cresceu 10,2 % ao ano
(a.a.). Assim, pode-se afirmar que eles estão entre os municípios menos densos do país, o
que é diferente de dizer que exista um vazio demográfico.
As populações de ATM e SFX se distribuem pelos setores censitários classificados
como rurais e urbanos pelo IBGE (2011a) de maneira bastante distinta (Tabela 1). Em ATM, o
grau de urbanização já era maior que 80% em 2000, superior ao estado do Pará e bastante
próximo ao brasileiro. Em SFX, mesmo que a população urbana tenha crescido 13,67% a.a.
Dinâmicas Socioambientais na Amazônia Brasileira - 125
no período e o grau de urbanização tenha crescido nas últimas décadas, passando de 36%
para 49%, a população rural ainda é predominante e cresceu 7,6 % a.a. no período recente.
Avançando na análise da escala intramunicipal (Tabela 2), os dados do Censo 2010
(IBGE, 2011a) permitem concluir que se trata de uma distribuição da população bastante
polarizada nas áreas urbanas: 67,9% da população reside nessas áreas, sendo 58,48% nas
cidades e 9,38% nas vilas. As áreas rurais dos dois municípios abrigam 32,15% da população,
sendo 5,2% em Terras Indígenas, 4,6% em Unidades de Conservação e 22,4% em localidades
como povoados, núcleos e demais áreas rurais. Nota-se grande diferença entre as
densidades demográficas nas áreas urbanas e nas rurais, nas primeiras, ela fica em torno de
1000 habitantes por quilômetro quadrado20, enquanto que nas áreas rurais, a densidade não
ultrapassa 1,2 hab./km².
Tabela 1 – Brasil, estado do Pará, Altamira e São Félix do Xingu: População total, urbana e rural, e grau de
urbanização, em 2000 e 2010, e taxas de crescimento (% ao ano) da população total, urbana e r ural e
urbana, entre 2000-2010.
Fonte: IBGE - Censos Demográficos 2000 (IBGE, 2003) e 2010 (IBGE, 2011a). Organização: Autor, 2015.
Nota: Taxa de crescimento foi calculada pelo autor e refere-se ao crescimento geométrico anual do período
entre 2000 e 2010. Grau de urbanização foi calculado pelo autor como o percentual de população residente em
áreas urbanas em relação ao total.
20
Importante notar que esta densidade demográfica nas áreas urbanas é calculada em Sistema de Informação
Geográfica com base nos dados dos setores do Censo 2010 (IBGE, 2011a) da seguinte forma, tendo como
exemplo uma cidade (sede municipal): População residente nos setores censitários da área urbana do distrito
sede dividido pela soma da área (km²) dos setores censitários urbanos da sede.
126 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
Tabela 2 – Unidades territoriais intramunicipais de Altamira e São Félix do Xingu, 2010: área (km²), população
residente, em valores absolutos e percentuais, e densidade demográfica.
Fonte: IBGE – Censo 2010 (IBGE, 2011a) – Dados do Universo agregados por setores censitários.
Organização: Autor, 2015.
1. Calculada em Sistema de Informação Geográfica a partir dos dados populacionais e áreas (km²) dos setores
censitários.
2. Levou-se em conta somente a área e a população dentro dos municípios de Altamira e São Félix do Xingu.
3. Cidades são áreas urbanas definidas como sedes municipais.
4. Vilas são áreas urbanas definidas como sedes distritais.
de AP do mundo (DAGNINO et al., 2010). O Mosaico da Terra do Meio (TDM) é formado por
nove APs – sete UCs (ESEC Terra do Meio, PARNA Serra do Pardo, RESEX Riozinho do Anfrísio,
RESEX Rio Xingu, RESEX Rio Iriri, APA Triunfo do Xingu, Floresta Estadual Iriri) e duas TIs (TI
Kuruaya e TI Xipaya). Possui 77,4 mil quilômetros quadrados, onde residiam 8,6 mil pessoas em
2010 (DAGNINO, 2014), e é delimitado pelo Rio Xingu, a leste, o estado do Mato Grosso, ao sul,
e as rodovias BR-163, a oeste e Transamazônica ou BR-230, ao norte. Em relação à redução do
desmatamento, as APs justificam-se, pois, os vetores do desmatamento nesta região vinham de
duas direções: de um lado avançavam a pecuária, a mineração e outros interesses, partindo do
município de São Félix do Xingu; de outro, o avanço da agricultura e da agroindústria desde o
estado do Mato Grosso e o sul do município de Altamira, avançando em direção à BR-163
(ESCADA et al., 2005). Embora estas AP tenham como alvo a redução do desmatamento,
objetivo que pode não estar se cumprindo21, elas também servem como garantia de acesso à
terra para uma população tradicional que historicamente sofre com casos de grilagem de terras
e expulsão. Cabe destacar que nas APs da Terra do Meio, parte das ameaças é originada por
habitantes de fora delas, às vezes, vivendo em longínquos centros urbanos do Tocantins e Goiás,
e não pelos residentes, como por exemplo, proprietários de terra, políticos de diversas esferas e
gestores públicos de órgãos estatais (DAGNINO, 2014).
A maior parte das APs de Altamira e São Félix do Xingu foi criada nos anos recentes,
sendo que apenas sete das 23 foram criadas antes do ano 2000, e com áreas em mais de um
município – em relação ao foco desse trabalho, apenas 12 estão totalmente contidas nos limites
de ATM e SFX. Segundo dados calculados por Dagnino (2014), das três APs que não possuíam
população em 2010 – PARNA Serra do Pardo, TI Arara, TI Badjonkore –, somente a primeira,
localizada em parte dentro de ATM e parte em SFX, pertence ao grupo das UCs de Proteção
Integral, que não prevê população residente, apesar de, nesse Parque, ter sido registrada uma
população de cerca de 300 pessoas em 2007. A ausência de população residente em território
de ATM e SFX dentro das outras duas Terras Indígenas pode indicar que: (a) existe população
residente nas TIs, mas estão nos territórios dos municípios vizinhos (TI Arara está dentro de
Altamira, Brasil Novo, Medicilândia, Uruará e TI Badjonkore está dentro de SFX e Cumaru do
Norte); (b) os dados de população não parecem ter boa qualidade, sendo que esta ausência de
população pode ser atribuída à má qualidade na coleta de dados.
21
Em relação ao papel das AP na redução do desmatamento na região, parece não haver um consenso no meio
acadêmico. De um lado, o trabalho de Soares-Filho et al. (2010) aponta duas UCs da TDM, a Estação Ecológica
da Terra do Meio (ESEC-TDM) e o Parque Nacional da Serra do Pardo (PARNA-SP), como exemplos notáveis de
redução do risco de desmatamento. De outro, Carrielo (2007, p. 2395) aponta que na Terra do Meio, o
desmatamento não recrudesceu após a criação das UC, mas ficaram de acordo com os índices encontrados na
literatura para a região, do Pará e da Amazônia Legal.
128 - João Cândido André da Silva Neto, Natacha Cíntia Regina Aleixo e Leonice Seolin Dias (Orgs)
Mapa 2 – Municípios de ATM e SFX: Áreas protegidas e População urbana nos setores censitários, 2010.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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